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História Quando um óculos e um jaleco se encontram pela primeira vez - Capítulo Único


Escrita por: mizphani

Notas do Autor


Primeira one-shot de muitas que posto aqui no Social Spirit. Essa one-shot é dedicada à uma pessoa que tirei no amigo secreto e embora já faça muito tempo que não converso com ela, eu me diverti muito em escrevê-la. Bolacha, essa é pra você.
A one-shot e os personagens fazem parte de uma fanfic de um grande amigo meu. Rapha, eu te amo! Espero também que goste da fanfic.
Embora não tenha nenhuma cena de sexo ou coisa do tipo, tentei fazer algo legal e que coincidisse com as personalidades dos personagens. Espero que gostem.

Shi Waizu não me pertence, e sim, à Lory. Thommas não me pertence, e sim, ao Raphael Fernandes.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Shi Waizu saiu daquela sala tensa, nervosa e temerosa. Conversar com Natsuhi Ichiro, o homem que matou o seu pai, foi sem duvidas uma das missões mais difíceis de sua vida. Não que as outras tenham sido fácil, muito pelo ao contrário, mas essa envolvia muito mais questões com as quais não costumava lidar como lidava com as outras. As outras, ela fazia mais por obrigação e não se importava se o lado a qual estava servindo fosse certo ou errado, ela só cumpria o que lhe pediam. Essa missão era diferente, essa missão foi ela que dera a si mesma, sendo a primeira a qual mexia com o seu lado emocional. Então tudo tinha que sair perfeitamente.
 

Natsuhi era exatamente como descreviam as pessoas das suas vilas: Um homem que não transparecia ter defeitos; sempre alegre, divertido e ironicamente, de bem com a vida. Uma das coisas que mais lhe chamara a atenção fora a sua expressão, essa que não parava de esboçar um sorriso em nenhum momento em que tiveram àquela conversa. Parecia que, por mais que coisas ruins estivessem acontecendo, Natsuhi fazia de tudo para enxergar só as coisas boas ao seu redor. Talvez esse fosse um de seus métodos de manipulação a qual faziam as pessoas se ludibriar e enxergar no Ichiro um lado bom de viver a vida.

O que era nojento. Aquele cara gentil, alegre, atencioso e sorridente não parecia ser o mesmo que matou o seu pai, não mesmo.

Mas Natsuhi deveria ter algum defeito. Todas as pessoas tem defeitos, por que seria diferente com o Ichiro? Por que seria diferente só pelo o fato dele ter herdado aquele imenso poder da estrela?
Era esse defeito que Shi iria achar e que iria fazer aquele homem se voltar contra ele mesmo.

Após sair da sala do que seria seu chefe por tempo determinado, Shi continuou andando por aquele longo corredor, prestando atenção na decoração daquele lugar. Tudo organizado de forma harmoniosa, com tons claros misturados com escuros, especificamente branco e preto. Por um momento passou na cabeça da Waizu que até o bom gosto e refinado daquele lugar estava nos planos de Natsuhi em enganar os seus súditos, fazendo com que os mesmos só enxergassem aquela arquitetura bela, uma paisagem bastante bonita em comparação ao cenário de guerra que estava acontecendo do lado de fora daquele palácio.
 

Com mais alguns passos, Shi viu uma figura se aproximando. Por causa dos seus óculos, ela pôde perceber que era uma mulher com longos cabelos vermelhos. Não tinham como não notá-los – mesmo de longe – eles eram bastante bonitos e se destacavam, não importando a distância de onde estivesse os vendo.

As duas garotas estavam há poucos centímetros de distância e Shi decidiu que iria se apresentar, pois como era nova naquele estabelecimento, as pessoas não iriam reconhecê-la, embora ela já os conhecessem.

- Olá. – cumprimentou-a, mas sem esboçar alguma expressão.

- Ui, que susto! – exclamou Hailey ao prestar atenção naquela garota. Por um momento a La Frayor pensou que fosse Reiko, já que a mesma adorava adotar novos estilos sempre que lhe conviesse. 

- Não se preocupe por isso. Eu sou uma das novas espiãs do Natsuhi. – disse, ajeitando seus óculos.

A ruiva semi-cerrou os olhos, prestando atenção na inexpressividade da garota mais baixa com óculos e penteado bastante inusitado, além de claro, aquelas roupas cafonas e  sem graça comparadas à sua.

- O que é que tá passando na cabeça daquele viado agora? Contratando gente estranha só por causa da inclusão social? – debochou com um sorriso de canto. – Já não basta aquela caminhoneira, agora você também? – perguntou, fazendo uma cara de nojo. – Isso aqui tá parecendo aqueles filmes de besteirol americano onde sempre tem uma pessoa estranha e sem graça para representar pessoas estranhas e sem graça. – essa era Hailey La Freour, conhecida também por falar o que pensa e fazer questão de deixar sempre a primeira péssima impressão para com as pessoas.

Por sua vez, Shi não se importou com as ofensas, apenas ignorou-as e continuou com sua inexpressividade.

- Acredito que o Natsuhi-sama tenha me contratado por minhas habilidades, não por causa da minha aparência ou algo do tipo.

- Ih filha, nem sempre aquele arrombado contrata o povo daqui por causa de suas habilidades! – disse, mas parou para analisar o que havia dito, dessa vez surgindo um sorriso no canto, lembrando-se das safadezas que Natsuhi, Daryl e Shinae faziam de vez em quando e os gemidos que a faziam se irritar e não deixá-la dormir. – Bem, na verdade, ele contrata sim, mas são outros tipos de habilidades que eu estou falando, se é que me entende.

Como não conhecia muito bem o Ichiro, não passou em nada na sua mente do que poderia ser aquelas outras habilidades que a ruiva estava citando. Ela já conhecia alguns personagens que habitavam aquele lugar. Inclusive, ela já conhecia Hailey La Freour e a sua personalidade egocêntrica. Na verdade, era impossível não conhecê-la, já que que a mesma possuía o cargo de braço direito do Ichiro. E se já conhecia-os, as habilidades de alguns também estavam inclusos, já que a mesma já havia encontrado alguns deles no meio do mundo á fora. Na verdade, foi graças a um dos súditos – e descuidado – de Natsuhi que ela descobrira a sua localização.

             Ela apenas continuou imóvel, esperando que a de cabelos vermelhos explicasse quais tipos de habilidades ela estava falando.

- Ih, eu não disse que você era esquisita? Fica me olhando assim, com essa cara! Cara feia pra mim é fome, viu? – riu alto. – Agora se me der licença, eu vou indo, tenho mais é o que fazer. – falou ríspida, passando pela a morena sem ao menos se despedir. Mas essa era a natureza de Hailey, causando sempre nas pessoas os desprazer de lhe conhecê-la.

A Waizu viu-a se distanciar, indo precisamente para a sala a qual a estava anteriormente. Sobre a ruiva, ela não tinha se abalado com suas palavras ou algo do tipo, muito pelo ao contrário, na verdade isso era algo bom, pois pelo menos ela já poderia esperar que as pessoas daquele lugar não criasse laços de amizade consigo mesma, pois infelizmente da parte dela, esse laço não ia ser recíproco.

Porém o tom e a maneira que Hailey se referia a Natsuhi lhe estranhou. “Viado e arrombado com certeza não são uma das maneiras mais carinhosas de como deve tratar o seu chefe”.– pensou. “Parece que nem todo mundo aqui gosta do Natsuhi”. – concluiu o seu pensamento, continuando a sua caminhada que fora interrompida anteriormente pela a ruiva.

Seus passos eram curtos e sem pressa, pois Shi tinha que observar atentamente o local para saber se encontraria pistas que levariam o Ichiro a ruinas. Não encontrou nada que pudesse lhe ser interessante, o lugar parecia até calmo. Ela até estava se perguntando onde estava os outros súditos.

Foi só a morena questionar-se que alguns gritos foram ouvidos, fazendo-a despertar. A Waizu quis saber de onde era aquele barulho e por isso, apressou os seus passos até de onde eles estavam saindo. Ao aproximar-se, ela percebeu que o som não era de desespero e sim, de duas crianças brigando.

“Natsuhi manipulou até crianças para que elas ficassem do seu lado?” – pensou. - “Bem, não me admira, bem do feitio dele fazer esse tipo de coisa”.

Além do barulho, o que chamara a sua atenção fora a iluminação chamativa que saia por debaixo da porta. As luzes que saiam pela as brechas eram azuis, uma cor chamativa e inusitada em comparação as luzes que vinham dos outros quartos.

“O que será que tem esse quarto? Será que o Natsuhi esconde alguma coisa nele? – foi o que passara em sua mente antes de encostar a mão na maçaneta da porta. -  “Se sim, por que tem duas crianças conversando aqui dentro?” – indagou para si mesma.

Shi resolvera abrir a porta e após o feito, deparou-se com duas pessoas discutindo. Uma delas era uma criança que usava apenas um jaleco no corpo, o que era estranho. Possuia cabelos dourados que iam até a altura de sua orelha. A outra pessoa não era uma criança, era uma adolescente que parecia ter no máximo os seus 18 anos de idade. Essa possuía cabelos negros, curtos e repicados, com as suas pontas vermelhas.

- Poxa Yozora, me dá esse frasco! Ele não é para você brincar! – disse o garoto loiro querendo pegar o cilindro de vidro da outra, mas sem sucesso. Ele não estava preocupado com o frasco em si, e sim, com o líquido que havia dentro.

- Só se você fizer uma poção que faça a Hailey se apaixonar por mim! - a garota comentou com um sorriso debochado enquanto levantava o objeto para cima para que Thommas não a alcançasse.

- Você sabe que isso é impossível! – exclamou, quase se irritando.

- Então tente criar uma. – disse aquilo como se fosse algo fácil.

Eles estavam tão entretidos um com o outro que nem perceberam que Shi a estava os observando.

- Eu não posso! Você sabe que eu não posso! – o loiro falou como se estivesse suplicando, ainda tentando pegar aquele objeto das mãos da garota que era pouco centímetros mais alta do que ele.

- Como assim não pôde? – Yozora arqueou levemente uma das sobrancelhas, encarando Thommas. – Você inventou tantas coisas pro Natsuhi, coisas que nem ao menos sabia como se fazia e mesmo assim fez porque ele pediu. – a morena sabia que Thommas era um dos súditos mais fieis do Ichiro e que fazia de tudo por causa dele.

Shi surpreendeu-se com o que a garota havia dito, pois aquela era uma informação bastante forte e importante. Ela nunca imaginaria que recolheria tamanha informação sobre o seu inimigo em tão pouco tempo. Mas ela teria que tomar cuidado com as informações que iria conseguir, Natsuhi não era otário e poderia descobrir sobre a sua verdadeira intenção no seu esconderijo a qualquer momento.

A garota de óculos continuou se ocultando para não ser descoberta, voltando a escutar o que os dois estavam conversando.

- Você acha que é tão fácil assim criar o que você quer? – indagou Thommas. – Eu preciso de um estudo detalhado do que eu preciso fazer e esse estudo demora meses ou até anos para chegar em um resultado.

Com as palavras do menor, Yozora fez um bico nos lábios como se aquilo indicasse que ela estava chateada. A garota soltou o frasco da mão e entregou para Thommas, que ficou a olhando e estranhando aquela reação.

- Destá. Não quero mais. – falou.

Thommas suspirou de alívio. A Tanaka saiu do quarto-laboratório a passos largos sem ao menos se despedir do amigo. Shi escutou os tais passos e até tentou se esconder, mas infelizmente não houve tanto tempo assim; ela simplesmente se afastou um pouco para que eles não notassem e desconfiassem de que ela estava escutando toda a conversa.

Quando Yozora saiu do estabelecimento, viu a garota de óculos como que se estivesse se aproximando para perto de si. Imediatamente um sorriso irônico foi visto no rosto da morena de cabelos curtos e mexas avermelhadas, que de certa forma ficou contente com a bela visão que estava tendo no momento.

- E quem é você? – perguntou curiosa.

- Eu sou Shi Waizu. Sou uma das novas subordinadas do Natsuhi. – disse enquanto ajeitava os óculos, sem esboçar nenhum tipo de emoção em sua face.

- Subordinada do Natsuhi? – a vaizard fez uma careta, arqueando uma das sobrancelhas. Ela não parecia estar feliz pela a inexpressividade da “nova companheira”. - Que pena. Eu achei que fosse uma empregada mandada especialmente para mim. – falou com um toque carregado de malícia, enquanto olhava sedutoramente para a ninja.

- Prazer em conhecê-la também... errr... – balbuciou, esperando que a outra se apresentasse. Shi já sabia o nome da “companheira”, mas tinha que fingir que não sabia de nada e que não havia escutado os berros dela segundo atrás.

- Ah, que má educação a minha. – a Tanaka riu consigo mesma, coçando a cabeça devido à mancada. – Meu nome é Yozora Tanaka, mas pode me chamar de monamour, monamour! – piscou um dos olhos.

- Hai. – confirmou com a cabeça.

- Então... já que você é nova, devo deduzir que não deve conhecer os aposentos daqui. Que tal se eu te mostrasse para que você conheça melhor essa linda “casa” que o Natsuhi se dispôs para a gente morar? – Shi notou um tom de ironia vindo da boca da outra.

- Eu agradeço a sua disposição, mas eu me recuso. – a Waizu não pensou duas vezes para dizer tais palavras.

A Vaizard piscou os olhos três vezes, até se dar conta das palavras vociferadas pela a garota de tranças. Ela colocou uma das mãos na cabeça, começando a soltar uma risada debochada, rindo de si mesma.

- Eu levando mais um fora? – perguntou a si mesma em um tom divertido. – Nada de novo sob a luz do sol, né non? Acho que não dou sorte mesmo por aqui. – brincou, até se recompor e soltar a mão de sua cabeça, voltando a fitar Shi que também fazia o mesmo, mas não esboçando nenhum tipo de emoção.  – Bem, mas se mudar de ideia, saiba que eu estou sempre aqui por essas redondezas. É só mandar o Thommas – apontou para as suas costas, especificamente o quarto onde o garotinho estava – vim me chamar, acho que vai fazer bem para ele de vez em quando sair desse laboratório. – disse, olhando para a receptora de suas palavras, que quando percebeu que não ia se manifestar, levantou a mão até a sua cabeça em indicação de despedida. – Bem, eu vou indo. A gente se vê por aí! – falou, abaixando as mãos e saindo do local em passos lentos. Já que havia levado um fora, Yozora ia desocupar a sua mente tocando guitarra, uma das coisas que ela mais gostava de fazer.

A Waizu continuou a fitar aquele quarto que saiam cores vibrantes e chamativas dele e que ainda estava aberto. Pela a conversa, ela deduziu que aquele era um laboratório cientifico. Seus pais eram como uma espécie de cientistas, pois eles estavam sempre pesquisando sobre a origem e como derrotar o poder da estrela. Por causa disso, muitas vezes quando ela adentrava no quarto de pesquisa de seus senseis, elas sentia como se estivesse em um laboratório. A vontade de entrar naquele quarto bateu o seu consciente; ela queria poder sentir a emoção de olhar todos aqueles vidros, frascos e objetos estranhos que tinham no local de pesquisa dos seus pais

Seus pés deram alguns passos adiante, como se caminhassem involuntariamente até onde vinham aquelas luzes. Ao chegar no local, seus dedos passeavam pela a borda da entrada da porta, sentindo a emoção de adentrar naquele lugar. Ao usar os olhos para varrer o local, Shi arregalou-os com o susto que levara; ela viu alguns corpos dos participantes do torneio em algumas espécies de capsulas, que dentro delas, estavam-nos em volta em um tipo de líquido azul. Apesar do liquido estranho, a garota percebeu que os corpos estavam nus. Ela reconheceu alguns deles, como o de Amai Shirubako, Uchiha Itachi, Shiki... Todos eles eram do torneio e do seu universo. Ela se perguntou se eles ainda estavam vivos, pois percebera que eles ainda estavam respirando pela a espécie de tubo que encobriam a parte respiratória.

Do outro lado do quarto, um pouco desesperado Thommas tentava retomar ao que estava fazendo e que Yozora havia chegado para atrapalhar.

- Hmmm? O que eu estava fazendo mesmo? – questionava a si mesmo, um pouco perdido. – Acho que eu tinha que colocar uma língua de cobra... Ou será que era pele de canguru?

A garota arqueou uma das sobrancelhas. Ela não imaginou que para os feitos de Natsuhi serem concluídos, ele precisava daquele tipo de ingrediente. Parece que nem os animais o maldito do Ichiro perdoava.

Enquanto o observava, o loirinho caminhava em busca de um dos ingredientes que ficava em uma prateleira não muito longe dali. Mas só foi ele tirar os olhos do seu novo experimento que ele percebeu a pessoa estranha que estava ali dentro do seu quarto. Sem nem pensar duas vezes, Thommas pegou o frasco que Yozora havia lhe tomado anteriormente como uma forma de defesa e que poderia jogar nela caso ela fosse alguma inimiga.

- Eiii, quem é você? – perguntou com a voz assustada, fazendo Shi despertar. Ela direcionou os seus olhos para saber se a voz que escutara fora direcionada à ela. – Sim, é você mesma! – disse Thommas após a Waizu ter fitado-o.

A garota olhou aquele frasco na mão, perguntando se aquele líquido era veneno.

- Ahh, me desculpe. – ela disse sem emoção. – Meu nome é Shi Waizu. – apresentou-se, mas o garoto ainda a fitava com certa duvida, e por isso, esticou seus pequenos braços, ameaçando jogar o conteúdo dentro do vidro. – Não se preocupe, eu sou a nova subordinada de Natsuhi e aliada de vocês – tentou tranquiliza-lo apesar da voz calma.

- Me prove! – exclamou o mais baixo, ainda morrendo de medo.

Shi fechou os olhos por alguns segundos e logo voltou a abri-los.

- Eu acredito que se eu fosse algum tipo de inimiga tentando invadir o estabelecimento, eu já estaria morta, visto que a segurança do Natsuhi é demasiadamente reforçada e não me deixaria sequer encostar. – explicou simplesmente.

Thommas piscou os olhos algumas vezes para vê-la melhor, concluindo que ela tinha razão em suas palavras. Natsuhi não deixaria qualquer pessoa entrar ali, e se ela estava ali, é porque devia ser alguma nova aliada do seu querido chefe.

- Aaah, então se é uma nova subordinada do chefe, então também é minha amiga. – ele respondeu com um sorriso no rosto. Natsuhi sempre disse que ele deveria tratar as pessoas daquele palácio com gentileza e carinho, pois apesar das desavenças, todos eram amigos.

Mas Thommas era tolo e acreditava nas palavras do Ichiro.

A morena ajeitou os seus óculos como forma de agradecimento por ele ter acredito nas suas palavras.

- Eu posso entrar? – perguntou. De certa forma, ela estava curiosa com aquele quarto, além de claro descobrir mais sobre o que o seu “inimigo” escondia.

- Claro que pode! – ele respondeu, deixando o frasco que segurava em um apoiador que ficava em cima da mesa.

- Com licença! – ela disse, saindo da beira da porta e se aproximando da prateleira que possivelmente ficava os ingredientes esquisitos daquele menininho.

Finalmente Shi observava aquele local com mais precisão, capturando maiores detalhes e não hesitando e comparando alguns detalhes que se assimilavam com o quarto dos seus pais. Não tinham tantas coisas em comuns, mas ela percebeu que alguns objetos eram os mesmos que os seus senseis usavam para as suas pesquisas.

- Gostou? – ele olhou para ela com um sorriso de canto, esperando uma resposta imediata da mesma.

- Hm? – Shi olhou para ele não parecendo entender a pergunta, ajeitando novamente os seus óculos.

- Gostou do laboratório! – ele continuou, fazendo-a entender dessa vez.

Até aquele tipo de questionamento era difícil dela responder com entusiasmo ou qualquer reação a não ser a sua mesma inexpressão de sempre. O pior disso tudo era saber que a pessoa que esperava uma resposta de sua parte era um garotinho com olhos brilhantes e esperançosos. Um garotinho como qualquer outro garotinho: alegre, agitado, sagaz; mas também sonhador e inocente.

 

- Legal. – foi o que ela conseguiu responder, o suficiente para que a animação do pequeno Thommas sumisse, dando lugar a uma face tristonha. Ele ficava muito triste quando as suas invenções não supriam as necessidades dos subordinados de Natsuhi.

- Você não gostou, não foi? – ele perguntou com um bico chateado, cruzando os braços.

Shi percebeu pelo o olhar tristonho que a sua resposta curta e sem emoção deixou-o depressivo. Faltava um pouquinho para a reação do garoto quase quebrar o seu coração por dentro.

Ela não sabia o que dizer para contornar a situação. Ela não lidava com crianças há muito tempo. Nos últimos anos, a maioria das poucas pessoas que conviveram a seu lado foram bem mais velhas do que ela.

- Não, eu realmente gostei. – não havia mentido em suas palavras. Ela realmente havia gostado da decoração do lugar.

- Sério? – ele perguntou, e os seus olhinhos já estavam se enchendo de lágrimas por medo daquela mulher não ter gostado do seu cantinho especial.

- Sim.

- Ahh, que bom! – ele passou as mãos entre os olhos para enxugar as lágrimas que quase escaparam deles.

Apesar da idade avançada para os humanos e ser considerado como gênio comparado aos outros, Thommas ainda era uma criança insegura e que precisava inconstantemente da atenção e dos elogios dos adultos, pois só assim ele sentia que estava fazendo algo útil e que os outros gostassem.

Era por isso que ele admirava tanto Natsuhi. De todas as pessoas que conhecera, ele fora o que mais demonstrara admiração pelo o seu trabalho. Ele o elogiava e massageava o seu ego constantemente, e isso era muito importante para o pequeno; pois o fazia se sentir especial.

A Waizu continuou caminhando pelo os espaços que davam acesso, já que o quarto-laboratório tinham muitos móveis e por isso dificultava a locomoção dentro do mesmo. Ela se direcionou para onde estavam aquelas capsulas onde estavam àqueles corpos, observando minuciosamente dessa vez, percebendo que sim, eles estavam vivos, vide os movimentos taquicardíacos que indicavam que eles estavam respirando.

- É, agora sim eu vejo que você realmente gostou desse lugar. – disse Thommas, enquanto observava que a nova aliada não tirava os olhos dos seus maiores experimentos.

- Foi você quem fez isso? – indagou, sem direcionar-se para o receptor, ainda vidrada naqueles corpos. As luzes azuis do líquido refletiam em seus óculos, mas ela não se importava com isso.

- Está falando deles? – apontou para onde Shi olhava, entendo que devido ao modo que ela os fitava, estavam falando deles.

- Sim.

- Ah, sim. Fui eu que fiz sim. – respondeu, um tanto orgulhoso de dizer aquilo. Natsuhi não parava de elogiar Thommas por causa disso, e isso o deixava cada vez mais contente e orgulhoso de si mesmo.

A morena continuou a observá-los, sem se quer lembrar de que deveria elogiar os feitos daquele pequeno garotinho. Mas ele não se importou, parecendo já até ter entendido aquele comportamento estranho que a ninja portava.

Ele também se lembrou que não havia se apresentado para ela, o que era uma falta de educação, já que ela já havia se apresentado e ele não.

- Ahhh! – exclamou. – Agora me lembrei, eu não me apresentei para você! – disse, em um tom um pouco desesperado. – Meu nome é Thommas. Eu sou cientista e responsável pela a maioria das criações do senhor Natsuhi. – comentou com um sorriso orgulhoso.

- Prazer. – ela disse, ainda admirada pela as suas criações.

- Então... Como você conheceu o Natsuhi? O que fez para se aliar a ele? – ele tentou puxar um assunto, pois queria de certa forma bater um papo com ela. Já fazia um bom tempo que não conversava com ninguém – exceto Natsuhi. Ele também conversava com Yozora às vezes, mas ela mais reclamava do que conversava, então não contava com a presença dela.

Shi tendeu a responder aquela pergunta. Achava que ninguém precisava saber como ela conhecera Natsuhi e nem o verdadeiro objetivo que levara ela a estar naquele lugar.

- Natsuhi ficou muito conhecido lá fora nesses últimos anos. – deu uma pausa. – Eu só quis seguir os seus passos.

Thommas ficou boquiaberto com a resposta da maior. Era uma resposta simples, mas que ele entendeu. Ele também ficou feliz por o seu mestre estar sendo conhecido mundo a fora. Só não imaginava que a sua fama também pendurava de uma forma negativa.

- E você, o que fez querer estar aqui? – de certa forma, saber daquilo lhe intrigou. Shi conhecia boa parte dos servos de Natsuhi e a suas habilidades, mas não conhecia Thommas. Estudá-lo seria interessante e primordial para os seus futuros planos contra o homem de cabelos brancos. – Desculpe se eu estiver sendo indelicada, se não quiser responder à esta pergunta, apenas não responda.

- Não, não. – o loiro balançou a cabeça negativamente. Ele não se importava de dizer aquilo. Na verdade, desabafar sobre a sua história iria lhe fazer bem. Thommas respirou um pouco para buscar as palavras que iria usar naquele desabafo, e quando as encontrou, continuou. – Eu era considerado pelo os outros arrankars como alguém estranho devido aos meus experimentos. Além de ter o desprezo de todos eles, também tinha os do Aizen-sama, que sempre dizia que minhas invenções eram fracas e não serviam para nada. – disse, se lembrando das tristezas daquele tempo. - Mas quando o Natsuhi surgiu à procura de arrankars para serem os seus novos peões, ele me descobriu e disse que era um desperdício eu estar ali, que eu era um gênio e que meu talento não estava sendo valorizado. Então ele me trouxe até aqui, me deu esse espaço para que eu fizesse o que quisesse, pois tudo o que eu faria a partir daquele momento teria importância para ele.

A ninja ficou perplexa com o desabafo do garoto, mas não demonstrara em sua reação, apenas ficando com seu rosto sério.

Natsuhi tinha razão quando disse que ele era talentoso, vide os corpos dentro dos grandes casulos e que ainda continuavam vivos apesar das duras batalhas que enfrentaram anteriormente e que quase levaram-os a morte. Mas a Waizu duvidava da parte em que ele dissera que o Ichiro iria valorizar todas as suas invenções. De certeza estava mentindo, ele apenas se importava para aquelas invenções que saciassem as suas próprias vontades a seu bel prazer.

- Você parece gostar muito do Natsuhi... – comentou, comparando as palavras que Thommas utilizara para com o Ichiro com as que ouviram anteriormente por Hailey. Ela perguntou-se porque um idolatrava tanto enquanto o outro parecia sentir repulso. Talvez fosse pelo o fato do arrankar ser apenas um garotinho que não sabia muita coisa do mundo e que necessitava constantemente que o elogiassem. Afinal, crianças sempre foram assim. Diferente de Hailey, que já era uma mulher madura e conhecia muito bem a podridão e as intensões perversas de pessoas de má índole como o do homem com o poder da estrela.

- Eu amo ele! – respondera empolgado e sem nenhuma vergonha de dizer aquilo.

Shi achara a resposta do mesmo problemática, afinal, ele não sabia quem era Natsuhi de verdade.

- Entendo... – foi o que ela soube dizer no momento.

- E você, gosta do Natsuhi? – indagou com um sorrisinho, pois só de saber que ela gostava do seu chefe lhe deixava feliz, embora meio apreensivo e medo do mesmo dividir o tempo que tinha com ele com ela também.

Responder aquelas palavras eram fáceis para a Waizu. Ela o odiava a ponto de querer vê-lo morto por tudo o que ele fizera a sua família, mas buscar palavras para responder aquilo não fora difícil.

- Eu acho que a palavra “gostar” é muito forte para ser usada em qualquer pessoa, então eu utilizo quando eu tenho plena certeza do que eu estou dizendo. – respondeu. Shi não havia mentido. Poucas foram as pessoas a qual ela sentira que gostava de verdade, sendo essas somente os seus dois senseis.

Thommas processou aquelas palavras em sua mente, associando e imaginando que talvez ela não gostasse do seu chefe. Afinal, ela não era a primeira; o braço direito também não parecia gostar nadinha, o que deixava o pequenino chateado. Ele até se perguntava porquê diabos Yozora tinha interesse em Hailey, já que ela era uma bruxa com aparência de rainha.

- Um dia você vai gostar do Natsuhi-sama, Shi! Eu tenho certeza disso! – falou, dando um risinho em seguida.

Shi arregalou os olhos com o que ouvira. Aquilo era um absurdo e nunca aconteceria, porém a forma com o que o loirinho dissera e a esperança que ele depositara em sua frase fez com que ela sentisse mais pena do mesmo.

Todavia aquele tipo de pena que ela sentia não era de fato ruim. Estava decidido: Ela arranjaria algum jeito de fazer com que aquele pequeno garotinho se voltasse contra a pessoa que mais amava no mundo, e quando isso acontecesse, possivelmente todos os planos de Natsuhi iriam por água abaixo, já que o pequeno gênio comandava uma das mais armas mais fortes que o dono do poder da estrela tinha. O processo para que com fizesse isso iria ser lento, assim o garoto sofreria menos. Se ela resolvesse contar toda a verdade, certamente ele não acreditaria, gerando uma tremenda confusão que faria com que o chefe dele se voltasse contra a mesma, fazendo com que seu plano descesse pelo o ralo.

Thommas viu um mero sorriso quase imperceptível se formar no rosto de Shi. O sorriso no rosto dela era por causa da ideia que tivera por dentro, mas para o arrankar pareceu que aquele ato era por ela estar feliz por encontrar alguém que possivelmente iria nutrir aquele sentimento gostoso que era gostar de alguém.

- Eu não disse? Você está até feliz! – exclamou felizardo. Pobre Thommas; Ingênuo e inocente, ele não sabia a verdade, por isso tamanha felicidade.

Shi permaneceu calada, deixando-o com as suas especulações. Era triste, mas iria deixa-lo com aquele pensamento até que descobrisse a verdade, verdade essa que ELA iria trazer à tona mais cedo ou mais tarde.

 A morena deu alguns passos para poder sair daquele lugar, visto que na sua concepção já havia conversado demais – tanto que até deixou escapar um sorriso em sua face de bobeira. Ela só planejava dar uma olhada no laboratório de Natsuhi, mas o que encontrara era algo que não esperava.

Thommas viu que os passos da garota se direcionavam para a porta do quarto, porta essa que estava todo esse tempo aberta e que ele nem percebera. Um bico triste se formou na face do garotinho, que não queria que ela fosse embora.

- Já vai? – perguntou.

- Eu só estava de passagem. – disse. Shi não pretendia ter amigos naquele lugar.

- Só de passagem? – exclamou. – Você tendo todo o tempo do mundo pra ficar aqui e está de passagem? – Thommas foi em direção a garota de óculos, puxando-a pelo braço e levando-a para o balcão onde ele realizava os seus experimentos. – Venha, eu vou te mostrar o meu novo experimento. Eu criei um líquido que é capaz de mudar a cor dos olhos!! – disse sorrindo com um sorriso convencido pelo o seu mais novo feito.

A ninja apenas se deixou levar pelo o garoto, afinal, estar ali não era de fato tão ruim; muito pelo ao contrário, era reconfortante e lembrava um pouco o seu passado.

Aquela fora a primeira troca de palavras que Shi e Thommas tiveram. A primeira vez que a garota de óculos e o menino de jaleco conversaram pela a primeira vez. 


Notas Finais


<3


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