História Quando você chegou - Encontro

Makino ON

No aeroporto, acordei Luffy para que ele se despedisse dos rapazes e, muito tristemente, ele o fez, recebendo muitos abraços, tapinhas, mãos espalhando seu cabelo, socos, cócegas e beijos. No fim, estávamos apenas meu irmão e eu, acenando de longe para três das quatro pessoas mais legais que eu já havia conhecido.

***

No caminho de volta para casa, Luffy e eu paramos em uma lanchonete para comer alguma coisa. Paramos também na delegacia e deixamos um lanche para papai, que estava tão triste quanto nós porque os garotos voltaram para Londres. Luffy decide ficar por lá durante o intervalo de papai, fazendo companhia a ele.

Seria difícil me acostumar com a volta do silêncio na casa; quando os garotos estavam lá, sempre havia barulho – fosse de conversas, alguém xingando Yassop, ou até mesmo música durante seus ensaios. Pelo menos, Shanks ainda estava lá, e meus dias continuariam coloridos.

Eu senti um frio na barriga só de pensar em seu nome. Para ser sincera, tudo o que eu queria no momento era chegar em casa e esperar por ele, porque nós teríamos mais de vinte segundos para conversar, e eu diria a ele toda a minha verdade – que quero estar perto dele tanto quanto quero respirar.

Chegando em nossa rua, percebo que há um carro estranhamente familiar parado na frente de casa. Sem dar muita importância ao fato, entro na sala e imediatamente tudo foge de minha mente, porque Shanks está a poucos metros de mim, dobrando com cuidado as mangas de sua camisa social azul. De longe eu conseguia ver o quanto aquela cor realçava seus olhos.

— Você já decidiu aonde vamos? – Shanks pergunta, alto demais.

Franzo o cenho. Ele não estava falando comigo, porque nem mesmo havia me visto.

A porta do pequeno lavabo se abre e sinto algo como um soco no estômago quando vejo quem sai de lá, usando um vestido mais do que curto, maquiagem bem feita e salto alto.

— Eu estava pensando em alguma balada... O que acha? Nós poderíamos dançar – Olívia, minha amiga, diz ao se aproximar dele, devagar.

— Hum... Não – responde. – Hoje quero ir em algum lugar mais quieto. Sem muita bagunça.

Um sorriso malicioso se abre nos lábios dela.

— Claro, um lugar mais quieto seria ótimo – diz, e um segundo depois ela me vê. – Oi, Maki! Eu nem vi você chegar!

Olívia vem me abraçar, e sinto os olhos de Shanks sobre mim, mas não consigo olhar para ele. Não sei nem mesmo o que estou sentindo.

— Vou sair com o Shanks de novo – ela sussurra em meu ouvido, animada. – Dá para acreditar?

— De novo? – as palavras simplesmente se formam em minha boca.

— Sim, saímos duas vezes enquanto você estava cuidando de Toby – comenta, bem baixinho. – Você me disse que achava que ele tinha namorada, mas ele não tem!

— Que bom – respondo, lutando contra a vontade de sair correndo dali.

De repente, eu queria que Luffy estivesse por perto para tornar a situação um pouco mais leve.

— Você não se importa, não é? – pergunta, se afastando para me olhar nos olhos.

— Não – forço um sorriso. – Tenham uma boa noite.

— Obrigada! – diz, animada, e me dá um beijo na bochecha. – Shanks, vou te esperar no carro, ok? Não demore.

Shanks me olha em silêncio, e eu tenho vontade de ir até ele e enchê-lo de porradas. Se está interessado em Olívia, qual o sentido da conversa que tivemos mais cedo?

— Eu sei o que você está pensando – ele começou a dizer, calmamente. – Mas não é isso.

Eu fecho os olhos e deixo escapar uma risada um pouco amargurada.

— Não tenho nada a ver com o que você faz ou deixa de fazer, Shanks – digo, fazendo meu caminho até as escadas.

— Eu falei sério antes, sobre querer você. Só vou sair com Olívia porque–

Balanço a cabeça.

— Não importa – eu o interrompo antes que possa concluir sua frase.

— Deixa eu ao menos explicar o motivo e você vai ver que–

— Shanks – eu o corto, e se havia algum indicativo em meu rosto do quanto eu estava decepcionada, fiz um esforço fenomenal para que desaparecesse. – Se divirta com ela, porque de qualquer forma eu não estava interessada no que você me propôs hoje.

Vejo o espanto tomar conta de seus olhos, e seus lábios se abrem um pouco. Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas se conteve. Ao invés disso, colocou as mãos no bolso, veio até mim e me deu um beijo demorado na bochecha. Em seu rosto eu podia ver que ele estava magoado.

— Que pena, Maki. Eu realmente achei que você sentia o mesmo por mim.

Sem dizer mais nada, ele vai embora.