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História Puer Magi Makoto Mágico - Você outra vez - parte I


Escrita por: vccotrim

Notas do Autor


Boa tarde.
Desculpem a demora pro primeiro capítulo. Sei que não tem como julgar nada só pelo prólogo, mas aqui está agora e espero que gostem. Acho que é só isso por hoje, ainda tem muitas surpresas mais para frente com os novos elementos que falei que iria adicionar.
Boa leitura.

Capítulo 2 - Você outra vez - parte I


Pipipi pipipi pipipi 

O despertador tocou após uma longa noite de sono, sob as cobertas ele se revirou tentando mudar a posição para voltar a ficar confortável, porém não conseguiu dormir com o apitar incessante do aparelho. Tentou cobrir a cabeça com o coberto, mas de nada adiantou. Prensou os ouvidos entre os travesseiros, somente serviu para abafar o som irritante. 

- Droga... – resmungou infeliz esticando a mão para o criado-mudo em busca do aparelho, batendo no abajur e livros antes de achar o celular e desligar a função de despertador. Encarando o visor do aparelho observou o horário, seis da manhã. 

Seus olhos estavam pesados, a cama convidativa, podia sentir o sono o embalando aos poucos novamente, seu toque suave o empurravam com gentileza seu rosto contra o travesseiro, como uma mãe gentil ajeitava as cobertas para ficarem quentes e confortáveis, e o colchão ficou macio ao ponto de ele se sentir flutuando. Como negar um tratamento desses? É claro que ele iria respeitar a decisão do anfitrião e seguir sua viagem no mundo dos sonhos, nem se lembrava mais a razão para ter armado o despertador, deve ter sido alguma confusão, um erro bobo. Ah... Viver em meio a mudança até que é bom, dá pra tirar longas sonecas. 

- Filho, acorda, tem que se arrumar pra escola – alertou uma voz do outro lado da porta enquanto batia na mesma. A maçaneta girou e uma fresta foi aberta. A jovem mulher de trinta poucos anos e longos cabelos escuros colocou a cabeça para dentro do ambiente e encarou seu filho ainda jogado sob os lençóis. – Rei, assim vai acabar se atrasando no seu primeiro dia de aula, melhor acordar. E já tem o problema de estar se transferindo no meio do trimestre, precisa repor as matérias perdidas e se engajar da atual o máximo que der. Entendido? 

- Ãh-hã... – ele concordou ainda sonolento de sob as cobertas. 

- Bom mesmo, se não eu mesma te arranco daí e você vai pra escola de pijama. 

E assim o dia começa para Rei Toujou. 

Sentando na beira da cama se espreguiçou e bocejou antes de finalmente começar a se arrumar para seu primeiro dia na escola pública da cidade de Mitakihara, uma das melhores da região. Não tinha visto nada sobre antes mesmo com a insistência dos pais, simplesmente deixou tudo nas mãos deles, não estava animado o suficiente para procurar uma nova escola. No começo da mudança ainda estava muito ligado a Paris, a cidade luz, onde passou bons anos da sua vida, ali era onde fora criado, construiu uma vida entre amizades e aprendizado, e foi obrigado a deixar tudo de lado no meio do ano para se mudar pra um país completamente estranho onde não tinha qualquer laço emocional. Foi um período conturbado para todos da família, os pais ficaram estressados com ele por toda sua rebeldia em recusar a mudança, mas também não era como se tivessem opção, sua mãe, Yumi Toujou, tinha recebido uma promoção da empresa em que trabalha para subir de cargo e gerenciar uma das filiais no Japão. Era uma grande oportunidade que não podia set perdida, Rei entendia isso, mas não pode deixar de sentir essa revolta. 

O importante é que tudo se resolveu no fim. Sendo a mudança algo inevitável ele não pode deixar de procurar aceitar e se conformar, teria que começar tudo do zero, mas era o fim, sempre teve facilidade para conhecer gente nova, além de ter sido o garoto mais popular no antigo colégio, com certeza conseguiria arrumar as coisas aqui. Um bom banho e dentes limpos são uns dos segredos para o sucesso. Seria melhor se não estivesse tão cansado. 

“Não sabia que os sonhos afetavam tanto assim” – pensou enquanto se enxuga. 

Apesar de ser somente um fruto da sua imaginação os acontecimentos pareceram bem reais. O corpo morto dele foi o detalhe mais chocante. Dizem que quando você morre em um sonho acorda automaticamente, pois o cérebro não tem informações sobre como é a experiência pós-morte, encerrando ali e despertando. Contudo, o caso que passou foi totalmente diferente, ali ele estava morto e soube como era a experiência, era como estar preso em um grande vazio, não estava ali e nem aqui, era um prisioneiro invisível, uma alma que não pôde nem subir ao céu ou descer pro inferno, fora obrigado a atuar como um observador distante, um mero espectador. E aquele garoto estranho... Se lembraria com toda certeza se visse um moleque ruivo, mas nada lhe vinha a cabeça, ainda mais quando pensou na criatura branca de olhos escarlates, nunca vira algo igual. A dor, o sofrimento e o terror que o garoto sentia foi real, foi um sentimento profundo que fazia seu coração doer de compaixão. Jamais poderia compreender o que ele sentia de verdade. E a garota devorada viva... Sentiu enjoo só de se lembrar, foi chocante demais, vívido demais, não era algo para se lembrar logo de manhã. Fora todo o ambiente em que o sonho de passou, parecia com Mitakihara, só que mergulhada na forma mais desordeira e brutal do caos com um deus comandando toda o espetáculo tráfico de desgraça e morte. 

“Quem eram aquelas pessoas?” – se perguntava. Foram coisas muito específicas para não se lembrar, a forma como agiam e se comportavam mostraram terem uma familiaridade entre eles. E o garoto que o abraçava, a dor e desespero dele por sua morte... 

Dando um tapa nas bochechas procurou sair do devaneio. Não adiantava ficar pensando sobre, já haviam explicações plausíveis sobre estranhos que aparecem nos seus sonhos e que os acontecimentos são apenas uma projeção exagerada das experiências no dia a dia, talvez fosse algo em relação a mudança de país e as garotas e o moleque somete pessoas aleatórias com quem cruzou em um qualquer dia ordinário. 

- Exatamente – falou em voz alta encarando seu reflexo no espelho. – É um novo dia, não adianta ficar pensando em coisas idiotas, vamos com tudo pra cima da escola. 

Pegando a mochila sobre a cadeira da escrivaninha, saiu do quarto e desceu para a copa. 

- Bom dia mãe – falou dando um beijo no rosto da matriarca. 

- Por um momento pensei que teria que te arrancar de lá seriamente – ela respondeu risonha e devolvendo o beijo. 

- Bom dia pai – falou indo até seu pai que terminava de preparar o café da manhã. 

- Dormiu bem? – ele perguntou ao filho. 

- Mais ou menos. 

Rei sentou-se à mesa e esperou os pratos serem servidos. O aroma que vinha do fogão era delicioso, os temperos sobre a bancada não deixavam mentir, seu pai tinha um dom natural para culinária, ele podia fazer qualquer coisa com qualquer tempero que suas mãos mágicas faziam dar certo. Por isso fora um grande cozinheiro na em Paris. Seu restaurante fazia bastante sucesso por lá, apesar de não ser um negócio gigante cheia de filiais espalhadas pelo continente, o ambiente ficava bem localizado em um dos bairros turísticos e atraía todos os tipos de pessoas, também era reconfortante, não tinha como entrar lá e não se sentir acolhido, era como se todos os membros da cozinha até os garçons e a hostess faziam fossem uma grande família recebendo um membro querido que voltava de uma longa viagem. 

O café foi servido e os olhos de Rei brilharam quando focalizaram seu prato preferido, dorayaki, panquecas japonesas recheadas com pasta de feijão doce, com direito a uma cobertura de caramelo, e alguns biscoitos doces. A melhor overdose de açúcar que poderia ter logo de manhã. 

- Um presente para o primeiro dia de aula – seu pai respondeu se sentando na cabeceira da mesa, de frente pra esposa. – Mas conte filho, teve algum pesadelo? 

- Acho que sim... – respondeu meio incerto. Não sabia se pesadelo era a melhor forma de descrever o que sonhou, também não era algo que não pudesse ser classificado como um. – Foi um sonho muito estranho, não sei dizer. 

- É normal ter sonhos estranhos – rebateu sua mãe mordendo sua torrada com ovo cozido. 

- Eu sei, só que pareceu real demais. Tudo nele foi como se já tivesse acontecido antes. 

- Talvez tenha sonhado algo semelhante antes – respondeu seu pai. – Normal termos alguns sonhos parecidos. 

- Exatamente – continuou sua mãe. – Além de quê, se tudo que vivêssemos nos sonhos fosse real, nossas vidas seriam cheias de aventuras. Não acredito, vou chegar atrasada! 

Ela se levantou apressada correndo para pegar a bolsa sobre o balcão da cozinha e voltou para se despedir do filho e marido. 

- Me desejem boa sorte! 

- Boa sorte! – os dois responderam. 

O pai de Rei se juntou ao filho na mesa. 

- Mais alguma coisa que queira falar sobre esse “pesadelo”? 

- Não... – respondeu um pouco incerto. 

- Bem, sinta-se à vontade quando quiser voltar no assunto quando quiser – respondeu seu pai antes de checar o relógio de pulso. – Bem já está na hora de irmos. Pronto pro primeiro dia de aula? 

 

Rei do carro do pai na entrada da escola acenando para ele enquanto o observava se afastar. Como Rei e sua mãe, seu pai teria um dia bem atarefado, desde que chegaram em Mitakihara estivera pensando na possiblidade de abrir um restaurante novo na cidade que trouxesse um pouco da culinária estrangeira e revigorasse a culinária local adicionando um novo sabor. 

Durante o caminho acabaram que não conversaram mais sobre o sonho, na verdade Rei o deixou falar sobre sua nova empreitada, era bom ver como ele estava animado com aquilo, mesmo achando entediante ter que olhar local por local e todo o problema das papeladas, era um novo começo e queria fazer de tudo para dar certo novamente. Talvez devesse fazer igual ele e repensar no recomeço como algo bom, era um novo lugar, novas pessoas, poderia deixar a experiência terrível de convivência que teve com algumas pessoas na antiga escola e adquirir uma nova, teria bons amigos, seria um ótimo aluno, seria uma pessoa melhor. 

"Isso aí" – pensou se sentindo revigorado. 

Jogando a pasta por sobre o ombro, entrou com o espírito revigorado estufando o peito e abrindo um sorriso confiante. Para começo de conversa não parecia ter muito com o que se preocupar, a entrada da escola era um lindo com cerejeiras próximas a um riacho artificial à sua esquerda, o ambiente bem estruturado e harmonioso, o caminho era composto por paralelepípedos brancos. Mais à frente estava o edifício da escola, a fachada era trabalhada em vidro e ferro fundido, não dava para ver o lado de dentro, mas a superfície espelhada refletia lindamente o céu, prendendo um pedaço dele na terra. 

- Não tem como começar mal assim! – exclamou se sentindo ainda mais confiante, entrando com os outros alunos na escola. 

Por dentro a escola chamava ainda mais atenção, todas as salas tinham paredes de vidro transparente, dando para ver tanto do lado de fora quanto por dentro, mas isso facilitava a caminhada por seus corredores, não demorou para chegar na sala da turma A do terceiro ano. Os alunos lá dentro ainda se encontravam descontraídos conversando e rindo comentando sobre o que fizeram no fim de semana e outras fofocas, aproveitando o tempo que o professor ainda não chegava. Rei ficou parado do lado de fora sem saber ao certo o que fazer, não queria entrar agora para não chamar atenção, mas também não queria ficar plantado esperando. Felizmente, atendendo suas preces, o professor chegou lhe dando um aceno e um sorriso amigável. 

- Um dos alunos novos – o professor falou lhe estendendo a mão. 

Rei respondeu ao gesto. 

- Tem outro também? – perguntou um pouco surpreso, não esperava que houvessem outros alunos que se transferiram fora do período comum. 

- Sim, você tem um colega novato, mas parece que está atrasado – o professor respondeu seguido se um longo suspiro. – Bem, qual o seu nome? Já vamos introduzindo você primeiro, assim que o outro chegar apresento também. Qual o seu nome? 

- Rei Toujou. 

- Um nome bonito Toujou-kun. Bem, espere um pouco aqui, irei te chamar daqui a pouco. 

Enquanto o professor entrava para começar a aula, Rei ficou esperando balançando o corpo pra frente e para trás. Durante o cumprimento alguns alunos espiavam de rabo de olho pelo vidro para observar o novo aluno, deixando-o um pouco desconfortável, não teve como não notar a curiosidade de todos pesando sobre ele, estava se sentindo como um peixe sendo observado por um bando de patos no lago esperando o momento certo de atacar. 

- Droga, não acredito que estou atrasado de novo. 

“Esta voz...” – pensou assustado. 

Não podia ser real. Já tinha escutado esta voz antes, num sonho, em meio ao pranto e desespero, agora estava ofegante e preocupado enquanto se lamentava pelo atraso. Seu corpo congelou na hora, não sabia como reagir, toda sua confiança se esvaiu sem nem avisar, queria se virar e encarar o dono da voz, podia ser um simples engano, mas também não queria se virar e ver o garoto do seu sonho, de alguma forma isso soava igual um alerta, estaria comprovado que havia algo de errado com si. 

O som de passos parou e então algo caiu, com certeza a pasta com o material dele após seus dedos soltarem a alça. Uma respiração lenta e pesada... 

- Rei... 

... e a surpresa na voz junto com o alívio. 

Automaticamente se virou para o garoto, cabelos vermelhos e olhos castanho-avermelhado, exatamente como tinha visto. O garoto também parecia estar vendo um fantasma, o rosto levemente pálido pelo susto que tomou ao o ver ali, porém seu sentimento era outro, era evidente que estava havendo um grande conflito dentro dele. Era alegria, insegurança, dor e felicidade, seus passos iniciais na direção de Rei foram hesitantes, quase travaram quando Rei, assustado, acabou vacilando e dando um meio passo para trás. O garoto quase morreu nessa hora, seus olhos se encheram de lágrimas e o rosto distorceu em uma expressão de profunda tristeza. 

“Por quê?” – Rei se questionou. 

Quando viu a tristeza dele novamente acabou se comovendo. O garoto claramente estava recuperando algo precioso para ele, era seu primeiro encontro com aquilo que tinha desejado. Talvez não esperasse que seu desejo funcionasse assim, igual uma quest em um jogo que para conseguir o objetivo final é preciso fazer várias missões antes, mas não, tinha sido atendido no mesmo instante. 

“Por quê? Eu não entendo.” 

Rei acabou não fugindo, decidiu ficar e encarar o garoto, queria entender o que estava acontecendo e de onde ele sairá. Como pode um sonho ganhar vida? Como que o garoto reagiu a ele e apareceu em seu sonho se nunca se viram antes? Eram muitas perguntas, precisava das respostas, não queria carregar essas dúvidas e agir como se nada estivesse acontecendo. Contudo, antes que pudesse perguntar qualquer coisa o garoto tomou a primeira atitude e diminuindo a distância entre eles, correndo para seu objetivo abrindo os braços e então, finalmente chegando, ele o beijou. 

“O quê?!” 


Notas Finais


Obrigado por lerem.


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