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História Psicose - Décimo segundo


Escrita por: Tayh-chan

Capítulo 12 - Décimo segundo


Fanfic / Fanfiction Psicose - Décimo segundo

 

PSICOSE – 2ª Fase

Décimo Segundo

 

 

Faz uma semana que Baekhyun é real para mim, e um pouco mais de tempo que Sehun não é. Os papéis se inverteram rapidamente, e eu temo que tudo seja apenas mais uma alucinação. Mas ele me faz sentir, no seu toque, no seu calor, no seu beijo. Eu sei que ele é real, ele me prova que tudo é real.

E algumas vezes eu penso que vou desabar. Não vou aguentar. Eu só quero segurá-lo e mantê-lo bem, mas já é difícil o suficiente me manter bem. Às vezes, as vozes em minha cabeça rodeiam-me onde quer que eu vá, e eu só consigo respirar melhor quando elas silenciam.

Outro fato é que mesmo com os remédios Sehun continua aparecendo, mas estou aprendendo a lidar com ele.

Não posso ficar mal agora. Preciso ser forte. Preciso ser forte por ele.

 

Chanyeol fechou o diário, e guardou de volta na gaveta, onde ele sempre o deixava. Era sempre assim, ele começava a escrever, ignorava por um tempo, depois começava de novo. Ele não tinha mais paciência para escrever sobre os seus delírios, ter que reviver tudo aquilo não ajudava em nada.

Afastou-se da escrivaninha empurrando-a com as mãos, saiu da cadeira giratória, andou lentamente para fora do seu quarto, descendo uma curva de degraus e chegando à sala escura. Surpreendeu-se quando o cômodo se iluminou de repente. Sua mãe estava sentada no sofá com uma taça de vinho na mão.

— Oi — murmurou ela.

Os olhos vermelhos lhe encaram com gentileza. Chanyeol sentiu-se culpado. Ele a amava, mas se afastar foi a melhor forma que encontrou para não fazê-la sofrer. Foi uma decisão difícil para um garoto ainda na adolescência.

— Oi — murmurou de volta.

Ele passou por ela e foi até a cozinha, abrindo o armário e pegando um copo de lá. Sua mãe veio atrás de si, preocupada, mas Chanyeol apenas se serviu com um pouco de água.

— Eu devo ser uma grande preocupação, né?

— Sim, você é — respondeu. Chanyeol apenas assentiu. — Todo filho é uma grande preocupação para uma mãe.

Alguns preocupavam mais que outros. Às vezes Chanyeol desejava ter um irmão, pois sua mãe merecia um filho melhor.

— Eu nunca falei isso, mas... — Chanyeol fitou o chão, e colocou o copo na pia. — Desculpe por ser assim.

— Está tudo bem — falou fitando o chão, as madeixas castanhas cobriam parte da face. — Eu só queria que você se abrisse mais comigo — confessou. — Eu vou subir, está bem? Qualquer coisa me chama.

Ele apenas assentiu, virando-se para sua mãe e assistindo enquanto ela subia as escadas.

Eu só queria que você se abrisse mais comigo”, a frase ressoou em sua mente.

 

❦❦❦❦❦❦ 

 

Ele fechou o último botão da camisa branca, e deu meia volta na frente do espelho para olhar a parte de trás. Depois pegou uma cartola preta e a encaixou sobre sua cabeça. A última parte era colar os cílios postiços no olho direito, o que levou um pouco mais de tempo.

Pronto!

Ele chegou à casa de Junmyeon em vinte minutos. Baekhyun atendeu a porta. Havia um sorriso encantador nos lábios, vestia uma túnica branca e carregava um par de asas em suas costas.

— Chegou cedo, pensei que teria tempo para me arrumar melhor.

Chanyeol olhou a imagem do garoto à sua frente. Sinceramente, não conseguia imaginar como ele poderia ficar melhor do que já estava.

— Você está perfeito de anjo — elogiou.

Baekhyun sorriu.

— Do que você está fantasiado?

— Alex DeLarge, Laranja Mecânica — respondeu, mordendo o lábio inferior.

— Nossa! Você escolheu um clássico. Algum motivo em especial?

Baekhyun fechou a porta atrás de si, e deu a mão para Chanyeol.

— Nada em especial, só achei fácil de fazer. — Chanyeol deu de ombros.

Durante grande parte da noite eles passaram de porta em porta, pedindo doces, Baekhyun sempre dava um sorriso fofo e adorável, e conseguia os melhores. Chanyeol também ganhava, mas não dava nenhum sorriso. As pessoas se conformavam achando que ele estava apenas interpretando o personagem.

— Acho que temos doces para um semestre inteiro. — Baekhyun comentou, abrindo mais um chocolate.

— Quanto mais, melhor — falou Chanyeol, abrindo a boca e mostrando o quanto de chocolate estava comendo. Baekhyun exclamou algo como “que nojinho”, mas depois riu.

Eles visitaram mais algumas casas, até que Baekhyun reclamou que estava cansado.

— Está sentindo alguma coisa? — perguntou Chanyeol.

— Só estou cansado. Quero me sentar.

Escolheram o meio-fio, pois era o local mais perto. Aquela rua estava um pouco vazia, e já era tarde. Seus olhos passaram a observar a pele alva e macia de Baekhyun, e um sorriso bobo se formou, iluminando sua face. O sorriso sumiu em seguida, quando aquela face conhecida se transformou em outra.

Chanyeol piscou os olhos uma, duas, três vezes, e continuou vendo outra pessoa. Era o rosto de Sehun no corpo de Baekhyun, que agora estava sorrindo. Sentiu dificuldade em respirar, e desviou o olhar. Uma gota de suor escorreu pelo seu rosto.

Você está com medo, Chanyeol. Você pode ficar com medo, pode correr se quiser.

Chanyeol abaixou a cabeça, tentando ignorar aquela voz. Ele não queria assustar Baekhyun, não queria que o outro ficasse com medo também.

Ele precisa saber quem você é, ele precisa saber que você não é bom o bastante.

— Não... — murmurou baixinho, fechando os olhos com força.

Sentiu uma mão fina e quente pousar sobre a sua, e inexplicavelmente se sentiu melhor.

Baekhyun pareceu ter percebido a súbita mudança do maior, de como ele suava frio e parecia meio confuso.  Agiu por instinto, sem perceber o quanto aquilo significou para o outro.

Chanyeol se desculpou, e convidou Baekhyun para ir embora. Eles voltaram caminhando de mãos dadas, permanecendo em silêncio durante todo o caminho. Baekhyun ainda se mostrava animado, enquanto dividia seus doces com o maior, alegando que não seria capaz de comer tudo aquilo.

Chanyeol agradeceu e deixou o outro em casa, para então voltar para a sua. Mas assim que se despediu e virou-se a caminho de casa, Sehun estava ali de novo.

— O que você quer? Você sempre aparece sem motivo algum, isso já tá virando um pesadelo.

— Eu sei que você gosta de conversar comigo.

— Ah, agora você está falando, claro! — ironizou, seguindo em frente, mas claro que não foi deixado em paz.

— Eu estava bravo com você.

Chanyeol revirou os olhos, ignorando-o e seguindo para a sua casa. Sehun ficou falando o tempo todo ao seu lado, como um fantasma, e Chanyeol já estava de saco cheio. Quando chegou a sua casa, foi direto para o quarto dormir. Acordou no meio da noite, e Sehun já tinha ido embora.

Ficou pensando sobre o garoto que sua mente criara, e imaginando que talvez, em algum outro lugar, pudesse realmente existir um Sehun igual.

Baekhyun ocupou a sua mente logo em seguida, e ele ficou pensando sobre a noite dos dois, deveria ter sido legal, ter um final feliz, mas tinha estragado tudo. Nem havia beijado nos seus lábios.

E ele queria beijar, queria beijá-lo agora, enquanto ainda tinham tempo. Por isso vestiu um casaco e um gorro, e saiu no meio da noite.

❦❦❦❦❦❦ 

Baekhyun despertou com um barulho estranho que parecia vir de dentro da sua cabeça, sentou-se na cama, esfregando os olhos enquanto ia acender o abajur. O barulho continuou, revelando vir da sua janela. Ele foi até a mesma e a abriu, sendo atingido por uma pequena pedra em seguida.

— Foi mal — Chanyeol gritou lá de baixo, quando percebeu ter acertado o outro.

Baekhyun ficou preocupado por um momento, considerando a hora, mas Chanyeol sorriu para lhe confortar e pediu que descesse. O menor então vestiu um casaco e desceu as escadas correndo.

Quando chegou ao quintal e os olhos se encontraram, o sorriso que se formou em ambos os rosto foi instantâneo. Baekhyun correu até ele, e sentiu esse tocar em seu corpo, como se precisasse disso para viver.

Sentiu seus lábios serem pressionados, sem ter que dar alguma permissão dessa vez. O beijo se aprofundou, cheio de saudade, cheio de tato por todo o lado.

Baekhyun nunca pensou que pudesse sentir algo tão forte por alguém, como se sua alma dependesse da outra pessoa para estar vivo. Estar com Chanyeol era melhor que pintar quadros, estar com ele era viver de verdade.

— Desculpa por antes — Chanyeol pediu, referindo-se as alucinações que tivera mais cedo. —Eu não consigo controlar.

— Eu entendo — disse baixinho. — Não se desculpe por isso — pediu quase num sussurro.

— Eu tive que vir, eu precisava ver se você estava bem. Eu amo você.

 Chanyeol abraçou o outro pelo pescoço, deixando que o mais baixo afundasse a cabeça em seu peito.

— Eu também te... amo — disse com a voz abafava, apertando mais o abraço. Com dificuldade, conseguiu levar uma das suas mãos até o seu bolso e tirar um papel dobrado de lá.

Chanyeol observou o ato, em silêncio e curioso. O papel foi colocado em sua mão, e como resposta olhou para Baekhyun com as sobrancelhas quase juntas, e um semblante confuso.

— A lista, eu escrevi a lista.

Chanyeol sorriu e tirou os braços ao redor de Baekhyun apenas por um minuto, apenas para desdobrar o papel. O vento frio lhe fez tremer, e os braços que lhe rodeavam, foram se soltando lentamente, antes de um som opaco ser ouvido.

Chanyeol congelou observando a imagem de um Baekhyun inconsciente.

 

CONTINUA...



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