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História Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Deixada


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 17 - Deixada


Fanfic / Fanfiction Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Deixada

"Garoto, você é tão viciante
Seu amor é fatal
Me diga que a vida é linda
Eles acham que eu tenho tudo
Eu não tenho nada sem você
Todos os meus sonhos e luzes significam
Nada sem você"

 

 

Sabe quando a vida te prega uma peça e de repente as escolhas se tornam muito mais difíceis...? Bem, eu não sei ao certo quando tudo começou a se tornar mais complicado. Era de se esperar, afinal, sou apaixonada por um Criminoso, um Assassino que mata sem piedade. Mas a parte engraçada? A parte engraçada é que ele foi longe demais e eu, mais uma vez, decidi me afastar dele. Nesse tempo longe, não pude negar que o Cavaleiro das Trevas foi bem mais fácil de amar.

Bruce, assim que conseguiu estancar minha hemorragia, correu para os painéis de controle, desativou o sistema de segurança do Arkham e conseguiu acionar Jim Gordon e toda a patrulha máxima do GCPD para conseguirem levar os criminosos de volta para suas celas… E então eu fiquei em coma induzido por duas semanas até ser tragar novamente para o Arkham… Quem me contou tudo isso foi Jeremiah, e agora eu estava sentada numa sala branca, com os dedos arrancando as cutículas um do outro enquanto podia sentir o metal frio que a mesa transmitia, as algemas, presas ao meu pulso, passavam por uma argola que se sobrepunha a área plana. Os espasmos musculares aconteciam de quatro em quatro horas, bem no intervalo em que os medicamentos perdem seu efeito e eu tenho que tomar mais um coquetel deles. Tenho uma gaze na testa, uma atadura na bochecha e um Band-Aid na ponte do nariz, afora meu olho esquerdo, roxo e fundo, e meu maxilar inchado, me obrigando a viver de uma sopa de repolho que eles me dão. As juntas das minhas mãos cobriam-se de hematomas, mas eu não me importava com isso.

Hoje eu iria ter uma visita, coisa que ninguém daqui podia, mas eu consegui após a boa fé de Bruce ter dito, como Batman, para Gordon, de que eu mudei, de que eu estava tentando recuperar o Asylum da rebelião. Ele aceitou, mesmo desconfiado. Eu tinha uma escolta armada, penso que mais para denfenderem-se de mim do que me defender do lado de fora. Após meu depoimento relatando o que aconteceu e o que o Coringa fez e disse, minha morte foi considerada oficial pela mídia, e minha estadia no Arkham se tornou sigilosa. Pensavam em me transferir para Belle Reve ou uma prisão menos agressiva, mas eles tinham medo de que eu escapasse ou de que o Sr. C me encontrassem. Então me deixaram aqui, longe de tudo e de todos. James Gordon dissera que me encontrou no Túnel após seguir um dos capangas do Coringa, assim como dissera que lamentava o que me aconteceu. Eu também não me importava com isso.

A porta se abriu e meu coração afundou, congelando o meu estômago. O cabelo negro penteado para trás e empanturrado de gel, brilhava em contato com a luz clara da lâmpada do teto, seu bigode se franziu, assim como a sua boca, ao olhar para mim com seus olhos semi fechados, tentando ignorar a piedade que sentia. Com sua roupa social, terno e gravata, Alfred puxou a cadeira com uma mão, para trás, e se sentou, ficando de frente para mim, entrelaçando os dedos sobre a mesa.

- Sentiu saudades, Velhinho? - perguntei, sorrindo.

- Como você está? - ignorou a minha pergunta, parecendo cada vez mais sério.

- Eu não morri, acho que até me tratam melhor depois de ter sido espancada em prol do bem estar do Arkham - ri.

- O que eles disseram?

- Disseram que eu quase morri, mas a transfusão sanguínea me trouxe de volta. Foi muito difícil saber o tipo de sangue que me deram porque nem o nome da pessoa eles me disseram. Sou A+ e recebi de um O-, é a única coisa que sei.

- Você tem muita sorte.

- Como conseguiu vir aqui se eu estou tecnicamente morta?

- Gordon, depois do conselho do Batman, achou melhor você continuar se socializando com alguém que você conheceu, que não fosse algum assassino ou criminoso, claro.

- Então você vai vir aqui mais vezes?

Ele maneou a cabeça em afirmativa.

- Sabe - cruzei meus braços - É muito estranho te ter aqui comigo, a sós.

- Precisava saber como a palhacinha da família estava.

- Família! - ri - Pareceu irônico.

- Essa era a intenção! - conseguiu, pela primeira vez, sorrir para mim - Eles estão cuidando bem de você? Dei a eles ordens estritas para dar a você os melhores tratamentos possíveis!

- Sim eles cuidam - afirmei, sorrindo - Pela primeira vez eu não tomei um banho de água fria nessa espelunca. Mas… Sabe… Se quisesse mesmo o meu bem, cuidaria de mim pessoalmente. Eu iria até fazer um sino para te chamar em todos os meus momentos de necessidade, como por exemplo pegar o controle remoto na mesa de centro a um metro de distância de mim. Sabe o quão cruel e frustrante é você se sentar e não tem o controle nas mãos?

- Eu imagino - enfiou as mãos no terno.

Eu ri por alguns segundos, mas logo parei assim que vi que a risada só vinha de mim, num eco silencioso que criava uma brecha larga entre Alfred e eu.

- Como ele está? - consegui perguntar, mesmo tentando evitar usar estas palavras desde que ele entrou por aquela porta - Eu não tive notícias dele desde que acordei e… Bem…

- Ele está ótimo Srta., só precisa repousar mais.

- Ele piorou? - perguntei, angustiada.

- Ah, não - negou com a cabeça, erguendo a palma para mim - Mas com certeza vai demorar em usar "você sabe o quê"…

Afirmei mais uma vez, mordendo o lábio inferior.

Mais um vago silêncio.

- E quando ele vai vir me visitar?

Um outro silêncio sepulcral.

- Ele não vai.

- O quê? Por que não?

- Ele acredita veemente que a culpa de sua quase morte é dele.

- Não! Não! - bati os punhos na mesa - Tem que dizer a ele que isso está errado! Que eu preciso dele!

- Me desculpe, Harley… Não é como se eu quisesse isso para vocês dois… Mas depois daquela noite no Arkham… Bem… É certo que vocês tenham que espairecer um pouco a cabeça - levantou-se da cadeira, os dedos apoiando-se firme na mesa.

- Não! Eu não preciso! Preciso dele! Fala para ele vir me ver!

- Me desculpe… - voltou a pedir, cabisbaixo.

De dentro do terno, o Velhinho arrancou um pequeno envelope, colocou-o na mesa e o arrastou até onde as minhas mãos poderiam alcançar.

- Isso é dele - explicou.

Suspirei, tocando a folha crespa e delineada abaixo dos meus dedos.

- Então é por isso que você foi escolhido... Bruce não quis vir...

Mais uma última vez, silêncio.

- Adeus, Harley...



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