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História Quando você chegou - Despedida


Escrita por: yasan-

Notas do Autor


Hello, people! 💜
Eu não gostei e ao mesmo tempo gostei de escrever o capítulo onze. :v

Capítulo 11 - Despedida


Makino ON

Durante todo o caminho para o hospital, eu me senti culpada, como já era de se esperar. Enquanto Toby estava sofrendo sem ter notícias da condição de sua mãe, eu estava a ponto de fazer sabe-se lá o que com Shanks. Eu suspiro, chateada com a situação na qual havia me metido. O pior de tudo? Eu realmente teria ido em frente com o beijo se aquela ligação não tivesse ficado no caminho.

As imagens do que aconteceu entre Shanks e eu invadem a minha mente e não posso controlar o arrepio que percorre meu corpo, que parece sentir falta dele. Dói a certeza de que as coisas ficarão complicadas entre nós e, ao mesmo tempo que sei que nos afastarmos seria bom para meu relacionamento com Toby, eu não o quero longe de mim – eu o quero o mais perto possível, e isso tem me deixado acordada à noite. Se eu tinha qualquer dúvida sobre estar nutrindo algum sentimento por Shanks, todas elas foram destruídas quando eu senti seus lábios em minha pele, subindo por meu pescoço e fazendo seu caminho até o canto de minha boca.

Droga. Mais uma vez eu estou pensando nele quando não deveria.

Toby me explicou, com muita dificuldade, que sua mãe havia sofrido um AVC. Ele havia a encontrado de tarde, no meio de uma convulsão, caída no chão da cozinha. Enquanto me contava, eu sentia as lágrimas quentes correndo por meu rosto – parte porque eu sei qual é a sensação de perder alguém que se ama, parte porque eu quase o trai. Dessa forma, quando finalmente cheguei à fria sala de espera do hospital, corri para abraçar meu namorado, que chorava baixinho, com as mãos sobre o rosto.

Fiquei com ele por cerca de uma hora, até que os médicos trouxeram a triste notícia de que ela não havia sobrevivido. Vi todas as esperanças de Toby se quebrarem, bem na minha frente, com a notícia de que a única família que ele ainda tinha, havia partido. Ele nunca conhecera seu pai, seus avós estavam mortos e sua mãe era filha única, o que significava não ter tios ou primos. Ele soluçava, inconsolável. Eu chorava pela perda de sua mãe, que era uma pessoa pela qual eu tinha um imenso carinho, e chorava porque agora meu namorado saberia, para sempre, como é a dor de perder alguém especial.

Naquela noite, como é de se esperar, não dormi. Sem saber o que fazer, levei-o para seu apartamento e o abracei até que, eventualmente, ele parou de chorar e adormeceu por poucas horas. Quando acordou, eu ainda podia ver a tristeza em seus olhos, mas a dor dilacerante que expressava havia diminuído – ele começou a compreender que aquilo era real e que não importava o quanto chorasse, sua mãe jamais voltaria.

Ajudei-o a lidar com toda a burocracia estressante envolvendo o velório e o enterro; quando mamãe morreu, eu tenho certeza de que papai desejou que alguém pudesse ajuda-lo com todas as coisas ruins que vem após a morte de uma pessoa – como se perder alguém que ama não fosse o suficiente, você ainda precisa escolher um caixão para que ela se decomponha dentro.

Papai foi ao velório, para nos dar apoio. Sei que para ele isso ainda é muito difícil, mas ele foi mesmo assim e eu fiquei imensamente grata por vê-lo lá. Nos dias seguintes, eu fiquei com Toby em seu apartamento, já que seu amigo havia recentemente se mudado e ele não teria ninguém. Fiz a comida, limpei tudo o que havia para limpar, fiz as compras no supermercado e tentei ao máximo dar a ele seu tempo para processar tudo o que aconteceu, sem tentar animá-lo ou fazê-lo rir. Quando passei pela mesma situação, tudo o que eu queria era que tivessem me dado algum tempo para chorar em paz, sem ser forçada a fingir que estava tudo bem e que eu iria melhorar em breve. Passei uma semana com ele, apoiando-o como podia. No oitavo dia, eu o vi sorrir pela primeira vez desde o dia do enterro.

Embora eu estivesse determinada em ajudar meu namorado, passar tantos dias longe de casa estava sendo difícil. Eu sentia falta de papai, de Luffy, dos meninos, e de Shanks... Ele ocupava cada um de meus pensamentos, enquanto eu tinha certeza de que ele não pensava em mim, de jeito nenhum, considerando como deixamos as coisas entre nós. Eu liguei para casa algumas vezes, torcendo para que ele atendesse o telefone, mas por ironia do destino, papai ou Luffy sempre estavam do outro lado da linha. Pensei em mandar mensagens, mas toda vez que eu escrevia algo no celular, apagava tudo antes que a coragem de enviar chegasse. Eu mantive contato com os meninos, que me ligavam diariamente para conversar. Mas não havia notícia alguma de Shanks, eles não diziam nada, e eu não tinha coragem de perguntar. Tudo o que eu sabia era que os garotos logo iriam voltar para Londres e eu tinha muito, mas muito medo mesmo, que Shanks voltasse com eles. Fiquei mais calma quando me prometeram que não iriam embora antes que eu voltasse para casa, porque queriam se despedir de mim.

Há dois meses, se me dissessem que eu teria quatro novos amigos e que um deles faria meu coração bater mais rápido, eu não teria acreditado. Parecia absurdo para mim naquele tempo (que agora parece tão distante), que eu voltaria a sair de casa, a me relacionar com as pessoas, e a ter mais motivos – além de papai e Luffy –, para levantar da cama de manhã.

— Maki – Toby diz, sentando-se ao meu lado no sofá.

Eu estava com meus olhos fechados, cansada, pensando sobre a vida, e por isso não o vi chegar. Ele havia tomado banho, vestia roupas limpas, e não parecia mais tão pálido.

— Oi – respondo, sorrindo.

Ele sorri de volta e passa os braços ao meu redor, me dando um beijo rápido nos lábios. Por alguma razão, me sinto culpada por beijá-lo; parecia errado.

— Obrigado por cuidar de mim.

— Estou apenas retribuindo o que fez por mim – digo. – É para isso que servem as namoradas, não é?

Ele abre um sorriso triste e suspira, balançando a cabeça.

— Não, Maki, não é para isso que servem as namoradas. Na verdade, é sobre isso que eu queria conversar com você hoje... – sua voz calma e suave parece tentar me tranquilizar, mas começo a me sentir o oposto disso.

— Acho que não estou entendendo.

Toby senta de maneira que possa olhar para mim, segurando minhas mãos em seu colo.

— Primeiro eu quero dizer, do fundo do meu coração, que você é a pessoa mais importante na minha vida nesse momento. Tudo o que passamos até hoje apenas prova a minha teoria de que você é a mulher mais altruísta, generosa e incrível desse mundo todo – ele sorri, mas seus olhos estão tristes. – Eu não sei se estaria aqui hoje se você não tivesse me ajudado nesses últimos dez dias, desde aquela noite horrível no hospital. Se não fosse por você, acho que eu não teria tido nem forças para ir até a funerária... Para falar a verdade, acho que eu nem teria ido ao velório ou ao enterro. Tudo foi demais para mim; ainda é. Senti como se estivesse sendo sufocado; não havia mais ar suficiente nesse mundo para que eu me mantivesse vivo. Mas você esteve aqui comigo e me deu forças para que eu conseguisse compreender que a vida vai continuar, mesmo que minha mãe não esteja mais aqui. E isso dói, Makino, dói muito, então mais uma vez, eu quero dizer obrigado por ter ficado comigo quando eu mais precisei.

Quando ele termina de falar, nós dois estamos com os olhos cheios de lágrimas. Eu quero abraçá-lo, mas ele delicadamente me impede, sinalizando que ainda queria que eu ficasse olhando em seus olhos.

— Toby, eu estou fazendo apenas o que você fez por mim. Você também me ajudou, me apoiou, e acho que se não fosse pelo seu amor e seu carinho, eu não teria conseguido cuidar de papai e nem de Luffy.

Ele concorda, balançando a cabeça.

— Eu sei, Makino, e isso é o que também parte meu coração agora – diz, com uma lágrima vencendo e escorrendo por seu rosto. Eu estico minha mão para limpá-la.

O que está acontecendo?

— Fale comigo, Toby. O que está te deixando triste nisso tudo?

Ele respira fundo, se recompondo antes de voltar a falar.

— Eu não quero que você faça as coisas por mim apenas porque fiz por você. Quando fiquei ao seu lado, foi porque eu te amava e não queria que tivesse que enfrentar tudo aquilo sozinha. Eu queria que enfrentasse toda a situação ruim para que você não desistisse de nós dois; para que visse que ainda havia uma chance para amar.

Meu coração começa a bater mais rápido.

— Mas eu te amo.

— Eu sei que você me ama, Maki... Mas você me ama como ama o Luffy. Você sentiu a necessidade de cuidar de mim nos últimos dias, porque sabe o que eu estou sentindo com a perda da minha mãe, e foi forte por mim como você queria que alguém tivesse sido forte por você. Você cuidou de mim como gostaria de ter sido cuidada. E isso é lindo, amor, porque essa é quem você é. Isso é o que te faz tão especial. Infelizmente, não é isso o que faz você voltar a ser feliz comigo.

Eu começo a balançar a cabeça, negando, mas ele me impede de falar.

— Eu te conheço, Makino, você não está feliz comigo. Você se sente presa, sufocada, porque a verdade é que a paixão que tinha por mim já acabou há muito tempo.

— Não, Toby...

— Escuta, amor – diz, segurando meu queixo para que eu o olhe nos olhos. Eu estou chorando, desesperada. – Antes eu estava muito assustado para dizer essas coisas, mas agora eu sinto que preciso fazer isso para que eu possa sair dessa tristeza sem fim que sinto, e para que você possa seguir em frente com a sua vida também.

— Eu não quero que você fale mais nada, por favor...

— Não chore, Maki – ele diz, derramando mais uma lágrima. – Estou apenas fazendo o que é melhor para você, e também o que vai ser melhor para mim. Nós precisamos terminar esse relacionamento... Precisamos enterrar a nossa relação que já está morta há muito tempo.

Eu não consigo nem mesmo respirar, de tão... perdida que estou. Parece que tudo a minha volta está desabando e eu não tenho controle sobre nada.

— Como é que isso vai ser melhor para nós? – pergunto, lutando contra as lágrimas que insistem em cair. – Nós estamos juntos há mais de dois anos e meio, Toby!

Dessa vez ele se aproxima de mim, me abraçando forte, até que eu pare de chorar. Ele volta a falar após vários minutos, quando parece estar mais tranquilo também.

— Eu vou sair da faculdade – anuncia. – Você sabe o quanto eu estou sempre ocupado e reclamando de tudo. Mamãe sempre me dizia que se eu não estivesse feliz com o que estou fazendo, eu deveria procurar outra coisa, porque não teremos tempo o suficiente na vida para fazer tudo o que queremos. E ela estava certa... Eu quero conhecer o mundo, Maki. Quero conhecer novos lugares, aprender novas línguas e ver o que há de diferente por aí. Mamãe me deixou uma grande quantia de dinheiro, e eu vou aproveitá-la para tentar a vida em outro lugar. Um lugar longe daqui.

— Um lugar longe de mim – eu completo, triste.

Ele balança a cabeça, concordando.

— Não me entenda mal, amor, eu te amo. Eu te amo muito mesmo, e a dor de pensar em não ter mais o que tínhamos até aqui é absurda, mas eu não quero ficar aqui, observando a vida passar, sempre preso com a faculdade, ou no futuro com um trabalho que não gosto, se você não me ama como eu a amo – explica, fazendo carinho em meu cabelo. Eu fico em silêncio, processando tudo o que ele tinha a dizer. – E você poderá agora encontrar alguém que realmente ame... Que você ame como me amava no começo; como me amava antes que tudo mudasse na sua vida.

Fecho meus olhos, juntando forças para me ajustar à essa nova realidade. Toby estava terminando comigo... Estava terminando a única coisa que eu ainda tinha da minha antiga vida.

— Nós precisamos deixar isso para trás – diz, me dando um beijo na testa. – Você entende o que eu quero dizer?

— Sim – digo, e já não estou mais chorando.

Sinto-me triste, um pouco assustada; mas sinto um estranho alívio, um peso saindo de meus ombros. Agora, ouvindo toda a verdade de sua boca, eu compreendo a realidade. Eu finalmente percebo que não estou mais apaixonada por ele, e que estávamos juntos há muito tempo apenas porque éramos bons um para o outro; apenas porque o namoro fazia com que nos mantivéssemos conectados, porque, querendo ou não, eu acho que sempre precisaremos da presença um do outro em nossas vidas. No entanto, vejo agora que o quero como um amigo, como um irmão.

Ficamos conversando por horas, discutindo as consequências do que estávamos fazendo agora, e o que pretendíamos fazer daqui para a frente. Decidi contar a ele sobre o que quase havia acontecido entre Shanks e eu, e ele ficou triste, mas não surpreso. Disse que já imaginava que Shanks gostava de mim e acreditava que era questão de tempo até que nós dois ficássemos juntos. Eu acabei começando a chorar de novo, pedindo perdão por ter deixado as coisas irem tão longe, mas ele falou que entendia e que sabia que eu estava atraída por Shanks. Isso me fez chorar ainda mais.

Além disso, me mostrou os lugares que gostaria de visitar e, no meio de muitas lágrimas vindas de nós dois, eu ajudei-o a planejar os destinos e a encontrar acomodações. Um dia atrás, eu jamais imaginaria que hoje estaria planejando uma viagem pelo mundo apenas para meu (ex) namorado. Agora, estranhamente, isso parece tão real e tão natural, que é quase difícil de acreditar.

Quando a noite chegou, arrumei minhas coisas e, antes que eu fosse embora, Toby me pediu para que tivéssemos um último jantar juntos, de despedida – o jantar para comemorar o meu aniversário, que não aconteceu.

Com um dia inteiro conversando e com um abraço que durou infinitos minutos quando ele me deixou na frente de casa, Toby e eu encerramos nosso namoro de anos.



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