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História Psycho Lunatic - I think I lost my mind a while ago


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Opaaaaa, volteeeei!!!

E ai, gostaram da surpresa na quinta feira? Tive a ideia de escrever Sober Up Quick há um tempo, mas decidi encaixar melhor em PL pra fazer sentido a existência daquela one. Não sei se perceberam, mas os dois títulos são um trecho da música Buried Alive: "Sober up quick, psycho lunatic. Crushing you with hands of fate..." haha eu amo essa parte.

MAS, ENFIM. Vamos ao que interessa: o capítulo novo!

Espero que gostem desse e...

Boa leitura!

Capítulo 19 - I think I lost my mind a while ago


“I think I lost my mind a while ago”

Drowning - Eden Project

(Eu acho que enlouqueci há um tempo) 

POV: Brian

The Kill - 30 Seconds to Mars

“I tried to be someone else

But nothing seemed to change”

(“Eu tentei ser outra pessoa

Mas nada pareceu mudar”) 

 

O aperto de Matthew ainda torcia minha camiseta contra o meu pescoço. Tanto eu quanto ele ficamos em silêncio, nos encarando: eu não iria me atrever a ser o primeiro a falar. Ele respirava com calma, provavelmente tentando regularizar seu ritmo cardíaco. Meu amigo estava tão próximo de mim, que eu podia sentir sua respiração em meu rosto. 

— Brian. — Disse ele, finalmente — Eu não vou admitir que você trate as pessoas que ama dessa maneira. Elas não fizeram nada para você e nem eu. Você tem seus problemas com Michelle, mas nenhuma desculpa no mundo iria justificar que você gritasse desse jeito. Você é um homem, consciente, boa pessoa. Eu sei que você não é um estúpido, ignorante, então não vou deixar que você trate minha família assim. 

— Me desculpa… — murmurei baixinho. 

— Não é a mim que você deve desculpas. — Ele disse, soltando minha camiseta e se afastando de mim. — Brian, você tem que entender que estamos aqui por você. Queremos o seu bem. 

— Você disse que…

— Eu estava nervoso, Brian. — Ele disse. — Eu te amo como um irmão e nunca ia te abandonar. 

Matthew se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro. 

— Mas você precisa se reconstruir. — Ele continuou — Converse com Michelle, reencontre seu amor. Você sabe que ainda existe algo entre vocês. Essa situação de vocês está te matando, você está procurando algum modo de fugir disso, mas não dá para fugir. 

— Eu não estou fugindo, Matthew. — Respondi, um pouco mais calmo, mas ainda desconfiado com o que meu amigo dizia — Michelle fez algo que eu não vou conseguir perdoar facilmente. Eu já tentei, já me esforcei, mas sempre que olho nos seus olhos me pergunto porque ela abortou aquela criança. 

— Isso não importa, Brian. 

— Importa para mim. 

Ficamos em silêncio algum tempo, até que eu reuni coragem para dizer:

— E quando eu olhava Jenny, nenhuma pergunta me vinha à cabeça. Eu só queria ficar com ela, sem problemas, sem qualquer preocupação. 

— Claro que não existe nada, Brian! — Matt estava ficando irritado novamente e eu pude sentir a tempestade chegando —  Entre você e essa menina não tem história, não tem porra nenhuma. Diferente de Michelle, você viveu uma vida com sua mulher! Ela te conhece, ela te ama de verdade! Jenny é uma válvula de escape, você não quer encarar sua própria vida e suas dificuldades, então fica se escondendo atrás do que é fácil: garrafas de whisky e uma mulher gostosa. 

 

“What if I fell to the floor?

Couldn’t take this anymore

What would you do?”

(“E se eu caísse no chão?

Não pudesse mais aguentar isso

O que você faria?”) 

 

Minha garganta ardia diante das palavras dele. Eu não queria mais ouvir ele falando, não queria ouvir ele destruir o que Jenny significava para mim. Tudo o que eu queria era ficar sozinho e claro, beber. Eu estava com sede. Mais sede do que nunca, minha garganta ardia e eu precisava abrir uma daquelas caixas que jaziam no chão.

— Matthew, você não sabe de nada. — Eu disse, me afastando dele, com medo de que eu lhe acertasse o rosto se continuasse a falar aquelas coisas perto de mim. 

— Eu não sei de muita coisa. Mas sei que Michelle te ama e vocês precisam um do outro agora. Ela está sofrendo!

— Ela escolheu fazer o que fez.

— E você escolheu perdoar. 

— Eu tentei perdoar. Eu juro que tentei. — Eu disse, sentindo as lágrimas se aproximarem de novo. Eu não queria chorar, por isso engoli em seco e apertei os olhos o máximo que pude. Eu odiava me sentir vulnerável daquela maneira. 

— Brian! Se você não acertar tudo dentro de casa, sua vida vai continuar um inferno! — Matt se aproximou novamente de mim, bloqueando minha passagem para uma das caixas. — Você acha que aquela garota vai ser um anjo milagroso? Ela vai solucionar todos os seus problemas?

— Eu fico feliz com ela, Matthew. Estava bebendo escondido a turnê toda, fiquei dois dias inteiros sem beber, sabe quando? Enquanto estava com ela. — Eu disse, enquanto me encaminhava para a cozinha. Se eu não poderia beber álcool, ainda, pelo menos precisava ocupar minha garganta com alguma coisa. 

— Por que você acha que não bebeu, Brian? — Perguntou Matt, se colocando atrás de mim. 

— Porque ela me faz bem. 

— Porque você estava transando, porra! Pára de ser idiota, cara. — Ele disse, apontando o dedo indicador para mim. — Você mesmo disse, se me lembro bem suas palavras: Jenny não significa nada para mim. Ela é gostosa e eu comi ela só isso. 

Ouvir as minhas palavras novamente, ditas de modo tão cruel, reviraram algo no fundo da minha alma. Eu me lembrei dos olhos chorosos de Jenny, da expressão de descrença em seu rosto enquanto ela estava no carro, da sua recusa em me beijar e aquilo quebrou algo dentro de mim. Sem que eu parasse por um segundo e pensasse no que estava prestes a fazer, empurrei Matthew pelo peito com ambas as mãos. 

Eu vi enquanto meu amigo se desequilibrava e caia, batendo a cabeça no chão. O movimento foi lento, o mundo pareceu parar e o som que seu corpo fez ao cair soou alto em meus ouvidos, como se me acusasse do meu crime. Porém, antes que eu pudesse me desesperar, ele levantou, colocando a mão perto da nuca. Quando olhou a sua palma e viu um líquido avermelhado se levantou, com uma expressão furiosa. 

— Era sobre isso que eu estava falando. — Ele disse sério, sem demonstrar nenhuma expressão. Me pegou pelo colarinho novamente e disse: — Eu não vou falar nada para Michelle, nem Valary. Esse vai ser nosso segredinho, Brian. Mas na próxima vez que eu sentir que você não é confiável, que você pode machucar mais alguém… Eu vou te tirar dessa porra dessa banda da mesma maneira que coloquei e eu vou querer você na puta que pariu, ou atrás da sua vadia, qualquer coisa, menos perto da minha família. Eu tentei te ajudar, Brian. Mas aqui é meu limite… Chega. 

 Com isso, meu amigo virou as costas e andou até a porta da minha casa. Pude ouvir ele chamando Michelle e Valary e dizendo para a esposa que iriam embora. Pouco antes do carro arrancar cantando os pneus, pude ouvir Matt dizer algo que eu nunca esqueceria:

— Se Brian fizer qualquer coisa, me ligue imediatamente.

Aquelas poucas palavras me quebraram. O que eu estava fazendo com minha vida? O fato de não poder estar com Jenny estava me destruindo e eu estava descontando isso nas pessoas que me amavam. Eu estava desistindo de tudo que eu acreditava, de toda uma vida como guitarrista, a troco de que? Matthew tinha razão: Jenny não salvaria minha vida sozinha. Apenas eu poderia salvá-la. 

Eu a amava, isso era uma certeza dentro de mim, mas eu não podia trazê-la para minha vida enquanto eu estivesse assim. Eu precisava colocar tudo em seu devido lugar. Eu precisava terminar tudo com Michelle, ser sincero de uma vez por todas. 

Antes de tudo, eu precisava de um tempo sozinho.

Me sentei no sofá atordoado, vi quando Michelle entrou em casa e se sentou na poltrona ao meu lado. Por muito tempo, os únicos sons que eu ouvia eram dos soluços dela.

 

“Come break me down

Bury me, bury me

I am finished with you”

(“Venha me destruir

Me enterre, me enterre

Eu terminei com você”) 

 

O meu olho ainda se acostumava com a escuridão e com o barulho. A luz piscava colorida e frenética, me atordoando, o som fazia meu corpo todo bater no ritmo da música. As pessoas ao meu redor se mexiam naquele mesmo passo ritmado, enquanto eu ainda tentava entender o que estava fazendo ali. Pensei que bebera demais, até ver Jenny a alguns metros de mim. De repente, lembrei porque estava ali: eu estava tentando encontrá-la, eu precisava lhe dizer tudo o que sentia. 

Andei em sua direção, mas antes que eu pudesse alcançá-la, um outro homem a abordou. Eles começaram a conversar, eu vi o sorriso no rosto dela, a mão dele em sua cintura, onde eu mesmo já segurara. Fiquei paralisado no meio daquele salão barulhento, enquanto pessoas dançavam ao meu redor e eu via a conversa se desenrolar. Pude ouvir a risada de Jenny reverberar em meus ouvidos, como se estivesse ao seu lado. 

A mão do homem subiu em direção à nuca dela e a puxou em sua direção. Jenny colou os seus lábios macios nos dele e eu gritei:

— Jenny, você não pode fazer isso!

 

Quando recuperei a consciência, estava sentado no sofá com a sensação estranha de ter falado algo enquanto dormia. Olhei para a poltrona vazia ao meu lado e fiquei aliviado ao não ver Michelle, por um momento tive medo de ter dito algo errado. Me levantei cambaleando, na tentativa de procurar minha esposa, quando ouvi atrás de mim:

— Até nos sonhos, Brian? 

Eu girei meus calcanhares, apenas para encontrar Michelle, encostada na parede com os braços cruzados e um olhar triste. Percebi que, de fato, tinha falado algo enquanto dormia e provavelmente era algo relacionado à Jenny. Passei as mãos por meu rosto, tentando despertar um pouco mais e disse:

— Estou pensando em ir até a casa do Zacky. Acho que vou dormir lá, não acho bom passar a noite aqui com você… Precisamos pensar um pouco. 

— Brian, Zachary está com um filho recém nascido! — Michelle se desencostou da parede e veio em minha direção — Não tem cabimento dormir na casa dele. 

— Talvez ele me ajude. 

— Matt já tentou e não foi muito bem sucedido. 

— Matthew tentou porque você o obrigou! — Retruquei — Eu não quero Zacky brigando comigo como um idiota, sem nem ao menos ouvir meu lado. Eu quero que ele me ajude, me distraia. 

— Ah, o seu lado. — Disse Michelle — Que lado, Brian? O que você comeu uma putinha desgraçada e agora está chateadinho e fica bebendo pra chamar atenção?!

— Não fale assim de Jenny. 

— SÉRIO?! Sério que você vai defender ela? — Gritou Michelle, se afastando de mim e indo em direção ao corredor dos quartos. Os saltos batendo na madeira. 

— Ela não fez nada de errado. — Murmurei, alcançando minhas chaves. 

— Ah, você tem toda razão. Você fez tudo de errado. Você me traiu. Você ficou bebendo que nem um idiota. — Gritou Michelle, apontando o dedo indicador em minha direção. 

— Eu não posso dizer que está errada, Michelle. — Eu disse sério, caminhando em direção à porta — Por isso vou resolver as coisas, mas antes, precisamos de um tempo sozinhos. 

Bati a porta atrás de mim e entrei em meu carro, suspirando quando liguei o motor. Antes de abaixar o freio de mão e seguir pela rua deserta, segurei o volante com toda a força que pude, tentando controlar a raiva que crescia em mim.

 

“What if I wanted to break?

Laugh it all off in your face

What would you do?”

(“E se eu quisesse quebrar?

Rir de tudo na sua cara

O que você faria?”) 

 

Abri os vidros do carro, deixando o vento entrar e bagunçar meus cabelos. Eu queria sentir o ar frio bater em meu rosto, enquanto dirigia por aquela estrada reta. Uma garrafa pela metade balançava no banco do passageiro, assim como um maço de cigarros. Traguei o que estava em minha mão, soltando a fumaça um pouco depois e me sentindo aliviado: quanto tempo que eu não fumava. Passei o cigarro para a mão que segurava o volante e, com a outra, me estiquei para alcançar a garrafa. 

Fiz uma manobra para tirar a tampa com uma só mão. Quando consegui, emborquei o gargalo em minha boca, sentindo o álcool descer rasgando minha garganta. 

Um grito de pura felicidade saiu de dentro de mim. Acelerei mais pela estrada, sentindo a liberdade me abraçar como uma velha amiga.

Lembrei do momento em que sai da minha casa e rumei para a casa de Zacky, mas ouvi as palavras de Michelle ecoarem em minha mente. Ela tinha razão. Não fazia o menor sentido um homem acabado como eu, pedir ajuda para alguém que estava feliz com sua família, com um bebê que acabara de nascer e uma esposa que ele amava. Decidi, então, rumar para a estrada. Eu não sabia meu destino, não sabia onde chegaria, mas pelo menos teria alguma distração. 

Enquanto eu dirigia pela estrada, com o sol se pondo, o vento batendo em meus cabelos e tragando o cigarro, eu resolvi valorizar aquela liberdade.

Quando o sol sumiu no horizonte, passei por uma placa, indicando uma saída da estrada, que levaria a uma outra cidade. O que estava escrito nela entrou em minha mente. 

Eu respirei, contei mentalmente.

Um.

Dois. 

Três. 

Não precisei olhar o retrovisor para saber que estava sozinho na estrada. Então puxei o freio de mão, fazendo o carro dar uma guinada e virar 180 graus. Acelerei pela outra mão da estrada e entrei na saída que a placa indicava. O carro deslizou um pouco, então cortei caminho pela terra. 

Quando voltei o carro para a estrada, soube para onde eu estava indo. Soube porque fizera aquela curva brusca para pegar a saída. Eu percebi que, desde começo, já sabia meu destino. Eu sabia porque estava fazendo aquilo: eu queria saber se existia algum fantasma do antigo Brian perdido em mim. Se tinha alguma chance dele voltar e arruinar toda a minha vida, quando eu decidisse vivê-la com Jenny.

A placa verde que reluzia na estrada dizia: LAS VEGAS.

 

“I know now

This is who I really am inside 

Finally found myself”

(“Eu sei agora

Esse é que eu realmente sou por dentro

Finalmente me encontrei”) 

 

Dois dias depois…

 

Virei a garrafa na minha boca, tomando um grande gole e suspirando. Uma mulher dançava no palco, fazendo acrobacias no tubo de metal. Seu corpo se contorcia e revirava, enquanto ela dirigia alguns olhares para mim. Outros homens também estavam sentados nas mesas, mas aquela dançarina parecia ter se interessado particularmente por mim. Dei um meio sorriso, enquanto dava outro gole na garrafa e ela sorriu de volta. 

Enquanto isso, outra mulher percorria o salão, dançando e dando atenção a quem desejasse. Quando ela passou por mim, eu indiquei a minha coxa, para que ela se sentasse. Quando a mulher o fez, coloquei algumas notas no espaço entre seus seios. Senti sua mão acariciando meu cabelo, enquanto dava mais um gole de whisky. 

Passei a mão pela cintura da mulher e olhei para a outra dançarina. Esta, sem parar de dançar, estava com o olhar estreito, me encarando. Eu dei uma risada baixinho, quando ela fez um sinal negativo com a cabeça. A companheira sentada em meu colo pareceu perceber o que acontecia e olhou na direção da outra. Fiz um sinal com a mão direita, indicando para que ela se aproximasse, enquanto ainda enlaçava a cintura da mulher. 

A dançarina desceu do palco com graça, rebolou em cima de seus saltos altos e veio em minha direção. Quando ela chegou perto, coloquei outras notas entre seus seios e as duas mulheres entenderam. Antes de me puxarem para um lugar reservado, se entreolharam e sorriram. 

Quando entramos em uma sala privada, a dançarina do palco colocou algo em meu bolso traseiro da calça. Olhei curioso para ela e chequei o que ela tinha colocado: as notas de dólar que eu deixara no seu sutiã pouco antes. Quando levantei o olhar novamente para a mulher, ela piscou para mim e fez um carinho em meu queixo áspero. 

 

Enquanto as duas mulheres se beijavam em minha frente, eu me lembrei de muito tempo antes, quando meus amigos me chamavam de “o rei do sexo à três”. Era um apelido ridículo, que Michelle nunca soubera da existência, mas que, de fato, me descrevia bem. Quando a banda ficou mais conhecida, ganhamos muitas fãs mulheres e, na maioria dos shows, era um desafio tremendo escolher apenas uma delas. Então, eu facilitava minha vida, escolhendo duas. 

Acabei tudo com as duas em pouco tempo. A primeira dançarina saiu do ambiente rapidamente, voltando ao trabalho. A outra se demorou um pouco mais, enquanto eu me vestia. 

— Gostou? — Ela perguntou, as unhas indo e vindo sobre as minhas costas, enquanto eu passava uma das pernas da calça por meu calcanhar. 

— Claro. — Respondi, me levantando e fechando o botão. 

Ela olhou meu tórax nu com um sorriso dançando nos lábios. Eu ri com o olhar predador dela e vesti a regata, depois disse:

— Não sei se está trabalhando, mas se quiser, estou hospedado em um quarto do hotel ao lado.

— Meu horário de trabalho terminou meia hora atrás. 

Nós rimos e saímos da sala reservada. Eu não sabia como funcionava a política de relacionamentos com clientes, mas ela andou tranquilamente ao meu lado e me seguiu até a saída. 

Chegamos no hotel e subimos pro quarto. Sem conversar, ou até mesmo perguntar seu nome, a agarrei pelos cabelos e beijei seus lábios. Enquanto nós fazíamos novamente, me peguei pensando que aquele sexo não era tão bom quanto com Jenny, mas já era satisfatório. Percebi, também que, embora eu gostasse, não estava fazendo aquilo porque realmente queria. Eu tentava provar algo para mim mesmo, que, no fundo, eu já sabia: eu poderia ser capaz de me manter fiel à Jenny, mas também poderia continuar com aquela vida de traições e a decisão dependia apenas de mim. 

Quando terminamos, ela se aconchegou ao meu lado, depositando a cabeça sobre meu peito tatuado e disse:

— Meu nome é Mel. 

Eu dei risada e me levantei, empurrando a cabeça dela, sem muita delicadeza. Fiquei sentado na borda da cama, enquanto dava um gole na garrafa que eu trouxera do bar. 

— Eu quero dormir. — Eu disse, depositando a garrafa no criado-mudo com um baque surdo.

— Vem aqui então. — Mel disse, puxando meu braço. 

Eu me soltei dela e disse:

— Acho melhor não. Espero que tenha entendido o que isso aqui era. 

— Tudo bem. — Ela disse, se levantando e recolhendo suas roupas com rapidez.

— Vem aqui. — Eu chamei, alcançando minha calça e pegando minha carteira.

Mel se vestiu e veio em minha direção. Eu peguei sua mão e coloquei algumas notas em sua palma. Ela me olhou furiosa e largou o dinheiro em cima da cama, depois disse:

— Vai se foder. Não fiz isso pelo dinheiro. — Então virou as costas e saiu do quarto, batendo a porta. 

Dei de ombros e sentei na cama, encostando as costas na parede. O vidro gelado da garrafa de whisky me proporcionava alivio e uma calmaria e, enquanto bebia, uma lembrança voltou em minha mente. 

Pensei em meu amigo, com aquele misto de felicidade, tristeza e saudade, que sempre me dominava quando ele invadia meus pensamentos. Lembrei que ele sempre dizia que eu era péssimo em dispensar mulheres, depois de uma boa transa. Ele tinha razão. 

Bebi um gole e encostei a cabeça para trás, fechando os olhos. Uma lembrança em particular voltou à minha mente. Nós estávamos em uma turnê, não me lembro onde, nem quando, e eu tivera uma conversa com Jimmy sobre um sonho e uma mulher…

De repente, me levantei, deixando a garrafa cair das minhas mãos no processo. Nem notei que ela tinha se quebrado no chão, pois aquela lembrança, agora vívida, me atingia como um carro em alta velocidade. Seria possível?

Seria perfeitamente possível. Acontecera antes. Mas poderia ser… Jenny? 

Os cabelos curtos e cinzas agora brilhavam em minha mente, como um farol. Seria muita coincidência.

Me vesti rapidamente e arrumei meus pertences espalhados pelo quarto. Decidi ignorar a garrafa quebrada no chão e percebi que poderia voltar para casa. Depois de dois dias fora, eu finalmente atingira o propósito que queria desde o começo com aquela viagem. 

Depois de pagar o hotel e pegar meu carro, segui de volta para casa, com um único objetivo em mente: contar a verdade para Michelle, tentar não arruinar a nossa amizade, se ela ainda pudesse existir, e ligar para Jenny. Eu precisaria esperar para chegar em casa, pois esquecera o aparelho lá, onde o telefone dela estava gravado. A lembrança daquele sonho me fez perceber, de uma vez por todas, que meu lugar era ao lado de Jenny e tudo o que eu precisava torcer, era para que ela também pensasse dessa maneira.

Dirigi pela estrada rapidamente, mas com cuidado: o meu eu suicida já estava sob controle. Pelo menos por enquanto. 

Estacionei na frente da minha casa e Jimmy invadiu meus pensamentos mais uma vez. “Nunca vi você falar assim de uma mulher antes”. Eu sorri, até meu amigo, tantos anos antes, soubera a verdade.

Assim que entrei em casa, estranhei quando ouvi uma música alta reverberar pela porta do quarto que pertencia à mim e Michelle. Andei até lá, tentando entender o que acontecia. Por um momento, fiquei com medo e torci para que ela estivesse bem. Afinal, eu sumira por alguns dias e não sabia o que poderia ter acontecido. 

Abri a porta devagar e a cena que eu vi se desenrolar na minha frente me fez desejar que eu nunca tivesse voltado de Las Vegas. Mesmo com a música, eu era capaz de ouvir os sons que os dois emitiam. 

Minha esposa estava nua, sentada de costas para mim e seu corpo fazia um movimento para cima e para baixo. Embaixo dela estava um homem, deitado, também nu, segurando a cintura de Michelle, enquanto enfiava o pau dentro dela.

 

“Look in my eyes

You’re killing me, killing me”

(“Olhe nos meus olhos

Você está me matando, me matando”) 


Notas Finais


AI JESUS, e agoraaaa??? O que acharam desse capítuloo?

Me contem ai nos comentários pleaaaase! Estou muuito curiosa pra saber a opinião de vocês.

Esse capítulo foi um pouquinho mais curto, porque como eu disse, decidi dividir o anterior e esse (que eram para formar um só) em dois, porque ficaria muito extenso.

Enfim, espero que tenham gostado! Espero vocês no próximo <3

Beijooos,
Juu


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