História Quando A Piada Se Transforma Em Escuridão - Esse não é você!

“Ele costumava me chamar de BN
Que era sigla para Beladona
Porque estava cheia de veneno
Mas abençoada com beleza e raiva
Jim me disse isso
Ele me bateu e pareceu um beijo
Jim me trouxe de volta
Lembrou-me de quando éramos crianças
Com a sua ultraviolência
Posso ouvir sirenes,
Ele me bateu e pareceu um beijo
Posso ouvir violinos,
Me dê toda essa ultraviolência
Ele costumava me chamar de Veneno
Como se eu fosse hera venenosa
Eu poderia ter morrido ali mesmo
Porque ele estava bem ao meu lado
Jim me levantou
Ele me machucou mas pareceu amor verdadeiro
Jim me ensinou que
Amá-lo nunca era suficiente
Podemos voltar para Woodstock
Onde eles não saibam quem somos
O Céu está na Terra
Eu faria qualquer coisa por você, baby
Abençoada seja essa união
Chorando lágrimas de ouro, como limonada
Te amo pela primeira vez
Te amo pela última vez
Eu sou a princesa, compreenda minhas linhas brancas
Porque sou sua cantora de jazz
E você é o líder da minha seita
Te amo para sempre”

Quando o Sr. C cortou a corda, senti como se todos os meus músculos houvessem se tornado apenas borracha, as marcas vermelhas em meu braço pareceram insignificantes em relação às minhas costas, ao serem atingidas pelo chão duro e úmido abaixo de mim. Tossindo, senti a zonzeira diminuir aos poucos conforme o sangue voltava a circular pelo meu corpo perfeitamente. Ele estendeu sua mão para mim, e eu, mesmo sem querer, agarrei-a, me erguendo.

- Então esse era o seu plano o tempo todo? - perguntei, batendo nas minhas roupas, para que eu conseguisse tirar toda a ferrugem coberta nele.

- E você quem bolou metade dele.

Eu não sabia se eu tinha, de verdade, planejado isso, mas de qualquer modo, eu me sentia doente, como se eu houvesse acabado de destruir uma vida inteira, inclusive a minha.

Batman

A minha visão noturna mostrava pontos que se mexiam do outro lado de uma porta de bronze enferrujada. Quando a chutei, arrombando-a, foi como se todo o movimento ali dentro houvesse sido dissipado. Dei um passo à frente, sendo barrado por um braço que tentou me atingir. Agiu, pulei para trás, agarrando o pulso com a faca, usando rapidamente o corpo alheio como escudo para os tiros sucessivos que vieram logo depois. Contei doze balas que acertaram um dos capangas. Ao soltá-lo icei rapidamente a corda de aço, que se prendeu ao teto e me impulsionou para cima e para frente, onde eu chutei o peito dos dois indivíduos que tentaram me atingir. Pressionando um dos homens com um pé e agarrando o outro pela jaqueta de espinhos, engoli a seco.

- Onde ele está? - perguntei.

- Você tá ferrado, Morcego!

Soquei o seu rosto uma, duas, três vezes, vendo seu sangue escorrer pelo rosto, criando protuberâncias em sua pele enquanto meu punho, de negro, tornava-se rubro escuro.

- Onde ele está? - agarrei-o com mais força, trazendo-o para mais perto.

- Vai se foder, otário! - rugiu o outro abaixo de mim.

Agora, com os dois presos entre os meus dedos, com a ajuda do exoesqueleto, joguei-os contra a parede,  craquelando o gesso cinzento.

“Batman, aqui é o Gordon. Está na escuta?”, pude ouvir a voz de Jim soar em meu ouvido.

- Aqui é o Batman, estou na escuta.

"Batman, o que está fazendo?”

- Eu estou resgatando uma refém.

“É a Harley! Ela não é uma refém! Ela está com o Coringa, o parceiro dela!”.

Pressionei minhas mandíbulas. "Isso não era verdade!"

- Ela continua sendo uma refém.

“Olha, me escute. Esse não é você, o Batman que eu conheço nunca decidiria colocar seus sentimentos em frente aos seus julgamentos. Você é mais que isso, você é a Justiça, não um bobo apaixonado. Não estou dizendo que você não pode ser. É só que esse não é você”.

Parei por um instante, lembrando-me do que eu havia dito a Selina minutos atrás. "Será mesmo que esse não era eu? E se eles fizeram algo comigo sem que eu notasse? Droga, não! Esse é o Batman pensando, preciso do Bruce agora. É pela Harley. É por mim!", pensei comigo mesmo.

- Eu estou dentro do prédio, a pelo menos setecentos metros de onde vocês estão, se estiverem na distância que coordenei.

“Você nem ao menos está me ouvindo… Está?”.

- Existe um alçapão no início da entrada, então caso vocês entrem, aconselho a não irem pela frente.

Ouvi Jim Gordon suspirar alto do outro lado da linha, como se soubesse o que eu faria e esperasse que nada desse errado por isso.

“O Asa Noturna está indo para te ajudar”.

- Não o deix…

“Ele já foi, antes mesmo de eu o contatar”.

- Não saíam dos seus lugares. - ordenei.

“Eu não quero ter o prazer de te dizer “Eu avisei”, então só… Boa sorte!”.

Desliguei a chamada no mesmo instante. Minha mente, que normalmente deveria estar em ordem, agora parecia uma zona caótica que nem eu mesmo tinha o poder de trilhar, era um lugar completamente minado, sem qualquer indício de que quem o pisasse, sairia vivo.

Segui então pela trilha de destroços e chão poeirento que me tomava por completo. Mesmo que eu quisesse e ampliasse a sonoridade do local, não conseguia ouvir, em nenhum momento, ao menos um ruído. Eu conseguia me livrar firmemente de emboscadas e armadilhas, artimanhas e truques terrestres, como chão falso coberto por entulhos, assim como paredes falsas repletas de aços afiados. Então pude ouvir de longe uma risada aguda, que me fez correr às cegas.

- Batsy, Batsy, Batsy… - ouvi um cantarolar risonho - Será que você está enlouquecendo ou é só o cheiro de medo que está exalando muito forte de você?

Suando, pulei sobre um madeira, presa ao centro do buraco negro no chão, grande e largo o bastante para engolir um caminhão. O exoesqueleto estalou assim que me ergui sobre o madeiro e voei, com a ajuda da capa, para o outro lado. Havia uma porta de madeira ali, e ao pousar, com um chute preciso, a estourei, caindo sobre o cômodo escuro.

- HAHAHAHA Parece que você me achou!