História P.S.: Eu te amo. (Camren) - XVI.

Louis abriu a porta. O elevador se abriu no corredor, e uma morena saiu dele. Usava saltos pretos, uma legging preta, com uma blusa branca por cima. Sua pele era bronzeada, e os cabelos eram castanhos com algumas mechas mais claras, caindo até o meio das costas em cachos. Seus olhos eram de uma surpreendente cor de mel. Harry já havia se levantado, com Olivia no colo, e suas narinas estavam dilatadas. Ninguém viu, mas o rosto de Lauren endureceu ao vê-la. Nada bom.

Keana: Louis. – Disse, sorrindo. Louis a cumprimentou com um aceno de cabeça. – Harry. – Disse, por fim, olhando Harry.

Harry: Keana. – Respondeu em um rosnado, se controlando por ter a filha no colo.

Olivia: Oi, mamãe. – Sorriu alegre.

Keana: Oi, Olivia. – Respondeu, sem dar maior atenção – Vejo que a conheceu, Harry. – Disse, sorrindo, como se isso fosse o mínimo.

Harry: Encantadora. – Rebateu, e seu instinto deu um passo à frente. Louis se colocou no caminho.

Lauren: Ma Belle, leve Olivia pra dentro. – Pediu, em um murmúrio, no ouvido de Camila. Ela assentiu e foi até Harry.

Camila: Olivia? – Olivia a olhou – Me ajuda a terminar de escolher os forros da sua cama? – Pediu tranquila. Olivia sorriu.

Olivia: Ajudo. – Disse alegre. Camila estendeu os braços, e Harry entregou Olivia.

Keana: Da cama dela? – Perguntou, olhando Camila. Camila se virou e encarou Keana. Algo nela fortemente lhe ofendia.

Camila: É. Não sei como te explicar, mas colchões precisam ser forrados antes que alguém os use. – Disse como quem explica a um doente que ele precisa tomar os remédios.

Lauren: Ma Belle. – Chamou novamente. Camila a encarou, e viu o olhar de censura dela – Por favor. – Ela assentiu e saiu. Dinah foi atrás. A vozinha de Olivia sumiu no corredor, dizendo que estava em duvida entre o lençol amarelo e o rosa. Lauren virou o rosto pra Keana, e sua voz era dura – Nunca mais dirija a palavra a ela. – Avisou. Isso até distraiu Harry um pouco. Keana riu.

Keana: Está montando um quarto pra minha filha, Harry? – Perguntou debochada.

Harry: Minha filha. – Corrigiu – E não é de problema seu o que eu faço ou deixo de fazer com ela. Como pôde, Keana? – Perguntou a voz incrédula de ódio.

Keana: Eu te fiz um favor. Você viveu muito bem sem ela esses anos, não viveu? – Perguntou, olhando-o – Estava perfeitamente bem sem saber de sua existência, não estava? Pois vai continuar, Harry. Finja que não viu. – Debochou novamente.

Harry: A trata como se fosse um objeto, um animal. – Grunhiu. Louis se moveu minimamente, se preparando pra interferir no caminho de Harry.

Keana: O que você esperava? Que eu preparasse lancheiras pro colégio e contasse histórias pra dormir? – Perguntou irônica – Eu não pedi pra engravidar. Agradeça-me por ela estar viva. – Disse tranquila.

Harry explodiu. Ally gritou. Louis se lançou a sua frente, tomando o impacto. Keana recuou um passo, e Shawn ajudou Louis, puxando Harry pela camisa, bloqueando o caminho dele.

Harry: Fora da minha casa. – Rugiu furioso.

Keana: Perfeitamente. – Disse, sorrindo – OLIVIA! – Chamou, o rosto virado pro corredor. Lauren sabia que Camila não deixaria a menina vir, então não se moveu.

Harry: Nem pense nisso. – Disse a voz baixa novamente.

Keana: Ela vem comigo. Eu sou a mãe, Harry. Não se esqueça disso. – Disse ameaçadora.

Robert: Ele não esqueceu. – Disse, e Keana olhou-o. Sorriu um instante. Era beleza demais pra um homem só.

Keana: E você é...? – Perguntou, sorrindo.

Robert: O advogado dele. – Disse, sem dar atenção ao olhar dela. Keana o olhou do rosto, peitoral, barriga, e seu olhar caiu na aliança dourada na mão esquerda. Seu sorriso só fez aumentar.

Keana: Como advogado, sabe que estou certa. – Disse tranquila.

Robert: Estaria, se eu não tivesse pensado nessa possibilidade antes. – Ele passou por Harry, apanhando a pasta de documentos – Ele está coberto. A menina fica. – Ele entregou a pasta a ela.

Keana abriu a pasta, e seu sorriso se fechou, lendo a folha de praxe do documento. Então Harry realmente queria briga.

Harry: Eu a quero, Keana. Eu vou dar a ela a vida que ela, sendo minha filha, merece ter. – Disse a voz serena – Tente tirar ela de mim, e eu coloco você na cadeia. - Avisou. Keana não disse nada.

Keana: Aprendeu a brincar, Harry. – Disse, fechando a pasta. Harry rosnou, mas respirou fundo.

Harry: Ela é um peso pra você, Keana. Pra que insistir nisso? – Perguntou incrédulo.

Keana: Sim, é um peso. – Disse pensativa – Mas eu não gosto de cozinhar, e seria horroroso ter que carregar minhas malas de um lado pro outro. – Debochou.

O estouro de Harry foi triplamente mais violento. Ele queria esganar ela. Ele precisava. Keana recuou mais ainda. Robert entrou no meio, mas Harry parecia escorregar feito quiabo. Por fim, Robert o segurou, passando o braço por seu pescoço. Harry quase asfixiou, mas foi parado.

Keana: Não pense que acabou, porque está só começando. – Disse, erguendo a pasta – Terá noticias minhas em breve, Harry. Eu volto. – Disse, sorrindo. Então se virou, os cachos ricocheteando no ar, e saiu do apartamento batendo a porta.

-

O quarto de Olivia resultou lindo. As paredes brancas, os móveis marfim, um abajur que fazia desenhos de flores girarem pelas paredes do quarto, lençóis e cortinas rosas, assim como o tapete. Todos foram embora satisfeitos com o trabalho. O problema foi que Lauren esteve calada o caminho todo, séria, concentrado no transito. Camila não entendia. Depois que Keana se fora,ela esteve assim o tempo todo, até mesmo depois de Harry se acalmar. Camila entrou em casa sem entender nada. Lauren retirou o casaco, e ela também. Camila decidiu não perguntar, dar espaço a ela, mas não foi preciso.

Lauren: Ma Belle? – Camila a olhou – Quero conversar com você. – Disse ainda séria.

Camila: Tudo bem. – Ela se sentou no sofá, e a morena se sentou ao lado dela. Ela viu Lauren tomar ar, procurando as palavras.

Camila esperou. Não sabia o que ela podia lhe dizer de tão grave, que lhe abalasse tanto. Não iria deixá-la, ela tinha certeza. Também não a estava traindo, nisso ela acreditava. O que viesse, poderiam enfrentar juntas. Camila estava vivendo um sonho, era como ter seu casamento de contos de fada de volta.
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Uma nota de sua autora: Há uma regra desagradável sobre sonhos, apenas uma – em algum momento, você tem que acordar.

Lauren: Eu prometi que não ia te machucar, e eu não vou. – Camila esperou, ainda olhando-a – Prometi lhe contar sempre a verdade, e vou cumprir minha promessa, mesmo que isso vá me resultar potencialmente problemático. – Prosseguiu.

Camila: Está me assustando. – Ela sorriu.

Lauren, naquele momento, teve vontade de rir com ela e mentir,dizer que era uma pegadinha. Mas não era o certo, então ela prosseguiu.

Lauren: É sobre Keana, Ma Belle. – Começou. Camila ficou mais confusa ainda.

A cabeça de Camila dava centenas de voltas. Onde Keana entrava nessa história? Porque Lauren estava tão preocupada? Pense Camila... Onde Keana pode entrar? A resposta veio em um clique em sua cabeça, e ela buscou a maldita confirmação nos olhos verdes. Estava lá. Camila sentiu um frenesi começar em seu corpo.

Camila: Ah, não. – Gemeu, pondo a mão nos olhos. Lauren ficou quieta, esperando. – Não, Lauren, não! – Gemeu novamente, e se levantou. Não queria ficar perto dela.

Lauren: Ma Belle... – Tentou, se levantando, mas ela puxou o braço com força, se afastando.

Camila: Não toca em mim! – Disse, e sua voz era exasperada. Agora ela entendia – Foi por isso que me tirou da sala, pra que eu não me batesse com ela, pra que ela não falasse, e eu que pensei, eu acreditei em você, pensei que... – Ela parou, olhando o chão, o rosto ainda pálido, os olhos ainda chocados.

E caiu no choro. Lauren  se levantou e a abraçou. Camila se debateu contra ela, mas logo desistiu.

Camila: Eu odeio você. – Disse, entre lágrimas, e Lauren a manteve nos braços, sentindo os soluços dela irem e virem. Camila chorava de raiva dela, de dor, mas de alivio também. Feliz, pois ela havia lhe contado a verdade – Por que me disse isso? Que diabo, Lauren, por quê? – Perguntou a voz trêmula.

Lauren: Está doendo, mas foi melhor saber por mim que por ela. E eu quero lembrar que eu amo você. Apesar de todos os erros que eu já cometi, é o que eu mais amo, o que eu mais tenho medo de perder. – Disse, e ela ergueu o rosto pra a mais alta. Estava lavado em lágrimas.

Camila: Já perdeu, Lauren. – Disse, em um murmúrio, com a voz fria.

Lauren: Não enquanto eu conseguir ver aqui, - Ela secou os olhos castanhos com os dedões – Que ainda me ama. Até então, não vou ter perdido. – Concluiu.

Camila a encarou, cansada. Não queria saber. Não queria que ela tivesse errado.
A amava e a odiava. Queria mandá-la ir, mas não sobreviveria a sua partida. Sem querer mais pensar, ela se atirou nos braços da mulher. Lauren retribuiu o beijo, mas sabia que aquilo não era um ponto final no assunto.

Lauren: Não... – Disse, se afastando dela. Camila havia enlaçado seu pescoço com as mãos, e se aferrava a ela na tentativa de não soltá-la – Ma Belle, assim não. – Murmurou, ainda tentando.

Camila: Não me quer, Lauren? – Perguntou, e ela viu a insegurança no olhar da latina, enquanto soltava o pescoço dela. Lauren sorriu, secando uma lágrima que caíra. Camila não tinha certeza mais de nada, depois da revelação sobre Keana.

Lauren: Quero tanto quanto o ar pra respirar. – Esclareceu, e Camila sorriu de canto – Mas você só quer esquecer o assunto, e adiar não vai adiantar nada, não quando ela vai estar perto de você agora, aparecendo a qualquer momento, querendo te ferir. – Disse, preocupada.

Camila: Eu sou sua mulher, não sou? – Perguntou a voz ainda tremula, a mão passando pelo rosto dela, adentrando os cabelos macios e negros.

Lauren: Sempre vai ser. – Respondeu tranquila.

Camila: Então o resto não importa. Faça-me sua. – Disse, antes de beijá-la outra vez.

Dessa vez ela aceitou, e houve sede, gana, de ambas as partes. Lauren fez Camila subir em seu colo, segurando-a uma mão pelas costas e uma pela coxa, e a menor a segurava com gana pelo cabelo, as bocas das duas se devorando. Desceram pro chão, com uma fome por sexo que a cada segundo aumentava, e logo seria saciada. E esse assunto estava enterrado. Por enquanto.

-


Lucy: Eu já falei com a mulher dele, uma vez. – Disse, anotando algo em um livro.

Até Camila, que estava uma fossa, olhou. Dinah engasgou com o café. Ally ergueu as sobrancelhas delicadas. Lucy, percebendo os 3 pares de olhos olhando-a, ergueu o rosto.

Lucy: O que? – Perguntou, na defensiva. Foi Dinah que pipocou.

Dinah: COMO ASSIM VOCÊ JÁ FALOU COM ELA? – Perguntou histérica.

Lucy: Eu trabalho com Lauren e Robert. – Disse óbvia, tirando a caneta do papel – Eu atendi ao telefone fixo do escritório de Robert certa vez, e era ela, querendo falar com ele. – Disse simples.

Camila: Como ela era? – Perguntou a voz sem curiosidade, morta. Camila acordara na maior depressão. Saíra de casa antes que Lauren pudesse acordar e captar seu humor.

Lucy: Era educada. – Disse, estranhando.

Ally: Educada e...? – Pressionou.

Lucy: Eu falei com ela por 1 minuto. Querem que eu tenha o perfil completo? - Perguntou, exasperada.

Todos sabiam que Robert era casado, mas sua esposa era um mistério. Morava em outro país, e nem o país ele informara aos amigos. Lauren provavelmente sabia, mas não o diria por nada. Ele viajava duas vezes por ano, e em cada viagem levava 3 meses. Nunca deu indicio de nem de pensar em traí-la. Voltava das viagens de ótimo humor, mas sem comentários. Falava com a esposa três vezes por dia.

Dinah: Vamos, Lucy! – Pressionou curiosa - Você falou com ela, ouviu a voz, e trabalha com ele, deve saber algo sobre a mulher! – Lucy revirou os olhos – Robert não pode ser capaz de escondê-la tão bem. – Disse, exasperada. – Como ela é? – Pressionou.

Robert: É linda. – Disse, entrando no escritório. Camila caiu no riso. Era bom, pra distrair a cabeça, rir um pouco – Deslumbrante. – Completou.

Dinah: Ah, ótimo perfil. – Revirou os olhos. Ally e Lucy riam.

Robert: Hum, ok. – Ele sorriu, se lembrando - Ela é baixa, tem os cabelos escuros, sedosos, e os olhos que até hoje eu tento descobrir se são verdes ou acinzentados. – Disse, sorrindo com a lembrança – É muito branca. Tem os lábios bem desenhados. Um corpo bastante delineado. – O sorriso dele aumentou – Bem distribuído. Linda, como eu disse. Tenho sorte por tê-la. – Ele respirou fundo – Satisfeitas, ladies?

Ally: Só um pouco. – Disse, com um biquinho.

Dinah: Não é possível que você mantenha esse casamento há 5 anos...

Robert: 7 anos. – Corrigiu, coçando a sobrancelha.

Dinah: Que seja. Não é possível que mantenha todos esses anos, vendo ela 6 meses por ano. – Disse incrédula.

Robert: Eu a amo. – Disse simples – Sinceramente, a amo mais que tudo. É a luz dos meus olhos. – Figurou, e sorriu – Por algum milagre, ela também me ama, desesperadamente. Eu, resumidamente, amo o chão que ela pisa. Isso tem bastado.

Dinah: Seja sincero. Você a trai, não trai? – Perguntou. Camila virou o rosto, de repente interessada na resposta dele.

Robert: Não! É claro que não! – Disse, parecendo enojado com a ideia – Todos os meus pensamentos são dela. – Exclamou, e negou pra si mesmo com o rosto. Camila se afundou na cadeira.

Ally: Porque não a traz? Não a apresenta?

Robert: Ela tem a vida dela, e eu tenho a minha. Tem funcionado muito bem assim, nosso amor prossegue forte. E eu não vim aqui pra falar disso. – Encerrou o assunto – Deixem minha mulher em paz. – Ordenou – Onde está Harry?

Dinah: Com Olivia. Só vem depois do almoço. – Disse, se sentando.

Robert: Vou adiantar uns documentos e deixar pra ele, peçam pra que revise. – Disse, se sentando na cadeira de Harry.

E o assunto estava encerrado por hora. Robert não permitiria que ninguém interferisse em seu casamento, e ponto final. O que não significa que Dinah desistiria. Problema dela, pra arcar com as consequências depois. Ela realmente nunca viu Robert furioso. Ninguém viu. E, acredite, ela não quer ver.

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Harry apareceu depois do almoço. Carregava Olivia. A menina estava irreconhecível. Os cabelos agora cortados direitinho. Vestia um vestidinho rosa, com sapatilhas combinando. Carregava a boneca de pano no braço.

Harry: Louis, porque você veio atrás de mim mesmo? – Perguntou, exasperado, a certo ponto. Olivia, no colo do pai, riu.

Louis: Acredite, não foi por sua presença. – Alfinetou, então foi pro lado de Liv, que colocou as mãos na cabeça, dramaticamente.

Robert: Péssima época pra arrumar briga, Harry. – Disse. Robert tinha um arquivo em papéis distribuídos na mesa de Harry, os quais ele ordenava em um classificador preto.

Harry: Espírito natalino? – Perguntou, achando graça.

Robert: Mais ou menos. – Disse, despreocupado – Eu vou viajar. – Anunciou, despreocupado.

Harry: Como é? – Perguntou incrédulo e exasperado.

Dinah: Vai ver a mulher. – Debochou.

Robert: Sim, eu vou. – Ele sorriu debochado pra Dinah, que revirou os olhos – Eu já havia marcado com ela, e não vou retroceder. É responsabilidade sua adiar o processo até minha volta. – Disse, olhando Harry.

Harry: Três meses, Robert? – Perguntou, se irritando – Keana vai me arrancar a alma se eu não tiver um advogado. Adie a viagem! – Exclamou.

Robert: Claro, e deixar minha mulher me esperando pra resolver a sua vida. – Ele riu consigo mesmo, ordenando os papeis no classificador – 3 meses. Você consegue. – Encorajou.

Então a porta do ateliê se abriu. Keana entrou, acompanhada por um senhor de meia idade, provavelmente seu advogado. Um ódio violento se apoderou de Camila, e ela comprimiu os olhos.

Keana: Boa tarde. – Disse tranquila.

Louis: Estava boa até você chegar. – Disse, pondo um banco atrás de Camila, e se sentando atrás da latina, abraçando-a. Camila estava tão furiosa que não fez objeção.

Keana: Bom te ver também, Louis, querido. – Riu – Mas vamos ao que interessa, ainda tenho muito de fazer hoje. Olá, Harry. – Harry não respondeu, apenas a encarou. Abraçava Olivia com os dois braços, na defensiva. – Eu disse que iria ter noticias minhas. – Ela acenou pro advogado.

O advogado dela se adiantou. Robert interferiu, se dizendo advogado de Harry, e o advogado de Keana lhe deu uma pasta. Robert só leu o rodapé da primeira página. Profissional que era, sabia o que era aquilo, e o que significava.

Robert: Ela abriu um processo na justiça. – Esclareceu, colocando a pasta na mesa.

Advogado de Keana: Processo esse que pode ser evitado se houver um acordo. – Salientou.

Keana: Harry. – Disse, olhando de Olivia pra Harry.

Harry: Não. – Rosnou.

Keana: Olivia. – Disse, respirando fundo. Então uma expressão doce se apoderou do seu rosto – Você quer voltar pra casa, com a mamãe?

Olivia hesitou. Olhou pro rosto do pai, e o olhar de Harry lhe dizia que ela não precisava fazer nada que não lhe agradasse, que ele a defenderia.

Olivia: Eu não posso ficar um pouco com o papai? – Keana respirou fundo, virando o rosto – Quer dizer, eu só fiquei com ele agora. – Argumentou.

Harry: Vai ficar comigo pra sempre. – Disse no ouvido dela. Olivia sorriu.

Shawn: Robert, eu trouxe o resultado dos exam... – Disse, entrando. Parou ao ver o clima tenso na sala. – Boa tarde. – Disse, passando por Keana, com uma careta no rosto.

Harry: Ela não vai com você. Eu não vou deixar. Já deu seu recado. Está liberada, Keana. – Disse, em um rosnado.

Keana: Pense bem, Harry. – Seduziu – Todo o trabalho. Toda a responsabilidade. Todas as privações e compromissos. – Tentou.

Harry: É minha filha, não um problema a ser resolvido. – Rosnou.

Keana: Você é quem sabe. Ela vai voltar pra mim, de qualquer modo. – Olivia se encolheu no colo do pai.

Robert: Eu não teria tanta certeza disso. – Cortou. Keana mais uma vez encarou Robert, avaliando os traços perfeitos do rosto, os contornos bem desenhados, a aparente falta de defeitos. Ela olhou a aliança em sua mão, e sorriu pra ele de novo.

Keana: Onde está sua mulher, Robert? – Perguntou. Robert literalmente caiu na gargalhada. O som era fascinante. Camila gemeu baixinho, segurando as pontas da mesa com força. – Aliás, onde está a SUA mulher, Camila? – Perguntou sorridente.

O silêncio foi esmagador. Camila olhou pra frente, o castanho dos olhos furioso. Em seguida ergueu os olhos pra Keana. Havia algo estranho no rosto de Camila. Estava branca demais. Os lábios não tinham cor, nem a pele, contrastando com o chocolate forte dos cabelos.

Camila: Presumo que não seja problema seu. – Sibilou, olhando Keana. Era doentio. Camila nunca fora violenta. Mas agora não. Queria ferir Keana. Queria que sentisse dor.

Keana: Quando a encontrar, diga que eu mandei um beijo, e que sinto saudades. – Provocou.

Houve um estouro. De repente, a pesada mesa de Camila havia virado, documentos e papéis voando no ar, peças de vidro se quebrando. Até Louis, que estava abraçado a Camila, não previu. Só foi visto a ela voar pra cima de Keana. Olivia gritou. Harry se levantou e abraçou a filha, ocultando o rostinho dela da cena. Camila parecia descontrolada. Caiu pro chão com Keana, e suas mãos eram como navalhas, batendo, arranhando o rosto da outra.

Keana revidava, mas não era nada comparado. Durou muito pouco. Robert apanhou Camila pela cintura, erguendo-a do chão e Shawn deteve seus braços. Dinah foi até a amiga imediatamente, empurrando-a pra um canto. Camila ofegava fortemente, os olhos furiosos. Louis correu e imobilizou Keana no chão. Liv ajudou, erguendo Keana, que tinha os braços presos, pela blusa, e empurrando na direção oposta de Camila.

Keana: LOUCA! – Rugiu, e dois fios de sangue desceram pela pele da maçã do rosto dela, as marcas das unhas de Camila.

Camila: Não se atreva... Nunca mais... – Rosnou, entre os ofegos.

Keana: A verdade dói, não é? – Perguntou, um sorriso doentio nascendo no rosto vermelho, que continuava sangrando – Porque não bate nela, Camila? Foi ela que me procurou. – Lembrou.

Camila se lançou de novo. Mas eram 2 homens e uma mulher pra segurá-la. Ela se lançou a frente sem sucesso, os cabelos ricocheteando no ar.

Camila: VAGABUNDA! – Rugiu raivosa – FORA DAQUI! AGORA! FORA! – Expulsou. Keana riu pra ela e virou as costas, saindo e sendo acompanhada pelo advogado.

Robert soltou Camila. Dinah se afastou assustada. Apenas Shawn se manteve segurando-a. Louis ergueu a mesa dela de novo, enquanto Dinah recolhia os papeis. Liv chamou a faxineira do prédio pra recolher os cacos de vidro, e pôs as coisas de Camila de volta no lugar.

Harry: Está bem? – Perguntou, tirando o rosto de Olivia do seu peito.

Olivia: Já vi piores. – Garantiu tranquila. Harry gemeu, em uma careta, e ela riu, abraçando o pai.

Shawn: Mila? – Chamou cauteloso, virando-a pra si. Camila tinha uma expressão doentia. Shawn gemeu ao ver o outro lado do rosto dela. Havia uma marca vermelha, 4 dedos marcados ali. – Ah, Deus.

Camila: Eu estou bem. – Tranquilizou, tirando o cabelo do rosto. Shawn a soltou, e ela voltou pra sua cadeira. Sentia-se morta por dentro. Nem sentiu Louis se sentar atrás dela e abraçá-la.

Louis: Despetalou minha rosa? – Perguntou, tocando o rosto de Camila, por cima da marca. Ela não estava nem ai – Com beijinho, sara.

E ele beijou o rosto dela, sob a marca. Uma vez, duas. Carinhosamente. Camila franziu o cenho. Louis beijou a maçã de seu rosto, a dobra do seu pescoço. Dinah fez uma careta, e Lucy tapou os olhos com as duas mãos, evitando rir.

Camila: Louis. – Chamou, mas ele não estava nem ai, continuou a beijá-la.

Não eram beijinhos nem selinhos, eram beijos longos, e Camila não pode evitar se arrepiar. Ele beijou a orelha dela, mordiscando, e ela riu. Louis sorriu travesso, e beijou a marca do tapa em seu rosto outra vez, e outra. Quando Camila o sentiu traçar o caminho de sua boca com um beijo que bateu na trave, esquivou a boca, e ele riu de leve. Sem se importar, continuou beijando a pele bronzeada dela, palmo por palmo. De repente, um silêncio opressor reinou no ar. Camila, que ria levemente, abriu os olhos, ainda sorrindo. Louis prosseguiu beijando-a, empolgado. A latina focalizou os olhos de Dinah, e estes alertavam perigo. Camila, ainda sorrindo, e confusa, olhou pro lado, e entendeu por que:
Lauren estava parada na porta do ateliê, a mão ainda na maçaneta, observando a cena.