História •Psycho •Conte-me seus sonhos• - 1•0

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“A voz do pai era azul e, às vezes, vermelha.

A voz da empregada era amarela.

A voz do motorista era púrpura.

O barulho do vento nas árvores era verde.

O som da água corrente era cinza.”

- Oh, meu filho. - disse o mais velho se levantando da cadeira onde estava sentado e vindo em minha direção.

- pai...

- não estava com saudades do seu pai?

- claro que estou pai. - o senhor Jeon me abraçou.

- como você está? - se sentou de volta em sua cadeira.

- preso aqui... - sorri. - como o senhor acha que eu estaria? Feliz? Claro!

- eu fiz isso pro seu bem, Jungkook.

- eu sei.

- eu soube que seu antigo psiquiatra pediu demissão... e antes de sair disse que você sabe o motivo.

- eu? - ele assentiu sério. - oh, fico lisonjeado. - sorri olhando para o teto.

- isso é um assunto sério, Jungkook.

- eu sei.

- como vou poder te ajudar desse jeito?

- pai, você não pode me ajudar. - estalei a língua.

- então você prefere ir preso por algum que você alega que não cometeu? - me olhou ainda sério.

- EU NÃO FIZ NADA! - “eles vão te pegar!” - NÃO! - “ninguém vai te proteger!”

- filho? Você tá bem?

- EU NÃO FIZ NADA! - “mentira!” - NÃO, É VERDADE! - “eles vão te pegar!”

- ALGUÉM VEM AQUI! - meu pai gritou da porta.

- pai...

- sim filho.

- eu não fiz nada. - andei em sua direção chorando. “ele sabe que é mentira.” - CALA A BOCA!

- o que tá acontecendo aqui? - uma voz desconhecida ecoou pelo quarto.

- CALEM A BOCA! - “eles vão te pegar la la la la”

- outro surto. - disse meu pai simplista.

- certo.

…

[ 8 meses atrás ]

A caminho do trabalho, Jungkook foi pensando no convite. “todos ansiosos para rever você.” Todos, exceto Jackson Wang.

“Eu quero me casar com você. O meu tio me ofereceu um emprego muito bom, na argência de publicidade dele... Tem um trem que sai às 7 horas. Você topa?”

E ele se recordou da angústia da espera na estação ferroviária, acreditando nele, confiando nele. Jackson mudara de ideia e não fora homem o suficiente para ir lhe dizer. Em vez disso, deixara-o sentado numa estação ferroviária, sozinho.

JUNGKOOK ALMOÇOU com Namjoon no TGI friday's. Eles ficaram num dos compartimentos reservados, comendo em silêncio.

- você está com um ar preocupado. - falou Namjoon.

- desculpe. - Jungkook hesitou um instante. Ficou tentado a lhe contar sobre a cueca, mas a história pareceria idiota. Alguém mexeu nas suas gavetas? Em vez disso, falou: - recebi um convite para a reunião de dez anos da minha turma do segundo grau.

- você vai?

- provavelmente não. - a frase saiu com mais entonação do que Jungkook pretendera.

- por que não? Essas reuniões costumam ser divertidas. - me olhou, curioso.

- eu não vou. - será que Jackson estaria lá? Levaria seu novo companheiro? Teria filhos? O que lhe diria? “Desculpe! Eu não conseguir ir me encontrar com você na estação ferroviária. Sinto muito por ter mentido para você quando lhe falei sobre casamento” ?

MAS JUNGKOOK não conseguia tirar o convite da cabeça. Seria bom rever alguns dos meus colegas de turma, pensava ele. Tinha sido muito intima de alguns. Em particular, de Lalisa Manoban. Eu gostaria de saber por onde ela anda. E ficou curioso por saber se a cidade de Busan havia mudado.

- eu vou! Vai ser na próxima sexta-feira – disse ele. - vou voltar domingo à noite.

- que bom! Se você me avisar a hora em que vai chegar, vou buscá-lo no aeroporto.

- obrigado, Namjoon!

Quando voltou do almoço, Jungkook entrou em sua baia e ligou o computador. Para sua surpresa, uma súbita chuva de pixels se espalhou pela tela, formando uma imagem. Ele olhou para aquilo, perplexo. Os pixels estavam formando a imagem dele. Enquanto observava horrorizado, a mão de alguém, segurando uma faca, apareceu no alto da tela. A mão se aproximou rapidamente de sua imagem, disposta a esfaqueá-lo no peito. Jungkook soltou um berro.

- NÃO! - desligou o monitor, assustado, e se pôs de pé num pulo. Namjoon correu para perto dele.

- Jungkook! O que foi?

- na... na minha tela... - ele estava trêmulo. Namjoon ligou o computador. Apareceu a imagem de um gatinho correndo pela grama atrás de um novelo de lã.

- o que...?

- mas... sumiu – falou ele, com um sussurro de voz.

- o que foi que sumiu?

-nada. Eu tenho andando muito estressado ultimamente, Namjoon. Desculpe!

- por que você não vai fazer uma consulta com o Dr. Spencer? - Jungkook já havia se consultado com o Dr. Spencer antes. Era o psicólogo da empresa, contratado para acompanhar e orientar os funcionários abalados pelo estresse do trabalho. Não era um médico, mas era inteligente e compreensivo, e conversar com alguém era sempre bom.

- vou, sim.

[ CLINICA UNITAU. 22:50 ]

- droga! - acordei suado. - essas merda de sonho de novo. - olhei para o lado, encontrando os remédios que sou obrigado a tomar. Peguei os dois e escondi em baixo da cama. Bebi somente água.

Fui até a grande porta, dando quatro batidinhas nela.

- o que você quer, Jungkook? - o segurança falou serio, abrindo a única janelinha que havia naquele quarto.

- por que tão serio?

- por que estou trabalhando. Vá dormi!

- não quero. - me sentei no chão, rindo. - bem que podíamos nos divertir. Eu e você. Ninguém iria saber, claro! - estalei a língua olhando para o teto branco.

- vai dormi jungkook! Não sou igual ao antigo segurança. - fechou a janelinha.

- é, você não é. - sorri. - ele era mais divertido. - voltei para a minha cama, começando a cantarolar:

 subindo e descendo a rua da cidade, entra tostão, sai tostão. Ora, ora! É assim que o dinheiro se vai. Mas a lontra – pluft! - foi embora.