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História Protector - Estima


Escrita por: CoraFelix

Capítulo 16 - Estima


Fanfic / Fanfiction Protector - Estima

Ficou surpresa ao abrir os olhos no dia seguinte e perceber que, ao contrário da primeira vez, ele ainda estava no quarto, mais especificamente ao seu lado. Jane mantinha o corpo próximo ao dele, a cabeça pousada delicadamente no peito largo. Ele já estava acordado, mas ficaram em silêncio por um longo tempo, ela sentindo os dedos acariciando a pele de suas costas, vez ou outra subindo pelo ombro e tocando seu cabelo.

Depois de um tempo ela finalmente se remexeu e voltou o rosto para cima, fitando-o com atenção. Apesar dos olhos azuis estarem fixados no teto do quarto e ele manter uma postura relaxada, Jane conseguiu detectar facilmente a tensão que o envolvia. Não soube o que dizer realmente, aquela situação era peculiar demais para que ela lhe desejasse um bom dia. Respirou fundo.

— O que houve? – perguntou.

Loki permaneceu calado por mais alguns minutos até corresponder ao olhar dela. Jane percebeu certa preocupação, mas se surpreendeu quando ele se aproximou e beijou levemente sua cabeça, pousando os lábios próximos ao seu cabelo.

— Apenas consegui descobrir o motivo dessa nuvem pairar sobre Asgard. – respondeu.

Ao ver que ele não pretendia contar sua descoberta, Jane apoiou-se no cotovelo, buscando os olhos azuis novamente.

— E...? – incitou-o.

Loki a fitou, divertido, mas logo depois ficou sério.

— Estratégia do inimigo. – respondeu. — Eu achava que a nuvem cegava os asgardianos, tivemos muito problemas na fronteira ao longo desse tempo, e Heimdall parece imobilizado. – explicou. — Mas a nuvem tem outro propósito, além desse.

— Provavelmente nos deixar loucos com esse calor. – ela reclamou.

— Quase isso. – Ela pareceu surpresa. — A nuvem consegue afetar nossas mentes. Descobri isso ontem...

Jane ficou calada por algum tempo e depois sentou na cama. Os olhos azuis de Loki foram rapidamente para os seios desnudos, mas ela os tampou com o lençol fino, fazendo uma careta em repreensão.

— Afetar nossas mentes? Como magia? – questionou.

— Um pouco. Percebi muitos asgardianos perderem a cabeça nessas últimas semanas, pareciam fora de si, e criavam uma guerra com qualquer assunto. Tivemos várias brigas no pátio de treino, e nos arredores do palácio. E eu... Nunca perco o controle do meu corpo como perdi ontem.

Jane se calou. Sabia exatamente do que Loki estava falando, mas não queria voltar àquela questão. Sua origem era um assunto proibido, mesmo quando Thor estava vivo, e vê-lo daquela forma, tão exposto... Provavelmente havia algo o afetando de uma forma nada natural.

— Provavelmente me querem fora de controle. – Ele interrompeu os pensamentos dela. — Alguém que tem o poder de fazer o mal igual eu tenho daquela forma... é um trunfo e tanto para o inimigo.

O que Loki estava dizendo poderia ser até verdade visto de um ângulo, mas Jane o conhecia o suficiente para ver o outro ponto daquele pensamento. Ela pousou a mão no abdômen dele, sentindo-o tenso. Sua pele estava fria, mas não como na noite anterior. Loki a olhou surpreso, esperando uma reação de repulsa, que não veio.

— Loki... Essa máscara de pessoa ruim que você carrega é apenas um pretexto para afastar as pessoas que você se importa de verdade. – Ao ver a careta que ele fazia, como se ela estivesse falando tolices, Jane continuou. — Você já me salvou um dia. Não uma vez, mas várias. Sacrificou-se por mim quando os Elfos Negros me atacaram. Você sempre me protegeu, de certa forma...

Loki evitou olhá-la nos olhos, dando mais atenção ao teto. Não queria escutar aquilo, na verdade, não queria escutar de jeito nenhum aquele tipo de coisa. Jane colocava uma confiança sobre ele que Loki não merecia, e isso tudo por achar que ele era bom, o que ele não era. Mas por que se sentia no dever de protegê-la? Na certa porque fora o último pedido do seu irmão antes de morrer nas mãos do inimigo. Sim, Loki podia ser ruim, mas prezava a palavra, e dera a dele a Thor.

— Preciso me levantar e ir até a sala do conselho. – Ele desviou o assunto.

Jane não insistiu, ela mesma se levantou da cama, sentindo os lençóis deixarem seu corpo e a brisa agradável da manhã bater em sua pele. Caminhou para o banheiro e Loki ficou ali, deitado e pensando no que ela havia acabado de confidenciar. Jane confiava em Loki, e para ela isso era suficiente. Mas por que ele sentia que aquilo era a maior tolice que ela poderia cometer? Sentiu-se inquieto, levantando-se da cama e andando de um lado para o outro do quarto, até sentar-se novamente na beirada do colchão. Por que soube o plano do seu inimigo no exato momento que começou a tomar a forma Jotun? Porque aquela era sua real forma, e manipulá-lo para atingir Jane foi a estratégia mais geniosa que seus inimigos pensaram.

Seus pensamentos foram cortados quando ela saiu do banheiro enrolada em uma toalha, procurando por sua camisola no chão. Loki observou-a com atenção, a pele sendo exposta quando ela jogou a toalha para o lado e abaixou para pegar a camisola, enfiando-a no corpo. Ao olhar para trás, Jane pegou-se sendo assistida, e sentiu um rubor estranho tomar seu rosto.

— Venha aqui. – ele pediu.

Ela se aproximou com cautela. Loki puxou-a para si, as mãos fortes em sua cintura. Aproximou o rosto de Jane e tocou a camisola dela com o nariz, sentindo o aroma delicado da pele através do tecido. Uma de suas mãos correu para baixo, subindo com suavidade o tecido da camisola, até encontrar o ponto entre as pernas dela. Jane fechou os olhos ao senti-lo tocá-la reverencialmente, apoiando as mãos nos ombros largos e desnudos dele enquanto Loki a estimulava gentilmente.

— Deposita muito fé em mim, Jane. – ele falava, o trabalho de seus dedos não parando em nenhum momento. — Não sei se é cega ou tola.

Jane não respondeu, não conseguia, não com a mão dele onde estava, estimulando-a daquela forma. Seu corpo foi embargado por um prazer cúmplice e inexplicável, e suas pernas quase cederam quando ele retirou a mão dali, sugando o dedo e fechando os olhos ao sentir o gosto que ela possuía. Loki era malicioso de muitas maneiras, mas aquilo beirava ao perverso.

As mãos longas encontraram a cintura dela novamente e Jane sentiu o tecido da sua camisola esquentar, a maciez da seda dando espaço para um toque mais rústico do tecido de um vestido verde, e antes que pudesse entender o que estava acontecendo, estava vestida.

— Essa cor fica bem em você. – ele disse. — Não queremos asgardianos comentando que você saiu do meu quarto de camisola, ahn?

[...]

Ao chegar na sala do conselho, Loki percebeu que havia ficado por muito tempo afastado de suas obrigações como rei, isso porque tirou apenas algumas horas para descansar e, bem... para passar entre as pernas de Jane.

Hogun e Volstagg haviam retornado, e as notícias não eram muito boas. Seguidores de Surtur foram vistos em fronteiras próximas a Asgard, e no reino dos anões tiveram uma grande baixa de armas, muitas sendo roubadas. Havia também habitantes de Muspelheim espalhados pelos Nove Reinos, e, o que Loki mais temia, muitos poderiam jurar terem visto Elfos Negros, apesar de terem sido declarados praticamente extintos depois da batalha contra Asgard e da morte de Malekith.

— O que podemos fazer é fechar ainda mais as passagens para Asgard e esperar o inimigo se aproximar. – Fandral opinou, olhando para Loki e esperando uma resposta. De alguma forma, parecia mais calmo do que nas últimas vezes que se encontraram.

Loki permanecia pensativo, e todos esperaram por ordens, mas ele realmente não sabia o que fazer no momento.

— Faça isso. – concordou com Fandral. — Mas quero todos os guardas a postos para uma possível batalha a qualquer momento. Quero Heimdall informado dos acontecimentos que Hogun e Volstagg trouxeram.

— Não acha que seria mais prudente fazer uma limpa nos Nove Reinos? – Sif perguntou. — Nossos inimigos não podem estar em maior número, não depois de...

— Thor dar paz aos Nove Reinos? – Loki perguntou com ironia. — Você sabe que isso não adiantou muito quando Malekith quis invadir Asgard, certo? Se Odin tivesse se preocupado mais com seu próprio lar, a nave dos Elfos não teria invadido Asgard tão facilmente.

Loki não mencionava Odin como pai, muitos observaram isso. De alguma maneira, não podiam discordar do ponto que ele indicava. Naquela época, Thor trabalhara incansavelmente para levar paz aos Nove Reinos, mas o foco principal ele se esquecera, e os Elfos Negros invadiram muito facilmente Asgard a procura do Éter. Se as fronteiras estivessem bem guardadas e os asgardianos atentos, Malekith não teria feito o que fez, provavelmente Frigga estaria viva... Odin também. Mas Sif conseguiu ver um ponto que muitos ignoraram.

— Malekith veio por causa do Éter, que estava em Jane Foster. – ela disse sem rodeios. — Aparentemente nossos inimigos nos visam por um motivo semelhante. Tentará tirar Jane daqui como Thor fez?

Sif não gostava de Jane, e aquilo ficava evidente em todos os momentos em que o nome da humana era mencionado na sala do conselho. Loki não queria admitir, mas Sif tinha razão. Jane já havia causado muitos problemas para Asgard.

— Vou mantê-la aqui. – ele olhou de forma atenta para Sif. — Essa decisão é inquestionável. Thor iria querer isso.

Ela devolveu o olhar com a mesma determinação, e Loki sabia exatamente o que os olhos verdes perguntavam: era Thor ou Loki que visava a proteção de Jane?

Depois de muito debater, resolveram mudar o tópico da conversa, e logo começaram a tratar sobre possíveis ataques e o que poderia ser evitado de acordo com as informações que Hogun e Volstagg haviam levado até a sala do conselho.

Loki se esqueceu de Jane.

[...]

Jane procurou Loki por todo o palácio, mas os guardas lhe informaram que o rei estava trancado na sala do conselho há horas. Ela perambulou ao redor do local por algum tempo, alguns a fitando com curiosidade, até desistir de falar com ele, retornando ao seu quarto.

Já havia anoitecido, e de alguma maneira se sentia inquieta demais para se deitar. Jane não sabia o motivo disso, provavelmente por causa da noite intensa que tivera com Loki, o que culminou em toques íntimos e cúmplices, uma possível confissão da parte dela, e, para piorar a situação, carinhos por parte dele no dia seguinte. Jane começou a andar de um lado para o outro no quarto. Não, não estava acostumada com aquele lado de Loki, sabia com toda a certeza que ele não era um homem carinhoso e que ela não deveria acostumar-se àquelas demonstrações. Loki era intensidade, carícias proibidas, era denso demais para ser carinhoso e compassivo. E Jane estava tão familiarizada com isso que se sentiu perdida quando os dedos dele lhe tocaram com menos avidez apenas com o intuito de lhe acariciar, mesmo que timidamente.

Ela voltou a se sentar na cama. Aquilo podia ser muito bem o motivo principal da sua inquietação, mas não era o único. De alguma forma, Jane se sentia sozinha, e sentia que não tardaria para algo ruim acontecer. Não sabia se era uma intuição ou um pensamento tolo, poderia até mesmo ser uma consequência da nuvem carregada que pairava sobre Asgard, finalmente ela poderia estar afetando seus sentimentos e suas faculdades mentais. Levantou-se da cama e caminhou até a varanda, olhando para o céu. Parecia avermelhado, e de alguma maneira aquela cor não lhe passou uma sensação reconfortante. Sentia falta das estrelas.

Ela ficou ali por bons minutos, até perceber que Loki não iria procurá-la, deveria estar muito ocupado com os assuntos de Asgard. Os inimigos se aproximavam. Jane se perguntou se o rei estaria contando aos outros guerreiros o que descobrira sobre a nuvem. Respirou fundo, saindo da varanda e entrando no quarto. Seu corpo agradeceu quando ela finalmente foi para a cama, mesmo que o calor tornasse até mesmo isso desconfortável.

Fechou os olhos, um cansaço súbito e estranho percorreu seu corpo, fazendo-a cair na inconsciência.

[...]

Ela acordou de repente, sentando-se na cama e sentindo sua pele quente como se estivesse imersa em uma febre alta. Colocou a mão na testa e sentiu-a pegar fogo, percebendo que poderia estar doente, depois de tanto tempo em Asgard. Convivendo diariamente com deuses, às vezes Jane se esquecia de que era humana. A febre era uma preocupação, na certa um sintoma de qualquer potencial doença ali, naquele mundo completamente diferente do seu.

Engoliu em seco e sentiu sua garganta seca, para depois perceber que sentia uma sede enorme. Levantou-se da cama, caminhando em direção à jarra dourada que sempre continha água fresca, quando percebeu que não estava só.

— Loki? – ela disse o primeiro nome que veio à mente.

Mas a voz que respondeu era completamente desconhecida.

— Loki? Não... – parecia sibilada e rouca, fazendo os pelos da nuca de Jane se eriçarem. — Vamos ver a verdadeira estima que o seu rei tem por ti.

Ela demorou a enxergar o dono da voz, e sabia o motivo. Era o mesmo contorno que Jane vira em seu quarto, semanas atrás. Aquela linha que delimitava facilmente um corpo, mas que só era percebida se você focasse seus olhos em um ponto específico. Porém, naquele momento, a linha abria espaço para um fantasma, que possuía olhos escuros e rosto pálido. Antes que Jane pudesse abrir a boca para gritar igual fizera a primeira vez em que o vira, sentiu um objeto encontrar sua cabeça e caiu, desmaiando.



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