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História Psycho Lunatic - And if this be our last conversation?


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


SIM EU ESTOU VIVA!!

Aff gente, fim do semestre me pegou de jeito e eu não consegui postar mais uma vez. Mas cá estou, devidamente de férias!!
Mais explicações nas notas finais, porque não quero entediar vocês antes desse capítulo T-E-N-S-O

Recomendo que peguem os calmantes, leiam deitadas, porque estou prevendo demaios e um pouco de raiva de mim. Amo vocês, não me matem <3

Espero que gostem desse!
Boa leitura!!

Capítulo 28 - And if this be our last conversation?


And if this be our last conversation? 

What If - SafetySuit 

(E se essa for nossa última conversa?) 

POV: Jenny

From Can to Can’t - Corey Taylor, Dave Grohl, Rick Nielsen, Scott Reeder

“I know you’re gone”

(“Eu sei que você se foi”) 

 

Assim que sai daquele lugar abafado e cheirando a perfume doce, eu me senti perdida. Olhei para os lados e desejei poder sair voando, enquanto as lágrimas ardiam em meus olhos. Eu sempre soubera da reputação de Brian, mas depois de conhecê-lo de verdade, nunca imaginei que ele seria capaz daquilo. Nunca imaginei que ele estaria em um puteiro em Las Vegas, se divertindo com outras mulheres, apenas uma semana depois de fazer sexo comigo. Me apoiei em um poste de luz e fiquei naquela posição, em transe. 

Meu coração estava acelerado e a raiva que eu sentia por Brian era maior do que qualquer coisa que eu sentira na vida. Eu queria poder ir embora, pegar um táxi e andar até voltar para o meu apartamento, ou melhor, até chegar ao Brasil. Por um momento, eu só queria o abraço confortável de minha mãe, a companhia de minhas amigas, até mesmo o abraço de Felipe. Eu queria tirar aquele cheiro doce e horrível do meu nariz nem que fosse à força, porque aquele aroma me lembrava da cena que eu acabara de ver e tudo o que eu queria era o cheiro característico da minha infância e dos perfumes da minha avó. 

Fiquei olhando para o movimento na rua, tentando me distrair do que eu acabara de ver e planejando uma maneira de voltar para a minha casa. Estava tão distraída que não soube exatamente quando tempo se passou, até que senti um toque quente em meus ombros. 

Me virei rapidamente, em um movimento defensivo e relaxei ao ver Matt atrás de mim. 

— Vamos para casa? — Ele perguntou, seu rosto carregava uma expressão triste. 

Eu assenti, incapaz de proferir qualquer palavra que fosse e o acompanhei até o carro. Matt segurou a porta do passageiro para mim, esperando que eu entrasse. Respirei fundo algumas vezes, me preparando para ficar no mesmo ambiente que Brian mais uma vez, mas me sobressaltei quando me sentei e percebi que estava sozinha. 

Matt deu a volta no carro e entrou no banco do motorista, deu a partida no carro e disse, enquanto seguia pela rua movimentada:

— Johnny, Zacky e Brian estão no outro carro. — Ele apontou para o retrovisor, indicando que um carro nos seguia. Olhei para o espelho e reconheci o carro de Brian atrás de nós, com Zacky ao volante, já que o dono do carro claramente não estava em condições de dirigir — Você está bem, Jenny?

Eu não me preocupei em responder, apenas balancei a cabeça negativamente e afundei o rosto entre minhas mãos. 

— Eu não sei o que aconteceu entre vocês e não estou em posição de me intrometer… — murmurou Matt — Mas Brian ficou furioso que trouxemos você para cá. Ele disse que você não o queria mais e isso ia piorar tudo. 

— Eu o quero. — Eu disse simplesmente, sentindo as lágrimas voltarem para os meus olhos. — Mas estava fiel a nossa estratégia. Estava afastando Brian, tentando fazer com que ele decidisse sozinho que precisava da reabilitação. O problema é que não funcionou. Eu não era tão importante para ele quanto você pensava, Matt. Ele foi procurar outra pessoa para… 

Eu me interrompi antes que as lágrimas, que ameaçavam cair, rolassem por meu rosto e deixei o silêncio preencher o carro. Matt suspirou, acelerando pela rua em direção à estrada. 

 

“I tell you it’s a problem 

Just when no one’s around”

(“Eu te digo que é um problema

Só quando ninguém está por perto”) 

 

Existia uma coisa que eu amava na minha infância: viajar de carro com meu pai. A confiança que eu tinha nele dirigindo e a tranquilidade que me dominava enquanto eu olhava a paisagem era uma das melhores sensações que me acometiam quando eu era nova. O período que estávamos na estrada durante as viagens era o momento em que eu aproveitava para relaxar e pensar nos diversos assuntos que ocupavam minha cabeça. 

Algo parecido com aquela sensação me dominou, enquanto eu e Matt seguíamos pela estrada em direção à Huntington Beach, com o carro de Brian nos seguindo logo atrás. Porém, diferente da tranquilidade que eu sentia na infância, naquele momento minha cabeça estava completamente vazia. Eu afastava todo e qualquer pensamento da minha mente, principalmente relacionado à Brian, e tentava encontrar formas nas nuvens acima de nós. 

As manchas brancas passavam velozes por nossas cabeças e eu enxergava cachorros, elefantes e cavalos espalhados pelo céu. Meu rosto estava colado no vidro gelado e minha respiração embaçava o vidro, mas eu não prestava atenção em nada a não ser as formas acima da minha cabeça. A estrada cortava uma grande planície desértica e a única coisa que era possível enxergar no horizonte eram algumas cadeias de montanhas. 

Estava tão distraída, que não percebi quando o carro parou no acostamento. Matt suspirou quando girou a chave e passou as mãos pelas pernas, nervoso. Eu não queria olhar para trás para ver o que acontecia, mas mesmo assim meus olhos viajaram para o espelho retrovisor. Zacky estava de braços cruzados, em pé no meio da terra batida, olhando para um Brian curvado no chão. 

Um som gutural e rouco chegou aos nossos ouvidos, mesmo com o vidro fechado, já que estávamos em um local bem isolado e nenhum carro passava pela estrada. Matt saiu do carro, fazendo um barulho desnecessário ao fechar a porta e falando alto com Zacky, parecia que ele tentava esconder o som proveniente de Brian. O que ele não sabia era que não adiantava nada, porque eu sabia que aquele som era porque Brian vomitava na areia. Ele provavelmente bebera tanto que pedira para Zacky parar no acostamento. 

Johnny saiu do carro e ficou ao lado de Brian, enquanto Zacky e Matt se aproximavam mais do carro onde eu esperava. Abri um pouco a janela, tentando ouvir o que eles conversaram em sussurros. 

— Você acha que ele usou… Alguma coisa? — Perguntou Zacky cauteloso. O tom de sua voz era baixo, mas eu consegui distinguir as palavras. — Ele precisa beber muito para vomitar com whisky. Lembra aquele dia no bar?

— Não duvido que ele tenha bebido até mais, mas as duas opções são ruins — Comentou Matt — Não quero nem pensar que ele tenha voltado com droga. 

— Não quero nem esperar para descobrir, Matt. — A voz preocupada de Zacky fez meu coração torcer em meu peito. Eu podia estar com raiva de Brian e querendo ir embora dali o mais rápido possível, mas eu ainda era sua fã, eu ainda me preocupava com ele e queria que ele estivesse bem acima de tudo. 

— Vou conversar com o pai dele e Suzy e ver o que eles acham… Mas acho que a gente já pode se preparar para cancelar a próxima turnê e mandar ele para a reabilitação à força. — O tom de voz de Matt era de que encerrara a conversa. 

Os dois voltaram para o lado de Brian e eu fechei o vidro novamente, enterrando meu rosto entre as mãos. As lágrimas vieram antes que eu pudesse impedi-las e ainda chorava quando Matt voltou para o carro. Senti sua mão encostar em meu ombro em um gesto confortante, mas aquilo só me fez chorar ainda mais. Nós nem nos conhecíamos direito e ele já me vira chorar um número incontável de vezes. 

— Não é sua culpa. — Ele disse. 

— Eu… — minha voz falhou e eu respirei fundo antes de continuar — Eu só quero poder ajudá-lo, Matt. E parece que tudo o que eu faço só piora a situação.

— Jenny… Tudo vai ficar bem, eu prometo. — Ele disse em voz baixa — Não vou deixar nada acontecer com Brian. 

Matt deu a partida no carro e seguiu mais uma vez para estrada, enquanto eu me afundava em minhas aflições.

 

“I know what’s wrong

God, you complicated everything”

(“Eu sei o que é errado

Deus, você complicou tudo”) 

 

Assim que entramos na avenida principal de Huntington Beach, Matt se virou para mim e perguntou:

— Você quer ir para casa? 

Eu assenti, sem vontade de responder. Tudo o que eu queria era voltar para o Brasil.

Alguns minutos depois, estávamos estacionando em frente ao pequeno prédio da pensão onde eu estava hospedada. Sai do carro de Matt com um agradecimento rápido e não me permiti olhar em direção ao carro preto estacionado alguns metros atrás. Eu não queria olhar para Brian, não queria ouvir sua voz, apenas queria chorar até meus olhos secarem. E torcer para que ele não se matasse no meio do caminho. 

Subi para meu apartamento quase correndo. Preparei um café quente assim que cheguei e me aconcheguei no sofá, com um livro no colo. Era muito provável que eu não conseguisse ler uma frase sequer, mas era a melhor ideia que eu tinha para me distrair. 

Até que consegui ler um pouco e já estava quase com os olhos fechando de exaustão, quando decidi olhar um pouco o celular. As mensagens alegres de minhas amigas, minha família e até de Felipe fizeram as lágrimas voltarem com toda a força. Respondi todos eles com os olhos embaçados, soluçando de tristeza, mas dizendoo que estava tudo bem: eu não queria preocupá-los. Quando fui responder Felipe, decidi falar tudo o que acontecera: ele sabia boa parte da história, tirando a parte que eu e Brian tínhamos nos envolvido, então apenas contei que os problemas dele com bebida estavam piores e que eu estava extremamente triste. 

Após apenas alguns segundos depois que eu enviei a mensagem, a resposta apitou em meu celular. 

 

Parece que tudo o que você precisa é de um amigo do seu lado. Enquanto não chego ai, vou te mandar um abraço virtual. 

 

Uma foto de Felipe com uma camiseta velha do Iron Maiden e os braços abertos, segurando o celular com uma das mãos se seguiu à mensagem e tudo o que eu pude fazer foi sorrir e sentir o choro subir por minha garganta mais uma vez. 

Quando estava com o rosto tão inchado de tanto chorar e minha cabeça já explodia, decidi sair de casa. Eu odiava que as pessoas me vissem com os olhos inchados e vermelhos, então se saísse dali, pelo menos eu me obrigaria a parar com aquilo. Peguei minha bolsa, meu celular e o livro, decidida à ler na praia e estava fechando a porta do apartamento, quando ouvi um barulho atrás de mim. 

Me virei e vi Brian parado, o rosto sério, me encarando como se fosse a última coisa que faria na vida.

 

“Baby I want it I know I’m not worth it”

(“Baby, eu quero e sei que não mereço”) 

 

— Estava pensando se iria bater na porta ou esperar você sair. — Ele disse, ainda me olhando, enquanto dava dois passos para frente. 

Apoiei as costas na porta do meu apartamento, tentando me afastar dele e perguntei:

— Há quanto tempo está aqui?

— O bastante para saber porque seu rosto está assim. — Ele respondeu, com certeza se referindo aos meus olhos inchados e vermelhos. 

Fiquei parada contra a porta, tentando me manter afastada, enquanto Brian se aproximava cada vez mais. Quando ele colou meu corpo ao dele e puxou meu queixo em sua direção, coloquei as duas mãos sobre o seu peito e o empurrei com força. Ele não ia me convencer, não depois do que eu vira.

Brian pressionou a ponte do nariz com as pontas dos dedos e, quando levantou o olhar para mim novamente, não reconheci sua voz e expressão furiosas.

— É por isso que eu estava em Vegas, sabia? Você me consome, Jenny. Minha vontade de você me destrói por dentro. — Ele me pressionou contra a porta mais uma vez e bateu a mão com força perto da minha cabeça — Eu precisava achar um jeito de tirar esse desejo dentro de mim. Você me obrigou a escolher outra mulher. 

Travei a mandíbula diante das palavras de Brian, que me machucavam como se ele enterrasse uma faca em mim. Fiquei paralisada, enquanto ele se aproximava do meu ouvido e dizia coisas que eu demoraria para esquecer:

— Eu comi ela nos dias antes de vocês chegarem. Você me obrigou a fazer isso porque me mandou embora aquele dia. Eu achei que poderia ficar aqui com você, que tudo voltaria ao normal, mas você não quis. — Ele respirou alguns segundos, enquanto eu sentia minha mão tremer. Sua voz ameaçadora estava começando a me deixar com medo. — Eu não fui nada delicado com ela, sabe? Eu só gosto de ser delicado com você, Jenny. Só satisfaço os seus gostos. Nunca mais vou deixar outra mulher satisfeita, se não for você. Eu preferia ouvir você gemendo meu nome a noite inteira e não aquela puta

Antes que meu cérebro processasse as palavras dele, eu o afastei e bati minha mão contra seu rosto com a maior força que consegui reunir. 

 

“This is where I will draw a line”

(“É aqui que eu vou desenhar uma linha”) 

 

— Seu canalha. — Eu disse, sentindo meu estômago se revirar com suas palavras — Me deixa em paz, Brian. Não quero mais nada com você. 

— Isso foi um elogio. — Ele disse indignado, fazendo a raiva me corroer por dentro. 

— Foi a porra da prova que eu precisava para ter certeza de que você é um filho da puta! — Eu gritei, sabendo que atrairia a atenção de outros moradores, mas não pensando muito no assunto — Se você preferia tanto ficar comigo, porque não fez o que ia me trazer de volta de verdade. Por que foi atrás de uma prostituta?! 

— Vem aqui. — Brian disse, me puxando pelo braço e destrancando minha porta com a chave que pegara de minha mão. Entramos no meu apartamento e eu me afastei rapidamente dele, sem querer que ele encostasse em mim. 

— Está com medo que alguém escute? — Perguntei com raiva. 

— Eu só quero que você se acalme. 

— Me acalmar, Brian?! Você é idiota? Você ouviu o que acabou de falar para mim? Eu não sou uma prostituta, eu não sou uma pessoa que você só vai se satisfazer e esquecer que eu existo. Eu não achei que estava aqui para isso e sei que me enganei, porque desde o começo sou só uma fã. Só mais uma que você vai comer e largar!

— Jenny, você não…

— Cala a boca e escuta Brian! Só escuta, uma vez na sua vida. — Eu gritei, apontando o dedo para ele. — Eu estou aqui tentando te ajudar. Vim para cá para fazer um favor para você e a banda, vim aqui porque você pediu minha ajuda. Eu larguei minha família, meus amigos, minha casa, tudo o que eu tinha para ficar aqui com você. Cheguei aqui e descobri que a realidade era diferente e eu aceitei. Eu quero te ajudar, Brian! Mas você não enxerga que precisa de ajuda, você não percebe que está se matando cada dia mais e que daqui a pouco eu não vou poder fazer nada por você, porque você vai estar deitado em um caixão duro, frio e morto! 

— Eu não vou morrer porque bebi um pouco. — Ele disse teimosamente. 

— Você não bebe um pouco! — Eu gritei mais uma vez, sentindo as lágrimas correrem com mais força. Uma das coisas que eu mais odiava na vida era chorar e Brian fazia aquilo acontecer mais do que eu gostaria. — Você é um ingrato! Eu estou aqui para você e menos de uma semana depois que você veio aqui, nós transamos e você corre para Las Vegas para comer outra mulher?! Agora eu entendo porque a Michelle te largou e devia ter entendido desde o começo, afinal, você a traiu quando ficou comigo. 

Brian fechou os olhos, respirou fundo e disse em uma voz controlada:

— Me desculpa, Jenny. 

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele virou as costas e saiu, me deixando sozinha no apartamento escuro. 

 

“Open the hollow 

And my walls come down”

(“Abra o buraco

E minhas paredes caem”) 

 

POV: Brian

Darkest Hour - Zakk Wylde 

“And what was certain becomes unclear”

(“E o que era certo se tornou incerto”) 

 

Eu sou a pessoa mais idiota e retardada desse mundo. 

Era o pensamento que dominava minha mente quando eu cheguei em casa. Minhas mãos tremiam, eu sentia calafrios e raiva de mim mesmo por ter dito tudo aquilo para Jenny. Por que eu esfregara em sua cara que tinha comido outra mulher logo depois de ficar com ela? Por que eu tinha falado aquilo com todas as palavras? Eu nem ao menos gostara de transar com aquela mulher. Eu queria Jenny, eu apenas a queria. Eu não desejava mais ninguém a não ser aquela mulher e eu acabara de dizer para ela que transara com outra. 

Onde eu estava com a cabeça? Como alguém consegue ser tão idiota a ponto de fazer isso?

Fui até a garagem, abri uma das caixas de bebida e peguei uma garrafa. O whisky balançava em minha mão enquanto eu tirava o lacre e girava a tampa. Suspirei quando o líquido tocou minha língua. Sentei no chão frio de concreto e tomei a garrafa enquanto pensava na merda que eu acabara de fazer. Se eu já não tinha perdido Jenny antes, depois daquilo tudo, ela com certeza não iria mais nem querer me ver. 

Olhei para o líquido amarelo dentro da garrafa, sabendo que aquela era a razão para os meus problemas. Mas então por que eu sentia aquela necessidade em meu peito? Por que a sensação de estar com Jenny já não bastava mais? Eu me lembrei dos primeiros momentos que passei com ela, quando eu não precisava beber nem um gole de álcool, porque eu apenas queria ficar com ela. Mas então eu voltei a beber aos poucos e, quando vi, já estava precisando de uma garrafa inteira por dia outra vez. O que estava acontecendo comigo? E por que eu não conseguia fazer nada certo?

Eu sentia como se estivesse vivendo um dia da marmota, porque eu fizera exatamente aquilo com Michelle e estava repetindo tudo com Jenny. Eu amava Michelle na época e também amo Jenny agora, então porque eu continuava me destruindo daquele jeito? Talvez a solução fosse meter uma bala na minha cabeça, me enforcar com o meu próprio cinto, ou me entupir de remédios, porque depois daquilo eu sentia que nada que eu fizesse iria melhorar minha vida. 

Se eu morresse, a vida de todos iria melhorar. Zacky, Matt, Johnny e Brooks poderiam continuar a banda sem mim, eu não era tudo isso e nunca seria. Eles poderiam ficar com suas famílias, curtir seus filhos e suas esposas bonitas. Michelle poderia viver feliz com James, quem sabe ter filhos também, eu já até conseguia vizualizar o chá de bebê grandioso. Meu pai, Suzy e Mac conseguiriam seguir com a vida, os três se uniriam para passar por isso. Jenny com certeza seria mais feliz sem mim. 

Não sei exatamente quando comecei a chorar e decidi subir até meu quarto. Me sentei na cama que parecia enorme sem Jenny ao meu lado. Já fazia tanto tempo desde que ela se deitara ali, que eu quase esquecera da sensação. Eu ainda segurava a garrafa de whisky, quando me estiquei para abrir a última gaveta do criado mudo. Era uma gaveta que eu sempre deixava trancada, mas eu sentira que seria a hora de usar o que eu guardava ali e eu não me permitiria pensar duas vezes, pois sabia que era o melhor para todos. 

 

“In your darkest hour

Tell me what’s it gonna be?”

(“Em sua hora mais escura

Diga-me, o que vai ser?”) 

 

Tateei dentro da gaveta, até encostar no objeto duro lá dentro. Puxei a pistola cromada, Taurus .38 e a observei enquanto tomava mais um gole de whisky. Ela era pequena, mas com certeza serviria seu propósito. Eu sempre gostara de colecionar armas de fogo e tinha um carinho especial por aquela, pois comprara junto com Jimmy. 

Fiquei algum tempo olhando o objeto. Eu já estava decidido, mas queria aproveitar aquele último momento antes de me reencontrar com meu amigo e finalmente ter paz. 

Quando senti que estava pronto, puxei a trava de segurança, levei o cano até minha boca e envolvi o metal frio com meus lábios. A conclusão daquele ato e a sensação do objeto que me mataria tão perto de mim, fez com que eu aceitasse a minha morte. Era óbvio que eu só estava atrapalhando a vida de todos. Até mesmo arrastara uma menina incrível do Brasil até minha casa, ela que poderia estar feliz com outra pessoa e não se desgastando com um bêbado como eu. 

Já estava com o dedo no gatilho, quando senti o meu celular tremer em minha calça. Eu sabia que não devia responder, que devia terminar com aquilo que queria fazer ali, puxar o gatilho e acabar com tudo. Mas algo em minha mente me obrigou a largar a arma na cama ao meu lado e pegar o telefone. 

— Alô? — Respondi, tentando normalizar a respiração e fazer minha voz ficar normal, para que eu parecesse sóbrio. 

— Syn? — Era Zacky do outro lado da linha e sua voz estava baixa, pois eu ouvia meu coração bater forte em meus ouvidos. A adrenalina do que eu quase fizera começara a dominar meu corpo, enquanto eu tentava conversar com meu amigo. 

— Sou eu. 

— E ai, cara? Eu estava pensando em passar ai daqui a pouco, assim a gente pode jogar um pouco de playstation. O que acha?

— Ahn… Tá bom. — Respondi. 

— Achei que ia querer alguma companhia e sei lá… Estava querendo conversar com você sobre algumas coisas. Não sei porque, mas o Jimmy voltou pra minha mente agora há pouco e eu senti que precisava ligar para você. 

Aquilo me fez enrijecer. Será que era algum tipo de sexto sentido de Zacky que o avisara que eu poderia estar em perigo, ou algo do tipo? Ou será que era a mais estranha das coincidências?

— Você é uma pessoa muito querida, Brian. — Ele completou — Jenny estava arrasada quando não estava com você. E eu peço que entenda porque ela se afastou. Ela pode não ter falado ainda, mas sei que ela te ama. Posso ver nos olhos dela e também posso ver nos seus que a ama. 

— E-eu… — comecei, mas Zacky não deixou que eu falasse. 

— Eu acredito que vocês dois possam formar uma família juntos, Brian. Ela te traz uma energia que você provavelmente nem percebe e sei que é essa renovação que você precisa. Você só tem que aceitar nossa ajuda. Do fundo do nosso coração, nós te amamos e queremos que você seja feliz e esteja bem. 

— Zacky. — Eu disse, sentindo as lágrimas descerem por meu rosto. Eu não acreditava que estivera tão perto de acabar com tudo e que o álcool me cegara para o que estava bem na minha frente. Eu já não tentava mais disfarçar minha embriaguez, quando disse: — Muito obrigada por continuar aqui, mesmo depois de tudo o que eu fiz. 

— Sou seu irmão, Brian. Estou aqui pra isso. — Ele disse e eu pude enxergar um sorriso em sua voz. 

— Você pode esperar um pouco antes de vir aqui? Quero conversar com Jenny antes de tudo, acho que devo algumas explicações. 

— Claro. Me liga quando eu puder ir. — Disse ele e então desligou. 

Me levantei rapidamente e joguei a arma na gaveta, a trancando antes que eu pensasse naquela besteira mais uma vez. Peguei a garrafa de whisky e desci para a cozinha, esvaziando todo o conteúdo dentro do ralo. Andei até a garagem, peguei a caixa de whisky aberta e a derrubei no chão, ouvindo todas as garrafas se quebrarem e o líquido se espalhar pelo chão. Fiz isso com as outras duas caixas fechadas, preocupado em me livrar de tudo aquilo. Meus movimentos estavam desgovernados, devido ao álcool que ainda circulava por minhas veias, mas mesmo assim eu continuei. A limpeza daquela bagunça era um problema do Brian do futuro. 

Quando terminei de destruir todas as garrafas restantes, subi até o quarto, tropeçando algumas vezes em meus pés, mas sentindo a força da decisão me guiar até meu celular. Disquei o número de Jenny com as mãos tremendo e fiquei pulando de nervosismo, até que ela atendeu. 

 

“Your crossroads have come

And as they knock upon your door 

Choices to be made”

(“Sua encruzilhada chegou

E enquanto ela bate em sua porta

Há escolhas a fazer”)

 

— Alô? — A sua voz suave ecoou em meus ouvidos como uma canção. Hesitei em responder, porque não queria mostrar que continuava bêbado, talvez até mais do que eu estivera na sua casa, mas não queria esperar por medo de que ela voltasse para o Brasil e saísse de meu alcance. 

— Jenny, me desculpa. — Eu soltei, antes que ela pudesse desligar o telefone — Eu… Eu sei que estou bêbado e que sou um idiota, mas… Caralho, você é a mulher que eu quero passar o resto da minha vida e por favor, me perdoa. Eu vou pra reabilitação, eu vou parar de beber, eu vou fazer tudo o que eu preciso fazer para ficar bem e poder ficar com você. 

— Brian, calma…

— Não, Jenny. Eu não vou mais esperar. Não vou esperar você chegar no Brasil para perceber que errei. Eu quero concertar tudo agora. Vamos nos encontrar por favor. Preciso falar com você ao vivo e dessa vez eu prometo que vou me comportar, só quero falar com você. — Pensei em revelar tudo, em dizer que eu a amava, mas decidi que seria melhor fazer aquilo ao vivo. 

— Tá bom, Brian. Eu…

— Vai até a praia. Eu te encontro lá. — Eu disse animado. — Estou pegando o carro agora e vou até lá, podemos nos encontrar na frente do lugar onde fica o salva-vidas?

— Brian, eu não acho que você está em condições de…

— Eu estou indo para lá agora, me encontra lá. — Eu falei alto no telefone, desligando o aparelho, antes que ela pudesse dizer não.

Sai correndo de casa, pegando apenas as chaves do carro e colocando o celular no bolso. O céu já estava escuro, apenas um pouco alaranjado na linha do horizonte. Várias nuvens cobriam o céu e eu sabia que iria chover logo, pois senti uma gota grossa cair em meu braço assim que abri a porta do carro. 

Me sentei no banco do motorista, liguei o motor e sai pela rua apressado. Eu queria chegar na praia o mais rápido possível, antes que a chuva chegasse e estragasse todo aquele momento que eu imaginara, em que eu iria finalmente dizer que amava Jenny do fundo do meu coração e iria beijá-la, mesmo sabendo que precisaria me internar em um lugar e me curar. Depois de colocar o cano de uma arma na boca e só depois de chegar tão perto da morte, eu percebera que morrer não era o que eu queria. 

Por mais que eu tivesse acelerado e cortado todos os carros em minha frente, não consegui ser mais rápido que a chuva e estava andando em alta velocidade pela avenida da praia, com a água batendo com força contra o carro, diminuindo minha visão drasticamente. Mesmo sem enxergar, e um pouco bêbado demais, não diminui a velocidade, porque a vontade de me encontrar com Jenny era muito maior. A água não me deixava enxergar muito na frente e o álcool que eu ingerira antes começava a fazer efeito. Minha visão estava turva, eu estava começando a ficar com sono, mas sabia que estava quase chegando. 

Já estava escuro quando eu soube que estava me aproximando do local que combinara de encontrar Jenny, acelerei mais ainda, mas vi um objeto se aproximando do carro em uma velocidade alarmante. Cerrei os olhos para tentar identificar o que era, pensando que seria um carro. Apenas quando estava muito perto para frear, que lembrei que a avenida e a praia faziam uma curva naquele lugar. 

Tive tempo para distinguir o poste nitidamente em minha frente e então tudo ficou escuro. 

 

“And all that you knew

And all that you believe

Starts to fall away

Will you leave or will you stay?”

(“E tudo o que você sabia

E tudo o que você acreditava

Começa a cair

Você vai partir ou vai ficar?”) 


Notas Finais


SOCORROOOOOOO

Eu nem sei o que falar depois disso que escrevi. Acho que se vocês lerem o prólogo vão perceber que isso tá planejado desde o começo, então... é.... fazeroque né? Me xinguem, me matem nesses comentários, porque é disso que eu gosto e to aqui pra isso migas. Sobre as músicas... Quem lê minha outra fic, Cherry Bomb sabe que eu amo From Can to Can't, é a música do prólogo e socorroo.... Que músicão da porra. E Darkest Hour é um amorzinho, mas como não lembrar de você né San? A moça que tem uma oneshot incrivel de mesmo nome.

Agora rapidamente um background sobre porque não estava aqui: Entreguei um trabalho enorme na quarta passada e não consegui escrever nada. Sabia que esse capítulo era mega importante e não ia correr com ele, então cá estamos. Nesse meio tempo, fiz duas tatuagens e estou muito animada sobre elas então quero compartilhar com vocês. Não sei se tem twitter (se tiverem me sigam, se não apenas vejam minhas novas belezinhas) https://twitter.com/notastagepuppet/status/876604732747468800
A frase que tá no meu braço esquerdo é "tell me a lie, in a beautiful way" da música The Stage e queria muito compartilhar com vocês porque estou apaixonada demais <3

ENFIM, é isso!! Se preparem porque semana que vem vai ser tenso igual e quero muito saber o que acharam, então vejo vocês nos comentários!!

Beijooos,
Juu


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