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História Psychosocial - Zweite


Escrita por: DarkEvil

Capítulo 2 - Zweite


Fanfic / Fanfiction Psychosocial - Zweite

Já estava ficando escuro. As estrelas começavam a aparecer em meio ao céu de Wisconsin. As ruas começavam a ficar mais movimentadas, todos tinham o intuito de aproveitar sua sexta feira a noite. Talvez eu devesse sair um pouco para curtir. Festas na escola sempre estavam rolando, mas minha presença não era muito desejável. Tudo o que me vinha a mente era comprar uma garrafa de vodca e me enterrar em comprimidos. Já é muito tarde para mim.
Eu continuava a andar lentamente a caminho de casa. Este era apenas mais um dia como qualquer outro, eu chegaria em casa, veria que Elisabeth ainda estava trabalhado, tomaria um longo e demorado banho, iria ler um livro qualquer e por fim tentaria dormir, o que tem sido quase impossível desde que “todos” me deixaram. Sou dramática, não? Bem, me desculpe.

Cansada. Estou cansada. Tanto fisicamente – sinto com cansaço crônico que me faz querer morrer assim que abro os olhos pela manhã – quanto psicologicamente, cansada de me sentir a escória do mundo, uma sombra vagando sem rumo

Eu já me aproximava de minha casa, uma simples casa branca de um andar, era velha, mas foi onde passei toda minha infância e onde eu pretendia ficar até onde fosse possível. Senti um choque contra meu corpo, o impacto não tinha sido grande, mas foi o bastante para me fazer parar de olhar para o chão e prestar atenção ao meu redor. Esbarrei em algo.

Era um senhor de seus setenta anos, seus cabelos brancos denunciavam sua idade. Ele saia uma loja onde haviam muitos livros enfileirados em sua vitrine. Não tinha letreiro algum, mas julguei como se fosse uma livraria. Intrigava-me nunca ter visto este senhor e nem a livraria. Morei por tanto tempo em um lugar que era impossível não conhecer ao menos meus vizinhos.

–Queira me desculpar. – O senhor falou. –Estava muito distraído e não tinha visto você.

Ele usava um sobretudo preto, tinha um sorriso no mínimo estranho. Seu rosto enrugado e senil tinha um ar simpático apesar das circunstâncias – uma noite fria, escura e uma rua quase sem iluminação – Me levantei rapidamente, bati em minhas roupas com o intuito de tirar a poeira que poderia ter ficado presa nela.
O senhor continuava a minha frente, me olhando desconfiadamente.

–Eu que peço desculpas... –Percebi que ele havia deixado cair alguns livros. Abaixei-me para pega-los. Ele fez o mesmo.

Não trocávamos palavras, nem nos olhávamos, apenas recolhíamos os livros pelo chão. Por mais que o choque com a pessoa a minha frente tivesse me deixado alerta eu permanecia distraída, meio catatônica –Não que isso fosse algo novo e muito menos fugaz –Os livros iam se acabando e se amontoando em meio aos meus braços, que iam ficando mais pesados mesmo eu estando apoiada sobre minhas pernas, o que deixava meus membros superiores descansados sobre meus membros inferiores.

Nada me parecia fora do normal, nada me parecia interessante. Um único livro sobrou para ser recolhido. Os frágeis braços do senhor, cujo nome ainda não havia me dito, me pareciam cheios. Meu excesso de bondade –ou meu grande egoísmo e falta de modéstia – fez com que eu pegasse o livro de capa marrom escuro, quase preto que restava.

Nos levantamos. Tinha esperanças de que ele fizesse um pequeno esforço, pegasse de alguma forma os livros que eu segurava e me deixasse ir, como se nada tivesse ocorrido e que aquele fosse somente mais um evento costumeiro. Mas não. Ele apenas me olhou, sorriu e começou a andar de volta para dentro da loja como convite para eu fazer o mesmo.

Minha ironia habitual me deixava com uma incrível vontade de suspirar e revirar olhos, mas havia me prometido ser alguém melhor, alguém que não fosse tão “nojentinha” e egocêntrica – algo que eu esperava nunca ter sido ou nunca ser – segui a pessoa a minha frente por um pequeno retângulo onde haviam várias estantes de madeira, amontoados de livros que faziam montanhas por meio do lugar e ao final um balcão com uma cafeteira, uma caixa registradora e alguns papeis.

–Você pode colocar os livro aqui em cima –Disse o senhor apontando para um espaço vazio no balcão.

Eu o fiz. Quando coloquei os livros onde ele havia indicado e me deixei aproveitar o momento em que meus braços voltavam a ter sua circulação sanguínea contínua. Olhei para as montanhas de livros a minha volta. Olhei para a pequena montanha de livros que estava ao meu lado com o livro marrom virado para cima, onde lia-se “Urban Legends”. Lendas urbanas... Algo que eu não via há muito tempo.

– Eu sou novo aqui na cidade. Acabei de me mudar pra cá. A propósito, meu nome é Sebastian. –O senhor que agora tinha um nome falou. Não um “obrigado”, não um “foi muita gentileza sua me ajudar”, apenas isso.

– Sou Angel... Acho que sou sua nova vizinha... –Disse meio sem jeito.


– Aceita um chá? Acabei de fazer e... – Eu o cortei.

– Não, obrigado. – Dei meu melhor sorriso – Na verdade está tarde e eu tenho mesmo que ir.

O que era totalmente verdade, mas tinha que considerar que a presença de um quase completo estranho –Eu sabia seu nome e sua profissão. O que não era muita coisa, uma assassino poderia chegar em qualquer um e falar “Oi, eu sou Gregory e sou um assassino, agora se me permite, vou te matar”, fim. Sua vida foi tirada por um meio estranho, o que no momento o Sr. Sebastian era para mim.

Sr. Sebastian sorria e balançava a cabeça como se compreendesse minha situação.

– Bem, se já vai, leve isto com você. –Ele me entregou um livro, o “Urban Legends”, o mesmo que eu havia visto –Tenho que fazer propaganda da minha livraria não é? –Soltei um riso de leve.

– Ham... Muito obrigada Sr. Sebastian.

– Não há de quê. Volte aqui qualquer dia. Gostaria de ter alguém para conversar. – Ele se virou e olhou para a pilha de livros ao seu lado com um sorriso morto – Não existe beleza sem um pouco de estranheza, não é?

O que era aquilo? Edgar Allan Poe? Sr. Sebastian era mais gagá do que eu julguei. Então assenti e me virei andando em direção à porta com o livro em mãos. Eu gostava de ler, ele ter me emprestado/dado/vendido aquilo não era de forma alguma um fardo. Não é algo comum, tenho que confessar, mas Sr. Sebastian aparentemente fazia papel de “bom vizinho”, e isto é algo que precisamos por aqui.

Sem perceber, cheguei em casa. Tudo ainda estava escuro. Elisabeth não havia chegado. Destranquei a porta e entrei. O silêncio era renovador e a brisa que entrava pela janela trazia um ar nostálgico. Então percebi novamente. Algo que tem sido muito comum de uns dias para cá. Uma sombra. Eu não estava completamente sozinha.


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