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História Psychosis - C3:: Hallucinate


Escrita por: conjurer

Notas do Autor


Memórias consomem como se abrissem a ferida, eu estou me criticando de novo. Vocês supõem que estou seguro aqui em meu quarto a menos que eu tente começar de novo. Eu não quero ser o único que sempre escolhe as batalhas porque, por dentro, percebo que eu sou o único confuso. Eu não sei pelo que vale a pena lutar ou por que tenho que gritar, eu não sei por que provoco e digo o que não quero dizer. Eu não sei como fiquei desse jeito. Eu sei que isso não está certo. Então, estou quebrando o hábito.
Esta noite. - Link Park/ Breaking The Habit



Boa noite, turma!
Desculpa a demora, estou pesquisando muito antes de escrever essa história para saber do que eu estou falando, entendem? Beijinho pra vocês ♡

Capítulo 4 - C3:: Hallucinate


Fanfic / Fanfiction Psychosis - C3:: Hallucinate


Um ano atrás

Sakura caminhava sobre o meio fio, a expressão alegre em seu rosto angelical, a mão apoiada no loiro ao seu lado, um rosto tão conhecido e amado. Seu amigo de infância. A garota brincava ao dizer-lhe estar em uma corda bamba, seu equilíbrio falhando algumas vezes e causando risadas agudas nele. Os raios de sol brilhavam na pele bronzeada do rapaz, tão iluminado, tão feliz. Seu porto seguro. “Um ótimo dia para sair e pegar um bom ar”, dissera ele. Não aceitaria um não como resposta, e mantinha a testa franzida em preocupação pelo isolamento da menina.

Sua perna falha uma vez sobre o meio fio da calçada e Sakura torceu o tornozelo, caindo em gargalhadas com lágrimas escorrendo dos olhos pela dor que sentia e pelas risadas que dava. Ele agarrou a menina e a puxou para seu colo, abraçando-a e rodopiando pelo meio da estrada, totalmente alheio a tudo, exceto a ela. Sua primeira paixão, sua pequena preciosidade. Iria dizer que a amava naquele dia, tinha que dizer.

Os braços fortes do garoto em torno de Haruno traziam memórias especiais dos dois, a infância travessa que compartilharam juntos. Mais risadas estridentes dos confidentes e amigos para toda a vida.

—“Sakura, eu…”

A luz forte apareceu sem aviso, e a última coisa que a garota sentiu foram aqueles braços apertando-a contra si e a afastando bruscamente em seguida, como quem pegava impulso para jogá-la na outra direção, ao lado contrário da grama da casa, em segurança. O garoto foi arremessado sobre o capô do carro à toda velocidade, caindo a vários centímetros longe do local anterior.

Sakura ficou paralisada, o rosto fixo no filete de sangue que escorria da boca do amigo. O coração batendo freneticamente contra seu peito, o choque estampado em seu rosto.

(...)

— Sakura? – pergunta uma voz rouca, trazendo-a de volta de seu torpor.

Estava sentada em uma poltrona macia de couro negro no pequeno consultório dentro da Clínica de Psiquiatria, os olhos desfocados, perdida em um mundo só seu – onde ninguém tinha a permissão de entrar. Voltou a se focar na sala em que estava, olhando ao seu redor e vendo como tudo estava organizado de uma maneira meticulosa, vários livros com conteúdo psiquiátrico nas prateleiras. 

Avistou uma foto antiga sobre a mesa, onde se encontravam dois rapazes muito novos e extremamente idênticos, mas com idades diferentes. As madeixas de ambos eram negras e longas, um sorriso infantil nos lábios perfeitamente desenhados enquanto olhavam para a câmera, abraçados. Sakura desviou a atenção da imagem, olhando para seus próprios pés. Não prestava atenção no falatório do médico esguio à sua frente, deixando de escutar todas as suas tentativas de fazer alguma pergunta, deixando-o sem resposta ou simplesmente dando-lhe uma resposta monossilábica.

Ela notou uma pequena placa metálica sobre a mesa com os nomes “Dr. Uchiha Sasuke” escritos ali. O homem esbelto sentado do outro lado da mesa demonstrava paciência, o rosto transmitindo-lhe a mesma calmaria do dia anterior.

O remédio entorpecente ajudou Sakura a manter-se alheia às investidas de conversação, causando uma moleza no fundo de seus ossos, uma leve névoa em seu cérebro defeituoso.

— Sim? — Eu perguntei o que aconteceu com seu amigo. O que você mencionou para mim no outro dia.

— E-eu não sei. Eu não me lembro de... nada sobre isso. Não nos vemos há um ano, eu acho. – Sakura franziu a testa, parecendo tentar se concentrar acima do torpor que sentia.

Puxava na memória qualquer lembrança que tinha de Naruto, de repente interessada no rumo da conversa, porém sem conseguir extrair muito de si.

— Quando tento me lembrar dele, só vejo uma luz muito forte... Não faz sentido nenhum. Eu… gostaria de vê-lo. Eu tenho direito a visitas? – a Haruno questionou preocupada, sem olhar para o médico sentado a sua frente.

Agarrou-se ao braço da poltrona com força, em repentina agitação e ansiedade, o coração pulsando mais forte em seu peito. E então veio a lembrança.

Um flash rápido passou por sua mente, e acabou vendo a si mesma com uma faca nas mãos, a escuridão em sua volta enquanto acertou várias facadas no peito de um homem sem rosto. Ela só se lembrava dos cabelos loiros, e o homem gritando enlouquecido, repetidamente: “Por que você me salvou? Por que você fez isso? Por que não me deixou ir? Eu queria morrer!”. A rosada se sobressaltou, dando um pulo na cadeira e voltando para o que acreditava ser o presente.

— Sim, você tem direito a visitas. Todos os finais de semana. Talvez seu amigo venha lhe visitar e poderemos ter uma conversa, sim? – Sasuke lhe sorriu simpático, sem mostrar os dentes. 

Ao perceber o recente transtorno de sua paciente, perguntou:

— Aconteceu alguma coisa? Gostaria de dividir isso comigo?

— Não. Eu gostaria de ir para o meu quarto, na verdade.

— Precisamos conversar sobre as coisas que você vê, Sakura. Senão o tratamento não terá avanço algum. A sinceridade tem que fazer parte das nossas consultas. – Sasuke lhe disse, seu tom de voz sério enquanto apoiava o queixo sobre suas mãos e os cotovelos sobre os joelhos, analisando sua paciente de forma meticulosa.

— Eu preciso ir para meu quarto... – Sakura grunhiu para ele, de repente com raiva. A mudança de humor evidente, outra vez.

A rosada precisava sair dali. Ficar ali não faria bem a ela, algo dizia em sua mente. Precisava entender o que acabara de se ver fazendo...

O Uchiha olhou para seu relógio de pulso. Ainda faltavam oito minutos de sua consulta diária com Sakura. Os orbes esverdeados o fitaram pela primeira vez no dia, parecendo transtornados e confusos, esperando pela dispensa pedida por ela. Porém, ele não o fez.

— O seu colega de quarto, está sendo respeitoso com você? – tentou uma mudança de assunto.

— Estamos ignorando a presença um do outro. – respondeu ela, ao passo que arranhava seu polegar com as unhas, um pequeno tique adquirido há muito tempo pelo nervosismo. Bateu os pés no chão, impaciente.

— E porque estão fazendo isso? – o médico questionou à garota, a testa franzida ao lembrar-se da tarde em que conhecera sua nova paciente.

Hatake Kakashi, seu chefe, dissera que não teria como trocá-la de quarto pela falta de cômodos disponíveis nos últimos dias. Haruno Sakura teria que se manter no mesmo quarto de Pain por tempo indeterminado, causando uma certa preocupação no psiquiatra. Todos os pacientes que passaram por aquele quarto acabaram ainda mais transtornados. Sasuke não queria que ocorresse o mesmo com a rosada.

— Não importa, isso é irrelevante... – respondera entredentes.

A garota de cabelo róseos sentia-se tentada a levantar-se e fugir para seu quarto. Uma angústia crescia em seu peito pelo recente flash, desencadeado sem motivo aparente. “O remédio não devia inibir isso” questionava-se. A vontade de se mutilar crescia junto com o nervosismo da garota, e Sasuke observa cada movimento dela.

— Nada é irrelevante. Preciso que se abra comigo sobre qualquer assunto, para que eu possa entendê-la e ajudá-la melhor, Srta Haruno... – o homem suspirou — Eu só quero te ajudar. Mas você precisa permitir ser ajudada.

“Eu só quero te ajudar”. As falas do Doutor se repetiam várias vezes em sua cabeça, desencadeando lembranças dolorosas na mente confusa de Sakura. O rosto de Naruto apareceu pela segunda vez no dia, os lábios se movendo com essas mesmas palavras: “Eu só quero te ajudar, Sakura-Chan”, o apelido carinhoso que só ele costumava usar e o sorriso quente e acolhedor preenchendo toda a sala para ela. Os braços protetores esticavam-se para a garota, e ela era puxada por uma força descomunal e desconhecida. Para longe dele.

Tudo se apagou, e logo em seguida duas luzes fortes a cegaram temporariamente, um grito alto assustando tanto o doutor quanto sua paciente. Sakura demorou a perceber que o tal grito estridente saíra de sua própria garganta. Quando deu por si, estava de pé e batendo na mesa à sua frente, com toda a sua força, derrubando todo o conteúdo que tinha sobre ela. O porta retrato dos dois meninos caiu e se quebrou em vários pedaços. A gritaria foi ouvida por todo o corredor, fazendo com que duas hábeis enfermeiras entrassem na sala para segurar a paciente sem fora de controle.

Sakura se debatia nos braços das profissionais, ainda gritando como um animal acuado, tentando se soltar do aperto firme. O Uchiha apenas encarou sua paciente com os olhos semicerrados, tentando em vão entender o que desencadeara o pequeno surto. Uma das enfermeiras tirou uma seringa de seu jaleco branco, contendo uma dose do remédio específico para esse tipo de situação. Com muita dificuldade, ela aplicou o líquido no braço da Haruno, que soltou um último grito chamando, um nome. 

— NARUTO! NÃO!!

E a menina amoleceu de imediato nos braços das enfermeiras, apagando.

  — Doutor, vamos levá-la para o quarto agora mesmo. Logo mandaremos alguém para limpar essa bagunça. Sasuke apenas assentiu para a colega de trabalho, sem olhá-la, ainda perdido acerca de seus pensamentos. 

Naruto? Era esse o nome do amigo da garota? A curiosidade instalou-se no moreno, que caminhoi até a janela comprida de sua sala, olhando para fora, os grandes galhos das árvores se debatendo fortemente ao sabor do vento. Algo que disse desencadeou o surto de Sakura, e faria o possível para descobrir o motivo nas próximas consultas. A intuição lhe dizia que Naruto era alguém significativo na história de sua paciente, e talvez um dos motivos de seus transtornos psicológicos.

Suspirou pesado, sentindo-se repentinamente cansado. O homem se virou, com a expressão de anos a mais em seu rosto, caminhando pela a sala até os vidros quebrados ao lado de sua mesa. Pegou a foto caída ali, surrada, e agora um pouco rasgada. Encarou por vários minutos sua versão mais nova junto de seu irmão mais velho. Sentia falta daquela expressão suave no rosto do irmão. A expressão suave que no fim fora substituída por uma sofrida e dolorosa, em sua memória. Sentia falta de tudo nele. Guardava essa imagem como lembrança de quem um dia fora Uchiha Itachi, antes de sua doença ser a sua ruína, levando para o caixão, junto consigo, a felicidade de toda sua família, inclusive de Sasuke. Principalmente de Sasuke.

Itachi era uma motivação ainda maior para o renomado Doutor salvar todas aquelas almas perturbadas com seus estudos psicológicos de anos a fio, algo que não pudera fazer com o irmão. Algo que desejava fazer com Sakura. Prometera para si mesmo e para a lembrança de Itachi que não iria falhar dessa vez, e não falharia nessa promessa. O Uchiha correu até seu notebook, ainda intacto no chão, e o abriu sobre a mesa, sentando-se à sua frente. Espera impaciente o sistema se ligar, até correr ao navegador e digitar um nome na barra de pesquisas da internet:

Naruto.


Notas Finais


Calma. Nem tudo é o que aparece. Lembrem disso, okay? Vejo vocês nos comentários. Novamente desculpe pela demora.


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