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História Quando A Vi - Lírio (Único)


Escrita por: Srta_Simbiose

Notas do Autor


HISTÓRIA NÃO BETADA!!

☆Os personagens e enredo são de minha propriedade intelectual (Blutbad Momo), qualquer semelhança seja ela de casos reais ou obras já existentes é uma mera coincidência. Plágio é crime (LEI Nº 9.610) denuncie;
☆ Estória baseada na lenda das Selkies (pertencentes aos folclores da Irlanda, Escócia e Finlândia);

Eu amo profundamente esta lenda... Espero que apreciem tanto quanto eu amei escrevê-la.

Capítulo 1 - Lírio (Único)


Fanfic / Fanfiction Quando A Vi - Lírio (Único)

Quando eu a vi... Ela estava sentada nas pedras, nua, descansando observando calmamente o mar, totalmente alheia de minha presença, ela estava acompanhada por outras focas adultas.

Ela parecia bem confortável com a presença dos animais. Fiquei indignado, e com essa indignação cheguei perto da mulher misteriosa. Ela me olhava com curiosidade, e ficamos assim por um bom tempo. Tentei me aproximar, mas ao ver que isso a incomodava e a assustava, parei. Ficamos nos observando ao longe. Até que as suas companheiras focas começavam a voltar para o mar. Notei que ela ao se levantar, em suas pernas estava uma pele de foca.

Minha mente estalou... Era uma selkie.

Antes que ela entrasse por total dentro do mar gritei “Por favor, volte amanhã!” , não ouvi a sua resposta, mas ganhei o seu olhar castanho curioso e gentil, quando ela se voltou para mim e tão logo se cobriu com sua pele, e entrou no mar. Me deixando sozinho na praia.

Nem me lembro o que fora fazer no dia, só sei que esqueci ao avistar tamanha beleza, de um ser que nem sei o que é realmente... Uma lenda? Não... eu a vi, com seus cabelos enrolados e pele escura...Linda.

Voltei para minha casa e mal consegui dormir, ficava ansioso pelo amanhã, que talvez pudesse a ver de novo.

Fui pescar à tardinha, e quando consegui encher parcialmente minha rede parei e coloquei os peixes dentro de um barril. E a esperei sentado no mesmo local e ela estava na outra tarde, acabei cochilando ... Vencido pelo cansaço.

Acordei com algo mordendo e puxando meu pé levemente, eu acordei e vi uma foca de pelagem marrom com manchinhas me olhando com seus grandes olhos curiosos, ia espantar o animal, e me lembrei da foca da outra vez. Falei com ela e passei minha mão sobre sua cabeça, ela pareceu apreciar o gesto.

Aquela foi a primeira vez que vi uma selkie virar ‘humana’, novamente pude ver seu belo rosto de novo. Desta vez ela estava sozinha. Ela não podia falar, mas parecia que me entendia claramente.

Fiquei feliz com isso, e naquele mesmo dia eu consegui a fazer me seguir para minha casa, dizendo que faria algo bom para comer. Ela não entendeu muito bem o ‘termo’ mas quando apontei para o barril, ela logo entendeu e me abriu um sorriso; aquele foi o mais belo sorriso que já recebi em minha vida.

A levei para minha casa de madeira, não muito longe da praia, ela se encantou com todos os objetos de dentro, sempre correndo e pegando algum, e voltando para mim e me mostrando o que ela segurava, achei deveras engraçado e muito amável. Lhe dei roupas, comida e uma cama para descansar. Vi que ela não largava sua pele de foca, naquele instante tive uma ideia não muito boa... Decidi esconder sua pele dentre de um velho baú, para que ela pudesse ficar sempre comigo... Fui perceber a crueldade deste ato depois de uns anos.

Quando ela acordou e viu que estava sem sua pele, logo se pôs a chorar inconsolavelmente, e apontava incessantemente para o lado onde ficava a praia. Com peso na consciência, mas sem pensar em devolver sua pele, a levei para a praia e vi que um grande grupo de focas parecia bem agitado. Ela correu até nos animais e os abraçou demonstrando saudade, ao longe eu a vi ter uma ‘conversa’ que não pude entender, e depois de um tempo ela ficou sozinha, chorando baixinho, fui até ela  e aconselhei acariciando seus cabelos dizendo coisas para lhe acalmar. Demorou, mas consegui.

Depois daquele dia, notei que meu plano tinha dado certo, e novamente coloquei outro em prática. Deveria socializa-la e educa-la, para que ninguém descobrisse sua verdadeira origem e a levassem para longe de mim. Quando a pus para dormir naquela noite, na surdina pequei o baú e o enterrei bem fundo nas areias da praia.

No primeiro ano, ela se encantava com tudo, na sua primeira visita à cidade, ela corria de um lado para o outro, trombando em alguém uma hora ou outra, e me arrancando belas risadas. Consegui educa-la até que rápido, ela entendia muito bem. E os anos se passaram, nos casamos e tivemos nosso pequeno tesouro. Ann, nossa pequena menina.

Lirío, como decidimos chama-la passava horas e horas contando histórias para a nossa pequena na praia, Ann mesmo sendo um bebê, com seu rostinho risonho dava indícios que amava histórias. Mas, sempre que via uma foca na praia, Lírio chorava inconsolavelmente, e corria para dentro de nossa casa, e ficava até dias sem sair... Comecei a perceber a sua tristeza, e o quanto ela sentia falta do mar e de seus iguais. Naquele dia que ela chorava abraçada a pequena Ann, aí que percebi o mal que a causei.

Mas, naquela madrugada...

Eu acordei e senti falta de Lírio e Ann, corri até a praia já sabendo do que se tratava... E lá estava ela, sentada na areia segurando uma Ann adormecida ao lado de sua antiga pele de foca.

Eu comecei a chorar e implorar para que ela não nos deixasse, mas ela somente se levantou me entregando Ann beijou-me brevemente e despia-se de seu longo vestido, me olhando com um rosto que mesmo tristonho por me deixar também estava feliz por finalmente voltar para seu lar. “Traga Ann nas tardes de domingo sempre no mês de dezembro a cada ano até que ela complete seus 18 anos. Jamais te esquecerei” , aquela foi sua última fala, e eu a vi vestir sua pele e correr para o mar onde várias cabeças de focas a esperavam, animadas.

Foi a cena mais triste e a mais bela que vi em minha vida, ao vê-la entrando no mar e antes de partir fez um barulho típico do animal e finalmente emergir na água. Todos os anos, no mês de dezembro levava Ann para rever a mãe. A criei com todo amor que Lírio não pode lhe dar, quando ela já tinha idade suficiente para saber de tudo, contei-lhe toda a história, e Ann, jamais a odiou.

Sempre que nos encontrávamos Lírio sempre nos recebia com muito amor, e foi assim até Ann completar seus dezoito anos, depois, Lírio nunca mais retornou para a praia.

Nunca algum humano será capaz de arrancar de um selkie o amor que possuem pelo mar.



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