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História P.S.: Eu te amo. (Camren) - VII.


Escrita por: CamrenSeduce

Notas do Autor


Boa leitura ♥

Capítulo 9 - VII.


Fanfic / Fanfiction P.S.: Eu te amo. (Camren) - VII.

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Dinah: Como assim “um ano”? – Perguntou, naquela tarde, enquanto trabalhavam e Camila lhe contou do dia anterior.

Harry: Um ano, sabe Dinah? Rotação da terra, 365 dias, 12 meses. – Disse, examinando uns documentos em sua mesa.·.


O ateliê central de Camila era uma enorme sala de um prédio comercial. Havia três mesas e um canto com telas. Em uma mesa Dinah se sentava. Na outra, Harry. Na ultima, Camila, obviamente.


Dinah: E você fala isso com essa calma? – Perguntou, exasperada.

Harry: Se isso a faz feliz... – Ele deu de ombros.

Dinah: Eu pensei que você fosse mandar ela embora. – Contestou.

Camila: Não me faz feliz! E eu estou pondo ela pra fora. – Disse, e tirou o cabelo do rosto – O tempo é apenas uma condição dela pra aceitar, me dar o divórcio. Eu fui... Razoável. – Ela viu a cara de Dinah – Veja, CheeChee. Minha vida estava de pernas para o ar. Nada dava certo enquanto eu montava resistência. Agora eu estou aqui, trabalhando, sem o risco de ser atacada com éter quando sair. – Ponderou. Dinah respirou fundo, tentando aceitar a ideia. Então o telefone tocou.

Dinah: Mas um ano! É muito tempo! – Insistiu, enquanto pegava o telefone – Alô?

Camila: Posso viver com isso. – Disse, baixando os olhos pros documentos que tinha em mãos.

Dinah: Fala. Não sou sua empregada, muito menos sua telefonista. – Rosnou. Camila e Harry ergueram os rostos e se entreolharam por um instante, logo depois olhando Dinah. Não era do fetil dela atacar as pessoas assim. – Vá pro inferno. – Aconselhou, então olhou Camila. Parecia raivosa. – Sua mulher quer saber a que horas é o jantar. – Disse irônica.

Camila: Quem disse que eu cozinharia? – Perguntou, erguendo a sobrancelha. Quase podia ouvir o riso rouco dela, do outro lado da linha. Dinah pôs o telefone no viva voz e se afastou da fonte da voz de Lauren.

Lauren: Você sempre o fez, Ma Belle. – Disse a voz no telefone – Não o quer mais? – Perguntou atenciosa.

Camila: Faz quatro anos, querida. – Lembrou. Harry sorriu, divertido, e voltou ao trabalho, balançando a cabeça negativamente.

Lauren: Tudo bem, eu levo a janta. – Propôs calma.

Camila: Leve pra você. – Rebateu. Ouviu Lauren suspirar.

Lauren: Você quer cozinhar, você não quer cozinhar... O que você quer afinal, neném?

Camila: As sete, Lauren. – Cortou, após consultar o relógio. Lauren riu gostosamente. A latina quase sorriu com isso. Quase. Dinah negou com a cabeça enquanto Lauren se despedia de Camila, levando alfinetadas mil pelo caminho. Então ela desligou.

Dinah: Não atendo mais o telefone. – Avisou, pondo-o no gancho. Harry estourou em risos, olhando a loira que se levantou e saiu da sala. Depois o moreno coçou o cabelo distraidamente, e voltou pro trabalho.

Às 18h55min naquela noite Lauren entrou em casa. Um cheiro delicioso a atingiu, e ela sorriu, fechando a porta. Largou o casaco e foi pra cozinha atrás dela. Camila vestia uma camisola azul marinho, de seda, que batia nas coxas. Ela tinha os cabelos presos em um coque e colocava queijo fatiado em uma tigela. O pescoço nu da latina lhe deu ganas, tanto que ela se aproximou. Só que...


Camila: Não se atreva. – Disse, pondo um cubinho de queijo na boca. A morena riu, e deu um beijo leve no ombro dela.

Lauren: Cheiro bom. – Disse, mas seu nariz se encontrava na pele delicada da curvatura do pescoço dela.

Camila: É o que a sua roupa vai dizer quando você sair do banho. – Cortou, e se afastou, levando a tigela cheia em mãos. Lauren foi atrás, os braços pálidos cobertos pelo linho refinado da camisa dela se trancavam em torno da cintura de Camila – Me solte! – Ordenou, se desvencilhando. Lauren riu ainda agarrada a ela – Que diabo, me largue! – Camila se debateu, em vão – Disse que tinha fome, pois ai... – Ela lutou, chegando a mesa –... Ai está. – Disse, pondo a tigela na mesa.

Lauren: Eu não especifiquei do que tinha fome. – Murmurou, virando-a pra si e subindo a boca pela maçã do rosto dela.


Lauren ia beijá-la, e ela não percebeu. Só que o trocadilho a fez rir. O som do riso da mais baixa a envolveu como uma nuvem quente, e ela desistiu do ato quase feito. Apenas sorriu, os olhos verdes, intensos, observando cada detalhe do rosto dela.


Camila: É uma idiota. Vá tomar banho, e eu vou pôr a mesa. – Disse, empurrando-a, e dessa vez ela se afastou, indo pro banho.


Lauren tomou banho e vestiu um shortinho simples e uma camisa. Quando entrou na cozinha, junto com a tigela de queijo havia uma travessa com massa, e uma forma com torta. Camila se sentava em uma extremidade e tinha uma molheira com molho branco em mãos. Ela se sentou na outra extremidade, aspirando o perfume do jantar. Camila se serviu e em silêncio se pôs a comer. Calma, distraída e desatenta. Lauren pôs a massa no prato, a cobriu com o mesmo molho e alguns cubos de queijo. Apanhou a torta de frango, serviu seu pedaço e largou lá. Camila continuou quieta. Lauren se lembrou de como ela era antigamente, tagarela e animada. Camila ergueu os olhos e a viu encarando-a.


Camila: O que há de errado agora? – Perguntou, recolhida, vendo-a sem comer – Se é pela mesa, eu me atrasei, ai fui pro banho e me vesti assim, perdoe – Disse, justificando suas roupas e o jantar na mesa da cozinha. Não era normal. Lauren sorriu, quieta.

Lauren: Como foi seu dia? Perguntou, observando-a.

Camila: Como? – Perguntou, e Lauren percebeu o gesto inconsciente em que os ombros dela se encolheram.

Lauren: Conte-me sobre o seu dia. – Disse, e em um gesto calmo, como amigável, pegou seus talheres. Camila recostou-se em sua cadeira, analisando-a.

Camila: Foi... Normal. – Respondeu. Lauren espetou o nhoque e o levou a boca. Camila observou o aparente prazer com o qual ela o fez.


A verdade era que a vida não tinha sido nada doce para Lauren, tampouco. Não sabia cozinhar e nem o tentara; lembrava Camila. Tudo lembrava ela, desde o barulho da chuva até os faróis dos carros pela rua. Desde então os restaurantes e suas comidas sem alegria eram a única opção. Enquanto Camila fazia as refeições sufocada em solidão e silêncio, Lauren as tinha cercado de rostos desconhecidos. Provar o tempero suave dela era como uma prova de que estava em casa, finalmente. É, não fora doce pra nenhuma das duas.


Lauren: Pelo que sei... – Começou, vendo o olhar curioso de Camila sob si – Dá trabalho pros responsáveis, depois de uma vernissage.

Camila: E é verdade. – Ela respirou fundo, parecendo tentar se controlar enquanto Lauren provava da torta de frango. Por fim ela soltou um gemido derrotado. – Documentos de venda a fazer e autenticar, números que não batem... Enfim. – Disse, apanhando seus apanhando seus talheres novamente. Era estranho ter com quem desabafar isso.

Lauren: Algo em que eu possa ajudar? – Perguntou, se servindo de um pouco mais de molho.

Camila: Não, obrigada. Nós já nos acostumamos com essa rotina, cada um meio que tem sua parte. Logo estará bem. É só cansativo. – E o seu? – Perguntou, acanhada. Lauren sorriu de canto, mastigando.

Lauren: Normal. – Respondeu, satisfeita por manter a conversa – Robert mandou lembranças.

Camila: É outro idiota. – Disse, balançando a cabeça enquanto espetava um nhoque em seu prato.

Lauren: Escute. – Camila a encarou – Lucy virá amanhã. Trará um profissional com ela. Vamos, Ma Belle, não seja difícil. – Pediu, vendo o olhar dela.

Camila: Se eu estiver aqui, ótimo. Se não... – Ela não se deu ao trabalho de terminar.

Lauren: Deixarei minha chave na portaria. – Tranquilizou.

Camila: Diga-me algo. – Lauren assentiu, mastigando. – Transou com ela também?


A pergunta pegou Lauren de baixa guarda. Ela ergueu os olhos, um pedaço de massa ainda em sua garganta, e viu Camila a encarando.


Camila: Não a quero aqui dentro. – Anunciou, concluindo a resposta dela, e se levantando. A morena sorriu levemente, vendo-a levar o prato pra pia.

Lauren: Não. Ela não, neném. – Respondeu calma. Camila se virou pra ela e o castanho dos olhos era intenso, meio furioso e meio defensivo. Ela sentiu que deveria explicar – Lucy começou a trabalhar pra mim dois anos depois que tinha partido. Não toquei mulher nenhuma depois que fui embora. Logo, não tive nada com ela, eu juro.

Camila: Que seja. – Ela deu de ombros, raspando o prato no triturador.

Lauren: Acredita em mim? – Perguntou, observando-a ligar o lava louças.

Camila: Não sei. – Respondeu, secando as mãos – Você perdeu minha confiança, Lauren. – Lembrou – Não é porque agora eu sei a verdade e entendo seu lado que vai tê-la novamente tão fácil.

Lauren: Não era minha pretensão.

Camila: Não pretenda, que não é assim. – Disse, e respirou fundo – Deus sabe como está sendo difícil a sua volta, e que eu só o estou compactuando porque prometi. E não espere mais, Lauren. Eu só vou lhe dar o que prometi: um ano. Nada mais.

Lauren: É só do que eu preciso. – Garantiu, sorrindo. Então Camila saiu, deixando-lhe só com seus pensamentos.

No dia seguinte...

Quando Lauren acordou, Camila ainda dormia, encolhidinha em seu lado da cama. Ela bocejou, e se espreguiçou. Apanhou o edredom nos pés da cama e desdobrou, cobrindo a latina que, inconsciente, se moveu como uma gata manhosa, se agarrando ao edredom. Lauren sorriu e selou os lábios com os dela. Logo saiu. Quando Camila acordou, uma hora depois, não havia nada. Ela se espreguiçou, sonolenta, e se levantou. Dentro de uma hora e meia estava no ateliê. Encontrou Robert lá.


Dinah: É, porque era um chuchu. – Disse, e Harry rolou os olhos, soprando a fumaça de um cigarro pra cima.

Robert: Chuchu é insosso. – Observou, sorrindo, enquanto olhava um papel. Harry engasgou com a fumaça do cigarro e com o riso, e desatou a tossir, meio que rindo, enquanto a pele  ficava vermelhinha.

Camila: Bom dia. – Desejou, caminhando até sua mesa, deixando a pequena bolsa que levava lá. Todos responderam. – O que era um chuchu? – Perguntou, achando graça da carinha de Dinah.

Harry: Não faça ela repetir o caso outra vez, pela graça de Deus. – Pediu, dando um murro fraco no peito pra controlar o tossido.

Camila: É o cigarro. – Disse, vendo o moreno se engasgar entre o riso e o tossido.

Harry: Não, é porque o chuchu é insosso. – Respondeu, e Robert abriu um sorriso lindo, enquanto lia.

Robert: Lauren estava falando sobre você ontem. – Disse, sentando atrás da mesa de Dinah, e apanhando uns papeis de uma pasta.

Harry: Ela é a esposa, nada mais normal. – Disse, tomando uma grande golfada de ar.

Camila: Harry, porque você não vai procurar quem lhe queira? – Perguntou subitamente simpática.

Harry: Tem bastante gente. – Garantiu, piscando pra ela, enquanto levava o cigarro a boca de novo.

Dinah: É claro, porque eu vou me casar com você um dia. – Ironizou, achando graça.

Harry: Nada contra, mas eu não gosto de loiras. – Disse, deixando a fumaça do cigarro sair por seu nariz. Dinah afundou o rosto nas mãos, Harry riu. A campainha da sala tocou.


Camila caminhou até lá. Abriu a porta, e havia um entregador. Ela olhou os outros; ninguém parecia ter pedido nada.


Entregador: Senhorita... Camila Cabello-Jauregui? – Conferiu, vendo o papel.

Camila: Está falando com ela. – Disse confusa.

Entregador: Podem vir. – Disse, e entregou um bilhetinho a ela. Camila o abriu, e leu duas breves frases. “Dizem que cada rosa tem um significado. Eu encontro você em todas.”


Um entregador veio do elevador, revezando com o outro, com um enorme ramo de rosas vermelhas como sangue. Camila sorriu irônica consigo mesma, enquanto apanhava o buquê. Havia outro bilhetinho. “Paixão, amor, respeito, adoração.”


Camila: Harry, ajuda aqui. – Pediu, quando o segundo carregador veio. Harry apanhou o ramo das rosas e levou.


O segundo buquê era branco. No bilhete: “Significa que durará toda a vida.”


Harry: Vem cá, a gente podia abrir uma floricultura. – Disse, quando Camila lhe entregou o enorme buquê branco. Ela confiscara o cartãozinho.


O terceiro era cor de rosa. Camila não gostava muito de rosas cor de rosa, parecia falsamente inocente. Inocentemente forçado. Mas ela apanhou o buquê e olhou o cartão: “É a forma de agradecer um favor importante. Você não gosta delas, mas tinham de vir. Eu agradeço porque você vive.”


Camila: Harry, toma! – Pediu, querendo pegar o próximo.

Harry: Não sou carregador. – Rebelou-se, de volta ao seu cigarro.

Camila: Dinah?

Dinah: Sempre. – Resmungou, pegando o buquê com desgosto.


O terceiro era amarelo. Camila o apanhou, buscando o cartãozinho. “Amor adolescente. Carregado de desejo, malicia e entusiasmo.”


Dinah: Não vou ficar rodando também. – Disse, apanhando o buquê amarelo. Robert observava a cena, divertido.


Então vieram mais buquês vermelhos. Um dois, três, quatro cinco... Seis deles. Sem bilhete. No sexto, o carregador pediu a assinatura dela. Ela assinou, e ele se foi. Então ela percebeu que o sexto e ultimo tinha cartão. Abriu, e encontrou apenas uma pequena frase.

“P.S.: Eu te Amo.
Lauren.”


Robert: Como eu ia dizendo... – Disse, disfarçando o sorriso, enquanto abria uma planilha. Camila entrou com o ultimo buquê. A mesa dela e sua cadeira estavam abarrotadas. Os buquês eram lindos.

Harry: E os cartões...? – Perguntou, animado. Camila fechou o ultimo cartão e os apertou contra o peito, meio que os protegendo.

Camila: Você não é um carregador. – Alfinetou, e o moreno riu. – Cuidado com esse cigarro nas minhas rosas! – Alertou. Os três a olharam. – O que, gente? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.

Harry: “Cuidado com as minhas rosas, blablablablablabla, viva todo mundo!” – Debochou, e terminou o cigarro, amassando-o no cinzeiro.

Camila: Ah, vá lavar uma trouxa de roupa. – Rosnou, indo pra sua mesa. – Acho que eu vou pintar hoje. – Disse, pondo o ultimo buquê no montante de rosas. Estava lotada.

Dinah: O que vai fazer com isso?

Camila: Levar pra casa? – Perguntou o óbvio. Os outros a olharam – São minhas!

Robert: Aham. – Disse, anotando algo na planilha que abrira.

Camila: Não quero mais conversar. – Cortou, jogando o cabelo pra trás e indo determinada pra prateleira de tintas.


Quando Robert voltou ao escritório de Lauren...


Lauren: E então? – Perguntou, vendo-o entrar.

Robert: Vou bem. – Respondeu, distraído. Lauren riu consigo mesma, coçando o cabelo.

Lauren: As rosas, Robert. – Lembrou.

Robert: Ah, sim. Ela gostou.


Lauren fez Robert contar tudo. Desde o inicio até o final. No fim, o homem começava a se irritar.


Robert: Se você me perguntar isso de novo, eu te jogo da janela. Deus me ajude, mas eu jogo. – Ameaçou, Lauren riu.

Lauren: Vai levá-las pra casa, então? – Perguntou, satisfeita.

Robert: Foi o que ela disse.


Lauren não respondeu, ficou olhando o tampo da mesa, com um sorriso misterioso no rosto. Parecia que um ano daria de sobra. Mas só parecia.
 

Dois meses depois...


Camila e Lauren dormiam juntas. Não juntas, “juntas”, mas na mesma cama. A latina usava um baby doll com uma blusa de alça branca de algodão, e um short azul marinho. A morena, uma camisa cinza clara e calcinha box. Ela estava deitada tranquilamente do seu lado, e Camila dormia encolhidinha do seu. Não houveram avanços; não houve sexo, não houve beijos, não houveram conversas amigáveis, não houve nada. Nada. A convivência era estranha, e Lauren desistira de pressionar. Aconteceria de modo saudável. Tinha de ser assim. Desse modo, as duas dormiam quando o celular da latina tocou. Uma vez, duas. Camila se encolheu perto do braço dela, preguiçosa, e a morena sorriu ao sentir sua mão  distraída segurando seu braço.


Lauren: Quer que eu atenda? – Perguntou, rouca pelo sono.

Camila: Não. – Ela se espreguiçou – Já vou. – Disse, e se levantou. Lauren observou ela ir, os cabelos cor de chocolate bailando no escuro. Ela apanhou o telefone e pôs no ouvido, sem olhar quem era. – Camila. – Disse, passando a mão nos cabelos.


Lauren observou as expressões do rosto dela. Passou de sono a confusão numa rapidez agourenta.


Camila: CheeChee, calma. – Pediu, com o cenho franzido – Como assim pegou fogo? – Perguntou, o rosto delicado e confuso – Por que ligaram pra você e não pra mim? Harry? – Lauren se sentou – Ah, meu Deus. – Disse atônita – Onde você tá? Eu... Eu já vou. – Disse nervosa – Como assim não precisa?! Quem?! Ah, claro. Pode passar. – Ela foi caminhando, pálida como papel. – Sim, sou eu. Karla Camila Cabello-Jauregui. Sim. Claro. Como? E-eu...

Lauren: Deixa. – Pediu, pedindo o celular. Camila se virou pra ela, e ela viu que seu olhar estava inundado. Nervosismo, talvez. – Anjo, me deixa resolver. – Pediu. Camila entregou o telefone.


Lauren assumiu a situação. Camila a viu falar calmamente com o policial. Perguntou algo sobre danos, prejuízos, assentiu algumas vezes, e resolveu algumas burocracias. Logo desligou o telefone.


Camila: O que... Houve? – Perguntou meio mortificada.

Lauren: Parece que houve um curto-circuito no apartamento em frente ao seu ateliê. – Explicou, se aproximando.

Camila: Quanto eu perdi? – Perguntou, olhando pra frente.

Lauren: Vamos saber disso quando amanhecer. Segundo o policial não muito, mas ele não tem como saber exatamente.

Camila: Harry? – Perguntou, olhando-a.

Lauren: Estava lá, na hora. Mas não se machucou. O fogo entrou pela porta principal, e ele, após chamar os bombeiros, abriu uma janela no lado oposto da sala e deixou o rosto lá. Assim, não se queimou, nem se asfixiou. Apenas aspirou um pouco de fumaça demais, por isso teve que ir pra mascara de gás. Mas está bem e já voltou pra casa. – Disse tranquilizando-a.

Camila: Que droga. – Murmurou.

Lauren: Está tudo bem, Ma Belle. – Disse, abraçando-a pelos ombros.

Camila: Minhas telas. A maioria está lá. Todo o meu trabalho. – Disse, deixando ela lhe levar. Lauren fez ela se sentar nos pés da cama, e se ajoelhou a sua frente.

Lauren: Calma, sim? Amanhã eu irei com você até lá. Nós vamos ver o que se perdeu. Não sabemos se suas telas se queimaram, ou não. Como a porcentagem destruída não é tão grande há possibilidade de que não tenham. E se tiverem, você tem talento o suficiente pra começar de novo, claro que sim. – Disse, tocando o queixo dela. Camila sorriu e uma lagrima fininha correu de seus olhos. Lauren secou a lagrima com o dedão – Vamos, meu amor, não chore. Vai ficar tudo bem. – Camila assentiu – Agora se deite. Eu vou buscar algo pra você beber, e se acalmar. Sabe que eu não sei preparar chá nem pra salvar a vida, mas vou tentar. – Brincou, e Camila riu de leve – Tudo bem? – Perguntou atenciosa.


Camila apenas a olhava.


Lauren: Ma Belle? – Perguntou, segurando as mãos da menor, após de um tempo com ela a encarando.


Outro dia de verão,
Que vem e vai embora.
Em Paris ou em Roma,
Mas eu quero ir pra casa ♫


Camila se lançou a ela. Lauren nem pestanejou, tinha reflexos o suficiente, mas admitia que fora pega de surpresa. Os lábios da mais baixa comprimiram os dela, o gosto doce colorindo seus lábios. Camila a beijou, e ela não fizera nada pra isso. Nada propositalmente. Ela pensou, a principio, que fosse um beijo de agradecimento. Mas a língua de Camila, os lábios, eram ávidos demais. Ela conhecia aquela precipitação.


Lauren: Eu não estou forçando você. – Murmurou, quando ela soltou suas mãos, enlaçando seu pescoço em seguida.

Camila: Não, não está. – Murmurou em resposta, nos lábios dela. Lauren a beijou sedentamente em seguida.


Camila a queria. Não como das outras vezes, não forçadamente nem por bebida. Ela a queria porque precisava dela. Lauren sentiu as mãos dela enlaçarem seus cabelos, e se perguntou qual anjo estava olhando por ela naquela noite, enquanto devorava os lábios da esposa. Então as pernas descobertas dela buscaram a cintura da morena, se enlaçando ali, puxando o corpo dela de encontro ao seu e lhe dizendo claramente o que queria, eliminando toda e qualquer represaria. Lauren sorriu dentre o beijo e segurou a coxa dela com uma mão, subindo na cama e se deitando por cima dela. Havia começado.

Tudo era muito claro na cabeça de Camila agora. Lauren se oferecera pra ajudá-la, e ela sentiu o ímpeto de tê-la. Assim fora. Cruel, impiedoso, exigente. A verdadeira Lauren, que lhe cobrava tudo o que tivesse pra oferecer. A madrugada se converteu em manhã, e elas ainda se amavam. Não satisfeitas com apenas uma transa, após uns minutos da primeira, se atracaram novamente. Agora o dia amanhecia por detrás das nuvens, manchando o céu negro com cinza. Fazia frio, muito frio. Os lençóis das duas estava embolado no lado de Lauren da cama, esquecido. Camila tinha uma tinha uma linha tênue entre o frio que fazia tremer os dentes e o calor insuportável que nascia de seu interior. O corpo de Lauren, uma vez por cima do seu, também denunciava a pele fria da esposa, enquanto ela movia com vontade os dedos no interior da latina. Camila se arqueou na cama, deixando um gemido longo vir de dentro dela, e Lauren sorriu, abraçando-a pelas costas, deixando-a inclinada pra si, enquanto sua boca, sedentamente, percorria toda a pele ao seu alcance. O corpo dela sofria estremecimentos. Estava sensível. Não só sua intimidade, mas toda a pele. Lauren já tocara, mordera, beijara, chupara, acabara com todas as suas reservas de força. E ela ainda queria mais. Naquele momento soube que sempre ia querer mais. Cravou as unhas nos ombros da morena, e mordeu sua orelha. Estava muito perto.

Talvez esteja cercado de
Um milhão de pessoas e eu
Ainda me sinto sozinho ♫


Camila: Lauren. – Gemeu, em um sussurro entrecortado. Não sabia por que a chamara. Parecia que precisava chamá-la pra saber que era real, que tendo tudo destruído era o corpo dela que estava ali, invadindo-a, possuindo-a com aquela violência. Se fosse qualquer outra, não haveria nada. Mas era Lauren. Deus, era impossível, mas era a pele dela. – Lauren. – Chamou novamente, a voz agonizando, enquanto suas mãos desceram pelas costas dela, sentindo cada músculo se mover.

Lauren: Sou eu, meu amor. – Respondeu a voz rouca, e logo depois ela beijou a maçã do rosto da menor várias vezes. Ela sentiu Camila sofrer outro estremecimento debaixo dela. Faltava muito pouco.

Camila: Eu te amo. – Confessou, e em seguida mordeu o pescoço dela, contendo um gemido alto que viria.


Eu somente quero ir pra casa.
Sinto sua falta, você sabe ♫

Então Lauren parou. Parou com tudo, se tornou imóvel, as mãos mortas. Camila ergueu o rosto do pescoço dela, encontrando seu olhar no escuro. Tinha os olhos dilatados, sua testa soava, e sua respiração não era tão controlada. Ela buscava algo nos olhos de Camila. Deus, estaria tão cega de prazer a ponto de dizer aquilo pra agradá-la, ou só deixara escapar? A morena varreu o castanho dos olhos dela em um breve instante, e um sorriso lindo nasceu em seu rosto. Não era mentira. Livre da armadura que ela usava em volta de si, desprotegido, os olhos dela transbordavam do amor que sentia. Camila sorriu vendo o sorriso dela, que assentiu com o rosto uma vez.


Lauren: Eu também amo você. – Respondeu triunfante. Em seguida se abaixou e se apossou da boca dela em um beijo apaixonado.


Eu continuo guardando as cartas que te escrevi,
Cada uma com uma linha ou duas.
"Estou bem, meu amor, como você está?" ♫

O gemido de Camila quando Lauren voltou a se mover, agora parecendo não ser afetada pelo frio ou por nada, morreu na boca dela. As duas se beijaram até quando deu, mas por fim a morena teve de deixar a boca dela. Camila inclinou a cabeça pra trás, afundando-a no travesseiro, e Lauren afundou o rosto no pescoço dela. Camila pôs a mão na nuca soada dela, as unhas se fincando ali, a aliança dourada brilhando no escuro. O corpo dela se balançava com os movimentos rápidos de Lauren, mas no final as duas estavam juntas. Ela virou o rosto pro lado e se pôs a beijar o ouvido, o rosto e o pescoço da morena.

Bem sei que deveria te enviá-las, mas sei que isto não é o bastante.
Minhas palavras são frias e sem graça,
E você merece mais que isto. ♫


Poucos minutos depois, havia acabado. Lauren ainda estava ali, com o rosto afundado no pescoço dela, mas não se movia, estava quieta, o único movimento de seu corpo veio com a respiração. Camila ainda estava abraçada a ela, a boca levemente pousada em seu ombro, mas seu corpo estava quieto, e seus olhos fechados. Após algum tempo Lauren virou o rosto e beijou o rosto dela, logo após saindo de cima da mesma. Camila sentiu quando o edredom fofo e quentinho a cobriu dos seios pra baixo, e abriu os olhos. Lauren estava sentada ao seu lado, coberta da cintura pra baixo, a olhando. Tinha a testa um pouco soada, os olhos castanhos cansados, o corpo mole, e o cabelo esparramado a sua volta.


Lauren: Venha. – Ela ofereceu o braço. Camila não soube por que obedeceu, mas se sentou. Lauren a envolveu pelo ombro com o braço, e beijou sua testa. Camila, mole pelo cansaço e satisfação, deixou seu corpo repousar no dela. Então Lauren se deitou com ela, as duas de conchinhas com Camila na frente e ela encaixada as suas costas.


Outro avião, outro lugar ensolarado.
Sou sortudo, eu sei
Mas eu quero ir pra casa.
Eu tenho que ir pra casa. ♫


A ferroada dolorosa da lembrança a atingiu, enquanto ela olhava a parede do quarto. Até disso a morena se lembrava. Antigamente, Camila amava dormir assim, era sua posição favorita: de conchinha com Lauren por trás, de modo que sentisse todo o corpo dela, e com ela o abraçando, tendo um braço dela debaixo de seu corpo e o outro por cima, prendendo-a em um abraço. A latina sentiu o beijinho leve que ela deu em seu ombro, após tirar os cabelos dela dali, deitando-os no travesseiro fofo. Teve vontade de chorar, mas não havia mais nada pra chorar. Ela chorara tudo por esse assunto no primeiro dia da volta de Lauren. Havia só a dor do destino ter feito tudo dar errado. Se Lauren tivesse ao menos lhe contado suas inseguranças, suas duvidas, ao invés de traí-la... Ela teria lhe confessado que sentia o mesmo. Que tinha medo do que sentia por ela. Mas que a amava, acima de tudo, e que daria tudo certo, ficaria tudo bem.

Camila: Beije-me. – Pediu, ainda olhando pra frente. ''Beije-me antes que eu queira fugir'', ela teve vontade de completar.


Me deixe ir pra casa ♫

Lauren beijou o ombro dela, depois o rosto, e Camila virou o rosto pra ela, dando-lhe sua boca carnuda de presente. Não houve agressividade, nem tesão, nem nada do tipo nesse beijo. Era só amor. Um amor que tinha saudades. Lauren pôs a mão que estava por cima dela em seu rosto, tomando melhor seus lábios, sentindo a língua dela acariciar a sua docemente. Logo acabou. A mão da morena voltou pra cintura dela, e seu rosto voltou a se apoiar atrás da cabeça dela, que voltou a olhar a parede, agora sem pensar em nada.


Lauren: Ma Belle? – Chamou a voz atrás dela. Camila, sonolenta e cansada, assentiu em resposta – Obrigada.


Estou tão longe
De onde voce está
Eu quero voltar pra casa ♫


Camila: Disponha. – Disse, após algum tempo calada, e rindo de leve. Lauren riu também e beijou o cabelo dela.


Logo as duas adormeceram, abraçadas, juntas. Talvez tudo realmente ficasse bem.
Talvez.

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