1. Spirit Fanfics >
  2. Psycho Lunatic >
  3. A new beginning or is this the end?

História Psycho Lunatic - A new beginning or is this the end?


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Ebaaaa, voltei finalmente!
Dessa vez demorei mais e me desculpem por isso! O fim do semestre me pegou de jeito, MAS compensei vocês com um capítulo grandinho.
Esse já estava escrito, mas eu não tinha nem tempo de revisar e eu gosto sempre de sentar e ler com calma antes de postar. Não revisei o quanto queria, porque ainda tá meio louco por aqui, mas qualquer erro que eu encontrar eu arrumo, então me desculpem por isso!
Queria agradecer a todos que estão comentando e também aos leitores novos que estão chegando <3<3
Não vejo a hora de ficar de férias para sentar e escrever essa fic até meus dedos sangrarem HAHAHA
Enfim, espero MUITO que vocês gostem desse capítulo.
Boa leitura!!

Capítulo 9 - A new beginning or is this the end?


“A new beginning or is this the end?”

Bartholomew - Silent Comedy

(Um novo começo ou esse é o fim?)

POV: Brian

 

Devastation and Reform - Relient K

“Fear can drive stick and its taking me down this road

A road down which I swore I’d never go.

And here I sit, thinking of God knows what

Afraid to admit I might self-destruct.”

(“O medo pode me arremessar e está me levando por essa estrada

Uma estrada que eu jurei que nunca iria

E aqui eu sento, pensando em Deus sabe o que,

Com medo de admitir que talvez eu me destrua.”) 

 

Entrei em casa sem qualquer pressa, deixei minha mala ao lado da porta e fui até a cozinha beber um copo de água. Ouvi um barulho dentro do quarto e imaginei que fosse Michelle, não demorou muito para a minha suspeita se confirmar, quando a vi passando reto pela porta da cozinha e parando em frente à minha mala.

— Brian? — Chamou, olhando para trás e me vendo enquanto eu deixava o copo vazio na pia.

— Oi. — Eu disse, me aproximando e encostando no batente. 

— Oi.

— Você está melhor? O que o médico disse?

— Estou bem. Não foi nada demais… — respondeu ela, sem ao menos me olhar nos olhos.

Minha esposa estava com um sapato de salto, uma calça vinho colada nas coxas e uma blusa branca, usava maquiagem e eu logo percebi que ela se preparava para sair. 

— Vai sair? — Perguntei, ainda sem me movimentar.

— Achei que iam demorar mais… Eu ia almoçar com a Val, mas já que chegaram provavelmente ela vai querer ficar em casa com Matt. — Respondeu minha esposa, se afastando de mim e indo em direção ao quarto. 

Eu a segui, observando enquanto ela tirava os sapatos, os brincos e prendia o cabelo de qualquer modo no topo da cabeça, sem conseguir evitar em pensar no quanto ela estava arrumada, apenas para um almoço com a “irmã”. 

— Você estava bonita… — Comentei, olhando enquanto ela trocava a calça por uma mais confortável.

— E você não espera que eu fique com uma calça colada e um sapato me machucando. Ou espera?

— Não… — Respondi, de repente desejando ainda estar em turnê, longe daquela casa e daquela vida. 

Michelle despiu a blusa que usava e começou a revirar as gavetas do seu armário, vestindo apenas um sutiã rendado e preto. Por um momento, toda a vontade que eu tinha de ainda estar viajando sumiu, eu só queria ficar bem com a minha esposa, com a mulher que eu amava. A saudade do seu beijo, do seu toque e do seu corpo ficou muito maior que o meu orgulho, o que me fez falar:

— Mich… — ela olhou para mim, indagadora, esperando eu continuar — Eu não quero continuar assim. 

Me aproximei dela, passando os braços por sua cintura e enterrando meu rosto em sua nuca, enquanto ela apoiava as mãos em meus braços. Ficamos um tempo naquela posição, sentindo a saudades aos poucos diminuir, até que ela se virou, para me olhar e plantou um beijo em meus lábios. 

— Me desculpa. — Eu disse, sincero, ainda segurando sua cintura — Tudo passou, amor. Nessas duas semanas eu pensei muito, consegui aceitar o que aconteceu e não te culpo por nada. Sei que o culpado sou eu, então, por favor, me desculpa. 

Ela ficou em silêncio, com uma expressão que eu não consegui decifrar e, depois de alguns segundos, se virou novamente, procurando por uma camiseta para vestir. Fiquei ansioso, esperando por alguma reação dela, um grito, um palavrão, qualquer coisa que me fizesse sentir na pele tudo o que acontecera, mas o que ela falou me atingiu de uma maneira que eu não esperava:

— Você pensou muito enquanto se afogava em bebida?

— Bebida…? 

— Brian, você deve achar que sou muito burra. — Ela disse, olhando em minha direção e com aquele sorriso que eu detestava, o mesmo que Valary dirigiu à mim no hotel, uma expressão de desdém — Eu tentei mais de uma vez falar com você e tanto Val, quanto Matt se recusaram a te passar o telefone. Disseram que você estava “dormindo”…

Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, dando uma risada triste. 

“Então depois de um tempo Valary me liga, avisando que você, Matthew e Zachary ficaram no hotel resolvendo os problemas no equipamento, mas quando eu vou buscar minha irmã no aeroporto toda a equipe técnica está lá, com todos os instrumentos… Acho que o único equipamento que estava com problema era você! E quando liguei pela terceira vez, conversei com os dois e você estava ‘ocupado’. Ainda estou me perguntando porque Valary te defendeu… Talvez Matt tenha pedido. Mas, sinceramente, me poupe, Brian.”

Ela disse tudo aquilo em uma torrente de palavras tão rápida, que me deixou imobilizado. Lentamente, tirei os braços de sua cintura e me afastei, sentindo o que ela falara perfurar meu corpo. 

— Infelizmente… — eu comecei — Não posso dizer que você está errada, mas como eu disse… Não quero mais continuar assim, então se você quiser brigar, vai brigar sozinha. 

Sai do quarto, fechando a porta com uma força desnecessária, pegando meu violão no caminho. Fui até o bar, abrindo uma garrafa de whisky e bebendo um grande gole, sentindo a queimação amigável percorrer todo o meu corpo, então sai para o terraço, esperando que a dose de álcool e as cordas do violão trouxessem algum alívio para toda a dor e aflição que eu sentia. 

 

“So lock the windows,

And bolt the door

Cause I’ve got enough problems without creating more.”

(“Então tranque as janelas

E segure a porta

Porque eu tenho problemas o suficiente sem criar mais.”) 

 

Meus dedos passearam pelas cordas do violão preto, sem tocar nenhuma música específica, apenas deixando o som sair e preencher meus ouvidos. Eu queria que aquela música tivesse o poder de apagar a minha mente, para que eu pudesse esquecer de tudo: da minha esposa, de todos os nossos problemas e, principalmente, de Jenny. O fato de que ela não parava de aparecer em meus pensamentos apenas me deixava mais irritado, mais sedento. Mas, como nada tinha dado certo, eu imaginava que era porque não era para acontecer. Talvez eu deveria sofrer o bastante, por só ter sentido o seu beijo e nada mais, por todas as merdas que fiz.

Fechei os olhos, encostando a cabeça na cadeira e continuei tocando, enquanto lembrava dos dois beijos que demos. Não sei quanto tempo fiquei daquela maneira, pensando em seus lábios, até que ouvi um barulho e abri os olhos novamente. Michelle estava encostada na porta de vidro da varanda e me olhava com algo parecido com ternura, de um modo que fazia muito tempo que eu não via. 

Parei de tocar quando ela se aproximou, se sentou na ponta da cadeira onde eu estava deitado e encostou em minha perna. Pude ver que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Passando as mãos nos olhos e borrando um pouco a maquiagem que usava, ela disse:

— Lembra quando você tocava para mim? Você me chamava para mostrar as músicas que tinha escrito e… E eu era sempre a primeira a ouvir? E agora… Você lançou um álbum novo e eu só ouvi quando estava pronto. Eu… — As lágrimas começaram a correr por seu rosto, sem que conseguisse controlar. Deixei meu violão de lado e, antes que eu pudesse me aproximar, ela continuou: — Quando isso mudou? Quando a nossa relação virou… Virou isso que a gente vive? Quando você parou de tocar para mim?

Eu a puxei com delicadeza para meus braços, deixando seu corpo entre as minhas pernas, enquanto eu sentia suas lágrimas molharem minha camiseta. Mexi no cabelo dela e respondi, pausadamente:

— Eu não sei, Mich… Mas não está tarde para mudar. Tudo pode voltar ao normal. 

— Eu amo ouvir você. — Ela disse, me surpreendendo um pouco. — É uma das coisas que eu mais amo em você e isso não acontece mais…

Eu a afastei de mim, deixando seu rosto e o meu no mesmo nível e disse, olhando fundo em seus olhos:

— Eu vou tocar o quanto você quiser, querida. Eu vou tocar até meus dedos sangrarem se você pedir…

Michelle deu um sorriso e respondeu:

— Não exagera, Brian. 

Eu comecei a rir e ela me acompanhou, secando as lágrimas do rosto. 

— Eu só quero que isso tudo acabe. — Comentei, encostando minha testa na sua.

Ficamos alguns minutos daquela maneira, em silêncio, ouvindo a respiração do outro, até que Michelle segurou minha nuca e me beijou delicadamente. Quando ela começou a se afastar, eu segurei seu rosto com uma das mãos e a puxei novamente em minha direção, beijando-a com mais energia. O beijo dela era familiar, como um porto seguro e era tudo o que eu precisava naquele momento, mas não consegui deixar de pensar no quanto o beijo de Jenny era diferente, no quanto os nossos lábios eram mais compatíveis, enquanto que o de Michelle era menos caloroso, porém menos agressivo também. Me afastei dela balançando a cabeça, enquanto tentava tirar Jenny da minha cabeça. Porque eu simplesmente não conseguia parar de pensar nela?

Então, resolvi perguntar para a minha esposa, na esperança de que aquilo a animaria um pouco mais e me fizesse esquecer aquela garota que teimava em voltar para os meus pensamentos:

— Você quer ir jantar hoje? — Coloquei uma mecha de seu cabelo loiro atrás de sua orelha e continuei: — E depois, de repente, a gente possa ficar um pouco junto. Faz tempo que…

— Quero. — Ela respondeu sorrindo, sem me deixar terminar a frase. 

Eu sorri em resposta e a beijei, com uma pequena esperança de que talvez aquele episódio no Brasil fosse esquecido e eu pudesse seguir em frente com a minha vida. 

Mal sabia eu o quanto estava errado.

 

“Thank you, God for giving me the insight

So I might make these wrongs right

If and when there ever is a next time.”

(“Obrigado, Deus, por me dar o discernimento

Assim eu posso fazer destes erros acertos

Se e quando houver uma próxima vez.”)  

 

O garçom se aproximou de nossa mesa segurando a garrafa de vinho que eu pedira. Me mostrou o rótulo e serviu um pouco em minha taça, para que eu provasse. Fiz movimentos circulares, sentindo o aroma que vinha da bebida e dei um gole pequeno, logo depois pedindo que ele servisse Michelle. Enquanto isso, percebi que minha esposa me observava com um olhar divertido no rosto. 

— Que foi? — Eu perguntei quando o garçom se afastou, tomando mais um gole do vinho tinto. 

— Se o Brian de vinte anos visse o Brian de trinta e cinco fazendo tudo isso para tomar um gole de bebida, provavelmente iria quebrar a garrafa em sua cabeça. 

Rimos juntos e eu lembrei do quanto eu era preconceituoso com os ricos que faziam o que eu chamava de “frescura” naquela época. 

— Eu era muito chato. — Eu disse, esticando o braço para segurar a mão de Michelle.

— Era? — Provocou ela e eu revirei os olhos em resposta. 

Ficamos um pouco em silêncio, enquanto eu acariciava sua mão e a aliança que ela carregava.

— Lembra quando começamos a namorar? — Perguntei, fazendo Michelle sorrir.

— A gente escondeu de Valary por muito tempo. Eu não queria que ela soubesse de jeito nenhum… — lembrou ela — Eu nem lembro direito como todos eventualmente descobriram.

— Zacky foi o primeiro. Ele percebeu quando demos uma das nossas “escapadas”. 

Michelle riu, lembrando de todos os lugares inusitados que encontrávamos para fazer sexo e todas as desculpas que tínhamos que inventar. 

— Jimmy também sabia? 

— Ele sempre soube. — Comentei — Eu contava tudo para ele… Sabia que eu sentia algo por você, mas ele dizia que eu era muito retardado para um relacionamento sério. 

Michelle deu um sorriso triste, como sempre fazia quando nosso amigo era mencionado na conversa, era um assunto muito dolorido, mesmo depois de vários anos. 

— Acima de tudo… Éramos muito amigos. — Disse ela, tomando um gole do seu vinho — Nós gostávamos muito da companhia um do outro…

Não deixei de notar que ela usara o passado, como se não gostássemos mais de ficar juntos e eu não pude deixar de refletir sobre isso. Felizmente, logo nossos pratos chegaram e o assunto da conversa mudou para o quanto deliciosa estava a comida. Mas, mesmo assim, aquela questão continuou na minha mente: “se não somos mais amigos, por que ainda estamos fazendo isso?”

 

Tateei a maçaneta da casa sem enxergar nada, com o corpo de Michelle entre o meu e a porta. Minha mão tremia enquanto eu tentava achar a fechadura e minha esposa beijava o meu pescoço, segurava meus cabelos, tornando praticamente impossível se concentrar para tentar realizar a simples tarefa de destrancar a porta.

Quando finalmente consegui, Michelle deu um suspiro de alívio e entrou em casa, automaticamente se livrando dos sapatos e se virando para mim, com um sorriso sedutor no rosto. Fazia tanto tempo que eu não a via daquele jeito, que era quase como um anestésico, vê-la feliz e me desejando. Eu a puxei para os meus braços, faminto por seu beijo e segurei seus cabelos enquanto nossos lábios se encontravam. Tentei lembrar da última vez que fizemos sexo e não consegui, apenas ciente de que aquilo não acontecia a muito tempo. 

Enquanto caminhávamos até o quarto, demos um jeito de nos livrar das roupas que vestíamos. Deixando um rastro de calças, blusas e sapatos pelo caminho. Quando entramos em nossa suíte, Michelle me puxou até a cama, vestindo apenas calcinha e sutiã, enquanto já tentava tirar a minha cueca, única peça de roupa que eu vestia. A saudade daquilo e a urgência que sentíamos foi grande o bastante para pularmos todas as preliminares e, em alguns minutos, eu já a penetrava com toda a energia que podia. Não demorou muito para que chegássemos ao clímax juntos e eu sentisse ela se contrair em volta do meu membro, enquanto eu me derramava dentro dela. 

Em algum momento, não sei exatamente quando, minha mente transformou Michelle em Jenny e a única coisa que eu conseguia imaginar era que ainda estávamos juntos, naquele quarto de hotel. Tentei repeli-la de minha mente, mas não consegui e ela só foi embora quando eu, suado e relaxado, me joguei ao lado de minha esposa, que também ofegava. 

Jenny voltou para os meus pensamentos novamente, enquanto eu tomava banho. A única coisa que passava pela minha cabeça, em uma espécie de pergunta silenciosa que eu gostaria de fazer para aquela garota que estava a quilômetros de distância era: “Por que você apenas não vai embora?”

 

“An injury I’ll cause with my own fist it

It seems to me to be slightly masochistic.”

(“Um machucado que eu vou causar com meu próprio punho

Parece para mim ser levemente masoquista.”) 

 

Abri os olhos lentamente, sentindo a claridade me cegar, vinda da janela aberta. Eu já podia imaginar que Michelle não estaria do meu lado, porque ela sempre abria as cortinas quando levantava. Confirmei minhas suspeitas ao rolar pela cama e levantar a cabeça, me apoiando nos cotovelos. Encontrei um papel, cuidadosamente dobrado colocado em cima do travesseiro de minha esposa e, curioso, li o que estava escrito. Era um bilhete dela, avisando que fora na academia com Valary e que voltaria depois do almoço. 

Demorei um tempo para conseguir levantar e fui ao banheiro, caminhando lentamente. Depois, pensei em voltar para a cama, mas decidi fazer algo melhor. Fui até o bar, peguei um copo e uma garrafa de whisky, servindo um pouco e pensando:

Brian, hoje isso é tudo o que você vai tomar.”

Deitado em minha cama, com o copo já vazio ao meu lado, eu desejava tomar mais um pouco, mas sabia que se não resistisse, não iria parar até que aquela garrafa acabasse. Com um pouco de raiva e sem pensar muito no que eu fazia. Peguei o whisky, praticamente cheio e procurei por mais algum, que estivesse escondido nos armários. Não encontrei, aquele era o último. 

Levei a garrafa até a cozinha e, jogando a tampa em qualquer lugar, virei a bebida na pia, sentindo uma dor no peito enquanto o barulho do líquido escorrendo pelo ralo preenchia o ambiente. Fazer aquilo foi difícil, mas foi uma das melhores decisões que tomei. Quando joguei a garrafa no lixo, ouvi a campainha tocar e fui vestir uma calça e camiseta qualquer antes de atender. 

Enquanto caminhava até a porta, passei pelas minhas roupas e de Michelle, que tiramos as pressas na noite anterior e ainda estavam jogadas pelo corredor e pela sala. Imaginei que minha esposa deixara ali de propósito, para que eu me lembrasse do nosso momento. Sorri, lembrando do que acontecera, mas ao mesmo tempo tentando repelir Jenny, que já voltara para me assombrar. 

Abri a porta apenas para encontrar Zacky do outro lado, sorrindo e usando um óculos de sol.

— E ai cara? — Perguntou ele, enquanto eu dava uns passos para trás, convidando que entrasse.

— E ai? — Eu disse, fechando a porta. 

— Porra… — comentou ele rindo e apontando as roupas no chão — A noite ontem foi boa?

— Maravilhosa. — Eu disse, fazendo um movimento com o meu quadril para frente e causando gargalhadas em Zacky. — Mas e ai cara, o que veio fazer aqui?

— Vim te levar pra sair, as meninas estão combinando de almoçar juntas e acho que vamos fazer alguma coisa, só os caras. 

Concordei em ir, com medo de que, se eu ficasse em casa, acabasse saindo para comprar mais bebida. Então, pegando um chapéu, um óculos de sol e minhas chaves, sai com Zacky, fechando a porta atrás de mim e deixando todas aquelas roupas no chão.

 

“I’ll destroy everything I love, and the worst part is 

I’ll pull my heart out, reconstruct

But in the end its nothing but

A shell of what I had when I first started.”

(“Eu vou destruir tudo o que eu amo, e a pior parte é 

Eu tirarei meu coração fora, reconstruirei

Mas no fim não é nada a não ser

Uma concha do que eu tinha quando eu comecei.”)

 

POV: Jenny

 

Black Ink Revenge - Automatic Loveletter

“This isn’t making any sense

I was yours the night before this

The smell of your sheets is the reminisce of it.”

(“Isso não está fazendo qualquer sentido

Eu era sua na noite anterior

E o cheiro dos seus lençóis é a lembrança disso.”)

 

Ouvi um apito vindo do meu celular e, relutante, abri os olhos. A janela estava fechada e eu não conseguia adivinhar que horas do dia eram, mas sabia que já devia ser tarde, pois sentia fome. Peguei meu celular, tomando um susto quando vi que recebera uma mensagem de Vinicius. 

Me sentei na cama, desbloqueando o celular e vendo o que ele mandara: dois vídeos, em que eu aparecia no centro da tela, um deles era de noite e eu entrava no hotel e o segundo já era de dia e eu saia apressada pelas portas de vidro, com a cabeça baixa. Logo abaixo dos vídeos, estava uma única frase:

“Que porra é essa?”

Sem responder, deixei o celular na cama e, irritada, me levantei. Fui até o banheiro, na esperança de encontrar algum remédio de dor de cabeça, mas eu já tinha tomado todos. Liguei o chuveiro, esperando que a água quente ajudasse. Antes de entrar, me lembrei da noite anterior, em que eu voltara da casa da Lya, depois de tudo o que acontecera na noite de sexta. Resolvi ficar em casa, bebendo uma boa taça de vinho enquanto assistia à um programa qualquer na televisão. O problema é que eu estava sozinha e tomei a garrafa inteira, resultando em uma boa ressaca.

Me lembro das lembranças perigosas que me acometeram na noite anterior, enquanto eu estava meio bêbada. De todos os palavrões com os quais eu me xinguei, por não ter seguido em frente com Brian. Afinal, por que eu desperdiçara uma chance daquelas? E, agora, eu era só mais uma. Provavelmente ele já se esquecera de mim ou estava puto da vida porque eu o fizera perder tempo. 

O que realmente importava era que eu já tinha afogado todas as minhas mágoas naquela garrafa de vinho e, agora, eu tinha que aceitar que minha vida era aquela e eu tinha que vivê-la. Não ficar presa em um sonho de uma noite.

 

“And oh my God, I drank too much

Laughing while I’m crying so you let them know you’re dying”

(“E ah meu Deus, eu bebi demais

Rindo enquanto choro, para que você deixe eles saberem que você está morrendo.”) 

 

Senti a água quente tocar minha pele e um alívio instantâneo percorreu meu corpo. Lembrei da reação das minhas amigas quando contei tudo o que tinha acontecido e, como esperava, elas me insultaram de todos os nomes possíveis por minha culpa em relação à Michelle. Depois continuamos conversando enquanto almoçávamos, eu adorava cozinhar e geralmente era a responsável pelas refeições quando estávamos juntas. Por volta das duas da tarde, Sofia olhava o instagram, quando deu um grito estridente e me chamou para ver seu celular. Eu assisti aos dois vídeos em que eu aparecia, lembrando de ter visto alguém filmar enquanto eu entrava, mas por mais que eu tenha pensado, não conseguia lembrar de ninguém na porta do hotel quando eu saí. 

Pensei novamente na mensagem de Vini e, imaginei, que ele perguntara aquilo à pedido de Luis. Eu pude imaginar meu ex-namorado puxando os cabelos de raiva e dando um de seus chiliques só de me imaginar conversando com os caras da banda. Se existia alguém no mundo que odiava Avenged Sevenfold, essa pessoa era Luis Cardoso. 

E então, senti um ressentimento por Vinicius. Se ele dizia que eu não precisava me afastar dele por causa do rompimento, por que ele continuava agindo contra mim? Por que ele insistia em fazer o que o amigo mandava, tentando descobrir o que eu estava fazendo, com quem eu estava saindo? A verdade era que o amigo que eu tinha desde o jardim de infância, me trocara pelo cara que me obrigava a trocar de saia se ele não gostasse da que eu estava usando.

 

“Why don’t I know you anymore

The color of your lips are red

And I swear I never wear lipstick.”

(“Porque eu não te conheço mais

A cor dos seus lábios está vermelha

E eu juro que nunca uso batom.”)

 

Sai do banho, colocando uma toalha na cabeça e, antes de me trocar, peguei o celular. Ignorei a mensagem do meu ex melhor amigo, determinada a não responder e procurei o numero de Felipe nos contatos.

— Alô? — Atendeu ele, depois de dois toques.

— E ai, Fe. Tudo bem? É a Jenny. — Eu disse, segurando o telefone com o ombro, enquanto vestia a calcinha.

— Oi, Jenny. Tudo bem e com você?

— Tudo ótimo!

— Se tivesse qualquer coisa diferente eu ia estranhar… Só pelas fotos com a banda e por aqueles vídeos, posso dizer que o seu fim de semana foi sensacional. — Disse ele, em tom de deboche.

— Felipe! Cala a sua boca. — Eu disse, fingindo que estava brava — Não vem com essa. Não aconteceu nada. 

— Eu sei. Você é uma santinha. 

— Olha, eu só liguei pra saber se você tá afim de ir no japonês de novo. Aquele dia foi uma delícia. Agora, se vai ficar me enchendo o saco…

— Fechado! — Ele disse por fim, rindo. Desligamos logo depois, marcando que ele iria me buscar as sete. 

Joguei o celular na cama, com um sorriso no rosto. A minha relação com Felipe tinha evoluído bastante, nos tornamos amigos e sem contar aquela primeira noite, nos beijamos só mais uma vez, quando ele me deixou em casa depois do jantar no restaurante japonês. Aquilo não era propriamente um relacionamento e era assim que eu queria, por isso não tinha sentido qualquer culpa de ter beijado Brian, mas não ia contar, aquilo iria ficar em segredo.

 

“I wanted this, I wanted you

I wanted it to last, but you felt through.”

(“Eu queria isso, eu queria você

Eu queria que durasse, mas você falhou.”)

 

— Não acredito que você não pode ir no show! — Eu disse para Felipe, enquanto pegava um sashimi e o colocava na boca. No nosso primeiro jantar, eu descobrira que ele era um grande fã do Avenged Sevenfold e que os vira ao vivo na turnê solo de 2014, mas que não poderia ir no show. 

— Eu quase matei meu chefe para não precisar viajar e poder ir, mas enquanto eles estavam aqui eu estava em Goiás, em uma reunião absolutamente chata. 

— Foi maravilhoso! 

— Por falar nisso… — Disse Felipe, tomando um gole de cerveja — Quero que você me conte tudo sobre aquelas fotos e aqueles vídeos! Como aquilo aconteceu?

Eu comecei a rir, enquanto pensava, aliviada, que já tinha inventado uma história para contar para ele, sem mencionar o beijo com Brian. 

— Foi muito surreal. Cheguei bem cedo naquele dia, consegui ficar na grade, bem perto do Gates. Durante o show todo eu fiquei gritando um monte de coisas para ele e provocando. — Comecei — No fim do show, ele me chamou para o backstage para tirar fotos e foi assim que eu consegui. 

— Ele chamou pra tirar fotos, ou com segundas intenções? — Perguntou Felipe, me dirigindo um olhar safado.

— Nenhuma segunda intenção. — Eu disse. — Principalmente por que as esposas foram na turnê também.

Eu imaginei que aumentar um pouco um fato não seria um grande problema. 

“Então, Matt nos chamou para uma festa que eles fariam depois do show e eu fui. Conversamos um pouco, mas eu não fiquei muito. O problema é que esqueci meu celular na festa e, na hora que eu sai do hotel naquele dia não tinha ninguém na porta me filmando, voltei no dia seguinte para buscar e me filmaram quando eu estava saindo, ou fizeram esses vídeos de propósito para ficar espalhando boato mentiroso.”

— E por que você estava com a mesma roupa? — Perguntou Felipe, com um sorriso engraçado no rosto.

Paralisei por um segundo, pois não tinha pensado naquilo, mas então rapidamente achei uma solução:

— Eu dormi na casa da minha amiga e era a única roupa que eu tinha. — O que não era totalmente mentira. 

Felipe riu e eu fiquei aliviada por ele ter acreditado, a última coisa que eu queria era outro cara me pressionando porque eu achava um guitarrista bonito. Apesar de ele ter me sondado em relação aos vídeos, eu sabia que era normal, principalmente porque minhas amigas também agiram daquela maneira e porque ele também era fã. Mas o que mais me deixou aliviada foi o fato de ele ter feito piada com a chance de Brian ter segundas intenções comigo. Quase cogitei contar a verdade. Quase.

Finalizei a história explicando que eu conseguira entrar no hotel com a credencial e que não encontrara ninguém da banda no dia seguinte. Continuamos comendo e conversando sobre o show e acabamos não muito tempo depois, satisfeitos e de barriga cheia. 

Felipe se sentou no sofá ao meu lado enquanto esperávamos a conta, segurando minha mão. Eu resisti à vontade de me retrair e tentei parecer relaxada. 

— Eu gosto muito da sua companhia, sabe? — Comentei, da maneira mais sincera que pude e demonstrando o quanto eu estava feliz por ele não ter me condenado em relação aos vídeos. A mensagem de Vinicius ainda atormentava meus pensamentos. 

— Eu também gosto da sua. — Ele disse, se aproximando do meu rosto. 

Quando eu fui em direção à ele, para beijá-lo, o garçom chegou com a conta, fazendo com que nós dois se afastássemos rapidamente. Felipe foi para o seu lugar, enquanto eu lembrava, achando certa graça, de que a última pessoa que eu beijara fora Brian Haner. Depois, um pouco apreensiva, me perguntei se eu algum dia superaria aquele beijo e como seria beijar outras pessoas depois de ter experimentado o melhor de todos. 

 

“This is the last time, this is the last fight 

Sunset to sunrise

Morning to midnight

This is my goodbye”

(“Essa é a última vez, essa é a última briga

Do pôr do sol ao nascer do sol

Da manhã à meia-noite

Este é meu adeus.”)

 

Felipe me levou de volta para casa em seu pequeno carro. Ele estacionou na frente da minha portaria e eu me estiquei para beijá-lo. Era o primeiro beijo que eu dava, depois de sentir os lábios de Brian nos meus e aquela lembrança fez meu estômago se encher de borboletas. Não evitei pensar que preferiria estar naquela situação com o meu guitarrista preferido, do que com o cara que eu conhecera em um bar e virara meu amigo. Afastei aquele pensamento e como eu sabia que aquele momento chegaria, não hesitei em perguntar:

— Você quer subir? 

Ele sorriu para mim e desligou o carro em resposta. 

Enquanto estávamos no elevador, lembrei como aquele momento se parecia com o outro dia em que ele subira para o meu apartamento. A diferença, essencial nesse caso, era que quando chegamos no meu andar, naquele dia quase um mês antes, saímos do elevador praticamente atracados e não esperamos chegar no quarto para tirar todas as nossas roupas. Hoje, assim que saímos do elevador eu percebi que nada daquilo aconteceria, porque uma surpresa me esperava na frente da minha porta. Duas surpresas, na verdade.

— Que porra é essa? — Perguntou Felipe apontando para os dois homens parados no hall. A surpresa dele se devia ao fato de que, em um prédio pequeno como o meu, com apenas um apartamento por andar, ele não esperava encontrar ninguém ali, entretanto lá estavam: Luis e Vinicius me encarando como dois touros furiosos.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? — Perguntei, parada na porta do elevador, causando um apito irritante.

— Você trocou a fechadura! — Acusou Luis. Eu percebi que ele segurava uma chave nas mãos e tentava encaixar para abrir a porta, seus olhos estavam arregalados, seus cabelos bagunçados e sua camiseta branca amassada.

— É lógico que eu troquei a fechadura. — Eu avancei, finalmente parando com o barulho do elevador, com a porta se fechando logo atrás de mim. — Você enlouqueceu? O que tá fazendo aqui?

— Jenny, deixa ele conversar… — Disse Vinicius. 

— CALA A SUA BOCA! — Eu gritei, sentindo o sangue subir para o meu cérebro. A raiva que eu sentia era maior que eu jamais sentira, um milhão de vezes maior do que quando eu vira a mensagem de Vinicius naquela manhã. — Como vocês fazem uma coisa assim?! Como você aparecem na minha casa desse jeito? Eu não quero mais olhar pra nenhum de vocês dois. 

— Jenny, quem são eles? — Perguntou Felipe. 

— Aquele babaca que estava tentando arrombar a minha porta é o meu maravilhoso ex-namorado, Luis. — Eu disse, apontando para ele. — Possessivo… — eu dei um passo para frente — Controlador… — Mais um passo — Abusivo… — Eu cheguei ao seu lado e coloquei um dedo em seu peito, empurrando-o contra a parede — Meu ex-namorado Luis Cardoso. 

— Jenny… — disse Vinicius novamente — Ele só precisa saber sobre os vídeos do hotel, por que não respondeu as minhas mensagens?

— Ah, os vídeos. — Eu disse em um tom irônico, virando de costas para Luis, que ficara encolhido na parede e encarando Vini — Eu sabia! Eu sabia que você tinha perguntado porque o desgraçado tinha mandado você fazer… Sabe o que você é? Um fantoche dele! Faz tudo o que ele quer. E ele com a mesma obsessão. O ódio dele por uma banda. Pelo amor de Deus… Só porque, talvez, cinco caras que eu nem conhecia, faziam mais bem para mim do que ele próprio, que estava ali ao meu lado, todos os dias.

— Eu não…

— Eu não terminei, Vinicius! Se vocês querem tanto saber o que aconteceu, eu vou contar… Já que vocês querem tanto saber. 

Eu não estava mais pensando com clareza, andei para longe dos dois, ficando entre o cara que eu estava ficando e as duas pessoas que já tinham sido as mais importantes na minha vida e continuei, sabendo que depois me arrependeria:

“Sabe por que eu estava naquele hotel, e só fui embora de dia? Porque a banda me chamou para uma festa e naquela festa Synyster Gates me beijou, me chamou para o quarto dele e passamos a noite juntos.” Eu disse, atenta à reação de Luis e sem querer ver o que Felipe faria. “Sim, dormi com ele e, surpresa! Foi muito melhor do que qualquer vez que eu tenha feito com você, Luis.”

Os dois ficaram me encarando, com uma expressão que me magoaria antes, se nada daquilo tivesse acontecido: um misto de nojo e decepção.

— Satisfeitos? — Perguntei. 

— Você é… — disse Luis — Eu sempre soube que você faria isso, sempre soube que ia abrir as pernas pra esse cara. Surpresa! Ele não dá a mínima para você. E você deve ter percebido, porque já está com outro cara! Você é uma vagabunda!

Nesse momento, fiquei paralisada enquanto via Felipe pular para cima do meu ex-namorado e acertar um soco bem no meio do seu rosto, atingindo o nariz. Luis voou de encontro à minha porta, segurando o rosto, ao mesmo tempo que Vinicius partia para cima, em defesa do amigo. Felipe e Vini se agarraram, tentando acertar qualquer parte do corpo do outro que alcançassem, até que eu gritei:

— CHEGA! 

Chamei o elevador e disse:

— Eu nunca mais quero ver vocês na minha frente. Vão embora e sumam da minha vida vocês dois! 

Consegui colocar Vinicius e Luis no elevador e, ao mesmo tempo que a porta se fechou, as lágrimas vieram. Comecei a chorar como uma cachoeira e não senti quando Felipe puxou minha bolsa, procurando pela chave. Ele a achou e abriu a porta, me conduzindo para dentro do apartamento. Me joguei no sofá, abraçando as pernas e continuei chorando, sentindo toda a dor me atropelar como um caminhão. 

— Acabou. — Felipe disse, se sentando ao meu lado e passando o braço por meus ombros. — Fica calma, Jenny. Agora tá tudo bem. 

— O que eu falei… De-desculpa. Eu não… Eu… É por causa de Luis que eu tenho tanta dificuldade de me apegar à alguém. E… aquilo sobre o Brian…

— Shhh. — Ele disse, me acalmando. — Eu não preciso de satisfação nenhuma, Jenny. Não sou seu namorado, você não tem que me explicar nada! 

— Mas nem tudo é verdade…

— Não importa! — Ele me interrompeu — Eu não quero saber. Só quero que você fique bem. Você quer que eu passe a noite aqui?

Eu assenti, sem querer falar mais nada, ao mesmo tempo que eu tentava controlar minhas lágrimas. Apoiei minha cabeça em seu colo e Felipe ficou fazendo carinho no meu cabelo, tentando me distrair com assuntos aleatórios. Em algum momento, eu adormeci. 

 

“Breaking my heart

You’re breaking it so hard.”

(“Partindo meu coração

Você está quebrando tão forte.”)


Notas Finais


AI MEU DEUS, e ai o que acharam? ALTAS emoções nesse capítulo.
E DESCULPA pra quem já ama Brinny, porque né... teve Michelle e Brian. NAO ME MATEM! hahahaha
Espero que tenham gostado e COMENTEM, quero muito saber o que acharam.
Enfim, é isso! Prometo que não vou demorar pra postar o próximo!
Beijoos,
Juu


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...