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História Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Liberte o animal que existe em você!


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 27 - Liberte o animal que existe em você!


Fanfic / Fanfiction Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Liberte o animal que existe em você!

“Me detone
Me atire como uma bala de canhão
Me pulverize
Me mate como um animal
Me decapite
Bata-me como uma bola de beisebol
Me emancipe
Liberte o Animal, liberte o animal”

 

Os corredores eram de um tom rubro escuro, com paredes felpudas de um tom muito mais sombrio, os candelabros dourados grudados a elas iluminavam todos os lugares onde haviam sombras. Os passos eram ouvidos com mais sonoridade do que com os sons de gritos, danças e música ao fundo.

- Está muito longe? - perguntei, sabendo que já tínhamos passado por este lugar minutos atrás - Estamos num labirinto de luxúria.

- É exatamente este o objetivo. - disse Don Falcone atrás de mim, esticando seu braço, enquanto tocava minhas costas com a outra, me mostrando uma direção que não havíamos tomado antes.

Era um outro corredor, desta vez sem iluminação alguma, apenas uma pequena fresta no chão vinda de uma porta de madeira bege, quase cor de ouro. Don Falcone fez questão de girar a maçaneta redonda, deixando que a lâmpada fosforescente amarela caísse sobre mim.

- Lembra quando eu disse que não queria confusão com o Coringa? - sussurrou perto do meu ouvido direito - É porque eu realmente não quero confusão com ele.

Me empurrando para dentro do cômodo, ouvi a porta sendo rapidamente fechada e trancada do lado de fora. Primeiro notei a cama de lenços vermelhos e fronhas bordadas, as paredes de tons de ouro, o abajur amarelo sob uma escrivaninha de madeira clara, um tapete circular e felpudo, do mesmo tom e modo que as paredes lá fora. Uma janela do teto ao chão estava escancarada, aberta para uma varanda de parapeito de ferro branco com espiral, dando visão direta para a rua escura em meio à noite. As cortinas transparentes e brilhantes chacoalharam conforme o vento frio entrava, e a poucos metros dela estava uma poltrona de madeira pintada de dourado com camurça vinho, e sentada sobre ela, a pessoa que eu não deixei de procurar.

O Sr. C, apoiando as mãos na bengala, foi para a frente, rindo de mim.

- Soube que estava me procurando. - voltou a se escorar no espaldar da cadeira, abrindo os braços para os lados - E me encontrou!

- Seu porco!

Andei pesado em sua direção, mas parei na metade do caminho, fechando os punhos com tanta força que eu podia sentir minhas unhas afundando nas palmas.

- O que foi? - perguntou ele sem entender.

Olhei ao redor.

- Não se preocupe com isso. - avisou ele - Meus homens não estão aqui, eles foram despachados para ficar do lado de fora da boate.

Sorrindo pelo canto da boca, corri em seu encontro. Meus punhos fecharam em torno da sua camisa social vinho, seu rosto se aproximou do meu.

- Você vai pagar pelo que fez comigo! - gritei entre os dentes, furiosa, sentindo o sangue queimar e subir pelo meu rosto.

Ele deu uma risada em alto e bom som, aquela sua típica risada de chacota que o fazia fechar os olhos e jogar a cabeça para trás, como se aquilo realmente o divertisse. Quando ele parou, seus olhos verdes se fundiram aos meus, sua expressão tornou-se séria, e a voz mais fria.

- Você não tem coragem!

Puxei-o mais para frente, sentindo o calor dos seus lábios perto dos meus.

- Vamos ver se não. - murmurei.

Afastando minha cabeça da dele, vi sua expressão mudar de despreocupada para impressionada, e continuou sua metamorfose quando, pela primeira vez, consegui acertar meu punho em sua face, na bochecha, jogando seu corpo para o lado.

Ele riu para mim, tocando o rosto.

- Isso foi muito bom. Quer saber? Eu gostei disso! Pode continuar! Bata com mais força! Mais vontade! Liberte-se dos anos de abuso! Liberte o animal que existe em você! Vou amar isso!

- Você não manda em mim! - gritei, voltando a socar o seu rosto.

Ele deixou os braços soltos ao lado da poltrona, enquanto fechava os olhos e relaxava a cabeça, deitada para trás, abrindo um sorriso largo, o que me deixou mais furiosa.

Gritando de raiva, soquei seu rosto, intercalando os punhos enquanto o ouvia rir alto, gostando do que eu fazia. Senti meus dedos doloridos, mas o ódio não saia do meu corpo, ele se aglomerava nos meus pulsos e articulações dos braços, dando mais potência aos meu golpes. Eu sentia minha libertação ali, ao ver seu nariz começar a sangrar, escorrendo para a sua boca, onde seus dentes mastigavam o interior de sua bochecha, sem querer. Mordia meus lábios com força a cada abertura em sua pele que surgia, a cada punho que eu carimbava em sua face. Ouve um momento, em meio a sua gargalhada, que o acertei com tanta força que a poltrona caiu para trás, nos jogando no chão, mesmo assim me recompus, erguendo-me e o prendendo-o entre as minhas pernas, socando o seu rosto, agora, sentindo o seu sangue respingar em meus braços, peito e parte do rosto, e mesmo assim eu não parei, nem ao menos quando ele bateu em meus braços como que dizendo para cessar os golpes.

Não vi o que ele havia apertado na bengala, apenas senti uma nuvem assombrar nossas cabeças como um aviso de morte aonde eu queria chegar. Ele guinchava, se afogando no próprio sangue quando eu decidi parar, e eu vi o quanto seus olhos estavam inchados, e sua bochecha, marcadas e púrpura em meio ao rubro escuro, quase negro. E por um instante senti pena porque não era isso que o Batman faria, ele não o mataria, o prenderia… Mas eu não sou o Batman, eu sou a Harley Quinn e sou bem pior que isso. Me aproximando, beijei seus lábios lentamente, sentindo o gosto ferroso do sangue na língua, e me afastei, olhando para o rosto deformado que deixei.

Pensando que ele diria alguma coisa, uma risada estourou dentro dele no mesmo instante que a porta foi arrombada num chute.

Meus braços foram agarrados e eles me arrastaram para fora, enquanto eu o xingava histericamente, rindo, ouvindo-o rir também, quase como um coro que surgia entre nós dois e que eu pretendia nunca mais juntá-los novamente.

 



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