História Puppets Of Destruction - Suga's Truck e seu Passado

Era difícil para os rapazes presumir que horas eram, mas pela lua alta no céu e a boa queda na temperatura, deduziram que já era madrugada.

Após o pedido de Hoseok para que os primos permanecessem na mecânica, Taehyung buscou uma jaqueta no andar superior para Jimin vestir alegando que a camisa dele estava encharcada de suor e argumentando que se o moreno a vestisse, poderia ficar doente e logo que o baterista colocou a peça de couro, ambos seguiram o Jung em silêncio enquanto caminhavam para os fundos da mecânica dando de cara com uma porta metálica enferrujada, e ao passar por ela, puderam ver um pátio tão gigante quanto o que havia na frente do barracão, com o chão também coberto por pedrinhas e bem ao fundo – coisa de aproximadamente uns 50 metros a frente -, havia uma cerca e do outro lado, começava uma mata de eucaliptos que tinha um ar assustador àquela hora da noite.

O Guitarrista mantinha a cabeça baixa, as mãos no bolso da calça e tentava maquinar em sua cabeça uma forma de explicar as coisas que precisava sobre YoonGi, sobre ZhouMi, sobre JiWon e tudo o que envolvia o turbulento passado recente daquele grupo que era mais que uma banda, era – exatamente como Namjoon havia dito – uma família.

Logo que se viram afastados o suficiente do prédio, o Jung sentou-se no chão cruzando as pernas em frente ao corpo em formato de borboleta e logo os outros dois rapazes fizeram o mesmo, formando um circulo e era evidente no olhar dos novatos a ansiedade e curiosidade quanto ao que Hoseok queria lhes contar. Quando o guitarrista ia começar a falar, Jungkook apareceu na porta da mecânica chamando-os e logo o mais velho levantou a mão mandando-o sair de la e dizendo pro rapaz não deixar ninguém interromper eles e com uma seriedade que até então Jimin e Taehyung não haviam visto no Jeon, o rapaz obedeceu, logo fechando o acesso, fazendo o mais velho suspirar ao se sentir seguro em começar a tal conversa.

- Eu espero realmente que vocês não tenham hora pra voltar pra casa porque essa conversa vai ser bem longa... – Dizia o Jung mexendo seus dedos de forma nervosa, escolhendo as palavras e pensando sobre por onde começaria. – Eu não sei se você viu a briga Tae, mas vou aproveitar que vou ter que contar sobre isso, e já explico pros dois tudo de uma vez. – Os rapazes assentiram e logo Hoseok achou uma forma de começar contando os fatos. – Bom... em primeiro lugar, falando desde o começo do teste, eu preciso falar sobre o porquê do Nam ter reagido tão mal ao perceber que vocês não são dois caras “sem ter onde cair morto”, digamos assim. –Disse fazendo um gesto que remetia às aspas com os dedos. - É verdade tudo o que ele disse sobre a maioria dos bateristas mais bem de vida terem simplesmente deixado a banda depois de um tempo, mas teve um em especifico que fez bem pior que só sair da banda. Esse tal ZhouMi. O cara que apanhou do Nam hoje. – O olhar confuso dos rapazes se mantinha e Hoseok respirou fundo antes de começar a esclarecer as coisas. – O ZhouMi... Ele... Ele era amigo de infância meu e do YoonGi. A gente se conhece desde que nascemos. O Pai do YoonGi herdou essa mecânica do avô dele e quase sempre foi como vocês viram hoje. Um ponto de encontro da galera pra ouvir um som, tocar alguma coisa, beber, esquecer da vida mesmo. Teve uma época que até havia um bar aqui. – Um riso soprado e um sorriso nostálgico bordou o olhar do guitarrista ao lembrar-se das histórias que havia ouvido sobre o passado daquele lugar mas logo a sua cabeça se sacudiu como se quisesse apagar aquelas memórias. – Enfim, a gente foi crescendo, o meu pai, por ser caminhoneiro e viajar muito, não tinha muito tempo pra me ensinar muita coisa então o Pai do Min e o pai do ZhouMi me ensinaram praticamente tudo o que eu sei sobre música e sobre quase tudo. Eles eram sócios aqui da mecânica e a mãe do ZhouMi trabalhava como professora em uma escola particular e a minha mãe em uma escola infantil. Há mais ou menos uns quatro ou cinco anos a mãe do ZhouMi acabou sofrendo um acidente voltando pra casa do trabalho e acabou ficando paraplégica e como foi no caminho do trabalho pra casa, a escola indenizou eles com uma bela fortuna e o que era pra ser a tragédia da família, acabou sendo meio que a salvação deles porque com esse dinheiro, ela conseguiu abrir uma loja no shopping, Enfim, a velha história do “há males que vem para o bem” e com o negócio dela crescendo, ZhouMi e o pai dele pararam de trabalhar aqui pra ajudar ela, ficando assim a mecânica só pro YoonGi e pro pai dele. – Hoseok levantou o olhar em direção aos rapazes que mantinham o cenho franzido, um perfeito "Que?" estampado no rosto, aparentemente sem entender o que aquilo tudo significava. Sabia que estava contando coisas que para os rapazes parecia não fazer sentido eles saberem, mas também tinha ciência de que eles precisavam saber de tudo. – Por dois anos o Pai do Min teve que se desdobrar para criar o filho e trabalhar e isso era muito difícil pra ele, principalmente depois que o velho ficou doente. O YoonGi ainda tinha que ir para o colégio, quando chegava, tinha suas lições pra fazer e quase não conseguia ajudar o pai aqui.

- Espera! Quantos anos o YoonGi tem? – Questionou Taehyung ainda mais confuso que antes.

- Vinte e quatro.

- Mas se isso foi há quatro anos... Ele ainda tava no colegial aos vinte anos de idade? – perguntou Jimin, fazendo Hoseok decidir mudar sutilmente o rumo da conversa.

- Ok. Vamos mudar o  foco um pouco. Realmente não adianta eu contar sobre a treta com o Zhoumi e a catrefe dele se vocês não souberem do YoonGi e da história desse lugar. – Disse mais pra si mesmo que para os rapazes. – Na verdade pra alguns, a vida do Min pode parecer o sonho de qualquer adolescente ou moleque novo, sempre com a liberdade de fazer o que quer, sem ninguem pra lhe perturbar, mas as pessoas pensam assim principalmente porque quase ninguém sabe da vida dele. O Pai do YoonGi, assim como ele mesmo, cresceu nessa mecânica também. O Avô do Min foi quem construiu isso aqui tudo na década de 50 com a intenção de ajudar com os caminhões das forças armadas na guerra e no fim, acabou nem servindo ao exército aqui, acabou por ir para o campo de batalha por vários anos deixando a família toda pra trás e quando voltou, descobriu que a avó do YoonGi estava grávida quando ele partiu, o Pai do YoonGi já tinha nascido nesse retorno, estava com uns três ou quatro anos e o foda foi que o avô do YoonGi voltou totalmente perturbado de la. O velho sofreu um ataque de Napalm* que deixou o corpo dele desfigurado, ele virou praticamente um louco e o pai do Min devia ter algo próximo a seis ou sete anos quando a mãe dele não aguentou os surtos do marido e foi embora. Ou seja, A merda na vida do YoonGi já vem de gerações! – Contava Hoseok como se visse naquele mesmo instante o amado “Tio Min” lhe contando tudo exatamente como repassava agora.

- Pera! Deixa eu ver se eu entendi. – Pediu o Park juntando as sobrancelhas. – A mecânica foi fundada pelo avô do YoonGi pra ajudar na guerra dos anos 50? – Um aceno afirmativo veio de Hoseok. – Mas no fim, acabou não ajudando e o velho teve que ir servir nos campos de batalha e la sofreu um ataque de napalm? – “Isso” foi a resposta do Jung. – E quando o velho voltou, a mulher dele tinha ganhado o pai do YoonGi e largou o velho porque ele tava desfigurado? – Perguntou Jimin, ainda não vendo ligação nenhuma naquilo tudo com o presente, mas ainda assim apreciando ouvir aquela história que parecia-lhe digna de roteiro de filme dos anos 80.

- Mais ou menos isso. Na verdade a parte mais difícil do avô do YoonGi era que ele havia meio que ficado louco. Ele sonhava com a guerra sempre, passou a amaldiçoar os comunistas e achava que qualquer um que se opusesse a ele, era um comunista e deveria ser morto. Enfim, o Tio Min foi criado aqui nesta mecânica dessa forma, por um cara que mal tinha sanidade pra cuidar de si mesmo, quem dirá de uma criança. O próprio velho ensinou ele a ler e a fazer contas, mas nunca deixou ele ir pra escola porque tinha medo dele ser influenciado e no fim, a vida do pai do YoonGi se resumiu a cuidar do velho, cuidar da mecânica e tocar violão, que era o único lazer que havia por aqui, até começo dos anos 80, com quase 30 anos que foi quando ele, meu pai e o pai do ZhouMi se conheceram.

- E como foi? Pelo que você disse, seu pai é caminhoneiro, então presumo que tenha sido assim que se encontraram, mas e o pai desse tal de ZhouMi? – Perguntou Taehyung entusiasmado, vendo Hoseok retirar o maço de cigarros do bolso e acender um, dando uma longa tragada antes de responder.

- Bom, como tu deve imaginar, o meu pai realmente conheceu o do YoonGi porque precisou dos serviços dele e tudo o mais. O Pai do ZhouMi tinha recém chegado na cidade e tava procurando um emprego, viu que tinha essa mecânica com só um cara trabalhando de verdade, porque o avô do YoonGi já não aguentava trabalhar direito, e se ofereceu pra trabalhar aqui. Disse que já conhecia de mecânica e tudo o mais, então o Tio Min deixou ele ficar. – Explicava intercalando tragadas e palavras e percebeu os dois garotos assentindo, como se compreendessem tudo o que lhes era dito.

- Entendi... Mas como eles se tornaram tão próximos? Tipo... Ok que eles se viam com frequência, mas como que isso aqui chegou até a virar um bar? – Questionou o Kim e novamente o brilho nostálgico adornou o olhar do moreno.

- Foi meio que por conta do meu pai. Meu pai sempre, desde o fim dos anos 70 gostava de Heavy Metal. Ele era louco por Ozzy Osbourne** desde a primeira vez que viu o cara tocando e era comum pra ele andar com o caminhão abarrotado de fitas-cassete dele e de outros músicos tipo Led Zeppelin, Black Sabbat, bandas assim. E foi por ouvir do caminhão do meu pai, que o pai do YoonGi passou a gostar de Heavy metal também. Como meu pai viajava o país inteiro, acabava conhecendo bandas novas e sempre trazia mais fitas pra cá, vinis também, e a paixão dos três foi crescendo junto com a coleção deles. O pai do YoonGi já tocava violão, como eu já disse, e como naquela época o pai do ZhouMi ainda morava aqui também, acabou aprendendo com o Tio Min e sempre que meu pai tava na cidade, vinha pra cá e aprendia com eles. – Hoseok deu uma última tragada no cigarro e atirou a bituca longe já capturando o maço para pegar mais um e dessa vez, Jimin lhe pediu um daqueles tubos brancos que lhe fora cedido sob um olhar desgostoso do Kim, sendo prontamente ignorado.

- E as mães de vocês? Como eles conheceram? Pelo que você disse, o YoonGi nasceu quando o Pai dele já era bem “velho”. – Perguntou o Park fazendo aspas com os dedos e aguardando que o Jung terminasse sua tragada antes da resposta, observando a fumaça se desfazer no ar.

- O Pai do YoonGi era realmente o mais velho dos três. Em 1989 ele já tinha 34 anos enquanto meu pai tinha 29 e o do ZhouMi tinha 30. A vida deles se resumia a trabalhar, ouvir e aprender as músicas que eles gostavam e nos fins de semana, iam para um boteco fedorento que ficava há alguns quilômetros daqui, onde hoje é o posto de combustível do Namjoon. La era uma mistura de bar com puteiro, um lugar a beira da estrada onde os caminhoneiros paravam pra dormir ou pra se aliviar, enfim, um lugar onde não se vai sendo menor de idade. – Disse rindo e notando os olhos dos garotos brilhando ao imaginar tal estabelecimento. – O que aconteceu foi que esse bar fechou por causa da fiscalização. A Polícia encontrou drogas la, menores de idade se prostituindo, uma lista imensa de irregularidades, e com o fechamento da casa, os motoristas que vinham aqui reclamavam sempre de não terem sequer um lugar pra tomar uma cerveja nas madrugadas ou nos fins de semana. Por causa disso, o pai do ZhouMi teve a ideia de abrir o bar. Logo meu pai e o pai do YoonGi aceitaram essa ideia e uma parte do barracão foi fechada pra ser dedicada só a venda de bebidas e foi lá que os nossos pais conheceram as nossas mães. – Mais fumaça fora jogada ao ar e mais uma pausa se fez enquanto os novatos absorviam aquela história toda até o Kim interromper o silêncio.

- Entendi... Mas assim... Você citou que a sua mãe e a mãe do ZhouMi trabalhavam juntas e tudo o mais, mas e a mãe do YoonGi?

- Então...Na verdade elas não trabalhavam juntas, só tinham a mesma profissão, mas enfim, eles se conheceram no começo dos anos 90. A minha mãe e a dele eram amigas desde o colegial, elas ficaram sabendo de uma festa que ia acontecer aqui e vieram com outros amigos delas e assim conheceram os nossos pais. Já a mãe do YoonGi, ela era cliente da mecânica. Ela era caminhoneira também, viajava o mundo sozinha desde os 19 ou 20 anos. Sabe aquele estereotipo de “baddest Femalle”? Então! Ela era assim, toda marrenta, daquelas mulheres que andam com um taco de madeira embaixo do banco do caminhão e com uma arma da cintura. Toda dona de si, independente, sabe. Em um fim de semana de junho de 92 ela tinha uma carga de milho pra descarregar numa industria aqui da cidade, só que teve um feriadão e o setor de descarga fechou, então ela teve que esperar até na segunda-feira pra descarregar. Por fim, acabou que ela ficou aqui no bar os três dias do feriadão, e bem... Aí vocês já sabem o que aconteceu.

- Ela engravidou nesse fim de semana e sumiu depois? – Perguntou o Park e logo Hoseok jogou a segunda bituca de cigarro da madrugada fora.

- Quase isso. Quando ela voltou na mecânica algumas semanas depois dizendo que tava grávida, o Tio Min ficou realmente bem feliz. Pelo que meu pai conta ele gostava da mãe do YoonGi, ela vinha sempre aqui pra arrumar o caminhão dela ou só pra beber mesmo e fazia tempos que o velho queria ficar com ela. Quando ela disse que estava esperando um bebê dele, o Tio Min pediu pra ela parar de viajar pelo menos até a criança nascer, disse que sustentaria ela, cuidaria dela e do bebê, enfim, queria fazer uma família mesmo e ela até aceitou. Mas o problema era que ela amava demais a estrada. Meu pai falava que quando o YoonGi ainda era amamentado, ela andava de um lado pro outro aqui na mecânica dizendo que amava o bebe e gostava da vida que estava levando, mas que nada no mundo comprava o amor que ela tinha pela profissão. Ele tinha pouco mais de um ano quando ela voltou a viajar e a partir daí quem ficou responsável por cuidar do YoonGi foi praticamente só o pai dele, o meu pai e o pai do ZhouMi. Ela viajava e a cada certo tempo voltava pra casa e ficava uns dias por aqui, mas com o passar dos meses, cada vez ela ficava menos e demorava mais pra vir até que um dia, ela simplesmente não veio mais. Foi por causa disso que o YoonGi atrasou os estudos. Teve uma época na adolescência que o moleque cismou que ia encontrar ela então vivia fugindo de casa e pegando carona com o primeiro motorista que fosse sem juízo o suficiente para levar um pirralho na cabine pra qualquer lugar que o Min achasse que ela pudesse estar. O YoonGi chegou ficar quatro meses desaparecido nessa época até que perto dos dezesseis, ele desistiu de vez de reencontrar ela.

- Caralho! A mulher largou o próprio filho com menos de dois anos sozinho? Isso explica muita coisa sobre a personalidade do YoonGi. – Disse o Kim ganhando um olhar reprovador de Hoseok como resposta.

- Cara, você conheceu o YoonGi hoje! Não fale como se ele tivesse crescido sem amor nenhum ou esse blablabla todo. O Tio Min criou ele muito bem sozinho! Querer saber onde sua mãe está é natural de qualquer um! – Esbravejou para o rapaz que ergueu as mãos em sinal de rendição, logo se desculpando e ignorando o pequeno desconforto que o assunto "mãe biológica" lhe trazia, apressando-se em pedir que o Jung continuasse. – Enfim, foi na época que a mãe do Min apareceu grávida que meu pai e o do ZhouMi conheceram as nossas mães. Elas são bem mais novas que eles, diferença de quase dez anos mas eles se gostavam muito mesmo desde o começo. Juntando isso ao fato de que elas eram “moças de família”, casaram rapidinho. O YoonGi nasceu em 93, eu e o Zhoumi em 94 e foi aí que o bar fechou. O Pai do Zhoumi não queria fechar ele, mas meu pai e o do YoonGi acharam melhor assim porque eles pensavam que não era saudável criar nós três num ambiente como aquele e foi assim que a gente cresceu aqui, cercados de música e de histórias dos nossos pais e do avô do YoonGi, que faleceu quando a gente tinha perto dos oito anos. Na época que eu e o ZhouMi nascemos, as nossas mães tinham recém terminado o colegial, elas eram praticamente adolescentes e quando eu e ele ganhamos um pouco mais de idade, elas decidiram voltar a estudar e fizeram faculdade juntas. Quando elas se formaram nós já tínhamos perto dos 10 ou 12 anos, a mãe do ZhouMi conseguiu emprego na escola particular e levou o filho dela pra estudar la e foi ali que nós três começamos a nos distanciar. - Falou o Jung com o olhar perdido para a mata em frente a ele, logo sendo puxado novamente ao mundo real pela voz de Taehyung. 

- Você disse "nós três começamos a nos distanciar". Você e o YoonGi também se afastaram por algum tempo? - Questionou o Kim e de imediato viu o menear negativo do Jung.

- Não, apenas o ZhouMi se afastou de nós. Eu e o YoonGi estudávamos juntos na escola pública do meu bairro e quando ele não estava pensando em encontrar a mãe dele, dormia na minha casa pra facilitar a ida para a escola já que a mecânica fica longe de tudo. Pra mim, ele sempre foi como um irmão mais velho. A gente sempre se deu bem em tudo, principalmente musicalmente falando. Nós dois sempre sonhamos em ter uma banda e tocar lado a lado igual James Hetfield e Kirk Hammett*****. Em meados dos anos 2000, veio internet pro bairro onde eu morava. Ainda era bem precária, mas assim, a gente conseguia estudar música e quando eu fiz 15 anos, ganhei uma guitarra, que é aquela Les Paul*² que o YoonGi tocou no ensaio hoje, e com a guitarra, a gente começou a aprender Heavy Metal mesmo e talvez tenha sido até isso que tenha ajudado o YoonGi a superar de verdade o fato de não ter mãe. Já o ZhouMi, tinha aula de música na escola dele e la, ele aprendeu bateria, mas quase nunca se juntava a nós dois na mecânica mais, mas quando ele vinha, a gente realmente se divertia... Eram os únicos momentos em que parecia que tínhamos voltado a ser criança.

- E assim, vocês procuraram por baixista e vocalista e montaram a banda? – Perguntou o Park.

- É agora que começa a parte das brigas. – Falou Hoseok estalando os dedos e já pegando seu terceiro cigarro enquanto reparava que o cigarro do Jimin ainda estava na metade e que o rapaz devia ter dado uma ou duas tragadas, provavelmente atento demais no que ouvia para se tocar do tabaco queimando inutilmente entre seus dedinhos rechonchudos. – Há mais ou menos três anos, o tal prédio em que funcionava o puteiro foi a leilão. Na época os nossos pais até deram lances pra ver se compravam o prédio porque o pai do Zhoumi ainda não tinha desencanado da ideia do bar, e eu tenho pra mim que nunca irá. O Pai do YoonGi já estava bem doente, o velho foi diagnosticado com câncer no pulmão e era inoperável. Meu pai tinha trocado de carro e tava guardando dinheiro pra poder pagar a minha faculdade então estava viajando feito louco, nem parava na cidade mais, e o único com a vida sossegada era o pai do ZhouMi porque a parte dos lucros dele aqui da mecânica rendiam o suficiente pra eles sustentarem a casa, eles já estavam indo bem nos negócios deles no shopping e ainda sobrava. Já a minha mãe tinha recém entrado trabalhar na escola que ela trabalha até hoje, então o salário dela era relativamente baixo. Enfim, o Filho da puta encheu tanto o saco que no fim, os outros dois velhos cederam, mas por sorte quem ganhou o leilão foi o Nam. - Pausou outra vez para tragar seu cigarro, já se questionando por não ter trazido bebida alguma consigo devido ao fato de sentir sua garganta seca de tanto falar, mas sem coragem alguma para levantar dali.

- Nam, o NamJoon? O Baixista? - Questionou Jimin e logo recebeu um aceno afirmativo. - Mas como que um cara como ele teria dinheiro para dar de lance em um leilão? Ele parecia mesmo não gostar de "gente rica", mas não consigo pensar em alguém que não seja rico conseguindo vencer o leilão de um imóvel. - Dizia o Park com a confusão nítida e clara em seu semblante e logo Hoseok voltou a explicar.

- Bom, pelo que eu sei, os avós do Namjoon tinham falecido fazia pouco tempo, eles eram donos de umas terras no interior e como ele era o único herdeiro, todo o patrimônio ficou pra ele. O que a gente sabe pelo que o Jin contou foi que ele brigou com os pais por algum motivo que ninguém nunca disse, vendeu as terras e com o dinheiro, comprou o terreno, demoliu tudo e construiu o posto de combustível onde ele trabalha e mora também. - Mais fumaça fora solta no ar enquanto a expressão de duvida sumia da face dos dois primos.

- E como foi que vocês se conheceram? - Questionou Taehyung, logo fazendo-se presente o riso soprado do Jung outra vez.

- Foi nesse posto mesmo. Lembro que eu e o YoonGi quase soltamos fogos de artifício quando ele inaugurou porque assim, a gente não precisava mais ir até a cidade comprar bebida e cigarro, principalmente de madrugada. Em uma dessas madrugadas que eu e o Min estávamos entediados aqui, a gente foi até o posto “repor os estoques” e quando chegamos lá, o Nam tava arrumando um anexo da loja de conveniência, vimos o baixo dele pendurado e perguntamos sobre. Ele contou que já havia tido várias bandas, mas que já havia desistido daquilo e assim, começamos a conversar até que ele contou sobre o irmão de um colega da época da escola que fazia aulas de canto lírico mas que gostava de todos os tipos de música e rolou a ideia da gente tocar junto. Nós comentamos do ZhouMi e imediatamente trocamos contato e marcamos pra fazer um som todo mundo junto, sem compromisso, apenas por diversão mesmo. No fim de semana seguinte, a gente se reuniu aqui e conhecemos o Jin e o Kook e a gente se deu bem pra caralho tocando junto. No outro fim de semana o pirralho trouxe os amigos dele pra cá também e logo isso aqui voltou a ser como era na época dos nossos pais. Eu nunca vou esquecer do quarto fim de semana com eles... – Uma pausa se fez devido ao fato da garganta de Hoseok se embargar e seus olhos marejarem. Como se um pequeno filme se passasse em sua cabeça, o Jung secou o canto dos olhos e respirou fundo antes de continuar. – Era fim da tarde de sábado, Eu e o YoonGi estávamos arrumando o caminhão do meu pai e quando a gente já tava terminando, os meninos chegaram para fazermos um som. Meu pai tava esperando o caminhão ficar pronto no quarto com o falecido Tio Min, aquele quarto onde eu peguei o tapete hoje mais cedo. Só eu e o YoonGi podemos entrar la. Enfim, assim que a gente terminou, montamos as coisas, o ZhouMi e o pai dele logo chegaram e assim que ele terminou de montar as coisas dele, a gente começou a tocar. Nós já tínhamos tocado varias músicas até que quando reparamos, meu pai e o pai do Zhoumi pegaram a cadeira de rodas do Tio Min e colocaram ele, logo vindo assistir a gente. Nós tocamos mais umas duas musicas com eles vendo até que o pai do YoonGi pediu um papel e uma caneta. Por causa do câncer ele já não falava mais e no papel ele pediu pra gente tocar Welcome Home**² do Metallica. Nós tocamos. Era uma musica que todos nós gostávamos muito e foi bom tirar ela todos juntos e quando terminou, o Tio Min escreveu que aquela musica lembrava o pai dele, lembrava da loucura que o pai dele vivia todo dia depois da guerra e de como ele imaginava que o velho se sentiria em um sanatório, por isso nunca o internou. Pra mim, aquele dia foi um dia mágico, e aposto que pros três velhos também, afinal, era como se estivessem vendo as três crias deles revivendo o que eles haviam vivido de melhor na vida deles e foi depois desse dia que o Pai do YoonGi acabou entrando em coma e nunca mais acordando em definitivo.

- Por isso que o YoonGi não quis tocar ela? –Perguntou Jimin e recebeu um “sim” como resposta em meio a uma tragada de Hoseok. – Mas por que o Namjoon bateu no ZhouMi? Quer dizer, por que esse cara pediu pra tocar uma musica que ele sabe que machuca o YoonGi?

- Porque o ZhouMi tem prazer em fazer mal pra ele. Simples assim. – O Jung sentia a cabeça fervilhando ao lembrar das coisas que haviam acontecido. Fazia mais de ano que tudo havia se passado, mas ainda lhe soava tão difícil de acreditar, como se nunca sequer tivesse ocorrido. – Bom, vocês já devem ter entendido que o YoonGi não tem muita gente nesse mundo, certo? A família dele sempre foi só o pai e os amigos, mas principalmente o pai. Era seu único laço de sangue vivo. Quando o Tio Min descobriu que tinha câncer, o YoonGi quase enlouqueceu de medo de perder o velho e nesse tempo, fazia de tudo pra poder cuidar dele o melhor possível. Nessa época, o pai do Zhoumi e ele já estavam ajudando a mãe na loja do Shopping então, assim como o Tio Min no passado, o YoonGi também se viu com o peso de cuidar sozinho da mecânica e foi aí que eu decidi que ia adiar a minha entrada na faculdade pra ajudar ele aqui. Enfim, quando o pai do YoonGi faleceu, não sei se feliz ou infelizmente, o baque não foi tão grande pro Min, acho que por ele ver o quanto o pai sofria, acabava por fim querendo mais é que o velho descansasse mesmo, mas o problema de tudo foi que o pai do ZhouMi achou que tinha o direito de pedir uma parte da mecânica pra ele. O Filho da puta daquele desgraçado queria vender a mecânica e repartir o dinheiro e deixar o YoonGi a ver navios, como se tudo isso aqui não passasse de alguns milhares de dólares. Como se ele não tivesse crescido aqui, como se nada aqui tivesse valor sentimental nenhum pro Min. Obvio que o YoonGi não quis vender nada e muito menos ceder algo pro pai do Zhoumi, afinal, isso aqui foi fundado pelo avô dele, é patrimônio do sobrenome Min e não da família do ZhouMi. O Fato foi que o desgraçado acionou a justiça alegando direito por contribuição em construção de patrimônio querendo ser incluso como “herdeiro” e o foda foi que o ZhouMi se fez de amiguinho nosso pra continuar frequentando o barracão pra conseguir provas de que o pai dele sempre foi sócio daqui.

- Eles queriam tirar a mecânica do YoonGi? É serio isso? Mas que filho da puta mesmo! – Dizia Taehyung indignado enquanto o Jung assentia com a cabeça.

- Exato! Ele chegou a tentar roubar documentos da época do avô do YoonGi pra fraudar coisas mas nunca conseguiu nada. No fim, o meu pai e a minha mãe foram testemunhas e o Juiz entendeu que o YoonGi não tinha outro lugar para ficar e nem ninguém por ele, foi colocado na papelada que ele era muito novo pra ter que começar uma vida do zero e que ele era muito competente e responsável nos cuidados com o prédio e tinha a ficha limpa na policia, então isso significava que aqui não era usado pra nada ilícito, além do fato de realmente ter sido provado que o galpão existe desde a década de 50, muito antes do pai do Zhoumi sequer ter nascido, assim como o YoonGi conseguiu provar que todos os serviços prestados pelo pai do ZhouMi lhes foram pagos corretamente, sendo assim, a mecânica foi deixada oficialmente pro Min e isso deixou o ZhouMi e o pai dele putos da vida. – Contava o guitarrista com um certo sorriso no rosto, expressando nitidamente o orgulho que sentia pela vitoria do amigo.

- Aí eles desistiram de vez? – Perguntou o Park e logo um riso escapou do moreno.

- Quem dera! Quando o Namjoon descobriu que o ZhouMi tava sabotando o YoonGi, Eu, o Jin, o Jungkook e o Nam entramos no consenso de banir ele daqui. Expulsão mesmo. Ele foi proibido de sequer entrar na mecânica, mas o idiota tinha um monte de amigos e no fim, acabava se infiltrando por terceiros, sabendo o que tava rolando de qualquer forma até que chegou aos ouvidos dele que nós havíamos nos formado enquanto banda mesmo e estávamos procurando um baterista. A gente fez testes e pequenos shows com vários caras por um bom tempo enquanto guardávamos todo o dinheiro que entrava pra montar o estúdio, todos aqueles caras que o Nam citou que passaram por aqui ajudaram de alguma forma naquela época mas logo saiam até que veio o JiWon.

- E o que esse tal JiWon fez? – Perguntou o Park.

- Ele foi o pior de todos... A gente não fazia ideia de que ele e o ZhouMi eram amigos e confiamos pra caralho nele, exatamente como eu to fazendo com vocês agora. – Falou o Jung estreitando os olhos para os mais novos, vendo-os engolir em seco. – Ele entrou na banda e logo se enturmou com a galera. O ZhouMi sumiu de vez e a gente achou que ele havia desistido de incomodar, mas na verdade, o JiWon era informante dele e levava pra ele tudo o que acontecia nas festas aqui. Como um dos argumentos do Juiz era que o barracão era só uma empresa inocente sem qualquer indicio de atividade criminosa, o ZhouMi achou que seria uma boa ideia plantar câmeras aqui dentro pra flagrar a galera usando drogas aqui. Um grande idiota porque convivendo com a gente há tanto tempo, deveria saber que uma das regras do barracão é: “Se quer entupir o nariz, vá para os eucaliptos!” – Disse com um ar solene que por pouco não arrancou risadas dos primos. – Mas não ter flagrado drogas não quer dizer que as câmeras foram inúteis. – o Moreno fez uma pausa pensando sobre como contaria a situação constrangedora que ocorreu, principalmente por não saber até que ponto Taehyung já sabia de Jungkook, mas por fim julgou que mais cedo ou mais tarde o Kim saberia de qualquer forma, então optou por falar de uma vez. – Bom Jimin, como eu já comentei com você e provavelmente você deve ter percebido, as festas que rolam aqui de vez em quando não são as coisas mais santas e puras do mundo. Na verdade tem vezes que o segundo andar vira quase um motel a céu aberto e bem... Uma dessas câmeras filmou o Jungkook transando com um cara que nem da cidade era.

- UM CARA? – Questionou Taehyung aos gritos, assustado, fazendo tanto Jimin quanto Hoseok lhe olharem torto. – O Jungkook transou com um cara? – Perguntou com os olhos arregalados, fazendo o Park amaldiçoar o trejeito escandaloso do primo.

- Isso Taehyung, Um cara. O Jungkook é gay assumido há muito tempo, desde a adolescência pelo que eu sei. O problema é que ele não era assumido pra família dele. Pros pais mais especificamente. O que ocorreu exatamente foi o seguinte: A gente tava lidando com a instalação do equipamento do estúdio. O JiWon disse que manjava tudo de elétrica e, otários como só nós somos, confiamos todo o trabalho a ele, e junto com o equipamento de som, o imbecil colocou filmadoras em tudo quanto é canto. Até no banheiro tinha câmeras! Num sábado desses, a gente se reuniu aqui, tocamos, bebemos pra caralho e quando já era madrugada, começaram com esses jogos idiotas que só servem de desculpa pro povo trepar com quem quer, mas não acha jeito de “chegar”. Nisso, tinha esse cara de fora que tinha trazido o caminhão pra arrumar aqui varias outras vezes e que ficava flertando com o Jungkook sempre que tinha chance, aí ele veio buscar o caminhão e tava rolando o ensaio então ele acabou ficando. Naquele dia, o YoonGi ficou com a SeulGi, o Namjoon e o Jin brigaram e foram embora logo depois do ensaio, eu me enfiei numa conversa louca sobre a guerra fria com um pessoal da faculdade do Jin que havia vindo beber também e no fim, o resto da galera subiu pro segundo andar pra jogar o tal jogo, até que desafiaram o Jungkook a beijar um cara e por fim, ele arrastou o cara pro estúdio e o resto vocês já imaginam. Tudo pareceu bem normal na manhã seguinte quando eu acordei com uma puta de uma ressaca. Tinha gente dormindo com a roupa desarrumada por todo lado, o banheiro tava com o vaso entupido de vomito, tinha garrafa espalhada em todos os lugares, enfim, nada anormal pra um domingo de manhã até que perto do meio dia, a gente ouviu uma buzina alta e logo alguém arrombou a porta de entrada do galpão e antes que eu ou o YoonGi pudéssemos impedir algo, os pais do Jin e do Jungkook já estavam chegando no segundo andar. Os velhos atropelaram todo mundo no caminho até chegar no estúdio e quando chegaram la, o pai deles estourou a porta e encontrou o pirralho pelado, dormindo abraçado no tal motorista.

- Caralho! – Disseram os dois rapazes em uníssono. – Mas como que eles souberam tão rápido? Eles não tinham transado só algumas horas antes? – Perguntou Taehyung confuso.

- Exato! O que a gente não percebeu foi que o JiWon havia ido pra casa logo que o Jeon se trancou no estúdio e depois a gente descobriu que o sistema de câmeras tinha assistência remota na casa dele. Ou seja, ele viu que ia ter “material” pra foder com a nossa vida e correu pra casa, logo enviando o vídeo para o pai do Jungkook. Assim que o velho viu, veio direto pra ca. Se não fosse eu e o YoonGi, o pai do Jeon teria matado ele, de tanto que o cara batia no moleque. Foi horrível de ver! – Dizia o Jung sentindo arrepios lhe cortando com tais memórias. – E o Pior nem foi isso, porque depois daquele dia, o Jungkook se assumiu gay mesmo e no fim, os velhos tiveram que engolir isso. O pior foi que o JiWon soltou TODOS os vídeos na internet. Absolutamente todos, e vou contar uma coisa pra vocês: Poucas coisas no mundo são tão insaciáveis quanto a bunda e o pau de Jeon Jungkook. Foram quase três horas de vídeo se você somar todos os tapes. – Concluiu Hoseok às gargalhadas enquanto Jimin e Taehyung arregalavam os olhos incrédulos com o que ouviam.

- E então foram por essas coisas que o ZhouMi apanhou hoje? – Perguntou Jimin tentando voltar seu rosto a expressão normal, se esforçando pra ignorar as ultimas informações que julgou desnecessárias, vindas de Hoseok.

- Yep. Por isso o NamJoon desconfiou de você também. Porque, pra ele, tu poderia ser algum amiguinho do ZhouMi que pudesse fazer as mesmas coisas que o JiWon fez, mas só pelo seu jeito eu já imaginei que você nem conhecesse ele. Foi isso que eu expliquei pro Nam quando a gente foi la fora. Já vou adiantar que ele bisbilhotou o carro de vocês e não viu nada de estranho, depois a gente conversou sobre vocês nem parecerem conhecer Heavy Metal direito... Enfim, Eu realmente achei que vocês mereciam um voto de confiança e, do fundo do meu coração, se eu estiver errado mais uma vez e vocês fizerem qualquer merda que possa prejudicar qualquer um dos meus quatro amigos ou a mim mesmo, dessa vez eu não vou hesitar em pegar uma arma e furar os seus miolos. Não duvidem disso.

As palavras de Hoseok fizeram um pequeno temor percorrer o corpo dos rapazes, mas principalmente de Jimin. Ao encarar Taehyung, o Park leu em seu olhar o medo espelhado que sentia e sabia que o Kim se lembrava do que havia dito quando achou aquele anuncio.

“Eu só preciso pegar um pouco de experiência e conhecimento de palco. Depois que eu aprender bastante, faço teste pra alguma gravadora grande aí, e sei la, vou tocar pra algum cantor solista renomado até conseguir compor por mim mesmo e lançar um álbum solo”

O fato era que tal pensamento já lhe pesava. Ainda não se sentia inteiramente dentro daquele mundo novo que lhe estava sendo apresentado e realmente nunca havia se imaginado tocando aquele tipo de musica como um futuro “fixo”, mas era inegável o prazer que sentira quando o fizera e saber de toda aquela historia por trás de cinco garotos que se visse na rua, apenas os julgaria como um bando de drogados arruaceiros, o fazia se sentir mal. O fazia se questionar sobre realmente querer entrar naquela banda só para ser mais um “MinSeok” ou “Jongdae” ou “Siwon” ou qualquer um daqueles nomes e não um cara que realmente ficaria ali, comporia com eles, faria de fato, parte da historia de Puppets of Destruction. A verdade era que Jimin se via completamente dividido entre seu objetivo inicial de ganhar experiência e depois partir para seguir sua carreira como havia sonhado a vida toda, ou se juntar em definitivo àquela banda e tentar uma carreira ali, com aqueles caras que mal conhecia e já o fazia realmente se sentir em família, aceito, preocupado com o bem estar de cada um, haja vista a empatia enorme que sentira ao ouvir todos aqueles fatos relatados por Hoseok.

Já se levantando e batendo a sujeira da roupa, o guitarrista fez um sinal com a cabeça para que os mais novos o seguissem, já caminhando novamente em direção ao barracão. Quando passaram pela porta metálica, viram YoonGi escorado na mesa em que Hoseok estava quando eles chegaram no meio da tarde anterior, com SeulGi em seus braços e viram a garota interromper o que falava – que eles não ouviam pela distancia – logo os encarando com um certo olhar hostil, principalmente dirigido ao Jung.

- Achei que tivesse dito que a festa tinha acabado. – Alfinetou o moreno ganhando um revirar de olhos de YoonGi.

- Você por um acaso manda aqui? Até onde eu sei a mecânica é do YoonGi. – Respondeu a garota com a mandíbula cerrada e logo seu olhar se tornou confuso ao perceber o loiro lhe empurrando delicadamente e se afastando de si.

- O Hobi tem razão. A gente ta cansado e eu to querendo dormir. É melhor você ir embora.  – Disse o anfitrião e logo os olhos negros da garota se estreitaram enquanto alternava o olhar entre os dois rapazes.

- Dormir... Ok, eu sei que vão dormir... – Dizia baixinho, mas não o suficiente pra ninguém ouvir. – Eu vou indo então. Boa noite. – Concluiu deixando um beijo longo na boca do guitarra-base e lançando o olhar mais desdenhoso que aquela cara poderia expressar em direção aos outros três rapazes, deixando Taehyung e Jimin confusos enquanto Hoseok praticamente se segurava para não voar no pescoço da garota.

- Bom... Eu acho que o ensaio de hoje rendeu bastante e a festa também já deu o que tinha que dar. – Disse o Min colocando as mãos no bolso enquanto acompanhava os outros três rapazes que voltaram a andar em passos lentos pelo espaço, já indo em direção a porta. – Jimin, Taehyung, vocês já sabem que as portas da mecânica vão estar sempre abertas pra vocês, independente do que esse animal lhes falou la fora. – Um tapa fora desferido na cabeça do Jung que xingou o loiro, logo arrancando a risada dos primos. – Eu realmente espero que você fique com a gente porque foi muito bom tocar contigo. Você é um cara legal! Se quiserem, amanhã nós vamos fazer um som de novo. Não precisa nem desmontar suas coisas, pode deixar aí que depois do ensaio eu levo você em casa amanhã a noite. Pode ser? – Perguntou e um aceno animado confirmou a resposta. – Então até amanhã! Vejo vocês as 14 horas.

Logo o mecânico apressou o passo subindo a escadaria com rumo ao segundo andar enquanto o Jung guiava os rapazes até o estacionamento frontal da mecânica. Quando já estavam perto do carro do Kim, Hoseok lhes acenou em despedida e logo os primos entraram no veiculo, dando partida e pegando o acesso a rodovia destinando-se para casa.

- Tu tem noção do que significa pra esses caras você entrar nessa banda, Jiminie? – Questionou o Kim encarando o moreno de soslaio.

- Eu espero que sim, TaeTae. Eu espero mesmo.