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História Psicose - Nono


Escrita por: Tayh-chan

Capítulo 9 - Nono


 

PSICOSE  - 1ª Fase

Nono

 

Quando se é louco, as coisas vão se tornando menos surpresas com o tempo, e quando o mundo insiste em cair sobre sua cabeça inúmeras vezes, ele vai perdendo o peso. E quando isso te ataca até a alma, uma proteção se forma.

E Chanyeol tinha essa proteção sobre si agora.

Ele só não conseguia entender.

Em uma atitude impensada e de raiva, Chanyeol bateu a cabeça na parede, e quando se afastou tinha um leve corte manchando sua testa de sangue. Mas havia mais sangue em seu olhar do que qualquer coisa.

— Malditos filhos da mãe — murmurou com o punho fechado.

Chanyeol sempre sentiu. Sempre que Baekhyun saía de algum lugar ele deixava um calor humano, ele deixava vida por onde passava. Sehun disse que não o viu, mas não tinha crédito algum. 

— Onde ele está? Eu posso vê-lo?

O maior tentava manter a calma, ele só explodiria quando visse Baekhyun novamente.

Suho, hesitante, disse que o levaria até o garoto.

 

❦❦❦❦❦❦

 

Chanyeol se manteve apático durante todo o trajeto que andara de carro, foi curto, e logo o carro estava sendo estacionado. Seguiu Suho sem olhar para qualquer outro lugar, sem perceber as pessoas ao redor, sem ver onde estava entrando.

Ele ignorou os choros, os barulhos de gente correndo, e toda a dor que parecia emanar ali.

Sentiu um levo tranco quando o elevador começou a subir. A porta abriu, eles saíram e andaram alguns metros. Suho parou repentinamente e abriu uma porta a sua frente.

O quarto era bem arejado, não tinha muitos móveis, e a cama era coberta com lençóis azuis, rodeada de alguns utensílios e objetos que Chanyeol conhecia bem. Mas mesmo assim ele ainda perguntou.

— Onde estamos?

— Em um hospital, Chanyeol.

 

❦❦❦❦❦❦

 

Chanyeol foi deixado em seguida, e ousou fechar a porta atrás de si, Suho avisou que voltaria logo, então era melhor apenas permanecer ali quieto.

Ele queria respostas! A cada minuto uma nova pergunta se formava, e ele apenas queria respostas. Virou o rosto para o canto do quarto, e lá estava a sua primeira resposta.

Usando uma vestimenta de hospital azul clara, Baekhyun estava no canto da sala. A expressão que ele fazia era similar a de Suho quando entrou no quarto, era a expressão de alguém que é desmascarado. Não demorou muito para o coração de Chanyeol acelerar dentro do peito, e as coisas sumirem ao redor. Apostou que o garoto a sua frente se sentia da mesma maneira.

Seus olhos permaneceram um no outro por alguns instantes até Chanyeol, subitamente,  seguir até o outro e apalpá-lo forte em todos os cantos possíveis. Era Baekhyun, tão real quanto sempre foi. A face dele se tornou apática e distante de repente.

 Chanyeol o segurou pelos braços e o puxou, só para depois poder jogá-lo contra a parede, fez isso várias vezes, como da primeira vez...

 Mas Baekhyun não reagiu.

— V-você tem noção? — disse entre dentes. — Você tem noção do que fez a mim?

Nada. E Chanyeol aumentou a força que usava para apertar os braços do menor. Ele estava mais magro, era a única diferença.

— Se você não tem, eu vou te dizer — Chanyeol riu soprado. – Você me fez te amar! Me fez sofrer ridiculamente me permitindo pensar que havia mesmo me apaixonado por alguém que nem existia. E depois sabe o que você fez? Você sumiu. Puff! Exatamente assim.

— C-como você chegou até aqui?

Aquilo era demais para o mais alto, ele socou a parede, bem próximo a cabeça do outro, se contendo para não fazer de novo, só que mirando bem no meio da cara do tal mentiroso.

— Isso realmente importa, Byun Baekhyun? Se é que este é o seu nome mesmo.

— V-você não podia, não devia estar aqui, não. — As palavras não eram necessariamente ditas para Chanyeol, só eram pensamentos altos.

Baekhyun parecia totalmente desolado, encarando o chão e respirando pesadamente. Ele ainda não havia se recuperado do choque, e o mesmo acontecia com Chanyeol, que só agia por impulso, talvez não tivesse caído a ficha ainda.

Para nenhum dos dois.

— Você sabia que foi o meu primeiro amor, Baekhyun? Pois é, você conseguiu esse feito. — Chanyeol não falava triste, não estava querendo ser o coitadinho, ele apenas cuspia as palavras, com maldade. — Eu repeti tantas vezes que você era real, e você só mentiu, mentiu até o fim! Eu te odeio...

— Para... — Baekhyun pediu com a voz fraca. Fez uma careta e fechou o punho em frente ao peito como se sentisse dor ali.

— Eu tenho nojo de você!

— Para — suplicou baixinho outra vez.

— Parar? Eu posso parar, Baek. Eu posso te deixar, mas nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida, eu vou fazer você explicar tudo, desde o começo. E você vai desfazer esse nó que está na minha cabeça.

— Chanyeol... — Baekhyun segurou a blusa do maior com delicadeza, trêmulo.

Então Chanyeol viu sangue pingando no chão, sangue em grande quantidade que escorria do nariz de Baekhyun. Ficou paralisado, observando o menor se apoiar em si, frágil, enquanto o sangue caía em gotas.

Por sorte Junmyeon chegou naquele instante, pois nenhum dos dois parecia realmente saber o que fazer. Primeiro ele ajudou Baekhyun a andar até a cama, depois chamou as enfermeiras. Fez tudo isso enquanto seu paciente permanecia parado no meio do quarto, apenas seguindo os acontecimentos com os olhos.

— Vai ficar tudo bem, o médico já está chegando — Junmyeon murmurou para Baekhyun, que cobria o nariz com um lenço branco manchado de vermelho.

Baekhyun encarava Chanyeol, que também tinha os olhos sobre si.

Um médico chegou ao quarto, acompanhado de uma enfermeira, e os visitantes foram convidados a se retirarem.

Junmyeon convidou seu paciente para tomar um café.

Chanyeol o seguiu pelos corredores, sem entender como seu psiquiatra parecia tão calmo. Era como se ele já estivesse acostumado com aquele tipo de cena, ou talvez só estivesse tentando ser forte.

Passou o dedo sobre uma gota de sangue que caiu nas costas da sua mão, transformando-a em um pequeno rastro de sangue. Perguntou-se mentalmente o que teria acontecido se Baekhyun tivesse sangrado assim na casinha.

Junmyeon escolheu uma cafeteria no pátio do hospital. O lugar era pequeno e aconchegante. Tocava uma música instrumental de fundo, num volume baixo. Escolheram uma mesa do canto para duas pessoas.

Quando a atendente chegou, Junmyeon falou pelos dois, percebendo que Chanyeol não estava em condições para fazer decisões.

— Dois cafés, por favor. E traga mais açúcar, acho que vamos precisar — pediu, olhando para os dois únicos sachês sobre a mesa.

Ficaram em silêncio por um tempo, esperando os pedidos. Chanyeol analisava o sangue em sua mão, e Junmyeon perguntou se ele não queria lavar. Chanyeol disse que estava tudo bem, e quando os cafés chegaram ele começou a abrir vários saches de açúcar e despejar no café.

— Chanyeol, você está bem?

— Por que ele estava sangrando? — indagou, ignorando a pergunta do seu psiquiatra.

— Baekhyun está doente.

— Eu percebi, ok? — respirou fundo, tentando conter a irritação e o medo. — O que ele tem?

— Ele tem leucemia linfoblástica aguda, você sabe o que é?

Chanyeol negou com a cabeça.

— É um câncer, Chanyeol. Ele é progressivo e precisa de tratamento rápido. Baekhyun teve um diagnóstico ainda no início, ele começou o tratamento há tempo, mas...

Junmyeon suspirou.

— Por consequência da produção anormal de células sanguíneas, ele pode ter sangramentos como aquele que você acabou de presenciar. Há outros sintomas também. Ele perdeu muito peso por causa da falta de apetite. Palidez, febre, cansaço, até dor nos ossos, tudo isso ele sente por causa da doença.

Chanyeol olhou para sua mão segurando a alça da xícara de café. Talvez fosse bom lavar logo e tirar aquela mancha de sangue.

— Há quanto tempo ele tem essa doença?

— Quatro anos.

— Então se ele continuar se tratando ele vai ficar bem, não é? Ele vai... Ele vai continuar vivo, não é?

Junmyeon bebeu seu café e não respondeu. Chanyeol não insistiu, não sabia se estava preparado para aquele tipo de informação. Eles terminaram o café em silêncio, e depois Chanyeol foi aconselhado a ir embora e voltar outro dia.

❦❦❦❦❦❦

 

Chanyeol voltou no dia seguinte.

Bem cedo, ele apareceu no hospital e ficou sentado em frente ao quarto de Baekhyun, sem ter coragem para entrar. Foi só quando Suho saiu pela porta, e o encontrou, que teve coragem agir.

Suho entrou na frente, e quando saiu do campo de visão do outro, Chanyeol pôde ver Baekhyun. Ele estava conectado a um soro, e usava uma máscara de oxigênio. Seu ex primeiro amor imaginário se esforçou para se sentar e o mais alto se sentiu um pouco culpado por ele estar se esforçando.

Suho correu para ajudá-lo e elevou um pouco a cama.

Chanyeol ficou observando, parado em algum canto do quarto, e ele não desviou o olhar quando o de Baek cruzou com o seu. Ele ficou olhando para aqueles olhos levemente molhados e doentes. Mas continuava sendo o mesmo olhar de sempre, o olhar igual o do primeiro dia. Era um olhar igual ao seu, e era nisso que eram tão parecidos.

Ambos conheciam a dor, ambos sabiam como a vida poderia ser dura, mesmo sendo tão novos.

— O que você está fazendo aqui? — Baekhyun indagou frio, após tirar a máscara de oxigênio, assustando não somente Chanyeol, mas como Suho também.

— E-eu... — Chanyeol moveu a cabeça para um lado para o outro. — Acho que eu não sei.

— Se não sabe poderia me deixar descansar em paz, não acha? – novamente frio.

— Você não quer falar assim comigo! — exclamou. — Seus olhos... eles dizem que você não quer — disse baixinho dessa vez.

— Você acha que sabe tudo, não é?  — riu soprado. — Tenta ver no meu olhar também que eu não dou a mínima pra você, que eu sumi da sua vida, por que eu não aguento mais ficar ao lado de um louco.

— Então por que ficou por tanto tempo? Por que apareceu? Eu só quero respostas, depois disso eu vou embora. — Chanyeol respirou fundo, sentindo o coração apertado. — Eu sei que foi sincero, Baek... Você me disse tudo aquilo.

— Você interpretou errado.

— Não! Você me fez entender daquele jeito. — Chanyeol avançou alguns passos. — Conta pra mim como você sabia que eu era doente, conta pra mim tudo... Talvez eu entenda. Olha só... Eu ainda te amo, eu pensei muito a noite. E-eu... tá sendo difícil, porque uma hora eu penso que você só queria me fazer mal, outra eu apenas acho que você não seria capaz de fazer isso. Só me explica. Talvez eu te perdoe, talvez eu consiga conviver com isso e com o fato de você ter mentido pra mim. Só... conta.

Baekhyun engoliu seco, tremendo levemente.

— Não é difícil imaginar como eu sabia da sua doença o tempo todo, não é? — Baekhyun deu um sorriso de leve para Suho, que mantinha a cara fechada, sem argumentar em nada. — Foi só uma brincadeira pra mim, ok? Agora saía daqui.

— Eu não acredito em você.

- Eu não estou me sentindo bem. Suho, tira ele daqui.

— Baek... — Suho murmurou, indagando silenciosamente se era mesmo aquilo que Baekhyun queria fazer.

— Não, tudo bem. Eu vou sozinho. — Chanyeol andou até a porta, mas ainda tinha coisas a falar antes de sair, as últimas palavras. — Não ache que eu acreditei no que você falou, mas eu entendi que você quer que as coisas fiquem assim, então eu vou desistir por você... Pense nisso como se você tivesse feito um pedido e eu tivesse lhe concedido. Adeus, Baekhyun.

Chanyeol fechou a porta e se foi.

E instantaneamente Baekhyun caiu no choro, soluçando contra o travesseiro, com uma dor infinita no peito. Sentiu a mão de seu amigo lhe acariciar as costas e murmurar palavras carinhosas, mas não parou de chorar.

Era uma dor incrível, uma dor que nunca imaginou sentir. Não pensou que pudesse realmente amar em um tempo tão curto de vida, tinha perdido as esperanças.

Mas seu amor tinha ido embora agora, por sua causa.

— Você tem certeza que quer as coisas assim? — Suho indagou com cuidado.

— Era pra ser assim desde o início, Su... Mas deu tudo errado, o destino ferrou com tudo.

❦❦❦❦❦❦

Suho conversou com Baekhyun quando este estava mais calmo, disse que não era justo com nenhum dos dois, principalmente com Chanyeol. Que ele deveria ir até o outro assim que melhorasse e explicar tudo como realmente aconteceu, porque devia isso ao Chanyeol e também a si próprio.

Baekhyun acabou concordando, mesmo com relutância. Ele apenas seria sincero com o outro e contaria tudo que ele quisesse saber, e Chanyeol poderia fazer sua própria escolha.

Então chegou o dia em que Baekhyun melhorou.

Pediu a Suho que o levasse até Chanyeol, e foi avisado que o garoto tinha sido internado por causa de um ataque pânico do qual tinha até se machucado.

— Acho melhor eu não ir então — disse receoso.

— Ele pode receber visitas, Baek. Ele vai te ouvir, pode ter certeza.

E Baekhyun foi até Chanyeol, encontrando-o em um quarto praticamente vazio. O grandão estava em um canto da cama, com os joelhos dobrados e o queixo apoiado nestes.

Ele não moveu o olhar quando Baekhyun chegou, não moveu um único dedo, nem sequer percebeu que havia mais alguém no quarto.

— Channie... Eu estou aqui.

CONTINUA...



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