História Psycho Love (SaTzu) - Perguntas sem resposta

Nayeon foi acordada no meio da madrugada ao ser informada por meio de um telefonema de um de seus amigos que havia acontecido um assassinato brutal na cidade. Aquele crime lhe chamou a atenção em especial ao saber que o nome da vítima era Marroni. Ela estava a um passo de entregá-lo e agora havia descoberto que ele estava morto. 

Ela foi de carro até o recente local do crime que por sinal era um lugar extremamente mal frequentado e que ainda se encontrava interditado pela polícia e com uma grande concentração de pessoas ao redor. Ela tentou passar pelas faixas de isolamento mas foi impedida pelos oficiais. Ela havia enviado seu currículo para ser aceita na equipe de policiais de Seoul desde que tinha chegado na cidade, mas infelizmente não havia recebido nenhuma resposta desde então. Já que era apenas uma investigadora particular, não tinha muito o que fazer a não ser ficar de fora e observar o trabalho deles como o resto das outras pessoas estavam fazendo. Ao prestar atenção ao seu redor afim de coletar mais informações ela conseguiu ouvir uma parte da conversa de duas pessoas que estavam por perto.

_Então quer dizer que eles fizeram outra vítima - disse um homem aparentemente de meia idade, pelas suas roupas Nayeon deduziu ser algum funcionário da boate.

_Sim, já estou cansado dessas briguinhas de gangue, é mau para os negócios - disse outro de braços cruzados, certamente outro curioso.

_Mas não se trata de apenas gangues, não ouviu os boatos?

_Não mesmo, qual é a nova dessa vez?

_Pelo que fiquei sabendo são duas máfias rivais, não sei dizer ao certo mas isso com certeza não vai terminar bem

_Que Deus tenha piedade de nós

_Pois é, e depois que mataram esse aí as coisas só vão piorar, ouvi falar que ele é membro de uma delas

_Ah com licença - Nayeon interrompeu a conversa dos dois que a olharam de modo estranho  - você disse máfia? Então quer dizer que existe uma máfia controlando Seoul?

_Não sei dessas coisas moça, só digo o que escuto...aliás quem é você?

_Sou uma investigadora de fora, que tal me contarem mais sobre isso?

Os dois homens de repente se afastaram sem dar satisfação alguma. Ela ficou sem entender o tratamento de gelo, aparentemente as pessoas dali não gostavam muito de estrangeiros. Nayeon bufou e tentou perguntar outras pessoas mas elas não souberam responder suas perguntas. Como ela poderia dizer para Sana que o principal suspeito do assassinato de seus pais agora estava morto e que provavelmente não era o verdadeiro culpado? Obviamente se Marroni fazia parte de uma máfia ele não foi o verdadeiro mandante de tudo. Mas isso ainda não explicava o porquê dele ter sido morto assim tão de repente. Teria o autor feito isso para limpar seus rastros? Ou foi apenas uma coincidência?

Infelizmente Nayeon não tinha a resposta para essas perguntas, mas a única coisa de que tinha certeza naquele momento era que havia outra pessoa por trás dessa sujeira.

_É muita dor de cabeça pra pouco salário - disse para si mesma, suspirando

Ela foi embora colocando na cabeça que precisava descobrir todas as informações possíveis sobre essa tal máfia. Principalmente quem a comandava, e este sim poderia ser o verdadeiro culpado.

                          ~*~

_Tzuyu pelo amor de Deus se acalma! - Chaeyoung tentava a todo custo acalmar a amiga que andava de um lado para o outro sem parar desde que chegaram em casa. Ela convocou todos os seus homens para uma reunião urgente depois que Chaeyoug contou-lhe sobre a morte de Marroni. Acreditava que o responsável por isso seria a mesma pessoa que armou aquele atentado contra ela, afinal não seria coincidência seu guarda-costas particular ser assassinado e logo depois ter sofrido uma tentativa de sequestro.

_Atenção todos! - ela subiu em cima da mesa central elevando o tom de voz em busca de atenção, mas estava sendo ofuscada pela conversa alta vindo de seus homens que pareciam ainda não acreditar na morte do companheiro. Então ela atirou para o alto com a sua arma cessando a conversa dos mesmos e atraindo toda a atenção para si - vocês já devem saber que um membro muito importante para a família foi assassinado cruelmente na noite passada, Marroni era muito mais que um mero guarda-costas meu, ele era um membro muito precioso para a nossa família e podem ter certeza de que não deixarei isso ficar assim!

Todos na sala gritaram em apoio a ela.

_Sofri uma tentativa de sequestro recentemente e tenho absoluta certeza de quem foi, e eu vou fazê-la pagar por isso, já estou cansada dessa brincadeira de gato e rato, então eu planejo acabar com isso da forma mais direta possível e é claro ao nosso alcance! Chaeyoung por favor...- ela passou a palavra para Chaeyoung que ligou um retroprojetor mostrando a foto de uma estrutura grande cercada por um muro de arame farpado no meio de muitas árvores.

_ Esse aqui é o lugar onde o inimigo guarda seu armamento, vamos destruí-lo e deixá-los mais fracos, assim poderemos fazê-los recuar e mostrar quem é que manda

_E vamos fazer isso o mais rápido possível, quero que estejam preparados para me servirem a qualquer momento fui clara?

Eles gritaram mais alto ainda, concordando com ela.

_Vamos acabar com isso de uma vez por todas! Podem ir!

Os homens se dissiparam pouco a pouco, estavam determinados a cumprir o que lhe seria dito, ambos sabiam da gravidade da situação ao reparar no quanto a chefe deles estava mais nervosa que o normal. E também sabiam que o resultado desse plano os afetaria diretamente.

_Isso não vai ser fácil - Tzuyu confessou após ter certeza de que todos foram embora

_Não mesmo, ainda mais que agora não temos o mesmo controle que antes

_O que quer dizer?

_A eleição esqueceu? Marroni não completou o serviço antes de ser morto, um novo prefeito deve ser eleito em breve

_Porque será que eu tenho a impressão de que isso vai me dar mais dor de cabeça ainda?

_Isso é o de menos, o principal lema dele é "acabar com a corrupção" - ela fez aspas com os dedos de uma forma irônica - algo me diz que ele ainda vai te dar muito trabalho

_Até parece, ele é humano, duvido que uma boa quantia não o faça fechar os olhos

_Se tratando de suborno você é uma especialista 

_Acho que vou ficar velha antes do tempo

_Quis assumir o lugar do seu pai tão nova, agora aguenta - ela deu tapinhas nas costas de Tzuyu que revirou os olhos.

_Sabe que não tive escolha

_Não se preocupe você vai conseguir

_Ainda tenho que resolver certas coisas antes de cair de boca nisso, não quero nenhum tipo de distração

_Distração? Deixa eu adivinhar, começa com "sa" e termina com "na"?

_Na verdade começa com "não" e termina com "te interessa"

_É bom mesmo, Deus me livre você mesma arruinar um plano como esse, do jeito que anda viajando na maionese ultimamente é bem capaz

_Não se preocupe, o sucesso desse plano vale meu império e obviamente não irei falhar

                           ~*~

Sana estava com um saco de gelo na cabeça e não conseguia nem ouvir seus próprios pensamentos porque Jihyo não parava de gritar com ela desde havia chegado.

_Tá mas e a Tzuyu? Ela disse alguma coisa? - disse ignorando completamente os sermões da amiga

_Sana não nos importamos com a sua namoradinha estamos tentando enfiar juízo nessa sua cabeça de vento - Jihyo reclamou enquanto apontava o dedo no rosto dela

_Mas ela não é minh...

_Calada! Sabe as coisas ruins que eu pensei ter acontecido com você quando voltei e não te achei naquela boate? A Dahyun sabe muito bem, eu praticamente a arrastei pelos cabelos da pista de dança!

_Verdade Sana, foi constrangedor!

Jihyo fez uma cara irritada para Dahyun que entendeu que deveria dar um sermão em sana ao invés de reclamar - mas isso não muda o fato de que nos deixou preocupadas ouviu? Nem dormimos a noite

_É dá pra perceber - ela apontou pros próprios olhos insinuando que as olheiras das garotas estavam bastante visíveis.

_E ainda tem a ousadia de debochar da gente só porque passou a noite inteira com a namorada enquanto nós ficamos igual loucas te procurando! - Jihyo se levantou do sofá e colocou as sapatilhas, depois ajeitou o vestido que por sinal era da noite anterior e abriu a porta - quer saber eu vou embora, não mereço passar por esse estresse todo por quem não está nem aí com a gente - ela bateu a porta com força fazendo o barulho ecoar por todo o apartamento.

_Ela supera

_Então, já que a tempestade foi embora me conta o que aconteceu! Eu quase cai de costas quando abri a porta e vi aquela garota com você nos braços

Sana agradeceu mentalmente por Dahyun não ter ficado brava com ela. As duas se entendiam perfeitamente e sempre apoiavam uma a outra. Esse era um dos motivos  que fazia considerá-la como uma verdadeira irmã.

_Não está claro ainda mas...- ela fez um esforço para se lembrar de detalhes da noite que passou na companhia de Tzuyu mas o máximo que conseguiu foi alguns flashs de memória.

_Ai meu deus....- Sana tampou a boca com as mãos

_O que foi? Caramba, você tá vermelha

_Nós..eu, ela...nós

_Vocês o quê?

_Nós nos beijamos...?

_Isso foi uma pergunta ou uma afirmação?

_Não está muito claro...eu tava muito tonta mas aquela sensação, disso é impossível esquecer. 

Ela tocou os próprios lábios e fechou os olhos tentando se lembrar da noite anterior. De repente rosto de Tzuyu veio a sua mente. Seu olhar carregado de desejo, a respiração pesada enquanto olhava para ela com os lábios semiabertos, a sensação das mãos dela percorrendo pelo seu corpo, aquela visão lhe deu arrepios pelo corpo inteiro.

_Terra para Sana alô - Dahyun estalava os dedos na frente dela freneticamente tirando-a de seus devaneios

_Eu tava pensando em uma coisa mas já passou, então o que ela disse quando me trouxe?

_Ela te deixou aqui de manhã, me deu um cartão e foi embora

_Um cartão? Como assim?

Dahyun pegou o cartão que Tzuyu havia lhe dado no bolso de trás do short e mostrou para ela

_Tem o número de telefone e só

_Como assim ela te deu o número dela e não deu pra mim?

_Ué, mas você não tem o número dela?

_Não!

_Uau! Quer que eu te dê o cartão?

_Ela te deu fica com você, eu não quero - Sana cruzou os braços emburrada. As duas passaram a noite inteira juntas, ela achava que merecia pelo menos um número de telefone.

_Mas ela tem o seu?

_Tem, eu adicionei no celular dela faz alguns dias

_Então espera ela ligar criatura! Larga de ser paranóica

_Mas a questão é que eu não sei se ela vai me ligar!

De repente uma música foi ouvida ecoando pelo apartamento

_Esse é o meu celular? - perguntou se esforçando para ouvir melhor já que seus sentidos ainda estavam um pouco bagunçados.

Dahyun rapidamente pegou o celular dela na bancada da cozinha e olhou a tela.

_É uma tal de "Nayeon" e tem 7 ligações perdidas

Sana revirou os olhos

_Pode desligar não estou afim de falar com ela

Depois de ter matado Marroni, ela não tinha mais nada que tratar com Nayeon. A ideia de ter acabado com a vida dele ainda era estranha mas no fundo sabia que foi gratificante demais e por isso não se arrependeu. Para todos os efeitos ela resolveu fingir que a noite de ontem nunca havia acontecido, até certo ponto é claro.

Dahyun entregou o celular para ela e pôs a mão em sua testa para medir a temperatura e constatou que ela estava um pouco mais quente que o normal.

_Quer que eu traga um comprimido? Você parece estar com um pouco de febre

_Você seria um anjo se fizesse isso por mim

_Espera então que eu volto rapidinho

Sana fechou os olhos e massageou suas têmporas se amaldiçoando internamente por ter bebido demais.

"Nunca mais eu bebo na vida" 

Seu celular tocou mais uma vez e ela atendeu sem ao menos olhar a tela pensando ser Nayeon outra vez.

_O que foi?

_Acho que liguei pro número errado - ela não tinha certeza de quem era a voz mas de alguma forma soou familiar.

_Tzuyu? - chutou praticamente rezando para ter acertado.

_A própria, bom pelo menos a voz é

_Desculpa a forma como atendi, achei que era outra pessoa

_Oh que bom, eu definitivamente não queria estar na pele dessa pessoa - Sana riu com o comentário mas se arrependeu no mesmo instante depois que sua cabeça começou a doer.

_Não me faz rir! Minha situação ainda não é nada boa

_Como está?

_Confusa e com muita dor de cabeça, por falar nisso como está sua perna?

_Melhor, e com um curativo decente - riu, fazendo Sana corar ao lembrar do incidente da noite anterior

_Que bom, então a que devo a honra da sua ligação?

_Eu gostaria de te encontrar, se você estiver disponível é claro

_Nos encontrarmos outra vez? Mas porque?

_Quer dizer que não quer se encontrar comigo?

Sana teve vontade de se enforcar pela idiotice que havia acabado de dizer sem pensar.

_Não foi isso que eu quis dizer! Pelo contrário eu adoraria te ver de novo só fiquei um pouco surpresa

_Então isso é um sim?

_É só dizer a hora e o lugar

_Te enviarei por mensagem, agora tenho que desligar, só liguei mesmo para confirmar se iria

_Tudo bem, vou esperar pela sua mensagem

_Então até mais

_Até

Sana encerrou a ligação e apertou o celular contra o peito. Ela estava ficando mais próxima de Tzuyu. Pela primeira vez as coisas estavam dando certo desde que a conheceu. Estava certa de que esse era um sinal de um novo recomeço para sua vida.