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História Psycho Lunatic - Wipe that smile off your face


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Genteeeee, voltei!!!
To mantendo meus prazos por aqui e estou muito feliz.
MAIS feliz ainda com vocês comentando e com os favoritos.
Enfim, se preparem para um capitulo cheio de emoções
Boa leitura!

Capítulo 7 - Wipe that smile off your face


“Wipe that smile off your face”

Things Don’t Always Turn Out That Way - The Calling

(Tire esse sorriso do rosto)

POV: Jenny

 

Broken - Seether (feat. Amy Lee)

“I wanted you to know that I love the way you laugh

I wanna hold you high and steal your pain away”

(“Eu queria que você soubesse que eu adoro o jeito que você sorri

Eu quero te abraçar forte e levar sua dor embora”) 

 

Dentro daquele elevador, com Brian Haner apoiando a mão nas minhas costas, comecei a repassar todos os acontecimentos da noite, tentando encontrar qualquer indício de que eu estava em um sonho. Aquilo já acontecera tantas vezes enquanto eu dormia e sempre parecia tão real, que tornava o agora difícil de acreditar. Mais cedo naquele mesmo dia, minhas pernas tremiam tanto quando sai do táxi, que achei que não conseguiria caminhar até a entrada do hotel. Tirei o dinheiro às pressas da minha carteira, me atrapalhando para guardá-la novamente na bolsa, de tão descontrolados que estavam meus membros.

Pensei que aquela sandália, mesmo com um salto não muito alto, não fora uma boa ideia, pois eu teria que caminhar alguns metros até a entrada do hotel. Olhei para frente e foi quando eu vi a aglomeração de pessoas, que eram contidas por alguns seguranças. Imaginei que alguém deveria ter descoberto o hotel no qual a banda estava hospedada, frustrando minha tentativa de passar despercebida. Quando me aproximei do segurança, tentei mostrar a credencial o mais discretamente que pude, mas não consegui evitar que pelo menos quatro ou cinco pessoas me filmassem, enquanto eu passava pelas portas de vidro do saguão.

O segurança me indicou os elevadores para a cobertura e, enquanto eu caminhava, tentei deixar todo o nervosismo do lado de fora. Apertei o botão, enquanto pensava que, se estava ali era por uma razão e se por acaso Brian Haner se dirigisse à mim, eu tentaria controlar a fã dentro de mim e agir como se ele fosse um cara que eu estava conhecendo naquele momento. Imediatamente, a ironia da situação me atingiu: o último dos acontecimentos que eu desejava na minha vida agora era me envolver com alguém e, lá estava eu, indo em uma afterparty do Avenged Sevenfold, pronta pra beijar o primeiro que se aproximasse, mais pronta ainda para beijar Brian Haner e fazer o que ele quisesse fazer comigo. Entrei no elevador, rindo da minha própria situação, sem saber que, dali a algumas horas, eu estaria descendo pelo mesmo elevador até o quarto de Brian Haner, enquanto ele segurava minha cintura, depois do melhor beijo da minha vida.

 

“I keep your photograph and I know it serves me well

I wanna hold you high and steal your pain”

(“Eu guardo sua foto e sei que ela me faz bem

Eu quero te abraçar forte e roubar sua dor”)

 

Quando entrei na cobertura, onde seria a festa, consegui relaxar um pouco ao perceber que a banda ainda não estava lá. Apenas as outras garotas já tinham chegado e ficamos conversando, quando recebemos um recado de ninguém menos que Zacky Vengeance, dizendo para aproveitarmos a pista de dança e o bar, porque a festa ia começar. Antes mesmo que eles chegassem, eu já tinha bebido uma quantidade razoável de álcool, que me ajudou a afastar o nervosismo.

Olhei para o Brian ao meu lado no elevador e sorri quando ele também olhou para mim, ao mesmo tempo que todos os acontecimentos daquela noite não paravam de repassar na minha cabeça. Desde o momento que ele chegou segurando minha cintura por trás, ou quando ele começou a dançar, daquele jeito robótico, exatamente como ele dançara no meu sonho no Johnny’s bar, até suas expressões enquanto me olhava de cima a baixo, enquanto eu dançava. Quando o efeito do álcool começou a passar, meu nervosismo voltou e eu fui obrigada a fugir para o bar, fingindo que eu buscara bebidas para nós dois. Senti minhas pernas tremerem, enquanto eu caminhava em sua direção com os dois copos na mão, rezando para não cair. 

Senti o braço dele se afastando da minha cintura, enquanto eu pensava em algo engraçado: durante toda a noite eu não pensara, sequer por um segundo, em Luis e eu tinha certeza de que aquilo era um bom sinal. Brian encostou na parede do elevador enquanto me olhava, me deixando um pouco desconfortável. Desviei o olhar para a minha tatuagem no antebraço, enquanto sentia meu rosto corar e lembrava do momento em que ele a elogiou.

Depois daquilo, tudo o que aconteceu na festa foi surreal: Jason Berry se jogando na piscina, eu fazendo o mesmo, Brian me olhando como um leão que observa sua presa e logo depois entrando na piscina comigo, tornando impossível evitar que eu olhasse seu corpo musculoso. Além de tudo, um dos melhores diálogos da minha vida com Brian, Johnny e Zacky, me fazendo desejar, desesperadamente, que eu fosse amiga deles.

 

“‘Cause I’m broken when I’m lonesome

And I don’t feel right when you’re gone away.”

(“Porque eu fico em pedaços quando fico solitária

E eu não me sinto bem quando você vai embora”) 

 

E aquele beijo, que não foi um beijo. Logo depois que as luzes se apagaram, Brian se aproximou de mim e o que senti foi completamente inexplicável. Todos aqueles momentos em que eu o admirava pela tela do computador, do celular ou da televisão, passaram por minha cabeça e me paralisaram. Eu não conseguia mexer meus lábios, mas sentia os dele paralisados também, encostados nos meus. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, enquanto pensava que minha boca encostava na de Brian Haner.

 

“The worst is over now and we can breathe again

I wanna hold you high, you steal my pain away”

(“O pior já passou agora e nós podemos respirar de novo

Eu quero te abraçar bem forte, você rouba minha dor”)

 

A pior sensação do mundo foi quando ele me afastou e eu achei que ele não queria nada, que tudo aquilo era um jogo. Uma pegadinha, em que ele mostraria onde estavam as câmeras e todos ririam de mim. Como alguém como eu iria atrair Brian Haner? Como alguém como eu iria atrair Synyster Gates? A brasileira, sem muito peito, com os cabelos cinzas e o olhar de menina não chamaria a atenção de alguém como ele. Nunca. Mas mesmo assim aquele momento tinha acontecido, ele não me mostrou nenhuma câmera e me chamou para ir para o quarto dele. 

Quando ele se virou de costas e começou a sair da piscina, a única coisa que se passava pela minha cabeça era que eu precisava aproveitar aquela oportunidade, como dissera Sofia. Imagina se algo acontecesse e eu nunca mais conseguisse um momento assim com ele? Estávamos sozinhos, o que eu tinha a perder? No momento em que eu o chamei, eu me decidi: não sairia daquela piscina sem beijá-lo, não depois de ter encostado meus lábios nos dele. 

Dizer que o beijo foi incrível é pouco para descrever o que eu realmente senti. Toda aquela paixão de menina, da garota que ficava olhando os posters colados na parede, admirando a beleza do homem que ela considerava ser o mais bonito do mundo, voltou para mim de repente. Eu só queria ficar com ele, só queria que aquele momento durasse para sempre, mesmo sabendo que aquela não era nossa realidade. 

O fato de que ele tinha uma vida, uma esposa, uma casa e não estava nem um pouco interessado em uma fã que morava a milhares de quilômetros de distância, não passou por minha cabeça naquele momento, mas passava agora, no elevador. O fato de que ele tratava todas as fãs assim, de que devia levar todas para seu quarto e dizer para todas que “você faz tudo sumir” não me incomodou naquele momento, mas me incomodava agora. Ao mesmo tempo que chegávamos no andar, eu passava a mão por meu braço, sentindo o nervosismo todo voltar de uma vez.

O momento em que nossos lábios se tocaram de novo, em que nossas línguas se encostaram, em que sua mão passou por minha nuca e cintura, me puxando em sua direção, em que eu segurei seu cabelo, sentindo os fios macios passarem por meus dedos e em que eu senti seu corpo todo encostando no meu, seria inesquecível e eu sabia que iria pensar naquilo para sempre. Mesmo que ele fizesse isso com todas, a verdade era que eu não ligava, porque eu tinha beijado Brian Haner.

A porta do elevador se abriu e a última pessoa que eu esperava apareceu do outro lado.

Valary.

 

“‘Cause I’m broken when I’m open

And I don’t feel like I am strong enough”

(“Porque eu estou quebrada quando me abro

E eu não me sinto forte o bastante”)

 

POV: Brian

 

Things Don’t Always Turn Out That Way - The Calling

“But things don’t always turn out that way

So wipe that smile off your face

Before it gets too late”

(“Mas as coisas nem sempre acabam desse jeito

Então tire esse sorriso do rosto

Antes que seja tarde demais”) 

 

Demorei alguns segundos para processar o que estava acontecendo. As portas do elevador se abriram, ao mesmo tempo que eu me desencostava da parede do elevador, para, logo depois, me paralisar, quando vi Valary do outro lado. Ela colocou o braço na frente das portas, bloqueando a saída e iniciando aquele apito ininterrupto e irritante. Minha cunhada estava com os cabelos presos em um amontoado no topo da cabeça, seus olhos estavam inchados de sono e vestia um pijama preto. O sorriso em meu rosto se apagou quando vi sua expressão.

— Val… O que…?

— Eu já ia subir para te procurar. - Ela disse, lançando um olhar desconfiado para Jenny e depois me encarando. - Preciso falar com você. Sobre Michelle.

Nesse momento, eu já tinha soltado a cintura da garota, mas não iria simplesmente expulsá-la para falar com Valary. Olhei de relance para Jenny, que estava com uma expressão difícil de decifrar no rosto.

— Com licença? — Pediu ela, com um sotaque brasileiro exagerado, que eu sabia que ela não possuía, enquanto Valary abria passagem para ela — Boa noite.

Antes que eu pudesse reagir, ou dizer qualquer coisa, Jenny saiu andando pelo corredor a passos largos, como se soubesse exatamente onde estava indo. Eu a vi virar à direita e sumir da minha vista, enquanto eu saía, ainda muito confuso. 

— Podemos ir para seu quarto? — Perguntou Valary e, logo, eu concordei, lembrando que ela estava vestindo pijamas no meio do hotel. 

Abri a porta com o cartão e indiquei para que ela entrasse, então fechei a porta ao passar, sem conseguir parar de pensar em Jenny e em onde ela fora.

— Acabei de sair do telefone… com Michelle.

— Por que? São três da manhã aqui, ela esqueceu do fuso horário? — Perguntei, tentando organizar meus pensamentos e desejando que aquela conversa acabasse logo, para que eu fosse atrás de Jenny.

— Ela está no hospital, Brian.

Fiquei paralisado, enquanto pensava se escutara direito o que Valary dissera.

— No hospital? Por que ela está no hospital? O que aconteceu? - As perguntas saíram como uma avalanche de minha boca e, de repente, tudo que aconteceu naquela noite foi embora da minha mente. 

— Ela me ligou, disse que está tudo bem e que não precisávamos nos preocupar. Ela disse que estava dirigindo e começou a se sentir mal, parece que a pressão abaixou muito rápido e ela quase desmaiou. A sorte foi que ela percebeu, encostou o carro e chamou a ambulância… Se não, algo muito pior poderia ter acontecido. 

— Como que a pressão dela abaixou assim? O que o médico disse?

— Os exames não saíram ainda, mas o médico desconfia que possa ser estresse, ou anemia. — Disse Valary, se sentando em minha cama e passando as mãos nas pernas — Ou os dois. 

— Tem alguém com ela?

— Você sabe como ela é… — Respondeu Valary — Está sozinha lá, disse que não vai contar pra ninguém e que não precisa de uma “babá”. 

Apoiei os braços na parede e encostei a testa neles, respirando fundo.

— Eu preciso falar com ela…

— Antes, acho que você tem que dar satisfação a um certo alguém… — disse Valary apontando para o corredor. Imediatamente fingi não entender, quando percebi que ela se referia a Jenny, então minha cunhada explicou: — Você acha que sou burra? Vi a cara dela quando me viu e também vi a sua quando ela foi embora. 

Eu não olhei para Valary enquanto ela falava:

“O que você estava pensando? Eu sei que não estou em posição de brigar com você por isso, mas uma traição é a última coisa que seu casamento precisa agora. E enquanto você pensava em transar com uma garota, sua esposa estava ligando para uma ambulância, porque quase sofreu um acidente de carro! Qual é o seu problema?!”

— Não vou falar da minha relação com você, porque não importa o que eu diga, você vai ficar do lado dela… — eu disse, com a cabeça baixa, ouvindo o que ela falara se repetindo mil vezes em minha cabeça e me alfinetando, mesmo assim, não hesitei em mentir: — E aquela mulher entrou no elevador depois… Eu estava sozinho na cobertura, tentando clarear minha cabeça.

Valary deu uma risada sarcástica e, mesmo com uma personalidade tão diferente da irmã, era exatamente igual a risada que Michelle dava quando ficava muito irritada comigo.

— Duas coisas que você tem que aprender, Brian. — Disse ela, caminhando até a porta e passando por mim sem me olhar nos olhos — Primeiro, você mente muito mal. Segundo, como eu já disse, eu não sou burra.

Ela saiu, fechando a porta e me deixando sozinho. Encostei as costas na parede e passei as mãos por meu rosto, sentindo raiva de Valary, preocupação com Michelle e aquela pontinha de desejo que não foi embora. 

Sem pensar muito no que eu estava fazendo, saí do meu quarto, seguindo a mesma direção de Jenny e agradecendo por Valary não estar mais por lá. Me deparei com um corredor sem saída e imaginei que ela tivesse voltado para o elevador, então voltei correndo, sentindo o coração acelerar. Vi que ambos os elevadores estavam parados no térreo, então apertei o botão umas cinquenta vezes, como se aquilo aumentasse sua velocidade. 

Entrei no elevador e, enquanto os números vermelhos abaixavam lentamente, eu me desesperava mais. Faziam vários minutos desde que descemos da cobertura e ela com certeza já estava longe do hotel, mas mesmo assim eu tentei. Fiquei balançando minhas pernas enquanto o elevador descia e, quando ele parou no térreo, eu quase saltei para fora.

Meio andei, meio corri até a porta e sai para a noite fria, olhando ao redor, mas sem encontrar ninguém. Passei a mão por meus cabelos e amaldiçoei Valary, Michelle, o médico, o aborto e o filho que nunca existiria. Olhei para o céu pela segunda vez naquela noite e contei as estrelas, como tinha feito quando estava com Jenny, mas naquele momento o seu brilho não era o mesmo.

— Brian? — Ouvi uma voz atrás de mim e nem me incomodei em olhar para trás, achando que era tudo fruto da minha imaginação.

Senti uma mão em meu ombro, então me virei, sentindo um arrepio percorrer meu corpo quando vi os olhos redondos de Jenny me encarando.

— Jenny? — Eu disse ainda confuso — Achei que tinha ido embora…

— Estou esperando um táxi. Já está muito tarde, preciso voltar para casa.

Em um minuto, a preocupação com a minha esposa sumiu, dando espaço para uma vontade praticamente incontrolável de ter aquela garota. Ela ainda estava linda, apesar da maquiagem um pouco borrada e o circulo molhado que o biquini tinha marcado em sua blusa. Balancei a cabeça, tentando clarear os pensamentos e disse, triste:

— Jenny… Não. — Eu disse, me aproximando dela, sem pensar se outras pessoas estariam nos vendo — Não volte para casa sozinha. Fica aqui essa noite. Eu vou na recepção ver se eles tem um quarto para você. 

Antes que ela respondesse ou protestasse, eu peguei sua mão e a puxei comigo até a recepção do hotel. Um turbilhão de pensamentos atacava minha mente, enquanto Jenny dava o seu nome e pegava a chave de seu quarto. Por um lado, eu não queria deixar Jenny, principalmente porque sabia que era bem provável que eu nunca tivesse uma oportunidade como aquela, por outro, minha esposa estava no hospital, sozinha, enquanto eu transava com outra mulher? O assunto traição sempre fora proibido em nosso relacionamento, a gente sabia que acontecia, de ambos os lados, mas nunca falava sobre isso. E exatamente pelo fato de que não falávamos sobre isso, era que eu não sabia como agir naquele momento. Claro que seria mais respeitoso não fazer nada e ligar para ela, tentando uma reconciliação. Novamente. 

Disse para cobrarem o valor da diária em meu quarto e, apesar dos protestos de Jenny, ela me seguiu até o elevador. Não falamos nada no caminho, mas o clima entre nós ainda era palpável.

Abri a porta para ela, que entrou, olhando para mim logo em seguida, com a mão na maçaneta, me impedindo de entrar.

— Obrigada, não precisava se preocupar comigo…

— Eu… — Eu disse desconfortável, não querendo ir embora, mas sim pegá-la no colo e jogá-la naquela cama e… “Vai se foder, pára de pensar nisso, Brian.” — Eu preciso falar com Michelle… Ela… Tem ciúmes e… Depois eu volto.

Sem esperar por uma resposta, sai em direção ao elevador e fui para o meu quarto. Liguei para Michelle de maneira relutante, enquanto andava pelo cômodo, sem conseguir ficar parado.

— Alô… — uma voz confusa atendeu no outro lado da linha.

— Mich? — Perguntei, cauteloso, sem obter respostas. — Val veio me chamar… Ela me contou tudo e… Está tudo bem com você, amor?

— Estou bem. — Ela respondeu, com a voz neutra, nem seca, nem delicada ou feliz de me ouvir. — Agora estou bem… 

— Você me assustou. — Eu disse, com sinceridade, porque, apesar de tudo, ainda a amava e ainda me preocupava com ela. — Me desculpa.

— Tudo bem, Brian. — Ela disse, dessa vez parecendo impaciente. — Vou voltar a dormir. Não se preocupe comigo, estou bem, querido. 

Me despedi dela com a consciência um pouco mais leve e resolvi me despedir de Jenny também, apesar de voltar a sentir culpa por isso. Bati três vezes em sua porta e fiquei esperando, ansioso, para que atendesse. Ela atendeu depois de alguns segundos, abriu um pouco a porta e me encarou com uma expressão que eu não consegui decifrar.

— Vim… Vim perguntar se está tudo bem. Se precisa de alguma coisa antes de dormir… 

— Não, não preciso. — Ela respondeu com delicadeza.

 

“She’s all that he wants, she’s all that he needs

She’s everything he just won’t believe 

Take away his doubt, turn him inside out

Then she can see what he’s been dying to say

But things don’t always turn out that way”

(“Ela é tudo o que ele quer, ela é tudo o que ele precisa

Ela é tudo que ele apenas não vai acreditar

Tire a dúvida dele, vire-o do avesso

Então ela verá o que ele tem morrido de vontade de dizer

Mas as coisas nem sempre acabam desse jeito”)

 

Pude ouvir o barulho de um chuveiro ligado dentro do quarto, imaginei que ela iria tomar banho. A visão dela nua embaixo do chuveiro me descontrolou, então entrei no quarto, fazendo ela se afastar um pouco da porta, que fechei logo atrás de mim. Percebi que ela iria dizer alguma coisa, mas não deixei que falasse, pois fui em sua direção e a puxando, com uma das mãos, pela cintura, a beijei intensamente. 

Ela correspondeu o beijo, respondendo minha investida com a mesma intensidade. Suas mãos se apoiavam em meu peito, enquanto eu segurava seu rosto com as duas mãos. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente, enquanto nossas línguas as vezes lutavam, as vezes se abraçavam e as vezes dançavam. 

O beijo foi longo e sensual e, eu já não aguentava mais me segurar, quando a puxei em direção à cama. O barulho da água caindo do chuveiro ainda estava ali, mas eu já não o ouvia. Também não enxergava mais nada e todos os outros pensamentos que ocupavam minha mente eram enxaguados. Eu a estava puxando para a cama, quando ela, mordiscando meu lábio de leve, se afastou de mim.

— Syn… — ela suspirou, quase a estava beijando de novo quando ela continuou, se afastando mais: — Não está certo… Você…

— Jenny… Eu liguei… Está tudo bem… Ela nem passou tão mal assim… - eu dizia palavras sem qualquer sentido, plantando beijos em seu pescoço, orelha, bochecha, boca. 

Jenny apoiou as costas na parede e eu a pressionei contra o meu corpo. Ela me observava e eu sabia, em seu olhar, que ela queria aquilo, mas quando Michelle invadiu os pensamentos dela, parecia que ela não se permitiu mais continuar.

— Passou mal? — Ela disse, me empurrando levemente. — Sua esposa…

Insultei Valary em minha mente por me atrapalhar naquele momento e me afastei dela. 

— Ela está no hospital, se sentiu… Mas isso não muda nada! — Eu disse, sem querer aumentando meu tom de voz: — Desculpa, eu sei que isso é errado… Mas você… Você… Eu só quero ficar um pouco com você. Eu não sei se algum dia te verei de novo.

— Isso é errado… Muito errado. É melhor você voltar para o seu quarto. — Jenny disse, me empurrando em direção a porta. — Porque você também mexe comigo, provavelmente muito mais do que eu afeto você. Sinto isso há anos e estou aqui, em um quarto com… Enquanto sua mulher está… em um hospital?

— E você não quer?

Ela não respondeu, mas por um momento eu pensei e percebi o quanto aquilo era errado. Uma garota que esperou por aquele momento por tanto tempo, de repente teria que fazer aquilo pensando que a mulher do homem dos seus sonhos está doente, no hospital, enquanto eles transam. 

— Desculpa. — Eu disse novamente. — Minha vida é uma bagunça. 

— Não precisa pedir desculpas. — Ela disse, enquanto me empurrava em direção à porta.

Coloquei me corpo contra a maçaneta, impedindo que ela a alcançasse e olhei em seus olhos o mais sedutoramente que pude. 

— Tem certeza? — Tentei novamente, torcendo para que aquela estratégia desse certo. — Eu tenho certeza de que a maioria daquelas garotas que estavam no show não recusariam e você, a única pessoa que eu coloquei meus olhos a noite toda, está me empurrando para fora do quarto?

Levantei a mão, passando por seus cabelos, rosto, pescoço, ombro, braço, cintura, até chegar na bunda e a puxei em minha direção, sem perceber que tinha me desencostado da porta.

Jenny não disse nada, mas pude ver, pela sua expressão, que estava quase desistindo. 

— Caralho, eu beijei Synyster Gates. E acho que isso basta para fazer, deste, o melhor dia da minha vida. Você não tem noção do quanto eu quero isso… Do quanto eu quero você. Mas… Você acabou de dizer que sua esposa está em um hospital e acho que eu não conseguiria viver comigo mesma se…

Eu assenti, entendendo seu ponto de vista e não querendo insistir mais, apesar de mais tarde ter me arrependido por isso.

— Eu sei… Jenny. Gostaria de ter mais tempo com você.

Dessa vez, foi Jenny que se aproximou para me beijar e eu não hesitei em corresponder o beijo de maneira intensa. Quando eu me aproximei mais dela, ela conseguiu alcançar a maçaneta e a abriu a porta, me empurrando para que eu passasse.

— Ah, inferno! — Praguejei, rindo um pouco, porém sem realmente achar graça — Você é… Eu só queria…

Apontei para seu corpo, me referindo a ela toda, mas quando meu olhar alcançou suas coxas, não pude evitar em morder os lábios.

— Você não sabe o quanto eu quero isso. Mas também quero que seja do jeito certo e se não foi hoje… Isso não quer dizer que não vamos se ver de novo. — Ela disse, fechando a porta lentamente.

A porta se fechou sem que eu conseguisse me mexer. Pude ouvir o som do chuveiro, mesmo do lado de fora e uma imagem dela sem roupas passou novamente pela minha cabeça. Um impulso de bater na porta de novo me dominou, mas, não sei como, eu consegui virar as costas e ir embora para o meu quarto. 

Cheguei e fui direito para o frigobar, suspirei de alivio quando vi uma garrafa pequena de whisky em uma das prateleiras. Aquilo não seria nem um pouco suficiente para me satisfazer, mas já era um começo. Os acontecimentos das últimas horas me dominaram e eu não pude evitar me xingar por não tem insistido mais com Jenny. 

 

“Well he can’t sleep at night

And he can’t do what’s right

It was all because she came into his life

It’s a deep obsession, taking up his time”

(“Bem, ele não consegue dormir de noite

E ele não consegue fazer o que é certo

Tudo porque ela apareceu na vida dele

É uma profunda obsessão, tomando o tempo dele”) 

 

A visão de Michelle sozinha em uma cama de hospital também não foi nada agradável. E eu sabia que as chances de Michelle contar para alguém da família, tirando Valary, era nula. Enquanto bebia, pensei no quanto a minha relação com a minha cunhada era afetada pela relação com a minha esposa. Valary e eu éramos amigos desde sempre, mas era lógico que ela ficasse furiosa comigo quando visse, em carne e osso, indícios de uma traição. Fui descuidado em andar com Jenny livremente pelo hotel, mas também não imaginei que encontraria minha cunhada pelos corredores de madrugada.

A traição era um assunto quase proibido entre nós. Era errado não falar sobre isso, mas todos ali traiam suas esposas, inclusive Matt. Valary já tinha me visto com outras garotas há anos atrás e nunca comentara sobre isso, mas com o casamento conturbado ela tinha razão: aquilo era o que nossa relação menos precisava. Para Michelle, na situação atual, deveria ser muito difícil me imaginar com outra mulher e o contrário eu também não podia imaginar. Tentar pensar em minha esposa com outro cara era tão horrível que quase não me dava mais vontade de trair. Quase. 

E então Jenny invadiu meus pensamentos. Aquilo fazia eu me sentir culpado, mas eu não podia evitar. Passei pela minha mente tudo que tinha acontecido naquele dia e, por mais de uma vez, me amaldiçoei por não ter ficado com ela a noite. O toque de seu corpo, suas curvas e sua boca ainda estava vivo em minha memória, mas eu sabia que aquilo não duraria muito e eu precisava de uma lembrança mais permanente.

Não sei exatamente quando, mas em algum momento a pequena garrafa de whisky acabou e eu virei a última gota em minha boca.

 

“And he must confess

All the impure thoughts of his beautiful temptress

Although he keeps it all bottled up inside

Although he keeps it all safe within his mind, oh yeah”

(“E ele deve confessar

Todos os pensamentos impuros da sua linda tentação

Mesmo que ele mantenha tudo guardado dentro dele

Mesmo que ele mantenha tudo a salvo em sua mente, oh yeah”)

 

The Promise - In This Moment

“It’s haunting

This hold that you have over me

I grow so weak”

(“É assombroso

Esse poder que você tem sobre mim

Eu cresço tão fraco.”) 

 

Automaticamente, minha garganta ardeu, sentindo a urgência de beber crescer dentro de mim. Eu não queria que o efeito do álcool passasse, então sai do quarto para procurar por mais, talvez no bar da recepção tivesse algo que eu pudesse tomar. O que aconteceu depois foi talvez inesperado, talvez calculado pelo meu subconsciente: ao invés de ir até o térreo, apertei o botão do elevador para o andar de Jenny.

 

“You can never know what it is you do to me

I can’t take what you do to me

I can’t take it”

(“Você nunca pode saber o que você faz comigo

Eu não posso aguentar o que você faz comigo

Eu não posso aguentar isso.”) 

 

A porta se abriu e eu hesitei em sair do elevador, mas quando sai, não me permiti ter tempo para pensar. Andei decidido até a porta de seu quarto e fiquei a encarando até que, sem que eu tivesse batido, a porta se abriu. 

Dentro do quarto, Jenny estava de pé, segurando a maçaneta, vestindo um pijama curto: regata e shorts, que imediatamente me despertou. Seu sorriso se abriu, assim como o meu e nos encaramos como se fizessem dias que nos vimos pela última vez.

 

“I see you

And everything around you fades

And I can’t see”

(“Eu vejo você

E tudo ao seu redor desaparece

E eu não posso ver.”)

 

— Fiquei me perguntando quando tempo você ia demorar para voltar. — Ela disse em uma voz sensual, que me chamou para dentro do quarto. 

Fechei a porta atrás de mim e nem ao menos esperei um segundo para puxá-la em minha direção. O toque dela era exatamente como eu me lembrava, eletrizava a minha pele, me despertando a cada segundo que passava. 

 

“You touch me

And I can barely make a move

And I can’t breath”

(“Você me toca

E eu mal consigo me mexer

E eu não posso respirar.”)

 

A beijei com uma urgência que nunca tinha sentido. Eu precisava do seu beijo, do seu toque, do seu corpo. Sentia sua mão passando por meu braço, por meu cabelo e por meu tórax, me enlouquecendo completamente. Nossos lábios se encontravam com ferocidade, enquanto eu podia ouvir nossa respiração pesada soar como uma só.

Eu sabia que aquilo era errado, mas vê-la daquela maneira, me esperando, era impossível me controlar. Eu não queria me controlar.

 

 “I’m dangerous,

I’m dangerous for you

My promise is I will hurt you.”

(“Eu sou perigoso

Eu sou perigoso para você

Minha promessa é que eu vou te machucar.”) 

 

A levantei, puxando sua perna e sua cintura. Suas pernas se entrelaçaram em meu quadril e eu pude sentir o calor proveniente de seu corpo. Sem parar de beijá-la, a levei para a cama e a olhei nos olhos. Minha vontade era de possui-la ali mesmo, mas eu sabia que, embora tudo aquilo fosse errado, pelo menos algo eu tinha que fazer certo.

Eu sentia o meu corpo pressionando o seu, mas segurava todo o meu peso em meus braços, apoiando as mãos na cama ao lado de sua cabeça. Ela me olhava com desejo, enquanto mordia o lábio e segurava a gola da minha camiseta, me puxando em sua direção. 

 

“The only promise I could make you 

Is that my promise is a lie”

(“A única promessa que eu poderia fazer para você

É que a minha promessa é uma mentira”) 

 

Coloquei a mão em suas costas e me livrei da regata de seu pijama, assim como ela puxava a minha camiseta para cima, passando por minha cabeça. Encostei meu corpo no dela, olhando em seus olhos. Na minha visão periférica, suas tatuagens de rosas nos braços se misturavam com as minhas de monstros, enquanto ela passava a mão desde o meu rosto até o meu antebraço. 

Me aproximei dela, beijando seus lábios mais uma vez, mas interrompendo o beijo para sentir o sabor de cada pedaço do seu corpo que eu alcançasse. Fui descendo por seu pescoço, ombro, peito, barriga, até que cheguei em suas calças. Estiquei a mão para o seu botão, mas me pareceu que, mesmo esticando o braço o máximo que eu podia, eu não alcançava. Senti que ela se afastava de mim e estava muito longe, quando a percepção do que acontecia tomou conta da minha mente. 

Acordei em minha cama, com o lençol totalmente molhado de suor. Meus cabelos grudavam na nuca e na minha testa. Levantei, ainda atordoado, sem saber o que tinha acontecido e estiquei a mão para a garrafa. Aquilo não tinha sido um sonho, a bebida tinha realmente acabado. Andei cambaleante até o frigobar e achei uma bebida que eu não conhecia. Bebi tudo em um gole, sentindo o álcool corroer minhas entranhas. Quando esvaziei a garrafa, a joguei no chão, quebrando o vidro em vários pedacinhos, sentindo a raiva, o desejo, a tristeza e a confusão me dominando de uma vez e me partindo por dentro, exatamente como a garrafa. 

 

“No matter what I say or what you do

I know how this will end

So I’m turning away now

I’m dangerous for you”

(“Não importa o que eu falo ou o que eu faço

Eu sei como isso vai acabar

Então eu vou virar as costas agora

Eu sou perigoso para você”)


Notas Finais


E AIII?
PELO AMOR DE DEUS NAO ME MATEM!!! hahahahha
Eu sei eu sei, sou malvada, mas gente EU PROMETO que a espera vai valer a pena, mas não rolou dessa vez e GENTE, Jenny ficou doida né? Mas vocês vão entender melhor ela no próximo capítulo, com certeza.

Sobre as cenas: desde o inicio a ideia dessa fic era mexer com a cabeça do leitor, fazer ele acreditar que aquilo tinha acontecido e na verdade não tinha. Essa cena do fim foi a que me deu inspiração para toda a história, escrevi ela logo no começo.

Quando às musicas, principalmente as da cena do Brian, NUNCA VI duas músicas que se encaixassem tão perfeitamente no enredo. Não sei se vocês gostam nesse estilo, com a letra entre o texto, mas eu acho que dá uma riqueza maior para a história e essa música do The Calling é PRATICAMENTE a história de PL. Enfim, gente... Espero muito que tenham gostado, apesar de tudo HAHAHAH não me matem e não desistam de mim eu amo muito vocês.

Espero vocês no próximo!
Beijooos,
Juu


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