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História Psycho Lunatic - God, you complicated everything


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Oi genteeee!! Atrasei um dia o capítulo, me perdoem :/

Ontem meu notebook deu problema e não estava conseguindo postar, ele ficava caindo a página toda hora, precisei atualizar o navegador. E hoje demorei porque estava em uma entrevista pra estágio, preciso muito de um emprego senhor, torçam por mim hahaha <3

Agora que está tudo em ordem, vamos ao capítulo!
Espero que gostem
Boa leitura!

Capítulo 23 - God, you complicated everything


“God, you complicated everything”

From Can to Can’t - Corey Taylor, Dave Grohl, etc

(Deus, você complicou tudo) 

POV: Jenny

What if - SafetySuit

“And is it all my fault or can I fix it, please?

‘Cause you know that I’m always all for you”

(“E se isso tudo for minha culpa ou eu posso consertar, por favor?

Porque você sabe que eu estou sempre toda para você”) 

 

O toque dos lábios de Brian em minha boca foi quente, e me embalou de conforto, embora minha mente quase gritasse para mim, enquanto aquilo acontecia. Brian acabara de admitir, para todos ali, o que acontecia entre nós. Quando nos separamos, pude ver Matt ir embora, com a mesma expressão séria com que saíra da sala onde eles brigaram.

Eu soube que era uma briga quando ouvi o tom urgente e bravo que saía de lá de dentro, tanto da voz de Brian quanto de Matt. O que eu escutara, ou pensara ter escutado ainda martelava minha mente e me fazia questionar o que teria dado errado no casamento com Michelle, que causara aquela separação. Como acontecia todas as vezes que eu pensava na ex-esposa do cara que eu estava saindo, meu coração acelerou e eu não pude disfarçar minha expressão perturbada. 

— Tudo bem, Jenny? — Brian perguntou baixinho, próximo ao meu ouvido. Pude sentir sua respiração acelerada, mas notei que ele tentava controlá-la. 

— Tudo. — Menti, sentindo meu bolso da calça pesar três quilos. 

— Então vamos dar uma volta pelo estúdio! — Disse Brian animado, mudando o tom de voz totalmente e se dirigindo aos amigos. 

— Acho que Brooks vai vir para cá mais tarde. — Comentou Johnny, olhando o celular. 

Brian sorriu para mim e disse: 

— Ótimo, tenho certeza de que Jenny vai adorar conhecê-lo melhor. 

— Vou mesmo. — Eu disse, sincera, porém com a mente em outro lugar. 

Enquanto os três me mostravam o estúdio todo, contando um pouco da rotina de criação de um álbum, gravação e até ensaios, eu tentava ao máximo anotar o que eles me falavam, sem me perder em meus pensamentos. O papel que Matt entregara para mim, estava muito bem guardado em meu bolso, mas todas as vezes que Brian se aproximava e colocava as mãos em minha cintura, eu tinha medo que ele o encontrasse. 

Assim que a porta da sala onde eles brigavam se abriu, Matt saiu furioso e andou em minha direção como um touro, parou em minha frente alguns segundos para escrever algo em um pedaço de guardanapo e se afastou sem dizer nada. Desde aquele momento, eu não conseguia parar de pensar nas palavras que brilhavam em minha mente: “Me ligue” acompanhadas de um número enorme, que eu imaginava ser do próprio Matt. Enquanto Brian me explicava toda a dinâmica do estúdio, quase não resisti à tentação de perguntar o que Matt iria querer comigo. Mas, imaginei, que depois daquela briga eu apenas pioraria as coisas. 

Pior que o número de telefone de Matthew Sanders em meu bolso, quase me acusando de algum tipo de traição, era a própria briga na qual eu chegara a ouvir alguns trechos. Minha mente teimava em repassar a frase que eu ouvira sair entrecortada na voz de Brian: algo sobre a esposa dele o ter traído e engravidado. Eu me perguntava se aquele aborto, assunto do vídeo de Brian bêbado que vazara, não ocorrera porque o filho que Michelle carregava na barriga não seria dele, quando ouvi a voz de Brian dizer:

— Acha que precisa de mais alguma coisa?

— Não. — Respondi rapidamente. — Na verdade, só preciso tirar algumas medidas. 

Brian, Zacky e Johnny esperaram, me acompanhando onde quer que eu fosse e me observando enquanto eu esticava a trena pelos cômodos. Decidi que iria pensar naquilo tudo depois, porque no momento eu precisava ser profissional e fazer meu trabalho. Quando tinha uma pequena planta do estúdio desenhada em meu caderno, com as medidas rabiscadas, me dei por satisfeita. 

— Acho que é só. — Eu disse, olhando para os três. Me encolhi diante do olhar deles, os três sorriam, com os braços cruzados sobre o peito. — Que foi?

— Você é bonitinha trabalhando. — Brian disse, abrindo a porta do estúdio para mim, enquanto os amigos riam com ele. 

— Para com isso. — Eu disse, sentindo meu rosto corar. 

Assim que saímos, lado a lado, de dentro do pequeno prédio onde era o estúdio, vimos um carro preto parado na porta. Brooks Wackerman estava encostado na lataria, olhando preguiçosamente o celular. Seus cabelos loiros compridos caíam-lhe no rosto e suas roupas pretas lhe conferiam um ar sério. A visão de um dos meus bateristas preferidos parado tão casualmente em seu carro, me fez questionar a realidade dos fatos: aquilo era quase tão surreal quando ter Zacky e Johnny do meu lado direito e Brian do esquerdo, com o braço entrelaçado em minha cintura. 

— Brooks! — Exclamou Johnny, cumprimentando o baterista. 

— E ai, cara? — Disse Zacky, fazendo o mesmo. 

— E ai. — Disse ele sorrindo. Seu rosto todo demonstrava uma tranquilidade e paciência que eu quase não acreditava. Brooks pareceu não ter me notado, até que cumprimentou Brian com um aperto de mão bruto e olhou para mim, curioso: — Ei, lembro de você. 

— Jenny. — Eu disse, esticando a mão para cumprimentá-lo. 

A nossa diferença de idade era tanta, que Brooks poderia quase ser meu pai, se tivesse engravidado uma mulher com 18 anos. O seu jeito paciente e mais velho também contribuíam para aquela minha sensação. 

— Ela vai reformar o nosso estúdio. — Apresentou Brian, ainda segurando minha cintura. 

Se Brooks viu aquele gesto, ou se notou que algo mais acontecia, não deixou transparecer, apenas se limitou a sorrir para mim, para depois perguntar:

— O que vamos fazer? Achei que estavam me chamando para uma reunião da banda…

— Na verdade, Jenny precisa conversar um pouco com a gente para nos conhecer melhor e fazer um projeto condizente com nossas necessidades. — Disse Brian, sério demais. Lancei um olhar curioso para ele, rindo internamente, eu nunca dissera que precisava fazer isso, embora fosse verdade. Brian parecia entender mais de arquitetura do que eu. 

— Podemos fazer isso no bar? — Perguntou Zacky, sorrindo como um menino. 

— Você quer comer, ou encher a cara? — Disse Johnny, colocando a mão sobre a barriga saliente do outro. 

Enquanto eu, Brian e Brooks nos contorcíamos de rir, Zacky olhava para o baixista com os olhos estreitos. 

— Os dois. — Foi o que ele respondeu. 

Nós nos separamos em dois carros: Zacky, Johnny e Brooks foram no carro do último, enquanto eu e Brian ficamos no dele. Enquanto seguíamos o curto caminho até o bar, Brian dirigia com uma das mãos no volante e a outra em minha coxa. Seus longos dedos iam e voltavam na minha pele, causando uma trilha de choques elétricos e eu não conseguia ocupar meus pensamentos com mais nada, a não ser o fato de que aquele homem era maravilhoso demais para existir. Quando estacionamos e Brian me lançou o seu melhor sorriso: os lábios finos e desenhados subindo acima dos dentes perfeitos, os cabelos pretos e compridos, levemente ondulados, moldando seu rosto, eu soube que nada daquelas minhas preocupações importava, desde que ele estivesse ali ao meu lado. 

Talvez eu já soubesse disse faz tempo, talvez eu soubesse disso mesmo quando olhava os seus vídeos e fotos na internet, mas foi naquele momento que ficou claro em minha mente o quanto eu estava apaixonada por ele. 

— Eu não sei se adoro mais o seu cabelo espetado como está usando em shows, ou assim. — Eu disse, passando as mãos pelos fios macios. 

Brian fechou os olhos e plantou um beijo fraco em meus lábios, para depois sair do carro. 

 

“What if it makes you sad at me?”

(“E se isso te deixar triste comigo?”)

 

— Você faz o que?! — Eu perguntei, quase engasgando depois que ouvi o que Brooks dissera. 

Brian, Johnny e Zacky gargalhavam ao meu lado, os três estavam sentados no sofá em forma de meio círculo, assim como eu, enquanto o baterista estava sentado na única cadeira, bem em frente a mim. 

— Não vai me fazer repetir. — Disse ele. Mesmo naquela luz escura, pude perceber que ele estava corado. 

— Pera ai… — murmurei, tomando um gole da cerveja que esquentava na minha frente e perdendo um pouco da compostura profissional que eu adotara — Você está me dizendo que gostaria de um armário para guardar suas roupas, porque… — tentei evitar a risada engasgada que saiu de minha garganta, sem sucesso — Porque quando compõe fica só de cueca?! Na frente deles?!

Os três músicos ao meu lado explodiram em mais gargalhas. Brian passou o braço por meus ombros e plantou um beijo no topo da minha cabeça.  

— Se fosse mentira eu juro que diria, mas não é. — Disse Johnny, depois de engolir a cerveja que ele quase cuspira sobre a mesa.

— Brooks Wackerman, o baterista da minha banda preferida, gosta de compor semi nu? — Perguntei, também rindo, sem conseguir me conter diante da expressão séria que ele me lançava. 

— Eu nunca deveria ter contado. 

— Se não contasse nós contaríamos. — Disse Zacky, colocando a mão na barriga, enquanto Johnny limpava as lágrimas que escorriam do seus olhos. 

— Podem parar com isso agora? — Perguntou Brooks. 

Já fazia quase uma hora que eu estava interrogando ele e assenti, deixando que Brian assumisse seu lugar. Meu caderno estava cheio de anotações, desenhos e ideias, mas como começaria tudo de novo, virei a página. 

— E você, Brian? — Perguntei, com a voz um pouco sensual — Qual é o seu segredo?

— Ele coloca o braço da guitarra no…

— Cala a boca, seu merdinha! — Gritou Brian, interrompendo Johnny e lhe dando um soco forte no braço. 

— No cu? — Perguntei, completando a frase do baixista e causando gargalhadas de todos. Brooks agora se vingava e estava vermelho como um tomate, enquanto ria até o abdômen doer. 

— É oficial! Eu te amo, Jenny. — Disse Zacky, me abraçando carinhosamente, eu retribuiu o abraço, vendo o olhar de Brian sobre mim. Ele era o único que não ria e me lançava um olhar estreito. Seus lábios se dobravam em um meio sorriso e sua expressão sugeria que eu estava encrencada por causa daquela brincadeira. Talvez eu tenha gostado muito de estar encrencada. Seu olhar rolou de mim para a mesa de sinuca não muito longe dali, onde, no dia anterior, nós nos apoiamos enquanto ele me penetrava. 

Embora as palavras de Matt ainda martelassem minha mente, passamos um tempo tão bom juntos naquele bar, enquanto eu conhecia as manias e hábitos de cada um deles, que quase consegui esquecer o que acontecera naquela manhã. Estava absorta em pensamentos, encarando algum ponto distante do ambiente, enquanto Zacky, Johnny e Brooks iam buscar bebidas, que não percebi meu telefone tocar. 

— Quem é Felipe? — Perguntou Brian, lendo o nome de um jeito engraçado. — Não vai atender? 

Seu braço estava relaxado sobre meus ombros, uma mecha do meu cabelo curto estava enrolado em um de seus dedos longos e sua boca estava tão próxima do meu ouvido que todos os meus pêlos se arrepiaram ao ouvir sua voz. Peguei meu celular de cima da mesa rápido demais e apertei duas vezes o botão de cima, para encerrar a ligação. 

— É um amigo. Falo com ele depois. 

— Por que não quer atender agora? — Ele perguntou, embora relaxado, eu estava ciente de que ele sentia como eu ficara tensa em seus braços. 

— Na verdade… Estamos brigados. — Eu disse, não dizendo nada, mas ao mesmo tempo sem mentir. — Não quero estragar esse momento com você. 

Ouvi o riso fraco de Brian em meu ouvido, enquanto ele puxava meu queixo para olhar na sua direção. Sorri quando sua boca encostou na minha, seus lábios finos macios contra os meus carnudos. 

— Se ele for chato e você precisar de alguém para dar um bom soco… — Sugeriu  Brian, sem se afastar muito. 

— Se ele precisar de um soco, eu posso dar. — Eu disse, levantando uma das sobrancelhas. 

— Ah, Jenny… — disse ele, enquanto os amigos se aproximavam, carregados de copos nas mãos — Você não existe. 

 

“What if it makes you laugh now

But you cry as you fall asleep?”

(“E se isso te faz rir agora

Mas você chora enquanto cai no sono?”) 

 

Já faziam duas semanas que eu estava em Huntington Beach. Depois daquele incidente no estúdio, eu não vira mais Matt, embora tenha anotado o seu número em meu celular. Minha mãe pedia fotos incessantemente e, todas as vezes que ela o fazia, eu precisava expulsar Brian de sua própria cama para fingir que eu estava acomodada no quarto de um hotel. E, depois daquele dia no bar, felizmente, Felipe não ligara mais. 

Nos primeiros dias, dormimos juntos na sala de televisão. Brian apenas me convenceu a dormir na cama, quando um caminhão de uma loja de móveis trouxe uma cama totalmente nova e levou embora a antiga. Nunca esqueci a expressão que ele fez para mim, assim que os funcionários da loja foram embora e ele disse, na sua voz mais sedutora:

— Pronto, uma cama nova, só minha e sua. O que acha de testar para ver se é boa?

Testamos aquela cama tantas vezes que agora já a considerava minha. Eu sentia alivio por ver um objeto de Michelle ser substituído por um “meu”, mas ao mesmo tempo me sentia culpada. À todo momento, enquanto eu o via sumir com pequenas evidências da mulher que um dia morou ali, eu me perguntava se ele não iria se arrepender. Se algum dia Brian não acordaria e me mandaria embora, me dizendo que aquele não era o meu lugar e, sim, de Michelle, se ele não se arrependeria de ter se livrado da outra cama. 

Brian se mexeu ao meu lado, sua respiração lenta me indicavam que dormia profundamente, enquanto eu, já acordada, remoía todas aquelas preocupações. Apesar de estar preocupada, não conseguia evitar um olhar predatório para o corpo semi nu ao meu lado. 

Naquelas duas semanas de convívio, eu e Brian transamos mais vezes do que eu jamais tinha transado minha vida inteira. Ele era incansável, bruto e me satisfazia cada vez que encostava um dedo em mim. Depois de diversas vezes juntos, nossos corpos já se conheciam, apesar de experimentar uma sensação nova cada vez que nos tocávamos. Nós já sabíamos os gostos um do outro, eu sabia, por exemplo, que ele gostava de um oral lento no início, aumentando de velocidade gradualmente, até que ele não aguentasse mais e me penetrasse com toda a força que podia. 

Me levantei com cuidado para que Brian não acordasse e fui tomar um banho. Abri o armário, onde minhas roupas estavam guardadas e quase gritei quando algo caiu em minha cabeça, achando que era um inseto. Por sorte, antes que eu gritasse de verdade, percebi que era apenas uma pequena caixa. Me abaixei para pegar o pequeno objeto no chão, recolhendo também sua tampa. Assim que fui fechar, vi do que se tratava e meu coração deu um aperto em meu peito: a aliança de Brian brilhava, espetada na caixa minúscula. Guardei no mesmo lugar onde estava antes, indo tomar banho rapidamente, me lembrando do número de telefone de Matt, salvo em meu celular. 

Entrei embaixo do chuveiro com aquele pensamento em minha mente, sem conseguir afastar uma sensação ruim que me acometia.

 

Fiquei ainda mais confusa quando Brian acordou, se levantando e se trocando rapidamente. Eu o observei enquanto ele se movimentava pela casa, procurando roupas sociais. Não perguntei o que acontecia, por medo do que ouviria como resposta, mas entendi, assim que a campainha tocou. 

— Zacky, Johnny e Brooks chegaram. — Anunciou ele, plantando um beijo em meus lábios. — Eles vão ficar com você hoje. 

— Ahn, ok… — respondi, penteando meu cabelo com os dedos. 

Quando Brian viu meu olhar questionador para sua vestimenta, ele disse:

— A partir de hoje à noite, serei oficialmente um homem solteiro. 

— Ah, você vai…?

— Sim. — Respondeu Brian, antes que eu terminasse — Como não sei quanto tempo vou demorar, pedi para meus amigos te levarem para conhecer a cidade. Duas semanas aqui e praticamente não saímos desse quarto. 

— A culpa não é minha. — Brinquei, dando um tapa leve na bunda de Brian, coberta pela calça social preta. 

— É sim. — Disse ele, sem conseguir evitar lançar um olhar para meus seios. 

A campainha tocou de novo, de repente nos lembrando que os três esperavam na porta e que eu não poderia arrancar toda aquela roupa de Brian e sentar em cima dele. Corei com aquele pensamento, enquanto ele ia em direção à porta, abrir para os amigos. 

Antes de ir embora, Brian plantou um beijo carinhoso em meus lábios e disse, em um sussurro:

— Hoje a noite vamos comemorar. 

Eu sorri, apesar de sentir apreensão por dentro: não sabia se estava feliz porque o divórcio ia acontecer mesmo, com medo porque ele passaria a tarde com Michelle e pensasse que cometeu um erro e triste, porque sabia que precisaria fazer aquela ligação para Matthew antes que o dia acabasse e precisava encontrar um modo de distrair os meus guardas costas. 

Depois que Brian foi embora, os três me arrastaram para dentro do carro de Brooks, sem me dizer até onde iríamos. O baterista foi pedindo indicações para os amigos, enquanto os dois indicavam o caminho. Ele estacionou em uma rua tranquila, quase sem movimento e eles me levaram para dentro de um parque. 

A grama estava cortada e as árvores podadas, mas o chão tinha alguns lixos espalhados aqui e ali, tais como latas de cerveja vazias e sacos plásticos. 

— Nós costumávamos vir nesse parque todos os dias. — Disse Zacky, caminhando ao meu lado, com as mãos nos bolsos da calça. 

— Era onde podíamos beber sem sermos pegos. — Disse Johnny, sorrindo.

Tanto eu quanto Brooks olhamos o parque com um sorriso no rosto, assim como eu, parecia que ele não conhecia aquele lugar. 

— Escrevemos muitas músicas aqui. — Johnny comentou, nos guiando para a esquerda e adentrando uma pequena clareira entre as árvores — Era aqui que ficávamos. 

O acumulo de lixo e os resquícios de vivência estavam espalhados naquele lugar, eu dei uma volta pelo ambiente, me encostando em uma das árvores e tentando imaginar a minha banda preferida, com vinte anos de idade, compondo e sonhando com um futuro impossível. Mas lá estavam eles: famosos e bem sucedidos. 

Os três se aproximaram de mim, me convidando para sentar na grama. Nós limpamos um pequeno espaço do chão e eu não me surpreendi quando Johnny pegou algumas cervejas de uma sacola que carregava. 

— Lembro até hoje de Jimmy correndo atrás daquele pato. — Disse Zacky, com um olhar distante para um lago que ficava não muito longe de nós. 

— Eu também. — Comentei, sem querer. — Quer dizer… — me corrigi, causando risadas nos outros três — Lembro por causa do DVD. 

— Jimmy era maluco. — Disse Brooks, provavelmente sabendo sobre o que falávamos. 

— Gostaria de ter conhecido ele… — Eu disse, sentindo minha garganta fechar, do modo como sempre fazia desde aquele dia em 2009, em que descobri que um dos meus músicos favoritos tinha falecido. 

— Jimmy ia te adorar. — Comentou Johnny, sorrindo.

— Principalmente pelo modo como você deixa Brian… — disse Zacky, como não quer nada, quando viu meu olhar curioso, ele explicou: — Você o faz feliz, Jenny. 

Eu sorri, agradecendo Zacky mentalmente por aquele comentário inocente. 

— O cemitério é aqui perto, não é? — Perguntei em um sussurro. 

— Sim. — Foi Johnny quem respondeu.

— Se quiser podemos te levar até lá algum dia. — Comentou Zacky, abraçando as pernas, depois de esvaziar a garrafa que tomava. — Brian ficaria feliz em levá-la lá. 

— Estou querendo ir desde que cheguei aqui. — Comentei, com a cabeça abaixada — Mas nunca toquei nesse assunto com ele. Tenho um pouco de medo de como ele lida com isso. 

— Brian sofreu muito, Jenny. — Disse Johnny — De todos nós, foi o que mais sofreu. Mas hoje em dia ele consegue falar sobre isso sem chorar, na verdade ele sempre sorri. Ele amava muito Jimmy e acho que agora o nosso amigo é uma fonte de lembranças muito boas para ele. 

— Mas vamos pensar em outra coisa! — Disse Zacky, tentando aliviar o clima pesado que se instalara entre eles. — O que acham que irmos almoçar? Estou com fome. 

Todos nós concordamos em comer, Brooks me ajudou a levantar do chão e enquanto eu tirava todos os resquícios de grama do meu corpo, vi uma pequena marcação em uma das árvores perto de mim. Zacky, Brooks e Johnny já se afastavam, quando eu agachei para olhar o entalhe mais de perto. Paralisei quando li o que estava escrito e o significado daquilo me atingiu. 

Quando Zacky se virou para olhar se eu os acompanhava, fingi estar amarrando meu cadarço. Andei até eles, com o que eu vira martelando em minha cabeça. O nome de Brian estava escrito precariamente na casca daquela árvore, ao lado do de Michelle, separados por um sinal de “mais”, como uma soma, resultando em um coração e um símbolo do infinito. 

 

“What if it takes your breath

And you can hardly breathe?”

(“E se isso tira seu fôlego

E você mal pode respirar?”) 

 

Continuei agindo como se nada acontecera, apesar de estar muito abalada com o que eu vira. Eu sabia que era estúpido ficar tão preocupada por causa de um entalhe na madeira que devia ser velho e de tempos em que eles realmente achavam que o amor deles seria eterno. Porém, não conseguia deixar de pensar naquilo. Decidi que tentaria despistar os três homens que caminhavam em minha frente e ligar para Matt, na primeira oportunidade. Eu precisava saber o que ele tinha para dizer.

Nós almoçamos em um restaurante italiano não muito longe dali. Quando os pratos estavam vazios, os talheres na lateral do prato e nossas barrigas cheias, eu anunciei:

— Vou ao banheiro.

Os três assentiram enquanto eu ia até pequeno cubículo com uma menina pendurada na porta. Entrei e girei a tranca, porém abaixei a tampa da privada e sentei por cima. Fiquei encarando o telefone que brilhava na tela por alguns segundos, mas, antes que pudesse desistir, apertei para ligar. 

— Alô? — Uma voz grossa soou do outro lado da linha. 

Por um segundo, eu quis desligar e fingir que fora um engano, mas eu sabia que aquilo seria necessário.

— Matthew? — Perguntei, minha voz mais falhada do que eu gostaria: — É a Jenny.

Antes que eu me explicasse, sua voz soou urgente ao perguntar:

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, Matt. — Eu disse, ouvindo a batida do meu coração e desejando nunca ter ligado — Você me passou seu telefone, queria conversar comigo, lembra? Demorei para ligar, mas acho que precisamos ter essa conversa…

— Quando pode me encontrar? — Pude sentir, mesmo pelo telefone, a sua voz ficar tensa. 

Hoje às 6? — Sugeri, lembrando que Brian dissera para os amigos me trazerem de volta às 8 da noite. Por um momento, me perguntei se não era muito tempo apenas para fazer alguns acordos com advogados, mas decidi não pensar nisso. 

Matthew concordou, me passou o endereço da casa dele e nós desligamos. Me senti algum tipo de traidora, conversando com o amigo que Brian estava brigado, mas eu precisava esclarecer várias coisas e, talvez, precisasse disso para até mesmo continuar com aquela loucura. 

Voltei do banheiro o mais rápido que pude, fingindo que nada acontecera, quando cheguei na mesa, os três já tinham pagado a conta e me esperavam para ir ao Johnny’s bar, novamente. 

— Parece que estamos morando nesse lugar. — Eu disse, rindo. 

— Moramos lá desde antes de termos idade para beber. — Disse Zacky, passando o braço por meus ombros e me guiando para a saída. 

— Sabe… — comentou Johnny nos acompanhando, com Brooks logo atrás — Fico feliz que Brian tenha nos confiado você, no mínimo eu teria um pouco de medo de encontrar você completamente bêbada, fazendo striptease em cima da mesa.

Eu ri junto com eles, enquanto nos encaminhávamos para o carro. 

 

Em pouco tempo, estávamos sentamos em volta da mesa de sempre, cheia de copos de cerveja, vazios ou cheios. 

— Ei, vou dar uma pausa. — Eu disse para Brooks, quando ele se esticou para chamar o garçom. 

— Querida, vamos ficar aqui até as 8, espera beber água até lá? — Brincou Zacky. 

— Na verdade… — eu disse, usando aquela deixa para colocar meu plano em prática — Conversei com uma amiga minha que mora por aqui e acho que vou me encontrar com ela as 6, então vocês estão liberados do serviço de segurança. 

Brooks riu baixinho, depois disse: 

— Chama ela aqui. 

— Ela me convidou para ir na casa dela, conhecer seu filho… — Menti. 

— Então é melhor não beber mais mesmo, não vai querer ficar bêbada e fazer striptease em cima do cadeirão. — Disse Johnny. 

Nós gargalhamos e eu finalizei o que achei que seria meu último copo de cerveja daquele dia. 

— Eu não fico bêbada com cerveja. — Eu disse séria. — Até fico, mas não nesse ponto. 

Continuamos conversando e, no fim, eu não parei de beber, mas me controlei o bastante para ficar normal. Uma ansiedade estranha me dominava, enquanto eu pensava no diálogo que estava prestes a ter com meu vocalista preferido. Talvez aquilo me magoasse muito e tornaria as coisas ainda pior, mas eu não podia deixar de ir. 

Perto das cinco da tarde, pedi que eles me levassem de volta para a casa de Brian, para que eu pudesse me arrumar e, apesar da insistência deles de me levar até a casa da minha “amiga”, consegui convencê-los do contrário. Pouco antes das seis, sai da casa de Brian, olhando o celular para encontrar a casa do vocalista, por sorte era a apenas alguns quarteirões de distância.  

Meu coração, já acelerado por conta da caminhada, acelerou mais ainda quando eu bati três vezes na porta. 

 

“And what if it makes you ask

How you could let it all go?”

(“E se isso fizer você se perguntar

Como você pôde deixar tudo ir embora?”) 

 


Notas Finais


Eu e minha capacidade de matar vocês de ansiedade, fala sério? hahaha
E ai o que acharam? Esse capítulo foi tudo né? Fofo, engraçado, tenso, mas Jenny tá com a sementinha da dúvida plantada, vamos ver agora o que Matt diz pra ela. Façam suas apostas sobre o que vai acontecer!

Espero vocês nos comentários e até semana que vem <3 (amanhã pra quem acompanha Cherry Bomb)

Beijooos,
Juu


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