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História Protector - Resgate


Escrita por: CoraFelix

Capítulo 18 - Resgate


Fanfic / Fanfiction Protector - Resgate

Já procurava por Jane há dias. Por mais que aquele homem tivesse dito que ela estava em um cativeiro próximo a Asgard, Loki havia rodado os reinos por perto e ainda não a encontrara. Dizer que estava começando a ficar desesperado era no mínimo um eufemismo, pois mesmo que o tecido da capa lhe dissesse que percorria o caminho correto, não havia sinal de que tal caminho tivesse sido pisado por seres vivos.

Loki poderia jurar que encontraria Jane em Svartalfheim, pelo simples fato daquele lugar lhe trazer as piores memórias possíveis. Em Asgard, diziam que Odin nunca mais fora visto ao procurar o corpo do filho bastardo, e Loki temia que, ao voltar novamente àquele mundo, fosse encontrar o que restara do antigo rei. Também fora em Svartalfheim que confrontara Malekith, ao jurar vingança pela morte da mãe. Em Svartalfheim que quase perdera a vida para salvar a de Jane...

Pensar em Jane por aquele ponto fez com que diversas perguntas inundassem sua mente, mas Loki ignorou todas elas, pois precisava ter foco em sua busca.

E então, quando ele finalmente sentiu o tecido quase queimar suas mãos, dizendo que estava perto de encontrá-la, soube exatamente que tomava o caminho certo ao sair de Svartalfheim e ir para o único reino que ele temia visitar a todo custo: Jotunheim.

Demorou um pouco a chegar lá. Heimdall provavelmente estava em uma batalha incessante e infernal, visto que a defesa de Asgard estava inativa por quase uma semana, e Loki precisava usar a magia para teletransportar. Mas não queria abusar desse recurso, pois ficava cansado e algo lhe dizia que precisaria fazer uso da força.

O vento gelado que encontrava sua pele lhe dizia que estava próximo, e uma sensação estranha tomou seu corpo quando Loki vagou entre as grandes pedras cobertas de gelo que compunham as montanhas do local e deixavam a paisagem em um tom azulado. Lembrou-se das poucas – mas marcantes – vezes em que estivera ali. Loki descobrira sua origem em uma visita a Jotunheim, e conhecera seu real pai ao voltar àquele reino e lhe fazer uma proposta de tomar Asgard. Quanto tempo se passara desde a invasão jotun e quando ele caíra da ponte arco-íris?

Uma raiva o percorreu e Loki percebeu que seu corpo não sofria pelo frio extremo daquele reino. Levantou o braço e fitou a própria mão, não se surpreendendo ao ver que sua pele possuía um tom azulado muito parecido com o da paisagem, sendo percorrida por linhas finas mais escuras, como tatuagens tomando a pele virgem.

— Loki Laufeyson...

O sobrenome foi usado em um tom irônico, muito diferente do que ele estava acostumado a escutar, sempre velado na boca de asgardianos. Aquele som fez com que a audição de Loki queimasse, e ele se virou, percebendo que sua visão estava acostumada demais em captar nuances por entre a neve que caía. Seu corpo reconhecia sua casa, e a forma jotun já estava tomando conta de cada aspecto físico seu.

Mas não fora um Gigante do Gelo que Loki colocara os olhos, também não se surpreendeu quando viu o Elfo Negro envolto em um manto escuro, os olhos fixados no rei de Asgard. Neles, Loki via facilmente o ódio que o elfo não fazia muita questão de camuflar. Ele não se importou com essa demonstração, e ao ver o elfo ali, os únicos fios soltos de sua mente finalmente tomaram o lugar certo, completando o quebra-cabeça que ele tentava desvendar desde que Thor fora morto.

A vingança, em sua forma mais plena, olhava para ele com desdém.

— O que quer, elfo? – perguntou.

Não precisava perguntar. Sabia exatamente o que ele queria. A morte de Odin, de Thor... os ataques recorrentes a Asgard, a nuvem estranha pairando sobre o céu e as notícias dos Nove Reinos de um possível inimigo juntando forças para causar uma desordem que Thor eliminara tempos atrás... Aquilo tudo fora obra do homem que o fitava.

— Sabe o que eu quero. – o elfo respondeu. — Como pode sequer andar pelos Nove Reinos? Sua gente matou nosso líder e praticamente dizimou nossa raça. – Loki não respondia. — Nada mais justo do que eu fazer o mesmo.

— Você? Demorará eras para dizimar asgardianos. – Loki fitou em volta. — Ou pretende também matar os Gigantes do Gelo? Não sou asgardiano, como sabe. – Ele levantou as mãos, mostrando a pele azul em um gesto irônico. — Acho que terá muito trabalho.

— Me contentarei em matar apenas o rei de Asgard, e a última pessoa que Thor amou.

O que o elfo queria era simples: vingar a morte de Malekith. Loki poderia até mesmo estar tranquilo quanto aquilo, mas quando escutou a última promessa do elfo, sentiu uma raiva crescente tomar seu corpo.

— Acabarei com a vida dela depois que eu terminar com você. – o elfo incitou. — Afinal, não será muito difícil, julgando as condições em que a humana se encontra.

Loki travou o maxilar e o elfo conseguiu ver nos olhos avermelhados um ódio muito parecido com o do pai, Laufey. Observou-o enfiar a mão por entre o tecido do uniforme que usava, o brilho da lâmina da adaga cortou a paisagem azulada. O sorriso do filho jotun foi no mínimo ferino antes de ele abrir os lábios.

— Boa sorte.

[...]

Jane sentia frio. Um frio anormal, que vinha de dentro do seu corpo, mesmo sabendo que parte dele também vinha das pedras envolta de si. Já havia lido sobre aquele lugar, em alguma parte da mitologia nórdica, ou conhecia sua história pelos lábios de Thor, mas realmente não estava conseguindo entender o motivo de estar ali. A última coisa que se lembrava era de estar em seu quarto em frente a um intruso quando sentiu um objeto metálico batendo em sua nuca.

Agora, deitada em uma pedra e com uma camisola de seda, percebeu que não demoraria muito para que seu corpo parasse de funcionar. Jane sabia que precisava mexer-se para que os músculos não congelassem devido ao frio, mas realmente não tinha mais forças para aquilo. Uma parca sensação de calor cortou seu rosto e ela demorou a entender que tal vinha das lágrimas que derramava. Morreria em um local praticamente desconhecido, horrível e ermo.

O vento gelado encontrou a abertura da caverna onde ela estava, entrando em seus pulmões, contribuindo para sua morte, Jane sentiu-os congelarem aos poucos. Em breve a pedra onde deitava estaria coberta de neve, pois tudo naquele lugar parecia ser tomado por gelo. De repente percebeu que desejava o calor infernal que afogara Asgard nos últimos dias.

Escutou vagamente o vento assobiar do lado de fora, e achou que estava alucinando ao escutar alguém chamar o seu nome, provavelmente a hora estava próxima, Jane já lera que muitos antes de morrer conseguiam escutar chamados diversos. O som de gemidos e gritos ecoou pelas paredes cobertas de gelo da caverna, mas ela sabia que aquilo era sua mente alucinando. Tombou a cabeça na neve, fechando os olhos. Jane não voltou a abri-los.

[...]

Loki soube que estava próximo quando o tecido da capa começou a esquentar sua mão, fazendo a cor pálida voltar em seus dedos, mas logo sua essência jotun tomou novamente sua pele, deixando-a azulada. Ele encontrou a abertura da caverna e enfiou-se ali, procurando com os olhos avermelhados a presença dela. Achou que a caverna estava vazia, e demorou a perceber o corpo dela sob a neve que a cobrira. Correu em direção a Jane, ignorando completamente os ferimentos causados pelo elfo. Sentiu o sangue escorrer pelas feridas e pingar na neve, manchando o branco de vermelho, quando ele se agachou e, com toda a força que ainda possuía, içou-a com os braços.

O rosto dela estava assustadoramente pálido, os lábios arroxeados indicavam que Loki precisava fazer algo para que o frágil corpo humano não sucumbisse ao frio. Enrolou a capa que trazia no corpo dela, puxando-a para si. Não tentou produzir fogo com magia, sabendo que precisava de sua força para retirá-la dali, parte do seu subconsciente lhe dizendo que, por mais que quisesse aquecê-la, sua essência jotun não deixaria.

Continuou a observando por longos segundos, até Jane abrir os olhos vagarosamente. Ela não o reconheceu, e Loki sabia que, mesmo que quisesse e tentasse, ela não teria forças para afastar-se dele. Jane voltou a desmaiar e ele soube que se não a tirasse dali, ela morreria.

Andou para sair da caverna, percebendo que suas feridas se abriam mais conforme caminhava, a força fundindo-se ao sangue e escorrendo para fora, deixando-o fraco. Loki caiu de joelhos depois de um tempo e abraçou-a em um gesto protetor, juntando o restante de suas forças e fazendo o seu último apelo quando invocou o resquício de sua magia. Os dois foram cobertos por uma fina camada dourada, e depois de um tempo, sumiram.

[...]

Heimdall soube que Loki achara Jane no momento em que seus olhos dourados fitaram as estrelas e ele descobriu a presença de dois novos pontos em Asgard. Sua espada rasgou as costas de um inimigo, mas logo outros vieram e o guardião soube que não poderia ir de encontro ao seu rei para ajudá-lo até que acabasse com todos aqueles que tentavam invadir a cúpula principal.

Porém, percebeu que a chegada de Loki poderia dar fim ao ciclo de invasão que viviam há quase uma semana. Ele afastou alguns perseguidores com sua força bruta, antes de correr em direção à cúpula e se certificar de que os dois novos pontos eram realmente Loki e Jane, e não possíveis invasores. Quando seus olhos dourados tiveram a certeza do que ele alegava, Heimdall concentrou-se para voltar com as defesas de Asgard, fazendo o escudo finalmente começar a cobrir aquele reino, derrubando naves que tentavam infiltrar-se. Alguns inimigos perceberam a mudança de perspectiva e logo descobriram que algo havia dado errado, recuando temerosos.

Sabiam que provavelmente morreriam ali agora que não podiam contar com a força externa.

[...]

Fandral já estava cansado de cortar pedaços de inimigos quando sentiu depois de horas que algo havia mudado. A multidão que ocupava os pátios do palácio e os campos das vilas próximas estava diminuindo, alguns até mesmo recuaram, sendo acabados pela guarda principal quando tentavam alcançar a fronteira. Percebeu que Heimdall havia reerguido o escudo de Asgard, e desejou que Loki tivesse tido êxito em sua empreitada, ou senão nada daquilo que faziam teria resultado.

Quando Loki decidiu por abaixar o escudo, Fandral havia o julgado mal, pensando que Loki estava cometendo o seu maior erro como rei de Asgard. Depois, quando os primeiros inimigos começaram a aparecer e Fandral teve ideia do que viria, percebeu que, mesmo enfiados em uma segurança brutal, a ira que alguns ainda mantinham por Asgard explodiria, e uma invasão era inevitável. Não aceitar aquela guerra seria o mesmo que adiar o inevitável. Loki decidindo pela guerra e abaixando o escudo apenas apontava o quanto ele sempre estava um ponto a frente de todos.

Com aquela decisão, Loki apenas mostrou ser um rei sábio, e por ser sábio, depositava total confiança em seus guardas e em seus guerreiros principais. Agora, enfiando a espada em um dos últimos inimigos e percebendo o sol começar a se esconder para dar espaço à noite, de alguma forma Fandral agradeceu pela fé que Loki depositara sobre si, mesmo que tal fé tivesse um grande preço. No caso, a morte de vários guardas e as feridas que cobriam o corpo do loiro. Sabia que Sif, Hogun e Volstagg não estavam diferentes, pensou em Heimdall e como o guarda teria conseguido afugentar as mais diversas raças da ponte arco íris naquele longo tempo de uma semana.

Quando finalmente sentou em uma pedra, sentindo o cheiro de sangue seco em sua armadura, Fandral percebeu que a noite começava a dar espaço para o dia seguinte, e compreendeu que um dia inteiro havia se passado desde que Heimdall reerguera o escudo de Asgard.

[...]

Loki sentia cada parte do seu corpo querer desintegrar-se, mas juntou o restante de suas forças para carregar Jane até uma floresta próxima. Sabia que calculara certo a distância de Jotunheim, seu objetivo era a sala do conselho ou algum lugar do palácio, mas infelizmente a sua força estava baixa, e com isso sua magia enfraquecia.

Andou por incontáveis minutos, sabendo que ninguém viria ajudá-lo, pois provavelmente estavam lidando com inimigos. Sabia também que Heimdall havia reerguido o escudo, nada passava despercebido dos olhos dourados do guardião, mesmo que ele estivesse ocupado com uma batalha.

Loki percebeu como estavam perto do palácio principal ao se deparar com a cachoeira de águas mornas, a mesma que ele descobrira desejar Jane ao vê-la se desnudar para nadar ali, tempos atrás. De alguma forma, seu cálculo dera certo, e felizmente não apareceram do outro lado de Asgard, não sabia se teria forças para continuar.

Andou calmamente até a cachoeira, descendo até as águas e enfiando-se ali a passos lentos, até sentir a água tomar sua pele aos poucos, subindo conforme Loki imergia. Sua pele, que até então continuava com o tom azulado, começou a aquecer-se, a palidez voltando aos poucos, até as linhas finas sumirem por completo e ele sentir a temperatura confortável da água. Depois de um tempo, sentiu também a ardência dos seus cortes quando o calor do líquido enfiou-se em suas feridas, mas não se importou muito, sua atenção estava agora voltada para a pessoa que segurava nos braços.

Ele abraçava Jane, mas percebeu que teria que abrir mão disso e ergueu os dois braços, afundando aos poucos o corpo frágil dela, vendo a água tomar as pernas, cintura e chegar aos ombros. O cabelo flutuava de forma fantasmagórica, a água parecia fazer o mesmo efeito na pele humana, deixando-a em um tom menos pálido. Os lábios antes arroxeados recuperaram a cor vagarosamente, deixando-o impaciente.

Loki não sabia dizer quanto tempo permaneceu ali, segurando e fitando Jane, até perceber que a água da cachoeira já não refletia a luz cálida do sol, e sim o brilho opaco da lua. Depois de incontáveis horas, ele sentiu a respiração dela começar a tomar mais força, e voltou a abraçá-la em um instinto protetor, observando o rosto dela com relutância e expectativa.

Ela abriu os olhos, as íris escuras demostraram dor, mas quando Jane percebeu o rosto que estava próximo ao seu, repuxou os lábios em uma tentativa de sorriso, e ele conseguiu ver a dor ser substituída pelo alívio.

— Loki...

Ela disse seu nome como uma prece antes de desacordar novamente, e ele lembrou-se dos humanos que rezavam para os deuses nórdicos, séculos atrás. 



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