História Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Perigos no Arkham part. I

“Onde você esteve?

Aonde você foi?

Aquelas noites de verão

Parecem ter sido há muito tempo

Também se foi a garota que você costumava chamar

De a rainha da cidade de Nova York”

Batman me olhou quase que instantaneamente. Eu me levantei, me escorando na parede para conseguir me erguer.

- O que está acontecendo aqui? - consegui perguntar.

Eu não precisava de uma resposta, eu sabia qual era.

O som mecânico que dizia a mesma frase simultâneamente: “Paciente Foragido”, foi tomado por um som agudo, que fez meus tímpanos doerem. E tudo, exatamente tudo, tomou uma imensidão de risos estrondosos que fez os cabelos da minha nuca arrepiarem.

- Ele está no painel de controle do Arkham! - avisou Jeremiah - Ele pode controlar tudo de lá!

O som agudo ressoou novamente, desta vez, mais forte. Um coçar de garganta reverberou e a risada, parecendo cansada, rapidamente parou.

- Olá, Arkhamneiros… É assim que chamam os homenzinhos e mulherzinhas que moram aqui? Ah, mas que desperdício, Jeremiah, que desperdício!

- O que ele quer? - disse para mim mesma, me aproximando da porta, ao lado do Batman.

- Como sei que vai ser bem difícil sair daqui. Primeiro porque o Batman ainda está no Arkham e Segundo porque quero levar algo comigo. Bem… Vamos começar com as minhas exigências… - riu - Quero um sanduíche de queijo!

Eu ria, mas logo tentei parar a risada ao ver os olhares de repreensão dos dois homens a minha frente.

- O que foi? - perguntei - Sanduíche de queijo é uma ótima pedida!

- E… Bem… O que mais me falta…? - ele esperou ter um longo minuto de pausa - Ah sim, claro, como me esqueci disso? Quero suco de uva para acompanhar!

Um som estranho saiu da minha boca ao tentar estancar a risada dentro de mim.

- Mas o mais sério de todos - prosseguiu, esbravejando nos alto falantes do Arkham - Quero a Harley aqui em cima em quinze minutos, ou vou abrir a celas de todos os presos aqui dentro, e acho que isso não vai ser uma coisa boa - rindo, o som cessou e a voz mecânica voltou a reverberar a mesma frase ociosa.

Batman, colocou seu braço frente ao meu corpo assim que Jeremiah esticou sua mão para agarrar o minha camisa de força.

- Ela não vai para lá - disse Batsy firmemente.

- Ela precisa ir - reclamou Jeremiah, com a voz firme.

- Ele tem razão - me intrometi - Eu sei que eu não bato bem da cabeça, mas sei reconhecer quando estamos num beco sem saída, e neste caso é um Asylum sem saída.

- Ele não vai te tirar de mim novamente  - sussurrou ele, esperando que Jeremiah não tivesse ouvido.

- E não vai - murmurei, sorrindo - Vamos criar um plano, tudo bem? Daqueles inteligentes que você sempre tem - pisquei - Então está decidido - falei em voz alta - Vamos atrás do Coringa e chutar a bunda dele.

Dei um passo à frente, sentindo minhas entranhas congelando. Eu estava morta de medo.

Batman segurava minhas costas, enquanto eu caminhava em direção ao corredor vermelho, que por sinal era bem mais macabro do que ele em luz ambiente. As paredes, ao invés de cobertas de lodo, pareciam escorrer sangue.

Jeremiah não via seus guardas, e isso o deixava cada vez mais apreensivo.

- Você é um mapa ambulante, Jeje - cantarolei - Você deveria usar seus conhecimentos pra acabar com ele.

- Acabar… Você anda muito estranha, Arlequina - me repreendeu - Normalmente você estaria feliz por ir atrás dele.

- Não é como se eu o quisesse morto ou algo do tipo… Só que… Achei alguém melhor - dei de ombros, evitando olhar para Bruce.

Quando chegamos a parte central do Arkham, onde fazíamos nossa socialização, encontramos o que parecia ser um cenário de algum quadro mortífero. As grades de aço caíam sobre corpos estirados no chão, acima de uma poça de sangue espessa, que chegava até o outro lado, por onde teríamos que passar.

Dei um passo para a frente, mas rapidamente fui barrada, com um empurrão para trás. Batsy pegou um pequeno BatArangue e o jogou sobre as telas de aço. Rapidamente um impulso elétrico fritou o metal, explodindo-o.

- É um campo minado - disse ele - Não dá para passar por ele.

- Isso explica os fritadinhos embaixo da tela? - indaguei.

- Não, eles foram mortos antes - ele se virou para Jeremiah, que olhava para todos os mortos de uma forma atordoante - Vou disparar o meu dispositivo para chegar ao outro lado, tudo bem? - perguntou.

Sem olhar para o Batman, Jeremiah afirmou.

Içando o cabo de aço, a pequena ponta furou o teto, agarrando-se no cimento. Batman agarrou-me pela cintura com força, pressionando-me contra o seu corpo. O tranco nos ergueu para cima e nos jogou para o outro lado do salão de recreação, nos deixando de pé além da grade elétrica.

Sem que eu dissesse algo, o Batman começou a andar e eu o segui.

- Espere! - gritou Jeremiah - Você não pode me deixar aqui!

- O que está fazendo? - disse eu, tentando alcançar os seus passos.

- Ele iria nos atrasar.

Assim que viramos o corredor, Bruce me colocou de costas para ele e de frente para a parede. Senti as fivelas sendo soltas e meus músculos retesados, sendo afrouxados. Ao balançar meus braços, o vi cortar as mangas da camisa de força assim que notou que eu não estava com roupa alguma por baixo dela.

- Jeremiah ia nos ajudar a chegar até ele - disse eu.

- Eu tenho a planta do Arkham.

- Que morceguinho esperto - sussurrei, sorrindo.

Chegamos mais afundo dos corredores, onde a ala dos prisioneiros estavam a postos. As travas de vidro mostravam cada um dos antigos vilões mais temidos de Gotham.

Chegamos ao seu fim, sem notar que ao fundo soava um estalo metálico.

Era aquele tipo de estalo que insinuava que as portas foram abertas.