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História Psicose - Quinto


Escrita por: Tayh-chan

Capítulo 5 - Quinto


 

PSICOSE - 1ª Fase

Quinto

 

— S-Sehun?     

— Oi... Será que eu posso entrar? — indagou, engolindo um soluço.

Chanyeol deu passagem para que ele entrasse, e então fechou a porta. Assim que se virou foi abraçado com força. Era difícil para Chanyeol entender como as pessoas conseguiam invadir o espaço pessoal alheio com tanta facilidade.

—Ei... O que houve com você?

Sehun não falou nada, escondeu a cabeça o máximo que pôde no peito de Chanyeol, e permaneceu ali. Comovido, o maior envolveu o corpo dele com os braços e o levou até o sofá.

Passou-se um tempo até Sehun se acalmar e conseguir mostrar seu rosto, agora inchado e molhado pelas lágrimas.

— Minha mãe morreu... — murmurou.

Sehun nunca havia falado sobre sua família, na verdade ele era um mistério completo, Chanyeol nem sabia onde o garoto morava. Agora ele lhe contava uma notícia triste dessa.

— O que aconteceu? — não sabia o que dizer, nunca fora bom se relacionando com pessoas, até mesmo na infância.

— Não foi agora — disse tímido.

— Ah.

— Faz um ano, faz um ano hoje. — Ele se ajeitou melhor no sofá. — Eu ainda não me acostumei, sei lá. Ah, Chanyeol. Todo mundo vai lá pra casa, minhas tias e tal. E meu pai está com uma namorada nova, e droga, ela estava sentada no lugar da minha mãe! Bem no primeiro aniversário da morte dela, eu não suportei, eu tive que sair de lá. Não consegui nem me sentar pra almoçar.

— Eu sinto muito — se limitou a dizer, sentando-se de frente para Sehun, lhe olhando com certo pesar.

— Tudo bem. Eu que sinto muito pela minha cena melancólica. — Sehun fez uma careta. — Mas e quanto a você?

Chanyeol suspirou.

— Ontem eu fui perseguido por alguns helicópteros, eles queriam me matar. — explicou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— É mesmo? — Sehun não se mostrou surpreso. — Só isso?

— É... Acho que só.

Eles ficaram mudos por um tempo depois se olharam e caíram na risada, riram por mais de um minuto sem conseguir parar.

— C-como você é louco Chanyeol. — Sehun bateu na própria perna repetidas vezes enquanto ria.

De repente as risadas cessaram, os olhares se encontraram, e isso foi motivo suficiente para Sehun avançar como da última vez. Chanyeol, no entanto, recuou com pouco sucesso. Sehun caiu sobre si, lhe olhando com olhos maliciosos.

— Acho que a gente precisa terminar o que começou outro dia. — O garoto passou a língua pelos lábios.

Chanyeol negou com a cabeça, empurrando Sehun que saiu de cima de cima dele, decepcionado.

— Eu não entendo.

— Eu acho que já estou apaixonado por outra pessoa — disse de costas, surpreso com a sua própria revelação.

Sehun não aceitou aquilo muito bem.

— Mentira! Você nunca está com ninguém, não tem como estar apaixonado por outra pessoa. Só quer me dispensar.

O maior passou a mão pela cabeça, achando aquilo difícil demais para explicar quando não se podia contar toda a história.

— Olha, não dá pra explicar. É complicado. Mas quando você tenta fazer isso parece que eu estou traindo ele, entende?

Chanyeol esperou um tempo e quando não veio nenhuma resposta, ele se virou, mas Sehun não estava mais ali, tinha acabado de fechar a porta pelo lado de fora. Não demorou muito e ele voltou, encarando Chanyeol.

— Você é louco! — falou. Depois disso ele bateu a porta com força, como uma criança birrenta.

Chanyeol ficou imóvel, os olhos arregalados, até que murmurou:

— É. Eu sou.

E então caiu deitado no sofá.

 

❦❦❦❦❦❦ 

 

A tarde era fria, a primeira neve estava caindo. Chanyeol saiu de casa bem agasalhando e levou consigo uma manta quentinha para que pudesse se aquecer com Baekhyun.

Encontrou-o abraçando o próprio corpo pequeno, que embora bem agasalhado, tremia de frio.

— Baek... — chamou baixinho. Não houve resposta.

Chanyeol se aproximou lentamente, e colocou a manta sobre os ombros de Baekhyun, tentando aquecê-lo. Ele suava e os lábios tremiam levemente.

— Baek, ei, você está bem? — perguntou. Ele ardia, ardia como se estivesse com febre.

Chanyeol caiu sentado no chão, achando aquilo inacreditável. Como é que Baekhyun ficava doente? E agora, o que fazia?

— Será que eu devo levar você ao médico? — perguntou incerto. Um médico para tratar amigos imaginários, talvez.

— Só fica aqui comigo — pediu.

—  É claro que eu vou ficar. — Chanyeol não estava pensando em ir há lugar algum.

Tirou seus sapatos e sentou-se ao lado de Baekhyun, se cobrindo também para se livrar do frio do começo de inverno.

— Me abraça. — Escutou o outro pedindo.

Chanyeol não hesitou. Ele não conseguia deixar de se sentir culpado, por mais estúpido que fosse. Afinal, se Baekhyun só era alguém imaginário, apenas uma vítima de sua mente, a culpa era toda sua pelo outro estar se sentindo mal, não é mesmo?

Quase pediu desculpas, mas resolveu ficar em silêncio, apenas aproveitando aquele momento. Eles nunca haviam tido tanto contato corporal como estavam tendo agora, naquele dia de frio, um esquentando o outro. Seria maravilhoso, se Baekhyun não estivesse doente.

— Canta pra mim, Channie... — pediu.

— E-eu não sei cantar.

— Canta qualquer coisa, eu quero te ouvir.

Chanyeol respirou fundo e cantou a primeira música fácil que lhe veio à cabeça.

Fall is here hear the yell

Back to school ring the bell

Brand new shoes, walking blues

Climb the fence, books and pens

I can tell that we're going to be friends

I can tell that we're going to be friends

— Isso é The White Stripes — murmurou Baekhyun, sorrindo. Chanyeol desconfiou do seu péssimo inglês, mas gostou de saber que o outro reconhecia a música.

Walk with me, suzy lee

Through the park and by the tree

We will rest upon the ground

And look at all the bugs we found

Safely walk to school without a sound

Safely walk to school without a sound

— S-se eu te pedisse pra ficar aqui comigo pra sempre, o que você responderia? — Baekhyun indagou com a voz fraca.

— Isso já não é um pedido?

Chanyeol trouxe o pequeno corpo para mais perto de si, desejando esquentá-lo.

— Não, só uma hipótese. O que você responderia? — insistiu.

— Eu diria que eu adoraria poder aceitar, mas “para sempre” é muito tempo, e muito tempo é o suficiente para minha mãe enlouquecer. — Chanyeol riu. — E um louco na família já é o suficiente. 

O garoto deu um suspiro.

— O nosso “para sempre” pode ser curto. Nunca se sabe. — Deu de ombros. — Eu posso desaparecer amanhã ou depois.

— Ou você pode ficar. Olha pra mim, Baek. — Segurou lentamente o rosto pequeno, ele abriu os olhos escuros com lentidão, piscando algumas vezes. –Eu permito que você fique.

— Não é uma escolha sua.

Chanyeol ficou triste em pensar naquela possibilidade, passou a mão pela cabeça algumas vezes, achando muito irritante. Baekhyun não precisava ir embora, droga, era sua mente, deveria ter escolha, mas nunca teve, se tratando da sua mente, nunca teve nenhuma escolha.

— Sabe, eu tive um sonho estranho com você está noite. Acho que foram os remédios, eu estava meio drogado e tudo ficou bastante colorido. Eu e você estávamos em um lugar onde tudo era branco. Então de repente você ficou irritado com toda aquela ausência de cor e começou a jogar tinta para todos os lados, mas você não conseguiu pintar nada, porque tudo era infinito e a tinta não alcançava o branco.

— Que sonho estranho.

— Não, não é... Digo, não é estranho o ato em si, não é estranho sonhar algo estranho. Estranho mesmo é quando eu sonho acordado sabe. Tipo agora... — Chanyeol refletiu um pouco, e sem perceber começou a fazer carinho nos cabelos de Baekhyun. — No sonho eu senti muita falta de você, você não tinha cheiro, eu não conseguia sentir seu toque. Acredito que vai ser assim se você for embora, e não vai ter ninguém para colorir meu mundo, tudo vai voltar a ser branco.

Baekhyun permaneceu em silêncio.

— Eu sei que pode parecer confuso, mas me sinto calmo, e ansioso. O seu olhar é tão parecido com o meu que eu consigo me ver refletido no brilho dele. Não sei direito, acho que eu estou falando besteira. Eu só quero que você fique, ok? Não vá embora.

Baekhyun disse um “sim” baixinho e escondeu a cabeça no peito de Chanyeol.

 

❦❦❦❦❦❦ 

 

Chanyeol parou em frente à casa de seu primeiro psiquiatra. Voltaria a ter consultas com ele agora que o mesmo estava de volta. Este teve que se afastar do trabalho por problemas pessoais, mas agora, em menos de dois meses, ele estava de volta. A casa continuava a mesma, muito bonita, com móveis caros, mas tudo muito masculino. Seu psiquiatra não tinha família até onde sabia.

 — O-oi, Chanyeol — Acabou gaguejando, sem conseguir esconder a expressão de surpresa. – Você está adiantado, eu ainda estava tomando café.

Chanyeol observou o outro parado a sua frente, segurando aquela xícara de café, vestido com uma calça jeans preta e uma camisa social bordô. O mesmo parecia muito novo para a sua profissão, mas era um bom profissional.

— Desculpe, é que eu estava ansioso, Doutor Kim — admitiu, mas sem dizer que talvez estivesse com saudade. Gostava dele mais do que a psiquiatra recente, da qual nem se lembrava do nome.

— Já disse que pode me chamar de Suho — corrigiu.

Chanyeol avançou um passo.

— Nem é o seu nome.

— Eu sei, mas gostaria que me chamasse assim. – Suho virou-se em direção a cozinha, não havia nada que a separasse da sala na verdade. – Quer café?

Chanyeol o acompanhou, sentando-se no banco alto que tinha em frente à bancada. Aceitou, e ficou observando o médico esquentar uma xícara de café para si.

— Com muito açúcar, por favor. — Chanyeol não abria mão do doce nem no café.

Suho riu.

— Eu sei, eu sei.

O micro-ondas apitou. Suho tirou a xícara de dentro, e colocou três colheres de açúcar, servindo para seu convidado.

— Como está o seu amigo? Digo, aquele que ficou doente.

— Não muito bem. — Suho respondeu, sentando-se ao lado de Chanyeol. – Mas ele tomou uma decisão, e eu tive que retornar ao trabalho, não podia ficar muito tempo parado também.

— Eu senti sua falta — admitiu baixinho.

Suho sorriu.

— Eu sei que sim. Você pode me adiantar o que aconteceu enquanto eu estive fora hoje, não é?

Chanyeol riu baixinho.

— É uma história longa.

— Eu vou gosta de ouvir.

Eles olharam um para o outro e sorriram cúmplices. Realmente Chanyeol tinha muita história para contar.

Continua...

 



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