FLÁVIA
Já fazia quase uma semana que eu e Otaviano decidimos fazer isso dar certo, ele ainda estava em São Paulo, nós nos falávamos todos os dias. Quero logo ele aqui, quero apresenta-lo para a Jujuba, pra minha família até. Não foi um pedido oficial de namoro, mas sinto que é um relacionamento bem sério. Pensando nele, ele me mandou “Bom Dia!” e eu esqueci de responder.
— Você volta quando? Já estou com saudades. — respondi.
— Só estou resolvendo umas coisas com a minha mãe e com a rádio, devo voltar amanhã a noite. — ele me responde imediatamente.
— Sua mãe deve estar me odiando, né? Se você quiser ficar por aí, eu não vou te culpar, ok? A gente da um jeito de se ver, ou sei lá. — falo sinceramente.
Claro que eu ficaria extremamente triste, até porque esse novo sentimento que esta crescendo em mim, é tão maravilhoso que não quero abrir mão. Mas não posso ser egoísta e fingir que uma pessoa largar o emprego, largar o estado por mim, é pouca coisa.
— Não, Flávia. Ela disse que eu estou certo de correr atrás do que eu quero. E que caso algo dê errado, ela estará de braços abertos pra me receber. E… Que quer conhecer a mulher que esta roubando meu coração.
Incrível como ele sabia as palavras certas pra me dizer. “Roubando meu coração” Aí, meu querido. Como eu queria ter coragem de dizer que é recíproco, ou melhor, que ele já havia roubado. Que nesse exato momento, meu coração estava a 357,65 km de distância.
— Nada vai dar errado!
— Que sorrisão é esse?
Sou tirada do meu devaneio com a pergunta da minha mãe.
— Oi mamãe! Nem te vi entrar. — levanto do sofá para abraça-la.
— Eu sei que não. Estava entretida no celular, sorrindo atoa. Quais são as novidades da vida da minha caçula? — depois do abraço ela se senta ao meu lado.
— Eu estou meio que namorando.
Revelo e conto tudo para minha mãe. Minha relação com a dona Rachell era maravilhosa. Eu sempre brincava dizendo que ela é a segunda melhor mãe do mundo, pois, a primeira sou eu. Ela é minha maior inspiração, tudo que eu sou hoje é por causa dela. Meu jeito de educar a Giulia, é totalmente por tudo que a minha mãe me ensinou. Ela sempre foi muito minha amiga, sempre confiei mais nela que tudo, sempre contei todos os meus namoros. Então, com o Otaviano não poderia ser diferente.
Passamos a tarde toda nessa folguinha, a Jujuba ficou com a gente tamanha, assistimos desenhos, fizemos brigadeiro. Eu amava ficar assim com a minha família, era a minha definição de felicidade e estou louca pra poder reafirmar isso com ele.
— Amor, a mamãe precisa conversar contigo.
Já eram oito horas da noite quando decidi que deveria conversar com a minha filhota. Mais cedo havia falado com minha mãe sobre isso e ela disse que eu deveria ser sincera com a Giulia, afinal, a vida dela também será afetada com esse relacionamento e eu realmente espero que seja de um jeito bom.
— Então, Jujuba. Quando a gente cresce, a gente namora. Eu namorei o seu pai, não deu certo, a gente se separou, mas esta tudo bem. Temo uma filha linda. — ela sorri pelo elogio. — E eu conheci um moço, o nome dele é Otaviano.
— E vocês estão namorando. — ela conclui.
— Isso, meu amor. Esta tudo bem pra você? — ela afirma com a cabeça.
— Quando vou ver o Tiano? — ela pergunta sorridente.
— Em breve. — sorrio e me deito com ela em sua cama.
Foi mais fácil do que eu imaginei, graças a Deus.
Incrível a inteligência de uma menininha de seis anos.
Agora tudo que eu mais quero é que ele chegue logo. Quero avançar no nosso relacionamento, quero entender todo esse sentimento. São milhares de coisas que eu quero realizar com ele, e o mais maravilhoso é saber que eu posso querer porque não são coisas mirabolantes, então eu vou conseguir ter mais esse complemento na minha vida, na minha cama, no meu coração, na minha felicidade.
— Já falei com a Jujuba. Chega logo, ok? Já esta tudo dando certo. — envio uma mensagem pro Ota.
— Como ela reagiu?
— Perguntou quando vai conhecer o “Tiano”.
— Aprovado pela enteada, estou indo bem então!?
— E pela minha mãe, conversei com ela hoje também. Ela chegou quando estávamos nos falando, perguntou do que tanto eu sorria.
— Meus pais me fazem a mesma pergunta quando estamos nos falando. O que você está fazendo comigo, loirinha?
— Espero que o mesmo que você está fazendo comigo.
Ele manda mais alguma coisa, mas não leio. Giulia estava se remexendo muito na cama e choramingando.
— Filha, acorda. — balanço ela e ela acorda aos prantos me abraçando forte.
— Que foi, Giu? — acaricio as costas dela. Ela soluçava.
— Calma. Foi só um pesadelo. — tento acalma-la mesmo sem saber do que se trata.
— Eu não quero que você morra. — ela fala entre soluços.
— Como assim, querida? Não vai acontecer nada comigo.
— Eles falam que você é igual a Cristina, que você é má e deveria morrer como ela. — revela.
— Eles quem?
— Os alunos da escola.
— É tudo mentirinha, meu amor. Você teve um pesadelo com isso? — tento entender.
— Não. Eles falaram na escola. — ela revela.
Isso é preocupante e talvez a pior parte do meu trabalho, o efeito que causa na minha filha. Apesar dela entender perfeitamente, não posso controlar o que dizem e muito menos como isso chega aos ouvidos dela.
— Esquece isso. Eles não sabem que é tudo fingimento, um dia eles saberão e não vão falar bobeirou.
— Eu sonhei que você tava morrendo, mamãe.
— Não vai acontecer nada. — digo olhando nos olhos dela. — Eu estou aqui, olha. — acaricio o rosto dela secando as lágrimas da minha princesa. — Esta tudo bem comigo e tudo bem com você.
— O Tiano vai te proteger? — ela me pergunta olhando em meus olhos, com as mãozinhas no meu rosto.
— Vai, meu amor. Ele vai.
Confortável com a minha resposta, ela se deita e depois de alguns minutos, volta a dormir tranquilamente.
Eu não preciso de proteção, mas se minha filha precisava disso pra ficar mais tranquila, tudo bem. Quando ela crescer entenderá o verdadeiro significado de um relacionamento.
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