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História Puppets Of Destruction - A mãe e a Irmã mais velha


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Oi Oi Oi!!
Então
Passou da meia noite, ja é sabado, e como vcs ja sabem, SABADO É DIA DE POD <3
Cap curtinho, de transição.
Aproveitem ae
Nos vemos la embaixo o/
KissKiss

Capítulo 7 - A mãe e a Irmã mais velha


Fanfic / Fanfiction Puppets Of Destruction - A mãe e a Irmã mais velha

Antes de desligar a chave do seu carro, Taehyung deu uma última olhadela no painel.

4:34AM

Aqueles cinco dígitos brilhando em amarelo indicavam que o Kim estava em apuros, fazendo-o pedir a Deus que ninguém em sua casa estivesse acordado, caso contrário, teria problemas, e fora justamente por isso que optara por deixar seu carro estacionado na calçada da rua pois sabia que guardá-lo na garagem poderia acordar todo mundo, e francamente, estava cansado demais para dar explicações sobre o porque estava fora de casa até aquela hora.

Respirou fundo, tomou coragem, desceu do carro trancando-o com a chave para que o alarme não fizesse qualquer ruído e, pé ante pé, caminhou até o portão, encontrando-o destravado, já tirando seu molho de chaves do bolso da calça, subindo capciosamente degrau por degrau do acesso até colocar o metal pequeno na fechadura, girá-la com lentidão, logo abrindo a porta e passando por ela, fechando ainda mais devagar atrás de si.

O primeiro alívio lhe veio ao notar que as únicas luzes acesas no andar de baixo eram as dos abajures e luminárias amareladas que nunca eram apagadas e agradeceu tal mania de sua mãe, assim teria visibilidade do seu caminho até seu quarto. Ainda prostrando um pé à frente do outro, venceu o hall de entrada, sempre esticando o olhar para além dos cômodos visíveis e sorriu aliviado. A sala de estar estava vazia.

Caminhou até o sofá onde pousou a jaqueta que havia esquecido no seu carro em algum dia daquela semana e deu mais alguns passos em direção a parede que ficava ao lado da escada com a intenção de guardar suas chaves no claviculário de moldura barroca que ficava ali e quando ergueu seu pé direito para levá-lo ao primeiro degrau, em meio a um quase infarto pelo susto, sentiu como se todo seu esforço para fazer silêncio, tivesse sido em vão.

- Posso saber onde o mocinho estava até essa hora? – O pigarreio seguido de tal questionamento congelara o Kim no lugar em que estava. Seu plano de não ser flagrado, e na manhã seguinte, dizer que havia chegado muito antes, fora pelo ralo.

- Eu... Ai, eu...

- Não pense em mentir pra sua mãe, Kim Taehyung! – A voz austera da mais velha o intimidava sempre, e com tal ordem, o rapaz encolheu os ombros e voltou-se de frente para a senhora, encontrando-a escorada no batente que conectava a sala com a cozinha, iluminada também só por luminárias fracas e amareladas fixadas às paredes, com uma caneca grande em mãos. Talvez beber alguma coisa fosse bom para fazê-lo dormir de qualquer forma.

- Ok, vou te acompanhar no leite quente e aproveito pra te contar.

Enquanto preparava sua bebida, viu quando a mulher ligou todas as luzes do cômodo e sentou-se à mesa, logo puxando o carrinho de bebê para perto de si e mexendo em seu interior. Ali Taehyung se lembrou que não importava mais fazer ou não barulho naquela casa, havia um bebê morando nela agora, o que significava que não existia mais “horário de dormir” ou “horário para acordar”, havia apenas “O horário em que o bebê queria alguma daquelas coisas”

- Ele teve cólicas de novo? – Questionou casualmente vendo-a suspirar relativamente cansada, logo se sentando mais confortavelmente pela cadeira, apoiando o pé no estribo do carrinho e forçando-o a balançar para frente e para trás enquanto ocupava novamente as mãos com a porcelana fumegante de antes.

- O médico disse que é normal isso, ainda mais em um bebê como ele que provavelmente foi exposto a porcaria demais durante a gravidez. – Logo a bebida do rapaz ficou pronta e ele sentou-se no outro extremo da mesa, olhando a expressão amorosa na face daquela mulher no auge dos seus quarenta e cinco anos que não tirava os olhos da criança bem desperta que brincava com os dedinhos como se fossem a coisa mais divertida do mundo.

- Mãe, você não tem medo da mãe dele um dia querer reaver a guarda? – Questionou o rapaz e percebeu o olhar da senhora entristecendo enquanto levava sua mão até a face do garoto pequeno.

- Claro que tenho, filho... Assim como tinha esse mesmo medo quando adotei você. - Um sorriso relativamente fraco bordou a face da senhora que logo voltou a falar em um suspiro. - Eu sei que os trâmites legais foram todos feitos. Tanto no seu caso como no do seu irmão, foram as mães biológicas que entregaram vocês ao serviço social ainda na fase gestacional e pela lei, elas não podem nem saber quem vocês são, mas ainda assim, mesmo sabendo tudo isso, eu tenho medo. – A senhora ergueu o olhar para o mais velho e sorriu largo, logo tomando um ar divertido na face. – Inclusive, tenho medo de um dia você se irritar conosco e ir atrás da sua mãe, largar essa velha chata e aquele careca irritante pra trás e nunca mais voltar a nos ver. – Concluiu fazendo um bico e logo o Kim levantou-se, caminhou até onde sua mãe estava e jogou-se no seu colo como se realmente tivesse o tamanho de uma criança e não fosse pesar demais sobre as pernas dela, ato esse que arrancou um gemido sôfrego da baixinha e uma careta de dor, mas que quando fez menção a levantar-se se viu segurado para ficar onde estava.

- A senhora sabe que eu nunca faria isso, não sabe? Por mais que eu tenha crescido sabendo que eu não fui gerado aí dentro de você, pra mim, você é mais importante que uma mãe biológica, sabe por que? – A senhora olhava o filho de baixo para cima pela diferença de altura entre eles e logo que vira aquele ar todo sabichão do rapaz percebeu bem sua intenção: Estava querendo compra-la e fazê-la esquecer do seu deslize. – Porque você, mãe, você não me amou por um laço genético que praticamente obriga uma mulher a amar a sua cria. Você me amou porque escolheu me amar. Eu realmente me sinto privilegiado por ter sido posto pra adoção porque se não fosse assim, eu não teria sido criado por você com tanto amor como fui e tenho certeza que quando o Sungmin crescer, ele vai pensar igualzinho a mim.

O Maldito tinha vencido.

Que sua cria era ardilosa, ShinHee não negaria nunca, mas tentar se safar da bronca pelo atraso usando aquele tipo de diálogo, lhe soava até um golpe baixo.

Mas a quem queria enganar? A senhora de fato não se preocupara com a demora do rebento. Ela poderia fazer uma cena, dizer que não dormira esperando o filho voltar, que estava preocupada por ele estar fora de casa até tão tarde, mas verdade seja dita: Ela não estava preocupada. Por que era negligente? Não. Porque conhecia bem seu filho.

Passara de fato a madrugada em claro, mas em momento algum fora por pensar que Taehyung estivesse em apuros ou fazendo algo errado, fora exclusivamente porque seu mais novo filho, Kim Sungmin, ainda com meros quatro meses de vida, estava sofrendo de cólicas abdominais comuns da formação intestinal dos bebês.

ShinHee sabia perfeitamente bem que Taehyung não só era um filho grato, inteligente e ajuizado na medida do possível, como também era ciente de tudo que havia de ruim. Confiava na educação que dera a ele, nos princípios que o passara e tudo isso lhe dava a tranquilidade de que quando coisas como aquela de chegar em casa quase às cinco da manhã aconteciam, não passava de um garoto se divertindo com amigos. Medo de envolvimento com drogas? Brigas nas ruas? Encrencas de qualquer gênero? Claro que temia tudo isso, afinal Taehyung era um jovem normal com pouco mais de vinte anos que ainda estava descobrindo muita coisa sobre si mesmo e sobre o mundo, já que até pouco tempo atrás sua vida fora resumida a estudar para entrar na faculdade e antes do vestibular, pouco saia, mas confiava plenamente no garoto. Ele lhe era motivo de orgulho o tempo todo afinal.

- Eu realmente acho que amo você mais que uma mãe biológica pode amar seu filho, sabia? – Perguntou retoricamente vendo um quê vitorioso bordando o olhar do rapaz, logo decidindo acabar com a sua festa. – MAS ainda quero saber onde você estava até essa hora. – Se perguntada, nunca admitiria, mas o fato era que tal questionamento tinha raiz absoluta na sua necessidade de manter controle, autoridade, fazer o Kim se lembrar que não importava sua idade, enquanto estivesse sob seu teto lhe devia explicações, afinal ainda era seu filho e devia de alguma forma obediência a si.

- Eu vou contar, mas primeiro tem que prometer não falar nada pro tio Jungsoo!

Problemas. A citação do nome do cunhado remetia diretamente ao sobrinho e de santo, ShinHee sabia que Jimin não tinha nada.

Não que achasse que o Park tivesse algum desvio de conduta ou fosse menos digno de orgulho naquela família do que seu filho, Longe disso. Na verdade ShinHee, que fora professora de música a vida toda, sonhava no seu mais oculto pensamento materno que seu filho tivesse tanta paixão como o sobrinho tinha por tal ocupação. A senhora queria sim que um dia Taehyung lhe dissesse que sonhava cantar ou tocar algo para um grande público como Jimin sempre dizia, mas como sabia bem que saxofone era apenas um Hobby para o Kim, respeitava, no entanto a menção do Park mais velho a deixara temerosa sobre o que os dois primos poderiam ter aprontado.

- Taehyung, Taehyung... O que vocês dois fizeram que seu tio não pode saber?

- Promete não falar pra ele?

- Prometo. Agora desembucha! – Se podia ou não confiar nas palavras da mãe, o Kim não tinha certeza, mas como sempre ganhava inúmeros votos de confiança da mais velha, não se sentia no direito de privá-la de tal coisa.

- Então... o Jimin... Ele fez um teste pra uma banda ontem. – Disse receoso enquanto tentava ler algo na expressão da mulher, falhando miseravelmente.

- Só isso? E esse teste foi até agora? Aliás, por que seu tio não pode saber disso? – Questionou franzindo o cenho e logo o rapaz levantou-se do seu colo, voltando a cadeira que ocupava antes, tomando sua caneca, já menos quente, em mãos e bebendo um longo gole antes de responder.

- Na verdade o teste acabou bem cedo, não era nem nove da noite. Mas aí ele foi aceito na banda e os amigos novos dele quiseram fazer uma festa de comemoração e chamaram mais pessoas, aí eles tocaram mais um pouco e teve uma briga e depois um dos caras chamou a gente pra conversar sobre a briga e explicar o porquê de tudo e depois a gente veio embora. – Falou corrido tentando não dar muito lado para questionamentos e percebeu ter obtido êxito em tal intenção quando observou-a levando sua caneca à boca com as sobrancelhas erguidas, como se estivesse assimilando tudo sem dúvida. – Quanto ao tio Jungsoo, o Jimin não quer que ele saiba por causa da encheção de saco que aquele velho faz por causa de música e também porque é uma banda de Heavy metal e ele acha que o Tio não vai gostar de saber que ele ta tocando isso agora. – Demonstrando que havia entendido tudo, ShinHee assentiu já depositando sua porcelana sobre a mesa e dirigindo o olhar baixo para rapaz que se mantinha apreensivo.

- Filho, eu sei que pode parecer preconceito idiota, mas preciso perguntar: Não havia drogas no lugar em que vocês foram não, né? –perguntou e o Kim quase riu dos pensamentos da mãe.

- Não vou mentir pra você, não: Eu não vi nada, mas pode ser que alguém que estivesse la, tivesse drogas consigo, algum baseado talvez. – O olhar da mulher se arregalou contra o rebento e esse, ergueu as mãos em sinal de rendição. – Mas eu não sou um sem cérebro da vida pra me envolver com essas coisas. Isso não leva a nada e eu não sou idiota. Pode ficar tranquila que mesmo que alguém use drogas na minha frente, eu não vou usar.

Outra vez o orgulho tomou o coração da mulher ao observar o rapaz de cabelos claros bebendo seu leite quente, convicto do que dizia, mas logo outro pensamento lhe atingiu.

“Quão ingênuos os dois garotos poderiam ser?”

Em sua cabeça, questionou se por um acaso o próprio Jimin nunca tivesse descido à adega subterrânea de seu pai. Riu soprado de tal pensamento, afinal, juntamente à todas as garrafas de vinhos caríssimos, o Park guardava uma coleção de vinis da década de 90 que faria qualquer colecionador sentir inveja. Ponderou sobre quão preconceituosos os garotos estavam sendo ao invés dos mais velhos, já que provavelmente não os imaginava dentro de um mundo como aquele apenas por passarem seus dias embalados em ternos finos e gravatas justas. Acabou por recordar da sua juventude, da época em que ainda namorava seu esposo e frequentava a casa da irmã dele, que agora era casada com Jungsoo, e eles passavam as tardes ouvindo Nirvana e Alice in Chains bebendo algumas cervejas e jogando conversa fora. Foram bons tempos.

Ainda estava perdida em suas memórias quando o Kim anunciou que subiria ao próprio quarto para dormir, e antes que sumisse de vistas, ShinHee lhe lembrou que deveria estar de pé e pronto para a missa às nove horas. O garoto resmungou, disse que estaria arrebentado, mas tal argumento fora negado de cara, ouvindo um “Você ficou na rua até essa hora porque quis”, logo aceitando que não poderia escapar do seu compromisso religioso de todo domingo. Missa era sagrada na casa dos Kim e ninguém faltava, e naquele domingo que já começava querer nascer do lado de fora, não seria diferente.

Ao se ver sozinho recolhido em seu quarto, o que a cabeça do Kim menos queria era dormir.

Primeiro, por conta de saber perfeitamente a imagem que sua mãe tinha de si. A forma orgulhosa com que a senhora sempre lhe olhava, sempre falava bem de si para qualquer pessoa que pudesse conversar sobre ele, sempre estufava o peito para dizer que ele era o filho perfeito. Vê-lá questionando sobre drogas, agora, depois de pôr a cabeça no travesseiro, o fez se sentir o pior filho do mundo. Não era usuário, mas sabia perfeitamente que não era santo e chegava a imaginar o que a mãe pensaria caso um dia descobrisse toda a verdade por trás do seu “estágio”, no entanto, independente do que ela poderia pensar, preferia se esforçar para esconder tudo e seguir com o que fazia, afinal o dinheiro não era pouco e já sonhava com a possibilidade de poder largar tudo de uma vez e ir morar fora do país assim que se formasse para poder aproveitar toda a fortuna que estava guardando.

Mas não demorou para sua cabeça apagar tais pensamentos sobre sua mãe. Logo sua mente passou a girar sobre a conversa com Hoseok e sobre tudo que acontecera naquele sábado. Sua memória puxava de segundo em segundo suas conversas com Jungkook e não conseguia apenas se desligar de tudo e dormir.

Era inegável para si o quão fantástico o vocalista era. Desde os primeiros minutos de conversa, ele lhe parecera fascinante. Inteligente e de pensamento ágil, o gosto musical muito semelhante à tendência que o seu demonstrava ali, além de um conhecimento técnico invejável, a forma firme com que falava, como aparentava ser destemido, corajoso. E o Humor... Ah! Taehyung adorara o humor negro, ácido do rapaz mais novo, sua língua sem freios fazia o Kim almejar ser de tal forma, mas aquela última informação sobre a sexualidade de Jungkook o estava incomodando em demasia.

Passou a se questionar sobre estar sendo preconceituoso. Reprimiu-se por isso mentalmente, mas era inevitável o desconforto ao pensar sobre a possibilidade de que todas as brincadeiras que haviam acontecido no dia anterior terem sido só brincadeiras inocentes mesmo ou algum tipo de jogo de duplo sentido, algum teste para o Jeon saber se tinha chances consigo ou não.

E tal linha de raciocínio o levou, automaticamente, a pensar sobre exatamente tal questão:

“Eu daria uma chance a Jungkook se ele quisesse?”

De imediato negou. Dizia para si mesmo que não era gay. Admitia achá-lo lindo mas nunca ficaria com um cara. Ele era heterossexual, com certeza!

“Mas tu nunca sequer transou com alguém na vida, como pode estar tão certo disso?”

Enfiando a cabeça sob o travesseiro e apertando-o contra as orelhas como se fosse abafar as vozes que na verdade eram apenas sua mente falando consigo mesmo, bufou frustrado. Aquele era um assunto que não influenciava em nada a sua vida, porque estava se preocupando tanto?

E antes que todas as respostas pudessem surgir na sua mente, acabou adormecendo, rendido ao cansaço excessivo por conta do dia anterior atribulado que tivera, rezando aos céus para que sua família cancelasse a tal ida à igreja para que pudesse dormir mais que meras três horas que era o que lhe restara antes das nove da manhã.

 

~~

Assim que desceu do carro do primo, Jimin se permitiu suspirar ao olhar o batente entalhado de madeira da sua casa. A expressão “lar, doce lar” nunca lhe soara tão verdadeira como naquele fim daquela madrugada.

Não que tivesse desgostado da banda, da festa ou das pessoas que havia conhecido, na verdade havia adorado quase tudo no sábado anterior, mas estar em casa com o nível de cansaço ao qual se encontrava, era de fato acalentador.

Quando finalmente entrou em casa, respirou aliviado ao ver todas as luzes apagadas e o silencio absoluto reinando na residência toda. Aproveitando que não havia ninguém para lhe perturbar, agilizou seus passos de pés descalços escada acima indo diretamente para seu quarto, longo entrando e rumando sem pausa até seu banheiro. Rapidamente despiu-se, enfiou-se sob a água gelada para ajudar a amenizar os efeitos já não tão fortes do álcool em seu organismo, lavou-se sem parcimônia e logo deixou o box, secando-se agilmente com uma das toalhas que ficavam guardadas em seu armário, apressando-se em voltar ao quarto e jogar-se sobre sua cama, sem se preocupar nem um pouco com vestimentas ou com o seu cabelo ainda molhado encharcando o travesseiro. Antes de pegar no sono, colocou seu celular para despertar ao meio dia e rezou a todos os anjos e santos para que nenhuma alma viva daquela casa tivesse a ideia de lhe acordar antes desse horário e finalmente fechou seus olhos, rendendo-se ao seu novo mundo barulhento de Morpheus.

Quisera Jimin ter tido a sorte de, de fato, ninguém ter perturbado seu sono até as 12 horas, mas por fim nem reclamou tanto quando escutou a voz da sua mãe gritando do corredor, avisando que ela e seu pai iriam almoçar fora, fazendo-o encarar o relógio na parede e ver que era pouco passado das onze. Sabendo que não adiantaria voltar a dormir àquela hora, optou por levantar-se, praticamente se arrastando pelo quarto até seu armário onde finalmente capturou uma cueca, uma bermuda larga e uma regata, trajando-se ainda sonolento e logo deixando o quarto com direção à cozinha de casa, encontrando sua irmã sentada no tapete da sala rodeada de livros, concentrada demais para se tocar da sua presença.

Ao abrir a geladeira, suspirou aliviado por encontrar parte do que fora a janta da noite anterior guardada em potes e logo serviu um prato com carne e arroz, levando-o ao microondas e servindo um copo de refrigerante antes de se sentar para comer.

Assim que se viu satisfeito, lavou sua louça, voltou ao quarto e pegou seu celular para ligar para Taehyung com o intuito de saber se ele iria consigo ou não no ensaio daquele domingo. Antes que sequer discasse o numero do primo, leu sua mensagem de texto respondendo automaticamente tal pergunta.

“Bom dia, puta dorminhoca! To só vindo aqui te avisar que não vai rolar de ir na mecânica com você hoje. Meus pais chamaram um povo da igreja pra almoçar aqui e vou ter que fazer a linha de filho exemplar. Boa sorte com o povo la, a gente se fala amanhã no conservatório. Divirta-se!”

Naquele momento, Jimin se viu em maus lençóis. Sabia que teria como voltar para casa já que YoonGi havia dito que lhe daria uma carona para carregar os equipamentos, mas o problema era como chegar la.

Imediatamente foi ao banheiro e capturou sua carteira que havia sido abandonada no bolso da calça que usara e bufou frustrado ao ver que não tinha dinheiro algum alem de meia dúzia de moedas que obviamente não pagariam um taxi. Pensou sobre ônibus ou transporte público, mas realmente não fazia ideia do que pegar para chegar ao barracão e quase chorou quando se lembrou que sua mãe não estaria em casa para lhe dar dinheiro e provavelmente os pais haviam saído com o carro da família, lhe deixando praticamente sem opção quanto a ir ao ensaio.

Já estava desistindo de tudo quando rumou à sala a fim de respirar um pouco quando ao chegar ao cômodo, algo como uma luz se acendeu em sua cabeça ao observar JiHoon com os óculos mal arrumados sobre o nariz, os cabelos desgrenhados, o moletom surrado e as pantufas ridículas que sempre usava em casa, perdida em meio aos cálculos de seus exercícios acadêmicos. Talvez ela tivesse algum dinheiro para lhe emprestar.

- Jii... – Chamou-a fingindo tom manhoso na voz e ouviu um “não enche” como resposta. – Eu preciso de um favorzinho seu... – Observou-a lhe encarando sobre a armação quadrada com um ar tedioso contra si.

- E quando não precisa? – Disse retoricamente. – O que você quer? Desembucha! – Perguntou já voltando à atenção para os livros, animando o Park mais novo por ver que não fora negado de imediato.

- Será que você teria algum dinheiro pra me emprestar? – Como se tivesse dito o maior dos absurdos, o moreno observou a primogênita lhe olhando, incrédula. – Eu preciso pegar um taxi pra ir num lugar e a mamãe não deixou dinheiro pra mim.

- Vai de ônibus então, oras! – Respondeu dando de ombros e os choramingos do caçula se refizeram.

- Eu até iria, mas acho que nem tem ônibus atendendo o endereço que eu preciso ir.

Se não estivesse tão concentrada no que precisava estudar para as provas daquele seu ultimo e mais difícil ano acadêmico, a moça com certeza estranharia tal afirmação, no entanto, manteve-se alheia a isso e tentando se livrar o mais rápido possível do incomodo causado pelo irmão e já ansiando pela oportunidade de ficar em casa sozinha e assim poder se concentrar melhor nos estudos, JiHoon levantou-se rapidamente, deu um tapa na testa de Jimin mandando-o se arrumar logo e já foi para seu quarto pronta para se trocar.

- Eu levo você la. To sem dinheiro nenhum porque enchi o tanque do meu carro ontem e o papai esqueceu-se de me pagar. – disse do alto da escada, fazendo o rapaz arregalar os olhos estranhando completamente a boa vontade cada dia mais rara para consigo da mais velha. – Mas fique ciente que ta me devendo uma, e eu vou cobrar!

Antes que a moça sequer tivesse oportunidade de mudar de ideia, Jimin correu para seu quarto, arrancou a camisa e a bermuda que vestia arremessando-as em qualquer canto do quarto, logo pegando outra bermuda de tecido mais grosso, um par de meias, o tênis e uma regata justa branca, vestindo-se rapidamente, jogando algumas borrifadas de perfume no pescoço já voltando para sala, encontrando JiHoon trajando uma camiseta larga e uma calça de moletom qualquer e pantufas, exatamente como estava antes de subir para seu quarto.

- Você não disse que iria se trocar? – Caçoou o rapaz e ouviu a mais velha lhe mandando calar a boca, dizendo que não faria sentido já que só largaria ele no local e voltaria para casa para estudar.

Assim que entraram no carro, a menina questionou sobre onde iriam e temeroso sobre o que ela poderia falar do seu destino, disse apenas para que ela dirigisse que ele lhe ditaria onde precisariam virar ou que ruas deveriam pegar.

Era inevitável para Jimin observar sua irmã sem se lembrar do dialogo que havia acontecido no dia do jantar de negócios do seu pai. Mais que a conversa, lembrou-se dela chorando no próprio quarto durante a madrugada toda e observar a moça sisuda de cara fechada, atenta completamente na estrada, fazia seu coração apertar e se questionar onde fora que amizade e companheirismo entre eles havia se perdido. Se perguntava se ele havia feito realmente algo errado alem do fato de ter nascido homem e também se seu pai tinha algum tipo de retardo mental por não perceber que tinha a filha perfeita, totalmente dentro de tudo o que ele sempre sonhara bem ali, mas que preferia sempre ignorar.

Durante todo o percurso, o silencio no carro permanecia sendo interrompido unicamente pelas orientações do caçula e quando finalmente chegaram em frente à mecânica, Jimin agradeceu e já se preparava para descer do carro da irmã, avistando um outro veiculo azul escuro estacionado alguns metros a frente e vendo Seokjin e Jungkook desembarcando dele quando em um susto sentiu seu pulso sendo agarrado pela morena que mantinha os olhos assustadoramente arregalados na direção em que seus amigos estavam, com a boca entreaberta e um brilho no olhar que gelara o coração do rapaz ao observa-la.

- Você é amigo de Kim SeokJin? – Questionou a moça ainda sem olhar para o Park, deixando-o totalmente confuso.

- Sou... Você conhece ele? – Perguntou e notou-a suspirando.

- A gente estuda junto... – A resposta veio em forma de um sussurro e logo uma ideia atingiu Jimin.

- Vem cumprimentar ele, então! – Falou desembarcando e dando a volta no carro quase correndo, abrindo a porta com pressa e puxando-a para fora pelo braço, em vão, já que a moça se agarrava no volante com força.

- Ei, Jimin! Tu não vem, não? – A voz de Jungkook ecoou de longe distraindo o rapaz e antes que ele pudesse voltar a lhe perturbar, JiHoon empurrou-o para longe, fechou a porta do carro e arrancou rápido, fazendo os pneus derraparem contra os pedriscos do estacionamento frontal da mecânica.

Qualquer um que assistisse a cena protagonizada pelos irmãos Park, diriam que todo o nervosismo de JiHoon tinha raiz no medo de se constranger ao ser apresentada à desconhecidos trajando pijamas, mas para o caçula, havia algo um pouco mais estranho do que um simples receio de ser vista daquela forma por um colega de classe.

Além disso também havia essa nova informação: SeokJin cursava Economia.

Aquele domingo mal havia começado e Jimin já sentia que seus cabelos negros poderiam derreter com a força que seus neurônios faziam para trabalhar em entender tudo a sua volta.


Notas Finais


Ok, capitulo curtíssimo, aparentemente sem importância e bem bobo, mas acreditem, tem MUITA coisa escondida aí que será raiz das tretas vindouras <3
Por hoje é isso, gente!
Quero agradecer mais uma vez o carinho de todos vcs expressos através dos 92 favoritos, 27 comentários e 996 views, serio caras, eu amo vcs!!! <3
PROXIMO CAP VAI SER PUXADO PRA VCS, SE PREPAREM!
tenham todos uma semana linda, tia Ash ama vcs <3
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Kisskiss
~~Ashmedhai


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