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História Purple Haze - Névoa Púrpura


Escrita por: ShiroKohta

Notas do Autor


Plot enviado: #15 - Aquele casal se encontrou em Woodstock e quis que suas vidas dançassem ao som da guitarra de Jimi Hendrix.

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Essa foi minha contribuição pro SHINee Fic Fest, adorei participar e espero ter outros <3 Muito Obrigada ao pessoal que organizou o Fic Fest, e a @coralins pela capa.

Capítulo 1 - Névoa Púrpura


Névoa púrpura por toda a minha cabeça, agora as coisas não parecem mais as mesmas. Estou agindo meio engraçado, mas não sei o motivo, com licença enquanto beijo o céu. Névoa púrpura por todos os lados, não sei se estou subindo ou descendo. Estou feliz ou triste? O que quer que seja, aquela garota pôs um feitiço em mim.

- Purple Haze

 

Seus olhares se cruzam nos acordes iniciais de Purple Haze, como em uma cena de um filme de romance clichê onde, no meio de uma multidão de pessoas, o casal principal se encara por longos minutos e o amor à primeira vista acontece. Mas ali não tinha amor à primeira vista, eram apenas dois jovens vibrando e curtindo a música de um dos maiores roqueiros de todos os tempos, ou será que tinha?

O coração do Jonghyun batia freneticamente, bombeando ferozmente o sangue por seu corpo, entre suas veias, e naquele instante ele não sabia se era pela melodia divina e insana de seu músico favorito, ou se era por aqueles olhos puxados, castanhos oblíquos e expressão felina. O garoto estava tão perto e ao mesmo tempo tão distante, tinham dez, vinte, cinquenta, pessoas os separando não sabia ao certo, mas ainda assim, ele podia ver com clareza tamanha beleza.

Ele volta a olhar para o palco onde Jimi Hendrix, com a habilidade de um Deus acompanhado dos Gypsy Sun and Rainbows, fazia mágica com os dedos e sua voz.

Jonghyun gostaria de ir mais pra perto, mas seus amigos estavam chapados demais para se aventurarem até a frente do palco, ele volta a olhar para o outro garoto que nas pontas dos pés tenta ver o melhor show que Woodstock iria ter aquela noite e toma uma decisão, amores de segundos não estariam jamais em seus planos.

 

 

Kibum olha para o lado ao ser empurrado por um dos tantos bêbados da noite, era pra ele ter ouvido o conselho de seus pais e não ter se aventurado sozinho no meio da multidão, mas ele queria ver o Jimi o mais próximo possível e seus velhos só queriam curtir a tranquilidade de um show do fundão.

Um garoto o encara com uma expressão meio abobalhada no rosto e por uma razão estranha Key se sente corar, não era de seu feitio ser intimidado por olhares, mas algo naquele garoto mexia com seu interior. Seus olhos voltam para frente e ele fica nas pontas dos pés tentando ver melhor o palco e presenciar a noite histórica que estava acontecendo ali, mas era um saco ser baixinho. Uma mão envolvendo seu pulso lhe assusta e ele olha para baixo, para a mão levemente bronzeada, e depois pra cima em busca da fisionomia do dono de tamanha afoiteza, ninguém tinha o direito de lhe tocar sem permissão, e o que vê faz seu coração perder uma batida. O garoto de antes está tão próximo de si que Kibum consegue ver cada linha de expressão em sua pele pintada de azul e rosa em formas desconexas, ele lhe sorri e puxa seu braço de leve e com um movimento de cabeça indica a frente do palco, Kibum, como um bom garoto, deveria empurrar o estranho pra longe e voltar para perto de seus pais, mas ele apenas sorri e o deixa lhe guiar para mais perto de Jimi Hendrix.

 

― Uou! Esse foi o melhor show da minha vida! ― o garoto grita jogando os braços para o alto e Key ri com a empolgação dele. Sim, aquele tinha sido o melhor show de sua vida. ― Você é coreano? ― o outro pergunta enquanto caminham por entre as pessoas jogadas no chão, já estava muito escuro e os shows haviam terminado para o dia, mas ainda assim as pessoas pareciam não querer ir embora.

― Sim, quer dizer, meus pais são imigrantes, eu nasci aqui. ― ele responde, seus olhos vão para o relógio em seu pulso, já eram 2 horas da manhã, ele sabia que seus pais não estavam lhe procurando, provavelmente estavam altos demais pra isso no trailer deles, mas não queria dar motivos.

― Eu também. Que coincidência! ― o garoto grita mais uma vez e Kibum questiona se ele não tinha cheirado ou fumado algo ilícito, era muita empolgação para alguém tão pequeno. ― Hey, você quer ver uma coisa legal? ― ele pergunta, os olhos o encarando expectantes, ele olha para o relógio mais uma vez e suspira, por que não? Kibum sorri e isso parece ser resposta suficiente. Seu pulso é agarrado mais uma vez e ele é puxado por entre os corpos jogados no chão pelo vasto campo, a parte sã de seu cérebro gritava para não confiar no estranho e voltar para o trailer da família, mas ao mesmo tempo algo lhe dizia para ficar.

Eles chegam a um lago e o outro garoto os lidera até uma pedra grande o suficiente para entrar na água, ele dá duas batidinhas no espaço ao seu lado e Kibum senta, incerto. Eles ficam sentados observando a brisa deixar leves ondas na água escura, os primeiros raios de sol já estavam surgindo, banhando o mundo com suas cores alaranjadas. Kibum tira seu tempo para observar melhor o outro garoto de soslaio, ele era lindo, sem dúvida, e isso fazia algo estranho vibrar na boca de seu estômago.

― Eu me chamo Jonghyun Kim e você? ― a pergunta o pega de surpresa e ele demora a responder, os olhos escuros o encaram com interesse.

― K-kibum Kim. ― ele responde levando os olhos para as mãos, com vergonha por ter sido pego olhando. ― Mas você pode me chamar de Key.

― Kim?! Uau! Mais uma coisa em comum, uau! ― Jonghyun diz se aproximando o bastante para Key poder ver sua íris e sentir a respiração quente do outro em sua pele. ― Key, você acredita em almas gêmeas?

Rápido como um foguete, Kibum levanta a cabeça e seu nariz roça de leve no nariz do outro garoto, eles estão tão próximos que se movessem um centímetro estariam com a boca uma na outra. Os olhos do Jonghyun viajam de seus olhos para as sardas em suas bochechas até seus lábios, mas ele não se move e o coração do Kibum bate loucamente.

― Por quê? Você acha que sou a sua? ― ele pergunta com um leve desafio entoado na voz. Jonghyun sorri largo, os olhos se tornando duas crescentes, Kibum não se contém e sorri junto, o menor era contagiante assim.

― Você é lindo, Kibum Kim, tão lindo quanto aquelas estrelas lá no céu.

 

[...]

 

Meu vermelho é tão confiante que ele faz brilhar troféus de guerra e fitas de euforia. O laranja é jovem, cheio de audácia, mas muito inseguro na primeira visita. Meu amarelo nesse caso não é tão maduro, na verdade, eu estou tentando dizer que ele é tão assustado quanto eu. E todas essas minhas emoções continuam me impedindo, é, entregar minha vida para um arco-íris como você, mas eu sou, é ,eu sou valente como o amor.

- Bold As Love

 

O sino em cima da porta de entrada toca avisando a chegada de mais um cliente, mas o jovem não para seu trabalho de espanar uma coleção de Dostoievski, porém seus ouvidos estavam atentos, ele escuta quando o cliente para no balcão de atendimento para depois seguir entre corredores e estantes abarrotadas de livros.

― Doeu? Quando você caiu do céu? ― Kibum revira os olhos e bufa exasperado, segurando o espanador apertado na mão pronto para enfiar na cara de quem quer que fosse, apesar de ter uma ideia, só poderia ser os estudantes do colégio no fim da rua que gostavam de perturbar o seu sossego. Por algum motivo eles achavam o jovem alvo fácil de suas investidas.

Ele desce os degraus da escada com cuidado e já em solo se vira pronto para enxotar o pirralho, mas o que vê o deixa surpreso, a boca ágape.

Desde o show de Jimi Hendrix, sua mente não parava de pensar na pessoa maravilhosa que havia conhecido, duas semanas haviam se passado e ainda assim era difícil apagar o sorriso que aparecia em seu rosto na lembrança do pouco tempo que ficou na companhia de Jonghyun Kim, e vê-lo ali bem diante de si era maravilhoso.

― Jonghyun? ― o menor sorri largo e levanta a mão em um aceno tímido, mas a expressão em seu rosto dizia outra coisa.

― Já te disseram que você é lindo hoje Kibum? ― o frisson que sente na barriga é estranho. Key revira os olhos e se dirige para o balcão com o rosto em chamas.

― Como você me achou? ― ele resolve perguntar sentando atrás da máquina registradora enquanto o outro se encosta no balcão.

― Foi total coincidência, mas eu me lembro bem que você disse que havia acabado de terminar o ensino médio e que e trabalhava em uma livraria ao lado da Universidade de Nova Iorque. ― Key realmente não lembrava disso, também naquela noite/madrugada eles falaram sobre tantas coisas. Mas ainda assim, eram muitas livrarias. ― Eu passei muitas noites pensando em te ver novamente. ― Jonghyun continua ele se inclina sobre o balcão e toma as mãos do mais novo nas suas. ― Kibum, você acredita em almas gêmeas?

― Por quê? Você acha que sou a sua? ― ele solta a pergunta de volta no automático, seu coração bate frenético.

― Sem dúvida. Resta saber se eu sou a sua.

 

 

Jonghyun se torna uma constante. Todas as tardes ele aparecia com um sorriso no rosto e palavras doces. Kibum não sabia bem como cooperar, nunca havia passado por isso antes, nunca tinha sentido algo tão intenso por outra pessoa, quem dirá outro garoto. Sua mente era uma confusão de possibilidades e medos, ao mesmo tempo que ansiava todas as tardes a presença do mais velho na humilde livraria onde trabalhava para lhe tirar do tédio, tinha medo de que o que estava sentindo fosse errado, que estivesse interpretando as coisas de maneira errônea.

― Você tem algo para fazer amanhã à noite? ― Jonghyun pergunta de seu lugar, deitado no chão entre as estantes de literatura francesa, ele tem um livro contra o peito que Kibum tinha a certeza que não tinha lido um parágrafo sequer. O mais novo tira seus olhos do caderno de matemática em que resolvia algumas questões, o vestibular estava próximo e ele queria poder estudar na mesma universidade que o outro, o que era estranho, até meses atrás Kibum não tinha interesse algum em seguir qualquer carreira profissional se não fosse ficar trabalhando na pequena livraria que tanto amava.

― Não, por quê?

― Eu quero te mostrar um lugar, amanhã às oito eu posso te encontrar aqui na frente da loja?

― Pode ser. Onde nós vamos?

― Segredo, amanhã você verá.

 

Ele não gostava disso, de não ter controle das coisas, e muito menos dessas sensações irritantes. Jonghyun passa o braço por seu ombro e o aperta contra si enquanto caminham pela noite fria, as botas afundando na neve que já derretia tornando as calçadas escorregadias, mas mesmo o frio congelante não intimidava as pessoas. Muitas delas andavam de um lado para o outro, entre lojas de roupas, cafés, e bares. Kibum se sente um pouco desconfortável, poderia ser nada demais, ele e Jonghyun eram apenas dois amigos caminhando juntos, mas não deixava de pensar que todos estavam os espiando com olhares de reprovação, não era certo, não parecia ser certo. E, ao mesmo tempo, parecia ser tão certo.

― Onde nós estamos indo? ― resolve perguntar depois de uns bons minutos caminhando, ele se afasta do Jonghyun colocando uns três passos de distância entre eles.

― Segredo, você vai saber quando chegarmos lá.

― Eu odeio segredos. ― ele faz um bico chateado e Jonghyun aperta suas bochechas o puxando para perto e em um piscar de olhos ele deixa um beijo na testa do mais novo. Kibum pisca confuso, tinha sido tão rápido, ele podia jurar que Jonghyun havia lhe beijado na testa, mas ao mesmo tempo não poderia dizer que não tinha sido algo de sua imaginação. O músico age como se nada tivesse acontecido, ele segura a mão do Kibum na sua e o guia entre as pessoas, por avenidas e becos de Nova Iorque.

 

Jonghyun o leva até sua casa, um pequeno loft localizado no Queens, tudo no pequeno espaço gritava arte, das paredes cheias de quadros, de cada canto do apartamento com livros empilhados, da vista que tinha de uma grande janela de vidro do East River e, do outro lado dele, Manhattan. No canto da sala, um piano, acompanhado de um violão, e um teclado, ficavam em destaque, Kibum sabia que ali era onde Jonghyun passava a maior parte de seu tempo.

― Eu estudo música clássica na faculdade, como você sabe, não é totalmente meu estilo, mas me dá uma base boa. ― Kibum estava encantado pela beleza do apartamento, seus dedos deslizam pelas teclas do piano suavemente tirando pequenos sons.

― Que tipo de música é seu estilo? ― ele pergunta já tendo uma ideia da resposta, afinal, haviam se conhecido em um show de rock.

― Rock, Blues, Jazz, sou fascinado pelo choro da guitarra, em como seus acordes e notas tiradas de suas cordas vibram por todo meu corpo, com se suas notas estivessem fazendo amor com quem escuta, eu amo música, amo compor, eu quero ver minhas músicas sendo cantadas por grandes artistas.

Kibum observa Jonghyun falar com tanta paixão e dedicação e deseja que o mais velho falasse assim sobre ele. Seu íntimo deseja que fosse seu nome, sua existência ali, a coisa mais importante na vida de Jonghyun Kim, que fosse sobre ele que o mais velho escrevia suas canções e isso é assustador. Por um momento ele não se importa em visualizar um futuro com o outro homem, não se importa em visualizar os dois juntos aos beijos, trocando carícias.

― Key, você está me ouvindo, você está bem? ― ele volta a realidade quando duas mãos frias tocam seu rosto, seus olhos focam na face em frente a si e seu coração dá um back-flip indo parar em seu estômago. Jonghyun é tão lindo, tão apaixonante.

― Eu não sei…. e–eu. Jonghyun, me beija. ― assim que as palavras saem de sua boca, ele se arrepende, mas rápido como apareceu, o arrependimento se esvai quando Jonghyun cola seus corpos o imprensando contra o piano e toca seus lábios finos com os seus grossos.

 

[...]

 

Um anjo veio do céu ontem. Ela permaneceu comigo apenas o suficiente para me salvar. Ela me contou uma história ontem, sobre o doce amor entre lua e profundo mar azul. E então pôs sua asa sobre mim e disse que ia voltar amanhã.

- Angel

 

A perfeição se conquista com o trabalho exaustivo e preciso. Jonghyun acreditava piamente nisso. Kibum era a música que ele queria orquestrar com precisão, ele queria enamorar as suaves melodias da pele cheia de sardas, dedilhar acordes com os dedos, tirar sons dos lábios doces. Jonghyun iria enaltecer Kibum Kim em canções de amor. Mas, pra isso, ele precisava fazer com que o mais novo enxergasse além da amizade que construíram, ele precisava desconstruir a parede que o jovem havia montado ao redor de si.

Jonghyun não era um exemplo a ser seguido, tinha feito muita coisa errada em sua vida, estudava música quando seus pais queriam que fosse advogado, metade dos seus amigos ou eram viciados, ou lunáticos naturalistas. Ele acreditava no amor, mas apenas se esse fosse compartilhado com muitos. Jonghyun era um transgressor, sim, como a maioria dos jovens de sua época, sexo, drogas, noites na farra, tudo era permitido, tudo lhe convinha, até ele conhecer Kibum Kim, a chave que precisava para trancar seu coração a outro. Então, quando ele empurra Kibum contra o piano, as mãos segurando o quadril alheio no lugar, ele tenta expressar tudo o que sente, sem precisar usar palavras. Há uma explosão dentro dele – é quente, excitante, seus nervos correm selvagens, tanto que ele está tremendo quando leva ambas as mãos para o rosto do Kibum. Ele se sente como se não pudesse respirar durante o tempo que os lábios do mais novo ficam pressionados contra o seu. Isso, ele supõe, é amor, num sentido muito puro – doce e casto. Key se afasta primeiro, ele não tem certeza de quando. Enquanto o tempo quase não passou, parece que muito mais tempo passou para ele, como se tivesse temporariamente ficado lento para os dois. Seria maravilhoso, ele pensa consigo mesmo, se isso pudesse acontecer de verdade.

Os olhos do Kibum estão marejados, todo seu rosto está num tom avermelhado e não era isso que ele queria de jeito nenhum, não queria assustar o garoto, ele tenta segurar as mãos do outro, mas esse se afasta enxugando as lágrimas que já banhavam sua face.

― K-kibum e-eu… ― sua voz treme enquanto tenta falar, mas não consegue articular bem as palavras, tudo está tão confuso. Key balança a cabeça em negativa e pede para ele se calar, e Jonghyun espera.

Quando o mais novo finalmente fala, é como uma avalanche derramada sobre si.

― Eu acho que estou apaixonado por você, sabe? ― ele finalmente confessa. ― Acho que desde a primeira vez em que te vi naquele show, isso deve soar estúpido.

― Não é. Nem um pouco. ― Jonghyun lhe assegura e é uma coisa que Key estava morrendo de vontade de ouvir. Ele precisava de alguém para lhe dizer que nada disso era um erro. O músico respira fundo e dá dois passos na direção do outro, que não se move. ― Desde que nos conhecemos, tudo na minha mente gira em torno de você, não importa o que eu pense, só vem você. ― ele balança a cabeça para si mesmo. ― Eu não acho que estou apaixonado por você. ― os olhos do Kibum dobram de tamanho, uma expressão sôfrega toma conta de sua face. ― Eu te amo, é a única certeza que tenho na vida, Kibum Kim. Eu te amo.

Jonghyun cobre toda a distância até o Kibum e agora está de pé em frente ao garoto, ele toma as mãos delicadas na suas, ele aperta com cuidado e lhe permite saber. ― Eu venho te amando pelo que parece ser uma eternidade.

― Eu tenho medo. ― não é mais que um sussurro, e Jonghyun vê naqueles olhos castanhos lindos que tipo de medo o garoto está sentindo, um medo que um dia já sentiu, medo do desconhecido, do que as pessoas iriam pensar, medo de um futuro.

― Não tenha, eu não vou sair do seu lado. Você acredita em mim, Kibum, quando digo que te amo? ― o garoto confirma tímido com um pequeno aceno de cabeça e ele sorri.

― Eu acredito em você. ― Esse momento onde estão agora, é só o que Jonghyun vinha sonhando desde a noite em que se conheceram. E esta é a verdadeira felicidade, possivelmente a forma mais pura que já teve o privilégio de sentir.

― Key, eu posso te beijar agora? ― E ele concorda com uma timidez tão fofa que Jonghyun tem que se controlar para não apertá-lo e jamais soltar.

Respirar e se preparar, tanto mentalmente e fisicamente. Jonghyun traz Kibum em direção a ele tão facilmente, é tão natural, é tudo tão real. E o peito do músico aperta enquanto seu coração bate forte, sua testa se torna pegajosa revestida com suor e sua mente se enche de milhares de pensamentos e cada um deles é sobre a pessoa em seus braços. Tudo o que importa são os dois agora.

Jonghyun empurra sua boca contra a do Key, um pouco aberta dessa vez, e é estranho lembrar que este é apenas o segundo beijo. Sua língua roça levemente na de Kibum e suas mãos viajam de uma forma que nenhuma imaginação jamais poderia ter pensado. Elas vão para onde nunca estiveram antes, a parte de trás das coxas do mais novo, e o suspende para o alto e Kibum enrola suas pernas ao redor do quadril do mais velho. Jonghyun o leva para longe da sala – tudo está prestes a ser perfeito.

 

Os lábios do Kibum nunca ficaram tão inchados antes em sua vida. Eles estão mais grossos que o normal – brilhantes e lisos do beijo que eles deram anteriormente e dos beijos que eles estão dando agora. Ele se encaixa quase que perfeitamente no colo do Jonghyun, suas pernas ficam cada uma de um lado do corpo do músico e ele ganha uma vista bastante clara do rosto do garoto na sua frente, apesar da iluminação no quarto ser precária, graças a um abajur na cabeceira da cama. Ele empurra o cabelo dos olhos do Jonghyun com uma ternura que nunca demonstrou com ninguém, eles se encaram por mais de alguns segundos, Key está fascinado pela maneira que o músico olha de volta para ele, o amor em seus olhos e a forma como brilham.

― Kibum, você está nervoso? ― Ele pergunta com uma voz tão suave que envia um arrepio ao longo da espinha do mais novo. Ele não está exatamente certo, mas ele balança a cabeça em negativa. ― OK. Você pode me dizer se mudar de ideia.

Tentar encaixar o pau do Jonghyun dentro da sua bunda é um pouco desafiador, é a maior coisa que já chegou perto de seu buraco antes. Dedicar tempo, esforço e lubrificante vale a pena, embora – eles são recompensados no final. Os dedos do Jonghyun não são muito ruins, também. E, além disso, os ombros do músico fazem um excelente suporte quando chega a parte em que ele tem que se abaixar lentamente, pouco a pouco, no pau alheio e o movimento faz com que sua cabeça comece a girar, sua mente vai no automático, enquanto se permite empurrar ainda mais sobre ele. A sua respiração fica presa na parte de trás de sua garganta, com um suspiro audível quando ele finalmente consegue empurrar Jonghyun todo o caminho dentro de si. Ele não solta os ombros largos quando começa a cavalgá-lo lentamente, ele ofega desesperado com a sensação e Jonghyun agarra suas coxas apertado e o beija com mais agressividade, com uma paixão ardente. E Kibum ama cada pedacinho disso. Ele adora quando Jonghyun nota que ele está cansando-se e assume o trabalho, ele vira seus corpos e deita Kibum contra a cama, sua cabeça encostando no travesseiro. Ele tem uma melhor resistência do que o mais novo, mais força e poder para colocar em uso e tudo isso vai direto para o jeito com que move seu quadril, o som de pele contra pele ecoando junto com a cabeceira da cama contra a parede.

E ele ama Jonghyun.

É difícil pensar coerentemente quando se está sendo fodido, difícil pensar em qualquer coisa quando se tem um pau enfiado em sua bunda, o máximo que Kibum consegue fazer no momento é choramingar como se não conseguisse aguentar cada movimento contra seu corpo, ou a mão do Jonghyun acariciando seu rosto com adoração, ou a outra deslizando contra sua mão entrelaçando seus dedos. A única coisa em sua mente é Jonghyun, Jonghyun, Jonghyun, literalmente, e esse momento parece ser o mais próximo que ele vai ter um dia de chegar ao paraíso.

E quando Jonghyun goza dentro dele, é melhor do que qualquer euforia que ele já teve o prazer de experimentar em toda sua vida.

 

A manhã vem e Kibum acorda ainda na cama do Jonghyun, não havia sido um sonho afinal. Há uma luz fraca que passa através das cortinas e Jonghyun ainda dorme tranquilo, deitado em cima do mais novo, tão pacifico, ele parece quase irreal. Ambos os braços estão envoltos ao redor do quadril do Kibum. Do jeito que haviam ido dormir, ficaram e eles não mudaram nem um pouco ao longo da noite.

E assim é como as coisas deveriam ser.

E tudo o que Kibum pode realmente pensar é no que eles fizeram juntos – ele e Jonghyun. E então ele cora, totalmente envergonhado da lembrança de sua voz suplicando palavras desconexas e desesperadas. Ele fica tão absorto em sua própria vergonha que nem sequer registra em sua mente que Jonghyun está acordado, até pelo menos alguns segundos tarde demais, quando ele já está pressionando um beijo de bom dia no topo de sua cabeça. Ainda um pouco sonolento, ele sorri para Kibum.

― Já te disseram que você é lindo hoje, Kibum?

Ele é pego de surpresa e então sorri largo.

― Sim, você.

 

[...]

 

Quando você me verá de novo? Mas eu rezo para que seja amanhã. Bem, a luz do sol está queimando meus olhos, baby, preciso ir agora, mas realmente espero te ver amanhã [...]

Ainda não digo quando você me verá de novo, mas eu realmente espero que seja amanhã. Desculpa, mas eu tenho que ir agora. 

- Ain't no telling

 

A carta chega em um dia ensolarado.  

A música tocando na cozinha é ‘Like A Rolling Stone’, no momento, a favorita do Kibum, mas isso é só porque Jonghyun a canta para ele no banheiro todas as manhãs.

Jonghyun observa do balcão na cozinha Key andar de um lado para o outro no cômodo, ocupado fazendo um bolo para levarem à casa dos pais do mais novo. Essa era a melhor parte de seus dias, poder ficar em casa, na companhia de seu amado, Jonghyun amava isso, a simplicidade da vida doméstica dos dois. Comme Des e Garçons latem quando a campainha toca e ele se arrasta até a porta abrindo apenas uma fresta para os cachorros não saírem correndo pela rua. Ele tem a visão do carteiro, Jonghyun sorri para o homem que o encara com pesar, lhe entregando uma carta com o emblema tão temido. Era isso. Quando a vida está perfeita demais, você tem que suspeitar.

― Quem era? Jonghyun, quem era na porta? ― Kibum pergunta quando ele volta para a cozinha, ele senta com o envelope apertado entre os dedos, amassando o papel.

― O carteiro. ― ele responde sem olhar pra cima, os olhos ainda vidrados no maldito envelope.

― Ah, chegou algo importante? ― ele escuta o Kibum fechar o forno do fogão e dar a volta no balcão para sentar ao seu lado. Ele então resolve olhar para o seu amor.

― Kibum, já te disseram que você é lindo hoje? ― era engraçado que, depois de tanto tempo, as bochechas do mais novo ainda adquirissem a tonalidade vermelha, envergonhado.

― Você disse enquanto nos amávamos. ― ele responde puxando a cadeira para sentar, mas antes que faça isso, Jonghyun o puxa para seu colo. ― Jjong, o que foi?

― Eu te amo tanto. Kibum Kim, tanto, tanto, tanto. ― ele aperta Kibum contra o peito, enquanto suas lágrimas molham sua face e a camisa do garoto em seu colo.

[…]

― Eu irei voltar para você. ― Jonghyun diz sorrindo na porta de casa, o táxi o espera no meio fio. Ele dá uma última olhada na casa que construíram juntos e depois para o amor de sua vida bem ali, com lágrimas nos olhos, mordendo os lábios, as mãos apertadas contra o peito. ― Eu vou voltar, você confia em mim não confia?

― Confio com toda minha vida. ― Kibum responde e Jonghyun o puxa para um abraço apertado e, pouco se lixando para os bisbilhoteiros, deixa um beijo casto nos lábios finos do mais novo. ― Eu te amo. ― Kibum diz selando seus lábios mais uma vez.

Jonghyun entra no táxi com o coração apertado, ele vê pela janela sua casa, seu marido, se perderem ao longe, ele abafa um soluço com as mãos e chora em silencio no banco do passageiro, estava indo para o inferno, mas ele iria voltar, iria voltar para os braços de Kibum Kim.

[…]

Metralhadora,

Dilacerando o meu corpo todo em pedaços

O homem do mal me faz matar, sim

O homem do mal faz você me matar

O homem do mal me faz matar você

Ainda que nós somos somente famílias separadas.

- Machine Gun

 

Amai ao próximo como a ti mesmo. Assim está escrito na bíblia, assim foi dito pelo messias, mas por que ninguém seguia tão lindas instruções?

A guerra era tão sem sentido, estar ali, empunhando armas e matando outros seres vivos era mais sem sentido ainda.

Os gritos do jovem soldado caído no campo aberto os mantém acordados e alerta durante toda a noite. É a estratégia dos inimigos, eles matam todos deixando apenas um machucado o bastante que não possa andar, eles o mantém vivo e os gritos esperando que seus companheiros venham lhe resgatar. Jonghyun fecha os olhos com força e conta até dez antes de abri-los novamente, ele está abaixado em um buraco com mais cinco homens, eles escutam o lamento do soldado, apenas um garoto de 18 anos.

― Não podemos deixá-lo lá. ― ele diz por fim. Cansado, o Capitão o encara por alguns segundos.

― Também não podemos ir buscá-lo.― e bate no braço de um dos atiradores ao seu lado, o homem fica de joelhos e aponta sua M6 e abre fogo. Os lamentos e súplicas do jovem soldado cessam e Jonghyun gostaria de silenciar junto com ele. Se não tivesse pra quem voltar, ele já teria virado alvo de sua própria metralhadora. O Key estava lhe esperando, ele tinha que voltar com vida, era uma promessa.

[…]

A primeira coisa que escutam é o ronco baixo de um motor, longe e rouco, enquanto o batalhão se move em direção a um campo aberto. Em seguida, as madeiras começaram, queixando-se sob o peso de algo se movendo ao longo de seus ramos e entre as árvores. Quando o bramido morre, tão lentamente como tinha começado, todos estão no chão, segurando o fôlego e se escondendo em cada pequeno buraco que tinham encontrado. Eles esperam por algum tempo, tensos segundos, até o apito seco de munição rasgando o ar se aproximando faz o sangue dos soldados gelar. O primeiro impacto bate em uma árvore, o segundo um pouco para o lado, próximo ao pé do Jonghyun, o terceiro explode em um soldado em uma exibição cruel de sangue, e é assim que os inimigos os localizam. Os motores ganham vida, mais uma vez, o chocalho metálico anunciando as máquinas de guerra. Jonghyun vê o primeiro canhão espreitar por entre as árvores do outro lado da clareira na floresta e faz uma desesperada tentativa de rastreamento do perímetro. Ele escuta o resto da tropa lutando afastado em um nível semelhante de desespero, mas tudo vem por água abaixo pouco tempo depois junto com a detonação das armas de disparo, as explosões e seus impactos para todo o lado e os gritos que se seguem.

Pedaços de madeira e solo voam em todas as direções possíveis, a sujeira que salta para o seu rosto, e faz sua retirada precipitada em uma tentativa cega. Jonghyun segue a voz potente do Tenente, que os conduz para dentro da floresta mais espessa, o impacto, bem ao seu lado, o envia voando para o chão, com o rosto coberto de lama e seus ouvidos zumbindo estridente da explosão ensurdecedora. Jonghyun fica caído em um torpor, os olhos ameaçando fechar, a poeira parecia estar caindo em câmera lenta, o sons do confronto baixo e abafado como se estivesse debaixo d'água, seus membros estavam anestesiados e sem resposta. Ele sente a aproximação das explosões, ouve os inimigos perto, mas não pode fazer nada para evitar.

Naquele momento de incapacidade, de vulnerabilidade e impotência, de perigo se aproximando e poder inexistente para se defender, de um sentimento misto de pânico, desespero e resignação, seu cérebro começa a puxar delicadamente memórias calmas de uma gaveta escondida em sua cabeça. Jonghyun não sabe se é uma tentativa de lhe fazer ser forte e continuar em movimento, se era uma tentativa de acalmar o medo enquanto esperava pelo golpe final, ou apenas uma simples última tentativa de reviver lindas imagens de sua vida antes de parar de enxergar, antes de parar de ser, e, de repente, elas eram tudo em que conseguia focar. Ao longo das silhuetas dos corpos mortos, a lama fria, as explosões em ressonância, gritos e tiros, Jonghyun viu sua casa, o modesto apartamento, viu os seus pais trabalhando sem parar na loja da família, viu seus poucos amigos que gostavam de perambular nas ruas. Viu, preocupada, com lágrimas nos olhos, sua mãe quando disse adeus a todos em seu impecável uniforme novo… E, por fim, viu Kibum Kim e seu sorriso bobo, seus olhos brilhantes à sua espera. Viu o seu sorriso vacilante e seus olhos banhado em lágrimas… Ele sente seus próprios olhos úmidos e seu coração apertando dolorosamente na sua impotência. Seu corpo faz uma tentativa desesperada de movimento, sua cabeça girando e visão borrada de forma alarmante, mas consegue arrastar os braços e pernas sobre o chão em movimento. Ele rasteja na direção que esperava que fosse o caminho certo, mas, não muito longe no seu avanço lento, sente algo duro e pesado bater de cima e tudo escurece.

[…]

― Eu vou te amar pra sempre, mesmo depois de morto, continuarei te amando. ― Jonghyun sussurra contra os lábios do Kibum, ele entrelaça suas mãos acima da cabeça do mais novo enquanto empurra seu quadril com uma lentidão precisa, os gemidos do Kibum são abafados por um beijo. ― E na outra vida, ainda te amarei.

 

Está chegando perto de amanhecer. Quando luzes fecham seus olhos cansados. Eu estarei logo com você meu amor, Lhe dar minha surpresa da madrugada. Eu estarei logo com você minha querida. Estarei com você quando as estrelas começarem a cair.

- Sunshine Of Your Love

 

[…]

 

― O que você está fazendo? ― Kibum pergunta assim que entra no quarto para encontrar o garotinho deitado em sua cama rodeado por álbuns de fotografia. Kibum senta ao lado do filho observando o pequeno olhar com carinho para uma foto que não via há muito tempo. Ele e o Jonghyun estavam sujos de tinta colorida, o mais velho lhe abraçava, o sol brilhava intensamente e bem atrás deles o palco, agora vazio, onde na noite anterior Jimi Hendrix havia tocado. Seus pais haviam tirado a foto quando saíram para procurá-lo o encontrando na companhia do outro garoto asiático.

― Como você e o papai se conheceram? ― O pequeno Taemin pergunta, os olhos brilhando de curiosidade, e Kibum sorri docemente. Ele gostaria que o filho tivesse tido oportunidade de conhecer o outro pai propriamente. Mas nem tudo sai como se deseja, o Taemin chegou em suas vidas um mês depois do Jonghyun partir, como um presente enviado pelo mais velho, para não deixá-lo sozinho nesse mundo.

― Eu e seu pai nos conhecemos no show do nosso músico favorito e, quando nossos olhos se encontraram, foi como ser intoxicado por uma névoa púrpura.

 

Névoa púrpura por toda a minha cabeça

Agora as coisas não parecem mais as mesmas

Estou agindo meio engraçado, mas não sei o motivo

Com licença enquanto beijo o céu

 

Névoa púrpura por todos os lados

Não sei se estou subindo ou descendo

Estou feliz ou triste?

O que quer que seja, aquela garota pôs um feitiço em mim

 

Me ajude, me ajude

Oh, eu não sei

 

A névoa púrpura estava toda em meus olhos

Não sei se é dia ou noite

Você me confundiu, confundiu minha mente

Se é amanhã ou somente o final dos tempos

 

Quem sabe?

Me ajude, sim

Venha saber

Me diga, me diga.

 

- Purple Haze


Notas Finais


Escolhi esse plot por nunca ter escrito uma songfic (ou quase isso) na minha vida e queria tentar esse desafio, além do fato de ser um grande fã da obra de Jimi Hendrix e amar suas letras. Purple Haze foi maravilhoso de se escrever, mesmo não gostando do resultado final, enfim, espero que tenham gostado de coração.


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