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História Psycho Love (SaTzu) - Mudanças


Escrita por: Satellar

Notas do Autor


Cheguei atrasadíssima mas aqui estou eu com mais um capítulo saindo do forno.
Antes de tudo eu queria agradecer aos 220 favoritos!!!!! Vocês são demais não tenho palavras para dizer o quanto estou grata, EU TO EMOCIONADA AMÉM SATZU
Não vou dar uma de louca sentimental agora porque eu sei que vocês devem estar doidos para ler o capítulo então aproveitem!!!

Capítulo 22 - Mudanças


Tzuyu recebeu alta no dia seguinte, apesar da profundidade, o corte não havia sido algo muito grave a não ser pela grande perda de sangue que teve. Já Sana não teve a mesma sorte, ela ficou internada por duas semanas recebendo diversos tipos de tratamento, Tzuyu a visitava todos os dias e podia dizer por si mesma que ela não estava nada bem.

Ela não agia mais como antes, ficava parada olhando para o nada, nem mesmo conversava. Tzuyu tentava de toda forma animá-la mas só o que recebia em troca eram olhares vazios. Ela estaria com o que os médicos intitulavam de trauma psicológico, eles não sabiam dizer o que poderia ter causado isso, mas Tzuyu sabia muito bem.

Mark era o responsável, era tudo culpa dele. Ficara trancado com Sana naquela casa por tanto tempo que só Deus sabe as atrocidades que ele teria feito com ela. Tzuyu queria que Sana contasse o que de fato acontecera, mas seria um milagre se a garota conseguisse pronunciar apenas uma sílaba.

Quando ela recebeu alta, Tzuyu não ficou sabendo. Isso porque ela foi visitá-la e recebeu a notícia de que Sana já havia ido embora, foi buscada por um parente próximo segundo a funcionária do Hospital em que havia sido internada.

_Não posso revelar nomes senhorita, há uma regra no nosso hospital onde não revelamos informações sobre os pacientes - disse a recepcionista quando Tzuyu a questionou.

Mas nada que umas boas ameaças não resolvessem. Ela acabou não só dizendo o nome da pessoa como também descreveu suas características físicas.

Dahyun havia buscado Sana naquela manhã e nem se deu trabalho de avisá-la. Tzuyu sentiu uma súbita onda de fúria ao pensar no quanto aquilo fora um completo desaforo por parte da garota, se não fosse por ela, Sana não estaria viva.

Soltando fogo pelas ventas, ela foi até o apartamento das duas garotas, percebeu que tinha algo de errado quando o porteiro barrou a sua entrada na porta do prédio.

_Desculpe, mas você não pode entrar, foi um pedido especial de um dos nossos inquilinos.

Já até sei de qual inquilino foi” pensou.

Tzuyu tirou do seu bolso uma nota de 100$ e balançou na frente do porteiro que encarou a nota como se estivesse hipnotizado.

_Vai me deixar entrar agora?

Minutos depois, Tzuyu estava no corredor, parada na frente da porta de número 58, o apartamento de Sana e Dahyun.

Ela tocou a campainha três vezes e esperou. Não demorou muito até que ouvisse o barulho das trancas sendo abertas e o rosto pálido de Dahyun aparacer entre a fresta da porta.

Ela arregalou os olhos quando a viu e tentou fechar a porta rapidamente, mas Tzuyu colocou o pé na passagem impedindo que ela se fechasse. Dahyun se afastou e ela abriu a porta com violência.

_O que significa isso? - perguntou Dahyun com a voz trêmula.

_Eu é que pergunto, tirar a Sana do hospital sem me falar? Barrar minha entrada aqui? Sério?

Dahyun deu um passo para trás e quase caiu ao tropeçar em um vaso de plástico no chão.

Tzuyu franziu o cenho e olhou ao seu redor. O apartamento estava todo revirado, os quadros estavam no chão, porta retratos quebrados, vasos despedaçados no chão, parecia que um furacão tinha passado lá.

_O que aconteceu aqui?!

_N-Não é da sua conta, vá embora!!

Tzuyu esticou o pescoço e viu a sombra de alguém encolhido perto de uma cortina caída.

Ela tirou Dahyun do caminho com brutalidade e correu até lá e se abaixou. Sana estava com as mãos cobrindo o rosto, tremendo.

_O que você fez com ela? - questionou ela, lançando a Dahyun um olhar ameaçador.

_Eu não fiz nada! Foi ela que começou a jogar e destruir as coisas quando entrou...

Tzuyu pegou nas mãos de Sana e tentou aos poucos afastar do seu rosto.

_Sana, ei, ei, está tudo bem - disse baixinho de um jeito carinhoso tentando acalmá-la.

Sana olhou por entre os dedos das mãos, reconhecendo Tzuyu no mesmo instante e tirou as mãos do rosto lentamente mostrando um semblante confuso.

_Sou eu, não precisa ficar assim, estou aqui

Sana rapidamente se atirou os braços dela e a abraçou forte, como se Tzuyu fosse protegê-la de algo.

Dahyun franziu a testa e chutou o vaso de leve a sua frente.

_Ela surtou quando viu as fotos...-disse enquanto olhava Sana agarrada a Tzuyu que deslizava as mãos suavemente pelas costas da garota.

Tzuyu olhou para o tapete perto da televisão e viu todos os porta-retratos em pedaços no chão

Ela segurou o rosto de Sana e olhou diretamente em seus olhos vermelhos e encharcados de lágrimas. Mas aquilo não parecia tristeza, levando em conta o estado em que a sala estava, parecia ter sido de fato um ataque de raiva.

Tzuyu se levantou com ela ainda agarrada em seu pescoço e andou em direção a porta sem emitir uma única palavra.

Dahyun rapidamente se colocou na frente das duas.

_Onde você pensa que vai?

_Levar a Sana daqui, você por acaso é cega?

_Como ousa?! A Sana não vai a lugar algum com você!

Tzuyu bufou e colocou Sana no sofá que permanceu sentada olhando para o chão.

_Escuta aqui, o que tá acontecendo com você? Bateu a cabeça em algum lugar naquele dia?

_Você não presta - disse secamente

_Sério? Como chegou a essa conclusão?

_Eu não tenho certeza ainda, mas sei que coisa boa você não é

_Você é uma ingrata, eu salvei suas amigas

_Salvaria só a Sana se tivesse a oportunidade, você é egoista Tzuyu, pela sua vontade teria me deixado com a Jihyo praticamente morrendo naquela cafeteria

_Isso é verdade, mas não exagere, vocês duas não corriam perigo

_Ainda tem a cara de pau de assumir - rosnou ela

_Por acaso eu tenho cara de quem usa uma capa e sai por ai salvando o mundo?

_Não seja sarcástica comigo

_Então não faça suposições idiotas sobre mim 

As duas travaram uma batalha mortal com os olhares, Dahyun com os punhos fechados e Tzuyu com a mão dentro do bolso do sobretudo com o dedo alisando a arma superficialmente.

_Já chega

Dahyun fez menção em se aproximar de Sana mas Tzuyu se colocou entre elas como a mesma havia feito anteriormente.

_Você não tem condições de cuidar dela 

_Quem você acha que é para me dizer...

_OLHA SÓ PRA ESSE LUGAR - Tzuyu gritou, Dahyun se encolheu e Sana continuou imóvel. - você ainda não tem maturidade para assumir a responsabilidade por alguém

_Eu conheço a Sana há anos e você a alguns meses, eu sei muito bem como cuidar da minha melhor amiga!

_E quando suas aulas voltarem, hein? Vai contratar uma babá para cuidar dela?

_Eu...eu...tenho a Jihyo! Ela pode!

_Ela trabalha!

_Trabalhava! O dono da cafeteria morreu! O estabelecimento foi fechado, ela terá tempo de ficar aqui

_Acho que você ainda não entendeu, vou lhe explicar

Tzuyu andou até Dahyun e a agarrou pela gola da camiseta aproximando seus rostos e olhando no fundo dos olhos cheios de terror dela.

_Eu vou levar a Sana para a minha casa, você querendo ou não - dizia calmamente dando ênfase em cada palavra - Só que para sua sorte ainda me resta uma pequena consideração pela amizade de vocês duas então farei isso amanhã à tarde

Ela largou Dahyun e voltou a se aproximar de Sana.

_Eu volto amanhã para te buscar - ela deu um beijo na testa da garota e andou até a porta, ao passar por Dahyun, disse:

_Aproveite seus últimos momentos com ela

Tzuyu saiu e fechou a porta com força.

Dahyun se ajoelhou perto de Sana e olhou para ela. Lágrimas desceram do seu rosto ao pensar que iria ficar longe da amiga. No fundo ela sabia que Tzuyu tinha razão, ela era jovem demais pra tomar as rédeas daquela situação delicada e ao mesmo tempo equilibrar os estudos e ficar de olho em Sana. Havia também o problema da falta de dinheiro, Sana não estava em condições de trabalhar e muito menos ela por causa da faculdade. Seria um peso grande demais para uma menina de apenas dezenove anos carregar sozinha.

                            * * *

A campainha tocou e Nayeon se levantou preguiçosamente do sofá. Olhou o relógio do celular com a visão ainda turva e viu que os números no visor marcavam 3:50 da manhã. Ela foi até a porta resmungando e amarrou o cabelo em um coque frouxo antes de abrir a porta e se deparar com Jisoo.

_Oi

_O que diabos faz aqui? Sabe que horas são?

_Sei sim, são 3:51

Ela esbarrou em Nayeon e entrou em seu apartamento.

_Depois sou eu a mal-educada

_Eu viajei quilômetros  para chegar até aqui então pode pelo menos fingir que está feliz em me ver?!

_Foi mal, não queria te irritar com a minha “grosseria” - ela fez aspas com os dedos de forma irônica

_Eu não estou irritada - Jisoo sorriu - pelo contrário, estou muito animada

_Posso saber o porquê dessa animação? - Nayeon foi até a janela e abriu a cortina para espiar lá fora - não veio aqui para me sequestrar e me levar para Busan né? Tem alguma vã preta lá fora?

_Apesar de eu querer muito fazer isso seria contra a lei, então está completamente fora do meu alcance

_Que ótimo, é um alívio

Jisoo olhava para o apartamento de Nayeon observando os mínimos detalhes sem disfarçar sua curiosidade. Nayeon olhava para a morena com a testa franzida.

_Fiquei sabendo das suas aventuras - comentou Jisoo

_Aventuras?

Nayeon semi-cerrou os olhos ao perceber onde ela queria chegar.

_Ser nocauteada por uma criminosa com a metade do seu tamanho é realmente um grande feito em sua carreira

_Eu estava cercada!

_Tá bom, tá bom não estou tirando sarro da sua cara

_Foi o que pareceu

Jisoo segurou uma risada e no segundo seguinte voltou a ficar séria.

_Me diz logo o que você está fazendo aqui, achei que estava em Busan - disse Nayeon, impaciente

_Eu vou te dizer, acho melhor nos sentarmos

Jisoo se sentou no sofá e Nayeon em uma poltrona perto da Janela.

_É o seguinte, eu sei que você não vai voltar para Busan nem se eu te implorasse, mas nesse caso, eu sei que você vai se interessar

_Se for proposta de emprego eu terei que recusar

_É uma organização secreta dos E.U.A que entrou em contato com a nossa...-ela se interrompeu - minha delegacia buscando uma aliança

_Tá, mas o que eu tenho a ver com isso?

_Eles caçam grandes organizações criminosas pelo mundo todo, é como a Interpol só que focado em apenas um grupo em especial...máfias

Nayeon se enrijeceu na poltrona demonstrando seu interesse.

_A questão é que, seguiram um rastro  de uma delas até aqui na Coreia, eles desconfiam que há uma grande atividade criminosa desse tipo aqui em Seoul

_Eu concordo com eles

_Como?

_Venho investigando a pouco tempo, eu te contei que eu trabalhava como investigadora alguns meses atrás, e meu primeiro caso foi uma garota que queria investigar a morte dos pais num massacre que aconteceu em um restaurante, eu fiquei intrigada porque o caso foi arquivado e deixado completamente de lado e ficou por aquilo mesmo, as famílias das vítimas estão até hoje sem saber quem é o culpado

_Você acha que alguém pode estar sendo encoberto?

_Sim, o assassino ainda está oculto, e cheguei a pensar que estava bem perto de pegá-lo mas percebi que não era a pessoa certa. O engraçado é que quando eu comecei a trabalhar na delegacia eu tive total acesso aos arquivos e venho investigando aos poucos desde então

_Mas você não disse que eles estavam arquivados?

_Sim, mas houve uma grande mudança na administração da delegacia depois que o antigo prefeito saiu, aposto que ele tem algo a ver com isso...

_E...?

_E eu cheguei a conclusão que há certamente alguma organização poderosa aqui que tem um dedo ou quem sabe uma mão inteira nesse crime, mas fora isso não sei de mais nada, estou completamente perdida

_Eles irão adorar saber disso

_Mas volto a repetir, o que eu tenho a ver com isso?

_Eles querem espiões porque não podem simplesmente entrar na Coreia e começar uma investigação envolvendo uma operação secreta do governo americano, eles teriam problemas

_Você quer então que eu vire um capacho do governo dos E.U.A?

_Não é isso! Nós duas iremos entrar nisso, se você quiser é claro

_Achei que já estivese com eles

_Ainda não, eu só estou repassando o que me contaram, nada mais

_Não sei não...

_Você tem interesse nesse caso não é? Pense na quantidade de pessoas que morreram no meio disso, pense nas suas famílias, vai deixar uma injustiça dessas passar em branco?

A imagem de Sana veio à mente de Nayeon, as fotos horríveis do crime que vira nos arquivos mexeram com ela. Apesar de que trabalhava na polícia de Seoul resolvendo vários casos ela nunca tirara aquele crime da cabeça. A maneira fria como aquelas pessoas inocentes foram mortas chegava a ser perturbador.

_Tudo bem

_É o quê?

_Eu disse tudo bem

_Repete

_Tudo bem, caralho!

_Vou informá-los imediatamente que você aceitou, será de grande ajuda para a operação pode ter certeza

Jisoo se levantou e foi até a porta, Nayeon a acompanhou e a destrancou.

_Você está louca para voltarmos a sermos parceiras não é?

_Pode ter certeza que sim 

Nayeon balançou a cabeça e Jisoo deu um leve sorriso.

_Aguarde meu telefonema

Jisoo lhe deu um beijo na bochecha e saiu com pressa pelo corredor do prédio.

Nayeon corou e limpou a marca do batom vermelho da bochecha e entrou de volta no apartamento. Estava de certa forma feliz em estar incluída em uma operação verdadeiramente grande, e mais ainda ao imaginar que finalmente teria a chance de investigar aquele caso com a devida importância.

Olhou para o relógio do celular e viu que o visor marcava 4:23, pensou a voltar a se deitar mas aquela altura seu sono havia passado por aquela porta e ido embora junto com Jisoo.

                           * * *

No dia seguinte Tzuyu apareceu na porta do apartamento de Sana. Jihyo e Dahyun estavam lá e pareciam prontas para pular no pescoço dela a qualquer momento.

_Como vai cuidar dela? Sana sempre me dizia que você é uma pessoa muito ocupada - perguntou Jihyo

_Eu tenho empregados competentes que podem ficar de olho nela enquanto estou trabalhando - explicou ela entediada.

_Como é a sua casa? Tem espaço suficiente para vocês duas? - perguntou Dahyun

_Na sala da minha casa cabe quatro apartamentos como esse, modéstia parte é claro.

_Iremos visitá-la todos os dias, e eu não estou pedindo permissão, estou afirmando - disse Jihyo

Tzuyu apenas concordou com a cabeça semi-cerrando os olhos.

_Será que eu posso levar a Sana agora ou tenho que esperar o interrogatório acabar?

As duas garotas assentiram com a cara amarrada. Ambas criaram uma antipatia com Tzuyu depois daquele dia, achavam que ela não passava de uma pessoa egoísta e medíocre, sem contar que Dahyun enchera a cabeça de Jihyo com suposições e conspirações de que Tzuyu não era flor que se cheire. 

Dahyun foi buscar Sana depois de finalmente deixar Tzuyu em paz. Ela trouxe a garota do quarto segurando em sua mão. Ela continuava exatamente como antes, distante, vivendo em um mundo a anos-luz de distância desse.

Jihyo e Dahyun se despediram dela e demoraram mais tempo do que Tzuyu pensava. Jihyo não parava de dizer recomendações para Sana, o que Tzuyu achou uma perda de tempo já que a garota não parecia escutar absolutamente nada.

Logo depois que elas deram espaço e Tzuyu entrelaçou seus dedos com os de Sana e a guiou até a porta.

_Tzuyu - chamou Dahyun

_O quê? - respondeu secamente

_Já ia me esquecendo, você tem que levar ela no psiquiatra, a consulta é daqui a pouco

_E você só fala isso agora?

Dahyun foi até a mesa e pegou um papelzinho amarelo e entregou a Tzuyu

_Aqui o endereço

Tzuyu leu o cartão que informava o endereço da clínica e logo depois guardou o papel no bolso. Então as duas continuaram andando até a porta.

_Só mais uma coisa - disse Dahyun calmamente

_O quê?! - perguntou sem paciência parando no meio do caminho

_Se eu souber que você está colocando a minha amiga em perigo outra vez eu chamo a polícia

Tzuyu riu e a ignorou, fechando a porta logo em seguida. Quando finalmente pode respirar um ar menos carregado ela ouviu Dahyun e Jihyo discutindo do outro lado da porta.

"Você é doida de ameaçá-la"

"Qual o problema?"

"O problema é que se ela se irritar nós duas vamos pagar o preço!"

"Não acho que ela seja tão perigosa assim"

"Não acha? Você se lembra muito bem  de quantos gorilas ela tinha ao lado dela naquela cafeteria!"

Tzuyu sorriu desdenhosa e levou Sana até o carro que permaneceu em silêncio enquanto caminhava. Ela se sentia desconfortável, estava com saudades da Sana de antes, das suas piadas, dos seus toques, da companhia dela. Cuidar de Sana seria mais um problema adicionado em sua vida, além da falta de dinheiro e do dobro de cautela que deveria tomar dali em diante. De agora em diante ela seria sua responsabilidade e utilizaria todos os recursos ao seu alcance para fazê-la voltar ao normal.

Tzuyu estacionou o carro em frente a um pequeno prédio com uma placa enorme onde estava escrito “ Clínica Psiquiatra Pôr do Sol” e ao lado um desenho de um sol feliz escondido entre duas montanhas.

Ela entrou com Sana no prédio dando de cara com uma mulher idosa atrás de um balcão olhando fixamente para as duas. Tzuyu logo informou a recepcionista que tinha um horário agendado. A senhora que mostrou ser simpática ao contrário da sua aparência carrancuda conferiu os registros e logo indicou que se sentassem nos acentos vermelhos no fundo do corredor na área de espera. Tzuyu se sentou ao lado de Sana e colocou a mão na perna direita dela visto que a garota parecia nervosa olhando para os diversos quadros esquisitos na parede. Eram daqueles tipos de quadro em que parecia que os artistas derrubavam vidros de tinta inteiros um atrás do outro e depois espalhavam com um pincel aleatoriamente. Tzuyu se perguntava como eles tiveram a coragem de colocar aqueles quadros horrendos na parede de um consultório psiquiatra, só de olhar para eles sentia sua cabeça pesar.

Não havia se passado muito tempo quando uma mulher jovem de cabelos ruivos usando óculos com aros de tartaruga chamasse pelo nome de Sana. Tzuyu se levantou com ela e fez menção em acompanhá-la mas foi impedida de entrar pela mulher.

_As minhas consultas são feitas apenas na presença dos meus pacientes, poderia aguardar aqui por favor?

Tzuyu resmungou e amaldiçoou a mulher de todas as formas possíveis antes de voltar a se sentar na cadeira vermelha. Ela brincava com os próprios anéis nos dedos tentando aliviar seu nervosismo mas só conseguia ficar mais tensa a cada minuto que se passava.

O que será que as duas estavam fazendo lá? Estaria Sana se sentindo confortável na presença daquela mulher? E se ela estivesse fazendo algum tipo de teste maluco nela que piorasse mais ainda o seu estado?

Decidida a não ficar sentada sem fazer nada, ela se levantou e parou em frente a porta, pronta para girar a maçaneta quando de repente a porta se abriu.

A Psiquiatra sorria e Sana parecia menos tensa do que antes, segurava uma pequena flor nas mãos.

_Você é a Tzuyu, certo? - perguntou a mulher ajeitando os óculos.

_Sim, sou eu

_Sou a Dra.Marie, gostaria de falar com você a sós

_Mas eu não posso deixá-la sozinha

_E não precisa - disse uma voz rouca atrás dela. A secretária sorria com a mão pousada no ombro direito de Sana que a olhava de modo estranho - eu fico de olho na menina

Tzuyu engoliu em seco e mesmo que não quisesse ficar um minuto longe de Sana acabou concordando e entrou na sala da Dra. Marie

O lugar era bastante arejado e tinha um cheiro característico de pétalas de rosas. Perto da Janela que tinha uma vista para os edifícios da cidade havia uma mesa onde vários livros estavam repousados sobre ela.

Dra. Marie indicou que Tzuyu se sentasse mas ela se recusou, cruzando os braços logo em seguida, esperando explicações da médica.

_Muito bem, muito bem - ela se sentou e pegou uma xícara que estava em cima de mesa e tomou um gole do líquido comprimindo os lábios logo em seguida - por onde eu devo começar? Me diga, Tzuyu, você é uma pessoa sensível?

_Não

_Ótimo, então eu já posso ir direto ao ponto - ela tomou outro gole do líquido na xícara e a depositou novamente sobre a mesa.- como você já sabe a Sana está enfrentando certos problemas, e com a minha experiência no assunto eu posso dizer que se trata de uma espécie de trauma que é geralmente causado quando uma pessoa entra em conflito com suas próprias emoções e não consegue controlá-las, mas também vejo fortes indícios de algum tipo de manipulação mental e acredito que a soma desses dois fatores é o motivo pelo qual a Sana está agindo assim

_Disso eu tenho tenho uma noção, mas o que podemos fazer para reverter isso?

_Aí é que está, não podemos

_Como não?! Você é uma psiquiatra! É a única que pode ajudá-la

_Para ser franca eu poderia muito bem receitar um monte de remédios para confortá-la mas como sou uma profissional eu vejo que não irá adiantar nada, isso depende apenas da Sana, ela precisa se agarrar em algo para entrar em harmonia consigo mesma, só assim ela poderá voltar ao normal.

_Isso é uma grande piada

_Essa menina sofreu demais Tzuyu, vi isso nos olhos dela, ninguém ficaria com uma mente sã após muito estresse acumulado

_Você está chamando minha namorada de louca, doutora?

_Não mesmo, só estou dizendo que...

_Eu ficaria muito feliz se você receitasse a droga dos remédios se não for incomodar, é claro

_Como quiser - disse a doutora com relutância pegando um bloco de papel e anotando algumas coisas nele. Ela destacou a folha e entregou para Tzuyu de má vontade.

_Se fizer algum efeito por favor me avise, juro que irei rever todos os meus conceitos como psiquiatra

_Pode deixar, farei questão de voltar aqui pessoalmente

Tzuyu deu um falso sorriso e deixou o consultório da psiquiatra batendo a porta com força. Ela encontrou Sana sentada ao lado da recepcionista que lia uma revista com um homem de cuecas na capa e arrastou a garota para fora do prédio. 

_Era só o que me faltava, se eu soubesse que ela teria a cara de pau de te chamar de louca na minha frente eu nem teria trago você aqui - disse ela enquanto colocava o cinto de segurança em Sana.

Depois de alguns minutos, Tzuyu parou o carro em frente ao enorme portão de sua casa, o segurança de lá automaticamente a reconheceu e o abriu dando passagem para o carro entrar. Ela passou pelo enorme jardim repleto de arvores até a frente da sua casa, onde havia um grande chafariz de pedra. A casa de Tzuyu era enorme, o terreno cobria um quarteirão inteiro. Por todos os lados haviam seguranças guardando o local, cercas nos muros, era uma verdadeira fortaleza.

Ela levou Sana para dentro sendo acompanhada por alguns seguranças atrás dela.

_Pelo amor de Deus nos deixem em paz - reclamou ela, os dois homens rapidamente se afastaram e Tzuyu pode subir os degraus com Sana até o andar de cima.

Elas passaram por um corredor com diversas portas de cada lado. No fim havia uma porta diferente das outras, era mais larga e com uma textura diferente. Tzuyu abriu a porta e guiou Sana para dentro do aposento.

_Este é meu quarto, você pode ficar aqui se quiser

O quarto de Tzuyu era do tamanho da sala do apartamento de Sana e sua cozinha juntas, havia uma cama enorme e uma televisão em frente a ela que mais parecia uma tela de cinema, um tapete vermelho felpudo cobria todo o chão. Sana olhou para os lados, curiosa, e depois voltou a fitar o chão.

_Bom, eu vou falar para alguém fazer alguma coisa pra você comer...está com fome?

Sana balançou a cabeça discretamente.

_Certo...então fique aqui que eu já volto

Tzuyu virou as costas mas de repente sentiu a manga da sua camiseta ser puxada. Sana não queria que ela fosse, não queria ficar sozinha.

Tzuyu sorriu por um momento e depois agarrou a mão dela.

_Tudo bem então, vamos fazer um tour pela cozinha

As duas desceram as escadas novamente, ela percebeu que a mão de Sana tremia e a apertou mais forte. Quando chegaram a cozinha, Tzuyu deixou Sana perto do balcão e foi abrir a geladeira

_O que você gosta de comer? Posso fazer um sanduíche para você, quer dizer, eu nunca fiz um mas posso tent...- Tzuyu se virou e viu Sana segurando uma faca de cozinha, ela olhava para o objeto prata contemplando-o com os olhos brilhando, Tzuyu sentiu um arrepio na espinha.

_Sana, larga isso - ela tirou o objeto das mãos dela e colocou de volta no faqueiro. A menina a olhava com uma expressão confusa no rosto, como se não entendesse o que tinha feito de errado.

_Este é um faqueiro antigo, está na minha família por muitas gerações, eu nem uso ele mas...- ela reparou que a garota continuava olhando para o objeto - de qualquer forma, não mexa nele por favor, você pode se machucar

Tzuyu continuou a fazer (ou pelo menos tentava) o sanduíche enquanto Sana ficava sentada observando. Quando terminou, Tzuyu serviu a garota que comeu tudo e não deixou nada no prato deixando-a orgulhosa com suas habilidades de culinária recém-descobertas.

Sana ficou um bom tempo olhando para Tzuyu que tentava pensar em algo para falar com a garota. Quando o silêncio ficou muito incômodo, Tzuyu resolveu levá-la de volta ao quarto.

                           * * *

Já estava de noite quando Tzuyu entrou no quarto carregando alguns cobertores. Sana permanecia sentada na cama assistindo algum programa de televisão.

_Tive que sair um instante mas já estou de volta, achei que quisesse mais cobertores, está fazendo muito frio

Sana olhou para Tzuyu e depois voltou sua atenção ao programa de televisão. Desapontada, ela colocou o cobertor na cama e encarou a garota. Ela parecia concentrada demais em assistir um desenho que passava na TV para prestar atenção em Tzuyu. Ela bufou e tirou o sobretudo colocando-o em um cabide no guarda roupa e em seguida andou até a porta.

_Vou dormir no quarto ao lado, talvez você queira ficar sozinha

Sana não respondeu nada, agiu como se Tzuyu não estivesse ali.

Ela saiu do quarto e fechou a porta. Desceu até o andar de baixo rumo ao seu escritório para resolver seus negócios de sempre, mas não conseguiu se concentrar em nada que não fosse a frieza de Sana. Seu coração estava tão amargurado que não sentia vontade de fazer nada a não ser gritar e quebrar qualquer coisa que estivesse em sua frente. Queria mais do que nunca extravasar sua raiva batendo no seu saco de boxe mas não queria entrar naquele quarto outra vez tão cedo. Tzuyu passou horas naquele escritório até finalmente se dar por vencida pelo sono. Subiu as escadas lentamente esfregando os olhos rumo ao quarto de hóspedes ao lado do seu no qual Sana estava. Quando abriu a porta, viu a garota sentada em sua cama olhando para a porta.

_Sana? O quê você está fazendo aqui? Seu quarto é ali do lado - disse Tzuyu com a testa franzida se aproximando da beirada da cama. 

Sana fez o mesmo e agarrou o pescoço dela a puxando para a cama. As duas cairam no coxão fofo e Sana se aconchegou de modo que seus corpos ficassem completamente encaixados. Não havia se quer um milímetro de distância entre as duas. A princípio Tzuyu achou que estava sonhando acordada até que sentiu o doce perfume natural de Sana e sua respiração lenta batendo em seu pescoço. Ela apertou a garota mais forte contra seu corpo e encostou seu queixo na cabeça dela acariciando de leve seus cabelos. Não demorou muito para que ambas caíssem no sono. Pela primeira vez em muitas noites Tzuyu teve paz em seus sonhos.

Tzuyu acordou com o cantarolar dos pássaros e o sol fraco da manhã batendo em seu rosto. Ela espreguiçou e tateou as mãos pelo colchão e sentiu um estranho vazio.

Sana não estava lá.

Ela esfregou os olhos e olhou ao seu redor mas nem sinal dela. Não lembrava de ter deixado a janela aberta e muito menos de ter visto Sana sair do seu lado.

Ela rapidamente se levantou e olhou através da janela. A única visão que teve era do lindo jardim do lado de fora e de alguns empregados aparando a grama. Estava começando a ficar preocupada quando uma voz atrás dela lhe chamou a atenção.

_Finalmente acordou, dorminhoca

Tzuyu se virou e viu Sana parada na porta com os braços cruzados e um meio sorriso no rosto.

Tzuyu arregalou os olhos não acreditando no que etava vendo e ouvindo, Sana havia acabado de falar com ela? E estranhamente ela parecia bem? Ela mexia a boca tentando falar alguma coisa mas não saia som algum do tamanho que era seu choque.

_O que foi? - Sana levantou uma sobrancelha - O gato comeu a sua língua?






Notas Finais


Se tiver algum erro irei reparar depois porque obviamente editar um capitulo de psycho love antes de postar me esgota por inteira. Mal posso esperar para o próximo sábado hehe vocês logo irão saber porque 😈
Até o próximo capítulo!


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