História Psicótico - O Terror Romântico - As explicações e os pontos

Tudo tinha seu cheiro. A almofada, os lençóis... Os vestidos e as blusas... E as roupas íntimas... É uma pena que ela não estivesse em seu quarto porque eu adoraria que ela visse como eu quero senti-la, mas ainda não estava na hora

Lynn nunca sentiu sua cabeça tão pesada quando a levantou de supetão, ao acordar. Gemeu de dor e encolheu o corpo, inspirando e expirando durante alguns segundos até voltar a deitar... Na sua cama.

Ela olhou para os lados, tentando se lembrar do que havia acontecido na última noite, mas não conseguiu com clareza. Levantou um pouco o lençol que a cobria e descobriu que estava com a mesma roupa com a qual havia saído. Se ela olhasse para o lado, veria seus sapatos jogados.

Quando moveu seu corpo, fazendo suas coxas se moverem uma contra a outra, ela ergueu as sobrancelhas um pouco surpresa. Moveu-se mais um pouco e descobriu que seja lá com o que sonhara, havia sido um sonho daqueles.

Lynn lembrava-se de algo com mais mãos e mais bocas do que deveria. Nunca pensou que sua imaginação pudesse ser tão boa.

Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando se lembrar do sonho para, uh, pesquisa científica.

Um homem... Um homem lindo e alto e forte e... Não...

Lynn mordeu o lábio inferior e levou sua mão para o próprio seio.

Não... Dois homens... Lindos e altos e fortes e prestando atenção apenas...

Ela arfou baixinho com o rosto virado para a almofada e apertou as pernas. Céus, já estava mais animada do que pensava.

Um na boca e o outro...

Lynn levou a mão que não apertava o próprio seio até as coxas e subiu um pouco o vestido até chegar ao elástico da calcinha.

“Você não quer?”

Um gemido sôfrego foi solto quando seus dedos entraram dentro da sua roupa íntima e tocaram sua própria intimidade. Lynn fechou os olhos com mais força à medida que movia sua mão.

Podia sentir o seu cabelo grudando no pescoço, mas ela não podia se importar menos com isso. Sua mão foi apertada entre as pernas quando Lynn sentiu que chegava lá. Ela apertou seu seio e gemeu ao chegar lá, finalmente.

Ainda demorou poucos minutos para que sua respiração normalizasse e ela pudesse tentar se levantar. Sua ressaca devia ser muito forte, já que sequer se lembrava de como chegara no quarto.

Meio zonza, jogou as pernas para fora da cama e se levantou lentamente. Sentia seu corpo um pouco dolorido, então imaginou ter dormido numa posição ruim. Arrastou-se lentamente pelo quarto até a porta, com o único intuito de comer.

- Que horas são mesmo? – Murmurou, com preguiça de procurar o celular.

Para sua alegria, o aparelho telefônico estava na bancada da cozinha e ela pôde ver que era apenas dez e meia. Ficou feliz porque poderia ter perdido o dia todo se tivesse acordado depois de meio-dia.

Estava se dirigindo para a geladeira, mas a campainha tocou e ela gemeu de frustração. Não estava com condições de receber ninguém. Pensou em fingir que ainda estava dormindo para não atender o visitante indesejado, porém ele era persistente.

Lynn suspirou.

- Já vai, já vai... – murmurou, sabendo que ele não poderia escuta-lo.

Ela abriu a porta, com cara de poucos amigos – assim como uma boa ressaca deveria ser.

Era Kentin.

- Ah, oi... – ele sorriu, abrindo sua mão e lhe mostrando um pequeno brinco.

Lynn imediatamente levou a mão ao lóbulo da orelha, não encontrando a joia. Kentin continuou:

- Acho que ele deve ter caído ontem à noite no meu apartamento.

- No seu apartamento?

Ele a encarou confuso.

- Sim, ora. Você não se lembra?

Lynn massageou a ponte do nariz. Ah, estava se lembrando, lentamente, que depois de voltar do bar, ela tinha entrado no apartamento de Kentin... Antes disso, houve o incidente com o Lysandre... E na noite anterior, também conhecera um dos seus vizinhos e...

- Espera aí! – Ela falou, dando um passo para trás e apontando o dedo, quase de forma acusatória, contra Kentin.

- O que foi? – Ele perguntou, ainda segurando o brinco de Lynn.

- O que exatamente aconteceu ontem à noite?

Kentin, com a testa franzida, deu dois passos para dentro do apartamento e deixou o brinco na estante ao lado da porta.

- Como assim o que aconteceu? Você foi lá em casa, conheceu o Armin, conversamos um pouco e aí você começou a passar mal porque deve ter bebido demais e eu te acompanhei até aqui.

Lynn se endireitou.

- Só isso?

Kentin franziu as sobrancelhas.

- É... Só isso. Por que você está na defensiva?

- Desculpe, é que eu... Nossa, eu não costumo beber tanto a ponto de, sabe, não ter certeza das coisas no dia seguinte.

Seu vizinho sorriu compreensivo.

- Nossa, ainda bem que sou um cara decente então. Você... Você quer a minha ajuda? Eu posso preparar seu café e você pode tomar um banho, se quiser.

Lynn balançou a cabeça.

- Meu Deus, eu não quero incomodar mais! Desculpe o de ontem à noite, sério.

- Eu insisto – Kentin riu. – Você é uma boa companhia, não seria um incômodo.

- Você deve ter coisas melhores para fazer, sério.

- Hoje é domingo – ele disse, como se isso respondesse todas as preocupações de Lynn.

- Tá bom, tá bom, mas só porque você está insistindo.

- Ah, aposto que você não está tirando nenhum pouco de proveito.

Kentin passou por Lynn e foi direto para a cozinha.

- Onde fica o cereal? – Ele perguntou, abrindo os armários. – Pode deixar, já achei.

Lynn sorriu e balançou a cabeça. Não lhe restava mais nada, fora ir tomar um banho e se livrar do cheiro de álcool que estava impregnado nela.

E foi o que fez.

Já no banheiro, jogou seu vestido e toda sua roupa íntima no chão, entrando de uma debaixo da água morna do chuveiro.

- O que a minha mãe diria se visse que enquanto eu estou tomando banho tem um homem na minha cozinha preparando o café para mim? – Ela se perguntou.

Ainda estava confusa, pro exemplo, com o fato de sua dor de cabeça não estar muito forte. Se supõe que deveria ser a pior ressaca de todas, certo? Seu primeiro porre aos 15 anos, junto de Rosalya, havia sido pior.

Refletiu sobre isso e cantarolou algumas músicas durante o banho até terminar e enrolar uma toalha no corpo e outra na cabeça. Já se sentia um milhão de vezes melhor.

Lynn cruzou seu quarto e pôs a cabeça para fora da porta, em direção ao corredor e à sala.

- Kentin? – Ela perguntou, mas ninguém respondeu.

Sem se importar com as gotas de água que molhavam o chão, ela foi pé por pé até a cozinha, deparando-se sobre o balcão um lindo café da manhã e um recado de Kentin em uma folha.

Surgiu uma emergência com um amigo meu e tive que ir! É uma pena, eu ia te convidar para almoçar comigo haha espero que goste do que eu preparei. Confie em mim, sou o melhor no que faço.

K.

Lynn pegou um pedaço da panqueca com os dedos e a colocou na boca. Estava ótimo, de fato. Não podia acreditar que quase o expulsara da sua casa quando ele tentou devolver o brinco.

- Ponto pra você, Kentin.