A ultima coisa que Sana se lembrava era de sentir um cheiro horrível e uma sensação de estar em um lugar muito apertado e pegajoso , e depois ter seus braço puxados e ser tirada de lá com muitas luzes apontadas no seu rosto. Ela ainda estava em choque, e quando se deu conta do que havia acontecido começou a se agitar e gritar por seus pais, havia várias pessoas ao redor e algumas a segurando. Ela sentiu uma picada em seu braço e pouco a pouco tudo começou a desaparecer novamente.
Nos seus ultimos segundos consciente, ela se lembrou do cheiro de um perfume doce, isso estranhamente a fez se acalmar um pouco antes de apagar totalmente.
~*~
Tzuyu passou a noite em claro pensando na tamanha idiotice que tinha feito. Estava descontando sua raiva e frustração em um saco de boxe que ficava pendurado em seu quarto e era usado para treino. Estava pensando em um jeito de reparar seu erro.E se a aquela garota lembrasse do seu rosto e a denunciasse? Ela tinha certeza de que a propina que pagava ao departamento de polícia para "fechar os olhos" para certas ações dela não cobriria um massacre daquela intensidade.Ela tinha assumido os negócios da família a pouco tempo não queria que duvidassem de sua capacidade e arruinasse a reputação que havia construído com muito esforço em tão pouco tempo.
_Ficar socando esse saco de boxe sem parar não vai te livrar dos seus problemas - uma voz familiar preencheu o quarto assustando Tzuyu.
_Porra Chaeyoung que susto!
_Foi mal, foi mal!
_Você tem que parar com essa mania de ser sempre sorrateira, só tem eu e você aqui
Son Chaeyoung era uma investigadora extremamente abilidosa que administrava os principais negócios de Tzuyu, compras, vendas, exportações, tudo passava por ela primeiro. Poderíamos dizer que Chaeyoung era os olhos e ouvidos de Tzuyu. E antes disso tudo, era sua melhor e única amiga.
_Você não atendia minhas ligações, tive que vir até aqui pessoalmente pra checar se você ainda estava viva
_Oh sim, tive um pequeno acidente com ele...
Chaeyoung apertou os olhos encarando fixamente Tzuyu
_Para de me encarar
_Está escondendo alguma coisa
_Isso foi uma pergunta ou...?
_Uma dedução
_Sua dedução está errada projeto de Sherlock Holmes
_Chou Tzuyu o que você...?
_Nada
_Isso soou mais culpado ainda sabia?
_Você ta afim de levar um soco?
_Isso foi uma ameaça? Tudo bem.
Chaeyoung tirou sua jaqueta de couro e a jogou em um canto ficando em posição de luta. Sem pensar duas vezes foi pra cima de Tzuyu que arregalou os olhos e desviou de seu primeiro golpe.
_O que você pensa que está fazendo?! - perguntou enquanto desviava de uma sequência de socos de Chaeyoung.
_Ué se você não quer me contar vou ter que arrancar a verdade a força
_Quê?!
Chaeyoung acertou uma rasteira derrubando Tzuyu no chão ficando por cima dela conseguindo imobilizá-la
_Será que agora podemos? Achei que você fosse melhor que isso
_Se eu fosse você não me subestimaria assim
Tzuyu inverteu as posições com facilidade espantando Chaeyoung com tamanha demonstração de força. Ela se divertiu com a expressão surpresa da garota e a encarou dando um meio sorriso como forma de deboche
_Ótimo movimento, é agora que nos beijamos?
Tzuyu negou com a cabeça e saiu de cima dela
_Dessa vez quase ganhei - Chaeyoung se levantou e se deitou no chão sendo acompanhada por Tzuyu
_Tudo bem vou deixar você acreditar nisso.
_Será que dá pra parar com a enrolação e me contar?
Tzuyu suspirou fundo pensando se deveria contar a amiga o que tinha acontecido, não sabia se aguentaria mais um dos longos sermões que Chaeyoung era acostumada a dar nela
_Tudo bem - se decidiu por fim - Por onde devo começar... meus homens pegaram um bastardo contrabandeando mercadoria de fora nos meus domínios, ele dizia fazer parte de outra organização que segundo ele já tinham tomado conta da parte sul que é minha desde que assumi o lugar do meu pai.
_Isso explica a redução nos impostos daquela área, certamente estavam pegando tudo para eles...mas quem é o responsável por isso?
_Ele tinha mencionado uma mulher
_Cujo nome é...?
_Não sei , se eu soubesse ela já estaria numa mala no fundo de um rio numa hora dessas.
_Eu posso investigar se quiser
_É o seu trabalho, faça isso o mais rápido possível. Bem...voltando a história, já que a parte sul tecnicamente estava sendo controlada por ela obviamente eu não iria deixar assim, resolvi acabar com alegria dela acabando com maior fonte de renda daquela região, no caso o restaurante , assustando-os o suficiente para fecharem o lugar, dando a ela um prejuizo irreversível e foi assim que começou...
Tzuyu contou tudo detalhadamente, desde o massacre até ela tecnicamente ter "salvado" Sana deixando evidente a culpa que sentia
_E foi isso... eu sei que fiz merda não devia ter sido tão fraca
_Posso te perguntar uma coisa?
_Vá em frente
_Você bateu com a cabeça em algum lugar? Estava drogada?
_Cala a boca - Tzuyu revirou os olhos
_Você tem noção do que fez? Você salvou aquela garota
_Não tinha pensado por esse lado, é pior do que pensei
_Tzuyu você não é assim! Porra era para você ter metido uma bala no meio da testa dela sem hesitar
_Eu sei disso mas...não sei o que deu em mim
_Nem eu, burrice talvez...?
_Se é pra ficar me insultando desse modo já sabe onde é a saida
_Quer saber eu vou embora mesmo, é loucura demais pra essa pobre mente cansada - ela levantou bruscamente e pegou sua jaqueta
_Se bem que...eu deveria terminar com isso o quanto antes
_Tipo o modo Tzuyu de terminar as coisas?
_É a unica forma...
_Acho que não vai ser necessário, segundo você a garota já estava desorientada o suficiente para ligar as coisas, e além disso você bateu na cabeça dela não tem como ela se lembrar de tudo.
_Talvez você tenha razão, vou pensar sobre isso
_Esquece essa garota, continue vivendo essa sua vida miserável sem se importar com gente insignificante, tem coisas mais importantes para se preocupar
_Já chega, sai daqui
_O prazer é todo meu
Chaeyoung foi embora deixando Tzuyu com seus pensamentos, teria sido mesmo a coisa certa ter deixado Sana viver?
~*~
Havia se passado uma semana e Sana ainda estava deitada em uma cama de hospital, ela apenas foi liberada uma vez para comparecer ao enterro dos seus pais no qual não parou de chorar um segundo se quer. De acordo com os médicos ela ainda se encontrava "perturbada demais" para ter alta. A única coisa que Sana sabia era que de agora em diante estava sozinha.
_Srta.Minatozaki? Tem visita para você - uma mulher apareceu na porta do quarto acompanhada de uma garota cujo cabelo era da cor de uma tangerina. Sana automaticamente a reconheceu
_Dahyun! - Sana sorriu pela primeira vez naqueles ultimos dias, a alegria por ver sua amiga depois de tudo que tinha passado era enorme. Dahyun era a única capaz de fazê-la se sentir bem, as vezes dizia que a garota era uma espécie de remédio contra a tristeza.
_Meu deus Sana que saudade! - Dahyun praticamente se atirou em cima dela levando uma reclamação da mulher que estava parada na porta - Oh, desculpe por isso
_Não tem problema! Obrigada por vir me visitar, na verdade é a primeira a fazer isso.
_A Jihyo não pode vir, a cafeteria estava mais cheia do que o normal hoje e sabe como o chefe dela fica quando ela falta o trabalho
_Sim eu entendo...
_Mas me conta como é que você tá?
Um silêncio prencheu o quarto, dahyun estava hesitante em lhe fazer perguntas, não sabia o que dizer para Sana e nem se ela ainda estava tão abalada quanto disseram ao tentar visitá-la uma semana antes.
_Eu não sei - respondeu num fio de voz, Dahyun percebeu o olhar opaco e sem qualquer ânimo dela, ela nunca a tinha visto daquele jeito, tão...vazia
_Desculpe pela pergunta...
_Não se desculpe, estou pensando em outras coisas
_Que tipo de coisas? - dahyun arqueou uma sobrancelha em curiosidade
_O culpado
_Culpado?
_Sim, quando eu sair daqui vou atrás do culpado que acabou com a vida dos meus pais e da minha e fazê-lo pagar nem que eu morra tentando
Dahyun arregalou os olhos com a maneira fria e determinada que Sana disse, não se parecia nem um pouco com a menina doce que conhecia desde criança. Era como se fosse outra pessoa ali.
_Você ouviu bem o que acabou de dizer? Olha o seu estado! Como pode pensar em vingança?
_Você não entende e nunca entenderá, e por favor não me olhe como se eu estivesse louca
Dahyun percebeu que o clima estava ficando pesado demais naquele quarto e tratou logo de mudar de assunto tentando ao máximo fazer Sana sorrir, mas de maneira nenhuma tirou da cabeça a expressão dela ao falar de vingança. Agora teria que fazer com que sua amiga desistisse daquela ideia maluca antes que ela se metesse em mais problemas.
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