História Psicose - Extra - Eu fui o primeiro a me apaixonar.

Você não sabe como seu primeiro amor irá parecer, nem quando. Sinceramente, considerando minhas condições, jamais imaginei que ele viesse. Mas ele veio, e desde a primeira vez que eu coloquei os olhos nele, eu soube. Pensei em tudo que eu tinha vivido até agora, em todas as pessoas que eu tinha visto, e em tudo que eu já tinha sentido. Nada pareceu como aquilo. Nada fez meu coração palpitar tão forte, nada me deixou tão curioso quanto saber o motivo daquelas olheiras profundas e daquele olhar distante.

Ele não era feio como eu, muito pelo contrário, seu cabelo era liso, macio, brilhoso e castanho. Seu corpo não era tão magro, na verdade era bem bonito. Era alto, mas não necessariamente um garoto de presença, estava mais para um garoto assustado.

Havia olheiras muito profundas para um garoto tão novo. Gostaria de saber o que lhe tirava o sono. Mas não é como se eu pudesse chegar nele e perguntar: “Hey garoto, o que há com você?”. Ele iria olhar para mim – um garoto fodido e careca, destruído por causa de um tratamento de câncer idiota que te permite viver como um zumbi – e sentir pena. Talvez ele mandasse a mesma pergunta de volta pra mim.

Então eu decidi que eu viveria meu lindo primeiro amor da única forma que a vida me permitia: unilateralmente.

- em revisão -