História Quando O Amor Acontece - Sheo - Sempre ao seu Lado - Sheo

"Está muito frio lá fora, 
Para os anjos voarem."

Theo James

Era noite, o céu tinha um riscado amarelado em meios as nuvens cinzas, faltava pouco para amanhecer. Mesmo de olhos fechados eu poderia senti isso, esses seria uns dos dias bons, não porque era feriado ou alguma data comemorativa e sim porque desde do início da quimioterapia da Shai, ela não teve uma noite sem crises ou dores.
Mais tarde eu saberia que esse era só mais um pensamento inútil e que mesmo com todos os remédios.. 
Shailene estava piorando à cada dia.

__ T-Theodore! - um grito sufocado soou no quarto fazendo com que Theo sentasse na cama ofegante, levou uma mão ao coração para sentir que o pobre órgão ainda batia e olhou assustado Shailene sufocando-se com o próprio sangue que escorria de seu nariz.

__ Shai meu Deus! - gritou acendendo o abajur e ficando ao lado da mulher. Theo não sabia o que fazer. O médico havia lhe avisado que as crises só se tornariam piores com o tempo mas ele não imaginária que um dia iria vê Shailene sofrendo daquele jeito, a morena tentava respirar com o pouco de ar que restava em seus pulmões, enquanto suas vistas eram embaçadas pelas lágrimas que molhavam o seu rosto. 
__ Calma meu amor.. - pediu segurando cuidadosamente a cabeça de Shailene, assim ele conseguia evitar que ela engasgasse com o sangue que escorria de seu nariz. 
__ Shai por favor... pare.. - chorou notando que apenas aquilo não foi suficiente para cessar o sofrimento da mulher.

Levou minutos, talvez horas.. Theo continuo ali firme ao lado de Shailene, viu a mulher se acalmar com o passar dos minutos e voltar a respirar normalmente, ainda fraca Shailene sorriu de olhos fechados sentindo o carinho de Theo em seus cabelos.

__ Eu senti medo. - sussurrou apertando o nariz com o lenço que Theo lhe dera a alguns minutos atrás. 
__ Fiquei com medo de não conseguir mais respirar.. - seu corpo doía, sentia-se como uma pessoa atropelada por um trator.

__ Mais você conseguiu Shai.. você conseguiu.. - chorou e apertou os braços ao redor de Shailene. 
__ Continua lutando meu amor, por nós. - Shailene sorriu entre as lágrimas e entrelaçou os dedos nos de Theo. Ele sorriu de lado e beijou os lábios pálidos da esposa.

(....)

Não foi ali que a estória começou, foi ali que decidimos lutar contra uma doença que crescia dentro de Shai e por mais que eu quisesse impedir, eu não tinha forças para tal ato e aquela maldita doença se espalhava por seu corpo, como formigas no mel.

Compro lírios em uma floricultura, a flor favorita de Shai e antes de seguir meu caminho para casa, pego Theodore Junior na escola, eu disse para Shailene que era cedo demais para coloca-lo para conviver com outras pessoas, que para ele seriam estranhas mas Shai insistiu que seria o melhor para TJ, ele começaria a fazer amigos e junto compartilharia de sua inteligência. 
Sorrio. Meu filho tem apenas 3 anos é parece um adulto quando fala, como diz Shai; Ele seria um grande filósofo. Eu já apostava que ele escolheria o caminho do futebol americano, quando pequeno chutou tanto a barriga de Shai que me deixou sem sexo por longos e lentos 6 meses.

_ Theodore você viu o meu pente? - deixo o meu livro para olhar Shailene com uma camisola curta. rolo os olhos. Como que ela queria que eu me controlasse se nem pano suas roupas possuem. 
_ Theo estou falando com você. - chamou novamente o marido e estalou os dedos para que assim o mesmo voltasse ao mundo real.

_ Não.. Não vi o seu pente. - respondeu mal-humorado, Shailene estranhou mas deu de ombros e voltou a procurar o pente nas coisas do marido.

_ Amor posso apagar a luz? - perguntou depois de alguns minutos dentro do banheiro, Shailene penteou os cabelos e o secou com secador. Eles estavam lisos, caídos por seus ombros e formando uma cascata de cabelos entorno do seu pescoço. 
Voltando a a pergunta de Shai, ela estava provocando, eu estava lendo e ninguém ler no escuro não é mesmo? 
_ Ah Theo que demora pra responder.. - subiu na cama e engatinhou até ao marido, olhou o livro que ele lia e puxou da mão dele o fechando em seguida.

_ Shai por favor.. - pediu vendo a mulher se sentar cuidadosamente em suas pernas e sorri de lado. 
_ Você não pode.. e eu.. não quero machucar você. - passou as mãos no cabelo nervoso. Shailene não respondeu e rebolou no colo do marido, abaixou a cabeça e começou a beijar a região de seu pescoço. Theo sentia muito tesão naquela parte do seu corpo.

_ Você quer continuar lendo o seu livro ou me ajudar aqui baby? - perguntou com a voz sedutora, passou a língua nos lábios e tirou a camisa cinza de Theo, jogando-a para algum lugar no quarto.

_ Eu não quero te machucar.. - sussurrou quase se entregando ao desejo e jogando-a na cama, para beijar todo o seu corpo.

_ Você nunca poderia. - beijou a boca de Theo calmamente, aprofundando o beijo em seguida, sentiu a mão quente de Theo invadir sua camisola curta e apertar seus seios sensíveis.

Tudo bem até aí, eles se beijaram, amaram cada pedacinho do corpo um do outro mas quando Theo se posicionou entre as pernas de Shailene, que escolheu ficar deitada, uma posição mais confortável para ele e o bebê. Theodore Junior resolveu dar o ar da graça e não chegou calmo, ele chegou animado e antes que Theo pudesse provar um pouco mais da sua linda esposa, seu filho a chutou e como se não bastasse resolveu brincar um pouco com a mãe trocando de posição e fazendo Shailene ofegar de dor.

_ Meu Deus Theodore Junior! - gritou baixo e apertou os olhos. Aquilo doía mais que um soco e olha que ela nunca levou um.

_ Tudo bem? - Theo perguntou assustado e ajudou-a se sentar na cama, colocou alguns travesseiros atras das costas da mulher e procurou o motivo dos gritos em seu rosto.

_ Tudo bem? - bom, agora ele tinha uma Shailene mal-humorada e o desejo que existia dentro dela sumiu rapidamente. Theo pensou que talvez fosse bom levar Shailene a um hospital, essa bipolaridade toda não era normal. 
_ Seu filho acabou de me chutar e você pergunta se esta tudo bem? Estaria tudo bem se você estivesse o carregando, afinal eu não o fiz sozinha não é mesmo? - arqueou as sobrancelhas e respirou fundo percebendo que a dor estava se tornando fraca. Pelo menos seu filho era educado e não um babaca como o pai.

_ Err... deixe-me ficar do seu lado, eu não posso o carregar por você mas Shai? - ela o olhou, os olhos rasos de lágrima. Theo estava sendo um fofo e ela o atacando com 200 pedras. 
_ Eu quero participar de todos os momentos. - depositou um beijo na barriga da esposa que sorriu disfarçadamente. Ela ainda estava magoada por ele não carregar a criança invés dela. Esse mundo era injusto. 
_ Olha só meu príncipe a mamãe não pode ficar recebendo esses chutes assim, eu sei que você quer dizer a ela pra ser mais boazinha com o papai.. - Shailene o bateu nessa parte mas o sorriso continuou em seu rosto. 
_ Estou brincando.. sua mãe acabou de me bater, ela não aguenta a verdade. - sussurrou como se quisesse que apenas o bebê escutasse. 
_ Mas é sério TJ, você pode dar esses chutes para nos dizer que esta bem em outros momentos.. mas não na hora do da mamãe e do papai brincarem de namorados. - mais um tapa.

_ Não acredito que você disse isso para o nosso filho, Theo! - o repreendeu recebendo em resposta a risada contagiante do marido.

Theo James

Agora vejo TJ se despedir dos seus amigos e correr animado até a mim, abre um sorriso e pula em meu colo.
Como esse garotão tá pesado.

_ Papaiii! - Abraço-o apertado e bagunço seus cabelos. Shailene não gosta diz que eu deixo o menino parecendo que levou choque na tomada, mas no meu tempo isso era moda.

_ Filhão como foi na escola? as professoras continuam chatas? - brinco o deixando sair do meus braços e abro a porta do carro para o colocar na cadeirinha.

_ Mamãe disse que professoras não são chatas papai, são educativas. - educativas? só Shailene mesmo para deixar meu filho com idéias de velho.

_ E que sua mãe gostava de estudar.. - faço uma careta que faz TJ rir, fecho a porta e vou para o meu lugar. 
_ E agora vejo que você herdou isso dela. - sorriu orgulhoso do filho.

_ Hoje é o niversário da mamãe né papai? - perguntou mordendo um biscoito que o ofereci alguns segundos antes do sinal voltar a ficar verde.

_ Sim TJ e você sabe que temos que agir como se hoje não fosse uma data comemorativa. - olhou pelo retrovisor o rosto do filho se animar ainda mais. Bom ele não ficaria tão animado assim, quando provasse do bolo de Shailene. Ela gostava de fazer o próprio bolo, com todo o seu estilo natureba, da última vez no aniversário de TJ ela inventou de misturar beterraba com chocolate e acabamos terminando o aniversário em um dos vários McDonald's espalhado pela cidade.

(.....)

Termino de tirar TJ da cadeirinha e peço para que ele me espere, pego as flores e seguro em sua mão, escondendo os lírios atrás de mim.

Entramos na casa, ela está silenciosa mas logo escutamos a voz de Shailene cantarolando algumas de suas músicas favoritas na cozinha, TJ é o primeiro sai correndo largando a mochila pelo caminho e abraçando apertado a mãe.

_ Parabéns mamãe! - Cadê a parte em que iríamos fingir que nada estava acontecendo? Mas esse garotão é esperto mesmo, olho para minha mão e vejo que está faltando uma flor entre as várias no jarro. Como ele tirou sem que eu visse? eu vou ficar devendo essa resposta para vocês. 

_ Amorzinho da mamãe obrigado. - abraçou e agachou ficando do tamanho do filho. 
_ É linda meu príncipe. - cheirou a flor e tocou com seu indicador a ponta do nariz perfeito do filho. 
_ Que tal você subir e tomar um bainhozinho? Depois pode vim ajudar a mamãe a decorar o bolo. - o menino assentiu e saiu correndo para o quarto. 
_ Sem correr na escada Theodore! - olho para Shai fazendo uma careta. 
_ Que foi? - perguntou buscando um jarro para colocar a flor que ganhou do filho.

_ Ainda não me acostumei com o meu filho, ter o mesmo nome que o meu. - dou de ombros e puxo seu corpo para colar no meu. 
_ Eu quase pedi desculpas quando mandou que ele parece de correr na escada. - rio. 

_ Bobo! Ele não tem seu nome, ele é Theodore Junior. - sorriu. 

_ É isso faz algum sentido Shai? - pergunto e beijo seu pescoço. 
_ Minha maluquinha. - sua mão passa por minhas costas e ela sorri.

_ Obrigado pelas flores. - piscou e beijou meus lábios. O gosto do beijo da Shailene é único, algo doce, gelado e ao mesmo tempo quente como o inferno.

Mais tarde naquela noite eu descobriria, que nossos inimigos não eram apenas pessoas e que nosso amor iria ser posto à prova.

_ P-a-r-a-b-e-n-s! - canto junto com Theo em meus braços, Shailene sorrir e abaixa-se para soprar as velas.

_ Agola a mamãe vai fazer o pedido né papai? - TJ perguntou curioso, concordo e o deixo ajudar a apagar as velas.

_ Amor? - chamo Shailene que continua de olhos fechados, ela apóia as mãos suadas na mesa e coloco TJ no chão quando noto que seu corpo vai se espatifar no chão, sou mais rápido e passo minhas mãos por sua pernas, pegando Shai em meus braços. 
_ Shai? Meu amor fala comigo.. - sua cor agora é pálida e corpo gelado me dá medo, pela primeira vez.

_ O que a mamãe tlem papai? - Theo olhou para o filho que já fazia menção de chorar, só por vê a mãe desfalecida nos braços do pai.

_ A mamãe só está muito cansada bebê.. - mentiu e forçou um sorriso. 
_ Pega o celular do papai na mesinha filho. - o garoto assentiu mais calmo é foi atrás do celular do pai. 
_ Shai meu amor, não faz isso comigo. - Theo queria chorar mas pensou no filho, deveria ser forte na frente dele.

Theo ligou para sua mãe, pediu que a mesma largasse tudo e viesse ficar com o neto, Susana não hesitou, viu na voz do filho o desespero. Mesmo não gostando de Shailene ela queria agradar ao filho e chegou mais rápido possível.

Theo James

Estou no hospital com Shailene, eu não entendi muito o que aconteceu com ela, assim que chegamos eles a tiraram de mim, olhando todos aqueles médicos ao seu redor o meu coração se apertou e a não proibi que as lágrimas caíssem molhando meu rosto. 
Ela parecia tão frágil e minha vontade era invadir aquela sala é perguntar o que estava acontecendo.

_ Theo James? - um senhor de meia idade me chamou, levantei da cadeira, talvez fosse notícias de Shailene.

_ Aqui! - levanto minha mão e vou até ele. Se eu soubesse o que ele me diria em sua sala, eu não teria levado Shailene aquele hospital, cuidaria dela em casa e a protegeria de tudo. Foi isso que a prometi, que sempre estaria ao seu lado. Que eu seria o seu herói. 
_ Como está a minha esposa? Ela acordou? - pergunto limpando algumas lágrimas que insistiam em trilhar caminho em meu rosto. 

_ Por favor senhor James, peço que se acalme e me acompanhe até a minha sala. - Por que ele não me responde se Shailene estas bem? Por acaso ele é surdo? 
_ Aceita um café ou uma água? - perguntou tirando o óculos dos seus olhos. 

_ Shailene diz que cafeína à essa hora não faz bem.. - penso comigo e sorrio de lado. 

_ Você tem uma ótima mulher Theo. - respondeu e forçou um inexistente sorriso.

_ Sim, ela é ótima. - aperto minhas mãos e o frio do metal em meu dedo me faz lembrar de Shailene. 
_ Desculpe-me doutor se estou sendo mal-educado, mas o senhor pode me dizer como esta a minha mulher e depois me contar o que tens a dizer. 

_ Senhor James, sua mulher está bem por hora. - como assim por hora? ela só teve um desmaio, isso é normal.

_ Eu posso vê-la? - balanço minhas pernas, estou ansioso quero vê Shailene com os meus próprios olhos. 

_ Claro James.. - o interrompo. 

_ Apenas Theo. - ele concorda e continua.

_ Claro Theo, você poderá visitar a sua esposa, mas antes preciso que o senhor fique por dentro da situação em que sua esposa se encontra. - aceno para que ele continue. Não deve ser nada de grave, Shailene é uma natureba se alguém deve estar com a saúde debilita esse alguém sou eu. 
_ O que sua esposa tem, trata-se da Doença de Hodgkin, linfoma que acomete, principalmente, adultos jovens. - Doença de Hodgkin? Repito essas palavras em minha mente, não encontro nada, poderia ser um nome de alguma gripe.
_ Vou explicar melhor; Doença ou Linfoma de Hodgkin é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos gânglios do sistema linfático, um conjunto composto por órgãos e tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo. - deixo que meus soluços escapem de minha boca, de tudo que ele falou a palavra "câncer" ecoou dentro de mim, várias e várias vezes. Não! Isso não estava acontecendo com Shailene.
_ A Doença de Hodgkin surge quando um linfócito, mais frequentemente do tipo B se transforma em uma célula maligna, capaz de crescer descontroladamente e disseminar-se. - o interrompo novamente. 

_ A minha mulher tem câncer? - limpo minhas lágrimas e espero sua resposta. 
_ Você está dizendo que ela tem essa doença? - apóio minhas mãos em sua mesa. 
 

_ Se acalme por favor senhor James. - Me acalmar ele queria que eu me acalmasse, sabendo que milhares de pessoas morriam por causa dessa doença. 
_ Eu já pedi um autoexame o mais rápido possível para sua esposa, pois quanto antes o tratamento começar, maior é a chance de cura.

O meu mundo tinha desabado naquele momento, eu não queria ter acordado aquele dia, eu não queria que Shailene tivesse desmaiado e eu não queria ouvir da boca daquele renomado médico que minha mulher poderia morrer.