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História Quando você chegou - Desespero


Escrita por: yasan-

Capítulo 20 - Desespero


Makino ON


— Eu não consigo acreditar que Shanks me traiu desse jeito! – Yasopp reclama, no telefone, quando conto a ele sobre o encontro da semana passada.

Uma vez que Felipe e Benn estão junto de Yasopp no outro lado da linha, com o viva voz ligado, consigo ouví-los caindo na gargalhada.

Eu decidi não contar para ninguém sobre o encontro. Papai e Luffy sabem que saímos juntos, mas não dissemos nada a eles sobre o que aconteceu entre nós e sobre o que, para a minha felicidade, continua acontecendo. O motivo de não ter contado a ninguém, além dos meninos da banda, é que não quero causar falsas esperanças. Por mais que doa pensar nisso, Shanks terá de voltar para Londres em algum momento e eu sei que se papai souber o quanto Shanks significa para mim, ele sofrerá junto comigo. Além disso, não quero ter que explicar para Luffy o porquê Shanks está indo embora se nós somos namorados... Não que sejamos, de fato, namorados, porque não falamos sobre isso, mas essa é a visão que meu irmão teria do que está acontecendo entre nós dois agora.

Dessa forma, estamos sendo bastante discretos. Na medida do possível. Confesso que meu coração quase sai pela boca quando Shanks inventa de me beijar no meio de qualquer cômodo da casa quando Luffy e papai estão em casa, como ontem, quando meu irmão se virou para pegar chocolate dentro do armário e ele simplesmente me roubou um beijo.

— Cara, que milagre! – Benn continua a falar. – Estava começando a achar que esse dia nunca chegaria.

— Nós estamos muito felizes por vocês, Maki – Felipe diz.

— Nem todos nós... – Yasopp resmunga.

Eu sorrio. Sentia tanta a falta desses três que chegava a ser difícil acreditar.

— E a banda, como está? – pergunto enquanto me aproximo da janela e me sento na velha poltrona para observar o céu. – Já estão super famosos?

— Estamos com bastante apresentações marcadas, mas sem ter o Shanks na banda fica complicado. Na verdade, o número de pessoas nos shows tem diminuído bastante – Benn explica.

Eu fecho meus olhos, angustiada ao lembrar mais uma vez que o lugar de Shanks não é aqui.

— Mas logo ele voltará e as coisas vão melhorar para vocês.

Para vocês, não para mim.

— Eu não sei... – Felipe comenta.

— Não sabe o quê? – pergunto. Mas há um longo período de silêncio na linha. – Meninos, o que é que vocês não estão me contando?

— Bem, não sei se as coisas vão melhorar – Benn diz, por fim. – Temos um pouco de medo do que possa acontecer com Shanks quando ele voltar.

— O que você quer dizer?

— A polícia não conseguiu encontrar os outros traficantes envolvidos no sequestro até agora. Na semana passada até mesmo disseram que acham que os caras nem estão mais atuando na cidade.

— Não é bom que eles não estejam mais na cidade?

— Eu não sei... – ele respira fundo. – Maki, não conte ao Shanks sobre isso, está bem? Mas há algumas semanas entraram na casa deles aqui na cidade, e levaram tudo o que conseguiram nos minutos em que levou para a empresa de segurança chegar. E além disso, o quarto de Shanks estava completamente revirado, como se estivessem procurando por alguma coisa. A polícia acha que talvez estivessem procurando por alguma pista do paradeiro do Shanks, e que agora eles já sabem que ele não está mais morando ali.

Eu respiro fundo.

— Talvez tenha sido uma coincidência – respondo, tentando me manter calma. – E as câmeras não registraram nada?

Sei que a madrasta de Shanks é muito rica, então não é possível que não houvesse um sistema de segurança eficiente.

— Os caras quebraram algumas delas, e nas poucas imagens em que apareceram estavam usando máscaras – Felipe diz. – Por sorte, não havia ninguém em casa quando eles entraram. Senão não sabemos o que poderia ter acontecido...

— Woop não falou nada para Shanks sobre isso? Acho que ele tem o direito de saber.

— Ele não quer que Shanks fique preocupado. E o que ele poderia fazer sobre isso, afinal?

Eu acabo concordando, porque eles realmente têm razão dessa vez. Não há nada que Shanks pudesse fazer. Por um lado bastante egoísta, eu ficava feliz que Shanks não pudesse voltar para casa ainda. Tê-lo por perto é uma das melhores coisas que já aconteceram comigo até agora, e dói muito quando penso em perdê-lo.

— Tudo bem, não vou dizer nada a ele – respondo, levantando-me quando escuto o barulho de um carro na frente de casa. Dou uma olhada, pela janela, na grande caminhonete de vidros escuros, que não fica parada próxima a calçada por mais do que poucos segundos antes de ir embora. Eu rapidamente me distraio – Mas prometem que vão me deixar informada sobre o que acontecer?

— Claro, se tivermos notícias, ligaremos com certeza.

— E não precisam ligar só quando tiver notícias... Às vezes é bom ligar para os amigos para saber como eles estão, sabia? – eu provoco.

— Eu sempre ligo – Yasopp se defende, ofendido.

— Só você; os outros não.

— Desculpe, Maki, vamos começar a ligar mais – Felipe diz, e posso ouvir pelo tom de sua voz que ele está sorrindo. – Estamos com saudades de você.

— Eu também estou com saudades de vocês.

Sinto duas mãos pousarem em minha cintura e pulo com o susto. Shanks ri e me puxa para si, de forma que fico com minhas costas contra seu peito. Ele apoia sua cabeça sobre a minha e passa seus braços ao meu redor. Pela forma como sua pele está quente, eu diria que ele acabou de acordar.

— Espero que você esteja falando sobre saudades com uma amiga – ele comenta, enfatizando o A em amiga.

— Chegou o ciumento – Yasopp fala com desdém, e sinto Shanks começar a rir atrás de rim. Considerando o quanto os garotos falam alto ao telefone, qualquer um que estivesse ao meu redor conseguiria ouví-los.

— Claro, não gosto que outras pessoas sintam saudades dos meus amigos – Shanks responde, com uma risada.

Eu reviro os olhos, mas há um sorriso em meu rosto. No telefone, os garotos fazem uma exclamação uníssona de "own" com uma voz fofa. É impossível não rir com eles!!

— Eu estava falando de Makino – Yasopp responde, e quase posso vê-lo revirando os olhos também.

Shanks ri baixinho e se estica para me dar um beijo, sem soltar seus braços de mim.

— Oi – sua simples palavra carrega tanto carinho que preciso me controlar para não desligar o telefone e enchê-lo de beijos.

Em resposta, eu apenas inclino minha cabeça para trás, aconchegando-me ainda mais a ele.

— Por mais que amemos ficar aqui ouvindo vocês dois se beijando, vamos desligar agora – Benn anuncia. – Precisamos ensaiar.

— Beleza. Vou tentar enviar a música nova para vocês hoje... – Shanks responde rindo, e se inclina para beijar meus lábios mais uma vez. – Mas se eu ficar muito ocupado, mando amanhã.

— Ficar ocupado enfiando a língua na boca da Makino? – Yasopp pergunta. – Que inveja!

— Yasopp! – os três o repreendem no mesmo momento, e eu não posso evitar de rir.

— Foi mal, foi mal.

— Tchau para vocês – Felipe diz. – Eu te ligo essa semana, Maki.

Quando desligo o telefone, não tenho nem tempo de respirar antes de Shanks me virar e cobrir minha boca com a sua. Nossos momentos sozinhos eram raros, e por isso aproveitávamos cada um deles. No entanto, a qualquer momento Luffy poderia acordar e, uma vez que papai não está em casa, ele viria até mim pedindo por café da manhã.

Relutante, eu o afasto de mim.

— Vim apenas te dar um beijo antes de me trancar no quarto pelo resto do dia e terminar a música nova – diz com um sorriso lindo em seu rosto. Suas mãos seguram as minhas contra seu peito. – Mas prometo que amanhã vamos passar o dia todo juntos.

Eu aceno com a cabeça.

— Posso me trancar no quarto com você?

Sua risada é tão gostosa e contagiante que eu sinto a necessidade de abraçá-lo.

— Não coloque ideias na minha cabeça, Makino. Desse jeito não vou conseguir trabalhar.


***


— Já estamos chegando? – Luffy me pergunta, pela décima vez, a caminho do supermercado. Eu o olho pelo retrovisor e vejo um sorriso travesso em seus lábios. Ele sabe que está me provocando.

— Não vou nem te responder isso.

— É feio deixar os outros falando sozinho.

— Mas você está me irritando.

Vejo-o arregalar os olhos, como se estivesse surpreso com o que eu falei.

— Você me desculpa?

Eu sorrio.

— Sim – respondo. – Mas você precisa me ajudar a pensar em algo legal para fazer para o jantar.

— Lasanha! – ele exclama, animado. – O Shanks gosta de lasanha.

— Verdade – eu reflito por alguns momentos.

— Ele gosta mais de lasanha do que de você – diz rindo, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Isso não é verdade.

— O Shanks já beijou você? A Nami me disse que quando as pessoas gostam, elas beijam.

— Não – menti. – Mas eu nunca vi ele beijando uma lasanha também.

Luffy entra em um estado profundo de silêncio e reflexão que dura menos de um minuto. Eu aproveito a tranquilidade para me concentrar na fila imensa que há para entrar no supermercado e conseguir uma vaga para estacionar.

— Podemos comprar chocolate? – meu irmão volta a falar, parecendo ter esquecido sobre o assunto da lasanha.

— Não.

— Maki, por favor! Eu comi toda a salada no jantar ontem.

Eu o olho, desconfiada, quando descemos do carro. Em seu rostinho, há um sorriso enorme.

— Nós não tivemos salada no jantar de ontem.

— Mas se tivesse eu teria comido – fala, dando de ombros.

— Luffy, você nunca come a salada – eu digo, segurando a sua pequena mão enquanto caminhamos.

— Vou comer salada só quando eu tiver 6 anos!

Eu deixo escapar uma risada.

— Seu aniversário é em quatro meses. Quero ver você começar a comer alface.

Ele faz uma careta.

— Quantos dias são quatro meses?

— Você tem que ir dormir e acordar 120 dias, daí já vai ser seu aniversário – explico. – Vou te fazer um bolo de tomate.

A careta em seu rosto vira uma expressão de horror.

— Mas eu queria de chocolate!

— Então é melhor você começar a comer salada antes do seu aniversário – dou de ombros, me divertindo.

— Podemos comprar salada hoje, então?

— Claro – eu respondo, satisfeita.

Em trinta minutos, eu consegui pegar tudo o que precisávamos e estava louca para chegar em casa. Eu queria apenas jantar e deitar no sofá com Shanks para assistir a um filme ao qual nenhum de nós dois prestaria atenção.

Coloco meu irmão, já adormecido, no banco de trás e dou a volta para guardar as compras no porta-malas. Ao meu lado, há uma grande caminhonete preta estacionada e tenho dificuldade para aproximar o carrinho de compras.

Pouco tempo depois, o motorista do carro se aproxima, falando ao celular, sem parecer me notar.

— Sim, eu encontrei o moleque, já te falei – diz, parecendo irritado. – Ele tá numa casa aqui em Houston.

Quando suas palavras me atingem, meu corpo começa a tremer. Eu deixo uma das sacolas cair e não consigo me abaixar para ajuntá-la. O que ele estava falando... Seria possível?

Meu coração bate violentamente contra meu peito quando a realização de que aquele carro era o mesmo que eu vira hoje pela manhã, parado na frente de minha casa.

— Tenho certeza, sim. Tô seguindo ele há uns dias. Vai lá e faz o que tem que fazer. – sua voz é baixa, mas por estar parado ao lado de seu carro, ela é completamente compreensível para mim. – O moleque tem que pagar pelo que fez pra gente... É Shanks, droga, pra que tu quer saber o nome do infeliz?

Sinto minha garganta fechada, impossibilitando a entrada de ar. Estou um pouco tonta e não me lembro de ter fechado o porta-malas e saído do estacionamento, mas quando percebo, já estou na rua, em alta velocidade.

Eles encontraram Shanks.

Eles o encontraram e estão indo até minha casa. Ele está sozinho!

Pego meu celular e tenho muita dificuldade para digitar os números. Eu não conseguiria chegar em menos de vinte minutos, ainda mais considerando o trânsito caótico causado pelos turistas deixando a cidade.

— Oi, Maki – atende quase que imediatamente. Ele soa cansado, mas animado.

Eu abro minha boca para falar, mas não consigo emitir som algum. Estou muito assustada. Tenho tanto medo do que possa acontecer com ele e com nossa família, que não consigo nem mesmo formar uma porcaria de palavra.

— Makino?

Minha atenção volta para o trânsito quando escuto uma buzinada alta, para mim. Percebo que por pouco não bati contra um carro que diminuiu a velocidade para fazer um retorno.

Frustrada, jogo o celular no banco do passageiro e me foco em dirigir o mais rápido que consigo. Sinto como se o sangue estivesse queimando em minhas veias, e eu me sentia mais assustada do que poderia expressar em palavras. O que eu vou fazer quando chegar em casa? Tenho um menino de cinco anos adormecido no banco de trás, nenhuma arma para nos defender, e estou com tanto medo que não consigo nem mesmo falar!

Em um tempo recorde de dezoito minutos, eu parei o carro na frente de casa. Quando sai, fui tomada por uma golfada de vento fresco, e eu senti como se conseguisse respirar pela primeira vez. A casa parecia igual a sempre. Não havia nada de diferente. Se eles já estivessem aqui, ou passado por aqui, eu teria algum sinal disso, certo?

— Shanks! – eu grito, o mais alto que posso. Minha voz sai como em sussurro. Parecia um pesadelo.

Pego Luffy no colo com dificuldade, e corro para dentro. A porta não estava trancada e essa simples percepção já faz com que meus olhos se encham de lágrimas. Eu olho em cada cômodo da casa, a procura de alguma coisa, a procura dele, mas não encontro nada. Não encontro nem mesmo um único objeto fora de lugar.

O desespero em mim é tão grande que não consigo pensar. Não sei o que fazer!

Corro de volta para o carro e dessa vez coloco meu irmão no banco da frente, perto de mim. Dando a partida com pressa no carro, eu me dirijo em direção a delegacia. Eu precisava da polícia. Eu precisava de papai!

Precisava de alguém que me dissesse que eu não perderia Shanks, porque eu não conseguiria aguentar perder outra pessoa que amo.

— Céus, eu o amo! – minha voz sai baixa quando as lágrimas transbordam em meus olhos.



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