História Pure Poison - Acidente

O dia seguinte é cheio de trabalho, eu e Justin mal conversamos algo mais além do trabalho. Eu corro de um lado para o outro fazendo ligações enquanto Justin faz uma reunião para fechar contrato com uma empresa.
-Por hoje está tudo terminado -Ouço Justin dizer ao sair do quarto do hotel com mais alguns empresários, eles apertam suas mãos entre si e me cumprimentam ao passar por mim.
Fico parada no meio do corredor, não sei se vou para dentro do quarto ou continuo onde estou. Meu olhar e o dele se encontram e não sei como agir, não sei nem mesmo se a noite de ontem mudou em alguma coisa, afinal de contas ele só afagou meu cabelo. Fico parada com as mãos ao lado do corpo, ele me olha por mais alguns instantes e entra me dando as costas.
[...]
Me olho diante do espelho, a maquiagem que tenta encobrir as olheiras pelas noites mal dormidas de anteriorment e, meu olhar está sem brilho e pareço cansada. Ligo o chuveiro e espero o espelho se embaçar pelo vapor até que meu reflexo não passe nada mais além de um vulto. Deixo a água quente cair nas minhas costas e junto toda a frustração e cansaço desse dia, demoro um pouco mais ate que me sinta um pouco melhor.
Visto um vestido preto básico que vai até às minhas coxas e seco os cabelos amarrando em um coque, puxo alguns fios o desfiando. Ouço alguém bater à porta e corro para atender.
Uma mulher provavelmente da minha idade, morena e esguia está à minha frente
-Pois não? -Digo
-Justin está? -Ela pergunta balançando as pulseiras fazendo um barulho irritante.
-Hmm... Não -Digo
-Quer deixar recado? -Ela faz que sim com a cabeça e pensa um pouco antes de falar
-Pede ele pra me ligar , estou esperando e nada -Ela faz um biquinho. Tento me conter para não revirar os olhos. Afirmo com a cabeça e fecho a porta. Chuto o sapato a minha frente. Mal terminamos e ele já anda dando o bote?
Também posso fazer isso.
...
Hesito antes de entrar na boate. Agora, aqui, não me parece tão boa ideia como alguns minutos atrás, mas mesmo assim me adentro. As pessoas dançam exprimidas umas nas outras e fede a maconha, seguro minha bolsa com firmeza e empurro espaço procurando o bar mais próximo. Escoro no balcão e chamo o garçom, peço um copo de vodca e o observo me servir, não quero que batizem minha bebida. De novo...
Viro o primeiro copo e peço mais uma dose, sinto falta das boates chiques que Justin me levava, viro mais um copo, sinto também que fiz uma grande burrice em terminar, o garçom trás mais bebida e eu viro o copo novamente. Não posso viver sem ele, e mais um copo se vai. Não consigo velo com outra pessoa, sinto o líquido da bebida descendo quente pela minha barriga.
-Mais uma dose por favor -Sinto minha cabeça pesada e bato o copo no balcão.
-Senhorita, acho melhor não beber mais -O garçom me alerta, faço um som estranho com a boca que acho que era pra ser uma risada. Olho em volta e vejo todo mundo dançando ou bebendo, porém todo mundo acompanhado.
Menos eu, porque eu chutei o cara que eu gosto.
-Eu aguento mais uma -Digo com dificuldade e empurro o copo com a ponta do dedo.
O garçom faz um gesto negativo com a cabeça e me serve mais bebida, a sinto descendo pela minha garganta e fecho os olhos deliciando esse momento. Pego minha bolsa no balcão e cambaleio ao levantar da cadeira, solto uma risada e caminho até a porta quase tropeçando nos meus próprios pés.
La fora está frio e meu corpo inteiro treme, meus dentes batem um no outro fazendo um barulho esquisito. Me sento no canto da calçada perto da boate, o chão está girando e não consigo ficar de pé, tento me levantar apoiando as mãos nas paredes ao meu redor. Faço sinal para um táxi parar.
-Hotel Hyatt Place Houston -Digo ao entrar no Táxi.
Abro a porta do quarto do Hotel devagar tentando entra de fininho, porém Justin está parado com os braços cruzados. Me esperando.
-Onde você estava? -Ele me pergunta nervoso, dá um passo a frente e torce o nariz.
-Você está fedendo à bebida... E drogas? -Ele me avalia com os olhos cuidadosamente
-Você não é meu pai -Jogo a bolsa na cama e chuto os sapatos.
Ele me olha boquiaberto
-Onde você estava porra? -Sua voz está um pouco alterada e agora ele realmente está com raiva.
-EU SAI OK? NÃO É SÓ VOCÊ QUE TEM DIREITO DE ESQUECER ASSIM TÃO RÁPIDO -Eu grito tentando segurar minhas lágrimas. Eu não vou chorar, não na frente dele.
-E quem disse que estou saindo Hannah? Que eu saiba estamos aqui a trabalho -Ele diz. Rio do seu cinismo.
-Ah claro, e a proposito uma moça veio aqui e pediu para que você ligasse para ela -Digo e dou as costas me trancando no banheiro.
-Abre essa merda -Ela esmurra a porta com violência.
Me sento na tampa do vaso e coloco as mãos entre a cabeça, meus olhos ardem e as lágrimas ameaçavam a cair, tento regular minha respiração impedindo que as lágrimas caiam. Eu não consigo ficar aqui mais um minuto. Preciso ir embora, preciso da minha casa, preciso ficar longe dele.
-Hannah, por favor -Ele para de esmurrar a porta e diz com a voz ainda alterada
-Me deixa em paz, por favor -Digo, mesmo que minha vontade seja abrir aquela porta e acabar logo com tudo isso. Por um momento tudo se silencia e eu acho que ele se foi. Mas logo depois ouço sua voz rouca
-Não posso, por mais que eu tente -Suas palavras parecem me atingir como uma flecha.
Me levanto e me posiciono atrás da porta, levo a mão até a maçaneta e hesito antes de abrir, quando abro a porta eu o vejo bem a minha frente, seus olhos parecem tão cansados quanto os meus. A tensão entre nós é praticamente palpável.
-Nos não funcionamos um sem outro, você sabe disso -Ele me diz, seus olhos grudados no meu, minha respiração acelerada e a vontade de um ter o outro maior que tudo.
Caminho lentamente para frente, cada vez mais a distância entre nós diminuindo, quando estou perto o suficiente ele estende a mão e põe meu cabelo para trás, seu mínimo toque faz todo o meu corpo se arrepiar, nossos olhos vidrados um no outro, meu coração me faz lembrar de como sinto falta disso, não conseguimos dizer mais nada, na verdade não podemos, minhas mãos vão até seu rosto e ele fecha seus olhos por um instante.
A porta é aberta com violência me fazendo assustar e dar um passo para trás.
-Justin, oque... Quem é ela? -A mesma mulher de mais cedo está na porta, os braços cruzados e nos olham com desprezo, e naquele momento eu percebo que ela é Justin são muito mais que amigos. Fico sem palavras e sem reação, não sei o que mais me deixa decepcionada, ele ter sido capaz de fazer isso comigo ou eu ter sido idiota o suficiente para acreditar em suas palavras. Balanço a cabeça em negativa e saio pela porta apressadamente
-Hannah, por favor... -Justin grita e vem correndo atrás de mim.
Passo pela recepção em disparada, minha mente ainda meio turva pela bebida, meus saltos fazem um barulho alto no chão e meu corpo corre para frente sem forças, passo pela porta do Hotel e vou para o lado de fora na rua, viro a cabeça para trás e vejo Justin logo atrás de mim.
-HANNAH -ele me grita
Viro para o lado tarde de mais. Um carro em disparada bate em mim fazendo meu corpo ser jogado para longe, a última coisa que lembro é das minhas costas se chocando com força contra o asfalto.