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História Quando a Noite Chegar - Pedra, papel, tesoura?


Escrita por: chansooit e DoWon

Notas do Autor


Oi seres!
Bem, se essa fic está sendo postada, significa que passei no Chansoo It, então.... EEEH PARABÉNS PRA MIM! Eu tô tão feliz por essa oportunidade, aaaaaah XD

Eu não sei quem betou ou quem fez a capa, mas obrigadinha moço/a sz

E outra: a fanfic tá bem curtinha, mas eu achei um amor e espero que vocês também achem isso <3
Por favor, dêem muito amor não só à mim, mas ao Chansoo It também :v

Boa leitura!

Capítulo 1 - Pedra, papel, tesoura?


Kyungsoo atravessou o corredor calmo, sorrindo bonito para todos que via pela frente — médicos ou pacientes, sendo simpático e agradável.

Arrumou sua postura, segurando bandeja firmemente, deixando evidente seu nervosismo com aquele gesto, e adentrou o quarto de um de seus pacientes. Do Kyungsoo não era um enfermeiro muito conhecido, mas ao mesmo tempo, bastante apreciado por seus superiores; ele trabalhava na área de quimioterapia há quase cinco anos e era excelente, muito profissional e experiente. A primeira coisa que Kyungsoo viu ao entrar no cômodo foi branco, branco para todos os lados, era simples e enjoativo. Passou seus olhos redondos pelo quarto, parando-os no corpo grande deitado na cama, coberto por um cobertor fino, seu braço direito cheio de furos e uma agulha pendurada em seu pulso.

Chanyeol sorriu para si, levantando a canhota para dar um "oi". Ele tinha um tubo respiratório em seu nariz, e seus lindos cabelos encaracolados que Kyungsoo teve o prazer de ver, já tinham caído quase que totalmente — mas ele continuava lindo.

— Olá, enfermeiro Do! — Chanyeol saudou, sua voz grossa e rouca sendo uma canção aos ouvidos do menor.

— Você sabe que não precisa me tratar com tanta formalidade, não sabe? — Perguntou-lhe, sorrindo para si enquanto colocava a bandeja no colo do Park.

Ele riu, olhando para seu almoço curioso.

— Eu sei, mas gosto de encher seu saco. — Piscou ao outro, ganhando um riso e um tapa fraco no ombro de volta. — Pois bem, o que temos aqui?

— O de sempre, ué. — Deu de ombros, puxando uma cadeira para se sentar perto da cama de Chanyeol.

— Mas isso aqui não me parece ser o que sempre me trazem. — Apontou para o pote de pudim que estava na bandeja, e o enfermeiro fez-se de desentendido. — Não creio que trouxe pudim de chocolate para mim sem que ninguém visse, Do Kyungsoo!

— Foi você quem pediu, ok? Só acatei ao seu desejo, apenas isso. — Crispou os lábios, olhando o Park mexer na comida sem interesse.

— Não sabia que iria realmente trazer. Olha, está de parabéns. — Brincou. Enfiou uma garfada na boca, e fez questão de falar de boca cheia por saber que o outro odiava isso. — Então, Do, o que tem de interessante para mim hoje?

Kyungsoo fez uma careta ao mais novo, franzindo o nariz pela falta de educação por parte do maior, porém, ignorou aquilo pois sabia que ele sempre fazia de propósito.

— Bem, ouvi boatos de que Jongin está namorando Krystal. — Falou sussurrando, colocando a mão na frente da boca como se fosse um segredo apenas dele e do paciente.

Chanyeol se inclinou mais para perto do menor, arregalando os olhos com sua nova descoberta.

— Oh, sério? — Levantou as sobrancelhas sugestivamente para Do, ganhando um sorriso de coração em troca e mais um "segredo".

— Seríssimo! E mais, disseram que Junmyeon terminou seu namoro com Minhee, acredita? — O semblante pálido de Chanyeol se entristeceu com a fala de Kyungsoo.

— Eles faziam um casal tão fofo... — Suspirou, soltando seus talheres na bandeja e pegando o pudim, abrindo-o. — Espero que ao menos continuem amigos.

— Pelo que soube, eles terminaram porque o Doutor Junmyeon gosta de um outro alguém. — Continuou, encarando o outro comer seu pudim com os olhos brilhantes. — Eu também espero que eles se entendam e sejam bons amigos.

Chanyeol sorriu ao enfermeiro, murmurando um "sim" baixo para voltar a dar atenção ao seu precioso pudim de chocolate. Kyung ficou lá, por longos minutos, com seus olhos fixados no Park. Do não sabia explicar, mas esses eram seus momentos prediletos do dia: ir até o quarto de Chanyeol, conversar com ele e tirá-lo do tédio — mesmo que sempre aconteça o contrário.

Park Chanyeol tinha câncer no pulmão, esse que foi adquirido por seus anos de fumante. Ele havia começado seu tratamento quimioterápico há pouco tempo, cinco ou seis meses mais ou menos. Porém, mesmo com uma doença tão grave, ele continuava firme e forte, contando piadas para todos que entravam em seu quarto e testando suas novas cantadas nas enfermeiras e até mesmo em Kyungsoo.
Chanyeol era incrível, um cara do bem. E talvez seja esse o motivo que Kyungsoo tenha se apaixonado por ele.

Não fazia ideia de como começou a nutrir sentimentos a mais pelo seu paciente, só foi notar quando seu coração começou a bater igual louco no peito e quando a vontade de vê-lo só aumentava. Talvez tenha se enfiado em um caminho sem volta — se apaixonar por um cara com câncer no pulmão e com mínimas chances de sobreviver não era nada fácil —, mas não era como se o Do realmente se importasse. Na verdade, ele não ligava.

— Mas ei, diga-me. — Kyung chamou a atenção do maior, vendo os olhos grandinhos dele o encararem curiosos. — Como se sente? Alguma dor? Algo diferente?

O Park pareceu pensar por alguns segundos, antes de abrir a boca para responder-lhe:

— Bem, eu senti falta de ar hoje mais cedo, mas Minhee cuidou disso. — Levou o dedo indicador ao queixo, pensando em outra coisa que possa ter sentido. — Ah, eu tossi bastante também, mas isso é normal. Estou acostumado.

Kyungsoo sorriu.

— Ao menos não foi nada tão fora do normal, certo? — Viu ele assentir positivamente com a cabeça animado, arrancando mais um sorriso de Do. — Tudo bem, o que vamos fazer agora?

O maior praticamente pulou na cama quando o mais velho proferiu suas palavras, eufórico por ter algo além de olhar para o teto como distração.

— Vamos jogar 'pedra, papel, tesoura', Soo! Vamos, vamos, vamos!

— Nós só fazemos isso, Chanyeol, pense em outra coisa. — Dispensou.

— Ah, Do! Da última vez você ganhou, e isso acabou com meu título de melhor jogador de 'pedra, papel, tesoura' do mundo! — Fez um bico e juntou as mãos para fazer um aegyo, sabendo que isso sempre funcionava com o enfermeiro. — Vai, Soo, só dessa vez! Por favorzinho!

Kyungsoo olhou para aquela cena com os olhos espremidos, sabendo ser apenas mais um dos teatros do Park para fazer com que mudasse de ideia. E não é como se Kyung conseguisse dizer-lhe um não.

 

[ . . . ]

 

Kyungsoo adentrou aquele quarto branco mais uma vez naquele dia, uma nova bandeja em suas mãos. Chanyeol tirou seus olhos da televisão, onde passava um filme qualquer, para encarar-lhe e abrir um enorme sorriso, esse que foi retribuído.

— Mas que honra! Duas vezes em um só dia! — Chanyeol exclamou, e o Do lhe deu a língua, infantilmente.

— Pare de ser chato, sabe que venho te ver no mínimo três vezes sempre. — Colocou o objeto em suas mãos em cima de uma mesinha ao lado da cama de Chanyeol, começando a arrumar os remédios para que ele bebesse.

— Então isso significa que não virá me visitar mais hoje?

Kyungsoo olhou confuso para o maior, e balançou a cabeça para que ele prosseguisse.

— Acha mesmo que não sei de que veio visitar-me quando chegou ao hospital mais cedo só porque eu estava dormindo? Tenho olhos e ouvidos neste lugar, senhor Do. – Levantou uma sobrancelha, claramente brincando. O Do corou com as palavras do mais novo, jurava que ele nunca saberia sobre suas visitas secretas; tinha quase certeza de que Minhee lhe contara. — Own, você fica tão bonito corado!

Os olhos já arregalados naturalmente do menor triplicaram de tamanho, suas mãos indo automaticamente até o rosto para cobrir o mesmo, envergonhado por ter corado com simples palavras.

— Isso não vai te safar de tomar os remédios, Park. — Respirou fundo, tentando fazer com que a cor rosada de suas bochechas desaparecessem.

— Dessa vez não é por isso, mesmo que eles sejam ruins. — Riu, seus olhos seguindo os movimentos do enfermeiro, esse que ainda estava constrangido. — Só estou dizendo mesmo. Você é muito bonito, Do Kyungsoo.

Kyungsoo sorriu disfarçadamente, murmurando um 'obrigado' baixo antes de entregar ao maior seu remédio e um copo de água.


[ . . . ]

 

Se Kyungsoo achava que passar na faculdade era a coisa mais difícil do mundo, ele se enganou rudemente.

O Do encarava a porta do quarto de Chanyeol por tanto tempo que nem ele mesmo sabia se haviam se passado dois minutos ou duas horas. Estava nervoso, e não era para menos.

Os últimos exames de Chanyeol ficaram prontos na noite passada, depois do enfermeiro ter saído do quarto do mesmo após o horário do remédio para dor dele. Estavam esperando ansiosamente pelos mesmos, e toda vez que Chanyeol lhe perguntava sobre, Soo simplesmente respondia que não sabia quando ficariam prontos, mas que ele seria o primeiro –— depois de si e dos médicos, obviamente a saber os resultados.

Como ele contaria ao maior o que viu? Como daria aqueles documentos à ele? Era tudo tão complicado, e saber que o Park seria o que mais sofreria com isso lhe machucava intensamente.

Suspirou profundamente, olhando para o teto por alguns segundos antes de abrir finalmente a porta e adentrar o cômodo.

Chanyeol estava deitado na cama, como sempre, lendo um livro que Kyungsoo não teve o menor interesse em saber do que se tratava. Ele tinha uma touca preta na cabeça, escondendo sua quase calvície, o tubo respiratório mal colocado no rosto e uma expressão concentrada, dando-lhe um ar calmo e ao mesmo tempo bagunçado. Inconsistente, o Do sorriu.

— Soo! — O escutou chamá-lo, notando sua presença, o sorriso dele sempre presente no rosto. — Veio jogar de novo? Fique sabendo que dessa estou preparado e vou ganhar!

Kyungsoo revirou os olhos, chegando mais perto dele e se sentando ao seu lado na cama, encostando suas costas na cabeceira da mesma, igual ao outro.

— Não é por isso que estou aqui.

— Então o que é? Segredos novos? Remédio? — Chan arqueou as sobrancelhas, curioso pela visita do menor.

Não era como se Kyungsoo só viesse quando tivesse motivos, mas não estava acostumado a vê-lo naquele quarto sem uma bandeja em mãos.

— Bem… — Inflou as bochechas, sentindo-se tenso. Era tão, mas tão difícil deixar aquelas palavras saírem de sua garganta que não sabia se conseguiria fazê-lo.

Chanyeol encarou demoradamente as feições do enfermeiro, sentindo toda a alegria que sentia há alguns segundos atrás se esvaziar. Kyungsoo estava triste.

— O que houve, Soo? Por que está tão pra baixo? — Puxou a mão direita do menor com a sua própria, enroscando os dedinhos gordinhos e pequenininhos dele nos seus longos e magros.

Kyungsoo observou suas mãos juntas, as pontas dos dedos do outro lhe fazendo um carinho fraco na pele, e aquilo só o desestabilizou mais ainda. Ah, era tudo tão complicado...

— É que… — Encarou os papéis do exame em cima da mesinha, encostando sua cabeça no ombro de Chanyeol. — O-ontem à noite, seus exames ficaram prontos…

— Você leu? Trouxe-os para mim? — P olhou com expectativa. — E então? Eu estou bem? Quando poderei ir para casa?

Os olhos do enfermeiro arderam, e a fisgada que sentiu em seu peito doeu tanto quanto escutar aquelas frases tão esperançosas.

N-não…

— Não, o quê? — Park se virou um pouco mais para o outro, seus olhos fixados no rosto delicado dele, notando o quanto ele parecia desesperado e extremamente triste.

— Eu vou ficar bem, não é? Vou, não vou?

E-eu…

— Onde estão os papéis?

— Deixe eu lhe explicar primeiro…

— Onde estão, Soo? — Insistiu, calmo.

— Por favor, Chan…

— Só diga onde eles estão, enfermeiro Do! — Exclamou, aumentando o tom de voz, deixando Kyungsoo quieto e assustado.

Kyung assentiu, se levantando da cama e indo até os documentos. Chanyeol nunca tinha levantado a voz para si desde que chegou ao hospital, ele sempre foi um cara calmo e animado, que não se deixava levar pelos momentos tristes e vivia sorrindo. Agora, mas do que nunca, sentia que iria desabar se o Park começasse a chorar ou tivesse um surto. Pegou os papéis com as duas mãos, notando que estavam tremendo, e os deu para o outro, vendo ele os pegar receoso e começar a lê-los.

Kyungsoo viu a respiração do maior ficar mais ruidosa, assim como suas mãos começarem a tremer bem mais do que as suas. O mais novo devolveu-os para o menor, encostou suas costas na cabeceira de ferro da cama e suspirou, passando a língua pelos seus lábios ressecados.

— Vamos jogar? — Chanyeol perguntou, depois de minutos em silêncio.

O enfermeiro encarou-o, incrédulo, desacreditado com tudo aquilo. Como Chanyeol conseguia?

— Isso é sério? Chanyeol, você leu direito?! — Lágrimas desceram por suas bochechas, engasgando-se quando continuou: — Eu entendo que seja uma pessoa otimista, mas isso já passa dos limites! Você vai morrer, não leve isso como se não fosse nada!

Chanyeol sorriu para si, causando um suspiro e um rebuliço no estômago no menor.

— Minha mãe me dizia que quando você está passando por uma dificuldade, por mais difícil que seja, era sempre melhor sorrir, porque tudo fica mais fácil quando você sorri e se acalma. — Ele viu Kyung encarar seus sapatos choroso, fungando diversas vezes seguidas. — Sorria, Soo, não quero morrer tendo como última memória um Kyungsoo chorando compulsivamente.

O Do não pode deixar de rir da frase do outro, negando com a cabeça. Passou as costas de sua destra no rosto, tirando qualquer resquício de choro, indo até a cama do maior e se sentando na pontinha do colchão.

— Agora, antes de jogarmos nossa próxima partida de 'pedra, papel, tesoura', quero que me prometa algo. — Chanyeol ficou sério rapidamente, seus olhos buscando pelos do outro. — Prometa para mim que, se eu morrer…

— Ah, não! Não me venha falar disso! — Kyungsoo virou seu rosto para a porta, os braços cruzados, enquanto fungava mais uma vez.

— Soo, por favor, olhe para mim. — O pediu mais novo calmamente, vendo o Do negar devagarinho com a cabeça. — Do, por favor…

Kyungsoo respirou fundo, virando-se novamente ao seu paciente, já dando indícios de que choraria novamente.

— Se eu morrer, quero que ligue para a minha irmã, Yoora, e a diga sobre a doença. — Falou baixo, seus olhos fixados no corpo pequeno do enfermeiro.

— Q-quer que eu ligue pra ela, contando algo tão dolorido? Pensei que já tivesse a contado sobre isso, Park. — O encarou com um olhar julgador, seus braços ainda cruzados e os olhos redondinhos vermelhos.

— Sim, eu quero. E, bem, não contei. — Ele sorriu triste. — Yoora é minha irmã mais velha, mas quem cuidava de quem na nossa relação de irmãos sempre foi eu, já que ela é uma garota muito avoada. E por ser bem esquecida, não precisei de muito para despistá-la… Só me prometa que ligará, Do. Por favor.

Kyungsoo continuou fitando o mais alto, seu rosto impassível.

— Você está aqui há quase seis meses, Chanyeol. Ela merecia saber.

— Eu sei, eu sei. — Fechou os olhos com força. – Eu só não sei se conseguiria ser tão otimista e animado com uma doença tão maléfica se tivesse minha querida irmã sentada ao lado da minha cama, chorando um oceano. — Riu ruidosamente, causando uma tosse forte.

Kyung se levantou e pegou um copo de água para ele, na jarra que tinha em cima da mesinha, dando-o e o obrigando a bebê-la toda.

— Obrigado…

— Tudo bem? — Estava evidente em seu tom e expressão facial sua preocupação com o outro.

— É, acho que sim. — Riu, dando leves tapas em seu peito, murmurando um “se comporte, pulmão!”. — Agora, prometa-me.

O enfermeiro comprimiu os lábios, vendo que não tinha outra escolha a não ser ceder ao maior.

— Ok, ok. — Sorriu pequeno, quase imperceptível, mas era um sorriso triste. — Eu prometo, Chan.
 

[ . . . ]

 

Kyungsoo saiu do elevador assim que as portas metálicas se abriram, um enfermeiro com um paciente numa cadeira de rodas, esperando pelo mesmo do lado de fora. Sorriu para os dois, ganhando um aceno do enfermeiro, e começou a andar em direção aquele quarto tão conhecido por si; já havia até virado rotina. Abriu a porta devagar, tentando não fazer nenhum barulho caso Chanyeol estivesse dormindo, coisa que o maior não estava.

O Do tinha pegando o plantão noturno da semana inteira, já que Minhee não podia pegá-los por problemas pessoais — esses que Kyung acreditava ser sobre o relacionamento da mesma com o doutor Junmyeon. De primeira achou extremamente entediante, mas logo que pensou em Chanyeol, uma alegria avassaladora tomou conta de seu ser.

Fazia quase um mês desde que os exames de Chanyeol tinham ficado prontos, esses onde estava escrito com todas as letras que o maior tinha perdido praticamente todo seu pulmão esquerdo para o tumor, esse que pegou também no direito, dando mais prejuízo ainda. Não havia jeito, Park Chanyeol iria morrer, mas não era como se o mesmo ligasse. Às vezes Kyungsoo pensava que ele era louco, e então suas hipóteses eram comprovadas.

— Olá, Chan. — Saudou, sorrindo para o corpo deitado confortavelmente no colchão.

— Olá, enfermeiro Do. — Ele cumprimentou de volta, sua voz fraca pela falta de ar constante. – O que lhe traz aqui a essa hora?

— Nem é tão tarde, Park. — Revirou os olhos, se sentando na cama junto ao mais novo e sorrindo-lhe bonito. — Eu estou de plantão pelo resto da semana, o que significa que temos mais tempo juntos.

Chanyeol soltou uma risada nasal, puxando o menor para se deitar na cama junto a si.

— Gostei disso. — Foi a única coisa que ele disse, mas Kyungsoo sabia que ele estava realmente feliz com a notícia.

Desde que a doença se espalhou, Chanyeol foi aconselhado a não fazer tanto esforço nem falar muito, pois isso lhe tirava muito o ar, e naquele momento ele o era bastante precioso. As conversas dos dois ficaram cada vez mais curtas, sempre com assuntos fáceis de se falar e que não precisavam de muitas palavras, mas isso não significava que o tempo que ficavam juntos tinham diminuído também, pois esse foi o que mais aumentou.

Kyungsoo não perdia nenhum momento em que podia ficar ao lado do maior, sempre sorrindo para ele por conta do que ele o disse uma vez: "seu sorriso me faz ganhar o dia". O Do quase vomitou lá mesmo naquele dia por conta das borboletas em seu estômago. Depois desse dia, ele pensou seriamente em contar para o outro o que estava a nutrir por ele. E, depois de ver o estado dos pulmões do mesmo em um de seus raio-x semanais, Kyungsoo realmente levou essa ideia em consideração; os médicos não davam nem uma semanas ao maior.

Respirou fundo, sentindo o cheiro natural que a pele do Park exalava, escondendo seu rosto na curvatura de seu pescoço para sentir mais daquele aroma que lhe acalmava. Pensou, pensou e pensou; não sabia se devia, nem se tinha coragem para dizer à Chanyeol que era totalmente apaixonado por ele desde que o mesmo chegou ao hospital, e começou a animar todos que tinham o prazer de lhe conhecer.

Como deveria falar? Com um “eu gosto de você, paciente Park”, ou um “estou apaixonado por ti, nunca notou?”. É, quem sabe não usasse a primeira opção.

— Está pensativo, aconteceu algo? — Ouviu a voz fraca de Chanyeol lhe indagar.

Era agora ou nunca!

— B-bem… Eu tenho algo para te contar. — Sentiu o maior se remexer na cama, visivelmente curioso.

— Que seria…? — Incentivou.

— E-e-eu… — Respirou fundo, levantando um pouco seu tronco para encarar os olhos bonitos do Park. Ok, aquele era o momento. Kyungsoo sentiu seu coração acelerar ao ponto de pensar estar tendo um ataque cardíaco, mas falou mesmo assim, em alto e bom som: — Eu gosto de você, Chan.

Não fazia ideia de onde a coragem viera, mas não queria que ela fosse embora tão cedo.

— Eu também gosto de você, Soo. — O mais novo riu; não entendera nada.

— Não, Chan, você não está entendendo. Eu realmente gosto de você, no sentido a-amoroso… — Suspirou, desviando seus olhos dos do Park.

O silêncio pairou pelo cômodo, tudo tão quieto e agoniante. Soo escondeu seu rosto no pescoço do outro mais uma vez, sentindo-se a pessoa mais idiota do mundo.

— Wow… — Ouviu o outro murmurar. — Isso é tão esquisito, tipo, eu vou morrer.

— Eu sei! — A voz do mais baixo saiu abafada. — Queria tanto que tivéssemos nos conhecido em um momento diferente.

— Mas aí seria sem graça demais, monótono demais. — Chanyeol protestou. — Imagina só: eu sou o cara bad boy da escola e você o nerdzinho fofinho. Vamos a uma festa, a gente transa, eu me apaixono por ti e fico te seguindo pra todo lado. Bleh.

Kyungsoo riu.

— Em primeiro lugar, eu não seria um nerdzinho fofo, porque era uma perdição na escola e muito bagunceiro. E outra: que clichê. Ew.

Chanyeol fez um carinho nos cabelos escuros do menor, rindo contido com a fala dele. Mesmo com a confissão de Kyung, nada havia mudado para ele, tudo estava igual. Mas não era como se Chan não sentisse o mesmo pelo mais velho, ele até que se sentia extremamente feliz quando ele vinha o visitar ou quando ele lhe dava um sorriso em formato de coração e seu coração pulava no peito, mas o Park achava que Soo não merecia sofrer — ele iria morrer, afinal.

Kyungsoo tinha um sorriso maravilhoso, seria um pecado ficar escondido atrás de uma carranca chorosa.

— Viu só? — O maior sussurrou. — Nossa realidade é diferente, original. Eu gosto dessa daqui. 

— Se você diz…

O silêncio voltou a pairar sobre os dois, mas dessa vez calmo e confortável, e teria se estendido por mais tempo se Chanyeol não começasse a falar novamente.

— Kyung.

— Hm?

— Eu acho que… — Uma tosse saiu da garganta do maior, sendo seguida por várias outras. Ele levantou o tronco a procura de ar, as tosses ficando violentas fazendo seu corpo balançar agressivamente.

Kyungsoo se levantou da cama com os olhos transbordando preocupação. Ele perguntou se o maior estava bem, mas sua resposta não veio, apenas grandes puxadas de ar e mais tosses.

— Chan? O que houve? — Tentou inutilmente perguntar, vendo que o outro estava começando a ficar sem ar.

Chanyeol não estava respirando e as tosses não ajudavam em nada.

Kyungsoo correu até a porta, abrindo-a e gritando no corredor que precisava de ajuda assustado. Voltou ao quarto e tentou fazer com que o oxigênio que ia para o maior pelo tubo respiratório aumentasse, mas nada ajudava-o a respirar normalmente. O doutor Junmyeon passou pela porta afoito, com um casal de enfermeiros, dando ordens para o Do, pedindo principalmente calma.

A noite de todos seria longa.

 

[ . . . ]

 

Kyungsoo olhou para aquele pequeno papel em suas mãos, respirando fundo diversas vezes. Estava muito nervoso, uma dor agoniante tinha se instalado em seu peito e não deixava com que ao menos respirasse direito. Lá fora estava escuro e silencioso, eram quase uma cinco horas da madrugada. Seu apartamento tinha todas as luzes desligadas, apenas o abajur em cima da mesinha iluminava a sala. Seu gato, o único ser vivo além de si naquele pequeno cafofo, subiu no sofá junto a si e se deitou ali, ignorando totalmente a presença de seu dono.

Olhou para o telefone por um tempo, segurando com força aquele papel até seus dedos ficarem brancos. Quando a coragem finalmente deu as caras, ele tirou o telefone do gancho, ligando para aquele número que estava anotado no papelzinho.
 

Tu, tu, tu…

— Alô?

— Olá, estou falando com Park Yoora?
 


Notas Finais


E então? O que acharam?

Eu adorei escrever essa one, de verdade. Chansoo é um casal tão fofo, e o plot é tão lindo >n<

Sobre o nome da fic, "Quando a Noite Chegar" foi um nome baseado no momento em que o Soo fala pro Chan o que sente, e também nesse finalzinho, que se passou à noite. Além, é claro, do Chan ter morrido de noite – sim, ele morreu, pra quem não pegou :v
"Quando a noite chegar, eu te falo o que sinto.", "Quando a noite chegar, cumpro minha promessa.", "Quando a noite chegar, não te terei mais em meus braços", algo assim hohoho

Agradeço desde já a todos que leram, favoritaram e comentaram a fanfic! E desculpa por ser tão má, eu sou uma pessoa que não consegue fazer algo fofo, tenho que tacar angst em tudo >u<

Até logo pluricelulares!


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