1. Spirit Fanfics >
  2. Quando você chegou >
  3. Primeiro beijo com "Fred Flintstone"

História Quando você chegou - Primeiro beijo com "Fred Flintstone"


Escrita por: yasan-

Notas do Autor


Olá! :D Espero que gostem do capítulo. ♡ (Eu meio que me empolguei o escrevendo, e saiu grandinho XD mas ok)

Capítulo 5 - Primeiro beijo com "Fred Flintstone"


Makino ON

No dia seguinte, quando acordei, papai ainda estava em casa, assistindo a uma corrida de cavalos na TV (fala sério, quem é que gosta de ver isso?).

- Caiu da cama? – ele pergunta. – Não acredito que está acordada tão cedo.

Estranho... Papai estava tentando ser engraçado?

- Eu sempre acordo cedo, papai –digo ao me sentar perto dele.– Acontece que quando eu levanto você nunca está em casa.

Ele contrai os lábios em uma linha reta e balança a cabeça, concordando.

- Eu sei – diz. Eu o escuto suspirar. – Como estão as coisas? Pelo o que vi Shanks está se adaptando bem aqui.

- Sim – eu digo, e um sorriso aparece em meu rosto de repente. – Luffy e ele são melhores amigos agora. Eu até mesmo fui substituída para levá-lo ao futebol, porque, aparentemente, Shanks entende mais sobre isso do que eu.

Papai sorri. É o segundo sorriso que vejo em seu rosto após um longo tempo.

- E vocês dois? Se deram bem? – pergunta, coçando a sobrancelha com o polegar.

Compreendo na hora que seu questionamento carrega mais de um significado.

- Papai... – eu começo.

- Foi apenas uma pergunta. E ele é um bom rapaz, querida.

- Mas isso não muda o fato de que tenho um namorado.

Ele suspira.

- Um namorado que nunca a visita.

- Eu não posso exigir muito dele. Eu também não vou visita-lo.

- Mas ele não tem tantas responsabilidades como você tem.

Agora é minha vez de suspirar. Em partes, ele tem razão. Eu não posso simplesmente deixar Luffy sozinho e ir visitá-lo, uma vez que papai está constantemente na delegacia.

Nosso silêncio é quebrado quando a porta da frente se abre e Shanks e Luffy entram. Meu irmão sobe correndo as escadas, e Shanks sorri quando nos vê sentados no sofá.

- Como foi o treino? – papai grita para Luffy, que não para de correr para responde-lo.

- Foi animal!

Nós rimos de seu comentário.

- Bom dia, seu Garp – Shanks diz à meu pai. Quando se vira para mim, seus olhos se fixam nos meus. - Bom dia, Makino.

- Por favor, filho, já falei que pode me chamar apenas de Garp.

Ele assente, abrindo um sorriso sem jeito em seu rosto.

Eu me levanto.

- Acho que vou ir correr um pouco – falo. – Volto a tempo de fazer o almoço, está bem?

- Não se preocupe com isso, filha. Hoje eu faço.

Uau! O que aconteceu com o meu pai? Ele não cozinha desde... Bem, não me lembro de alguma vez ter comido algo feito por ele.

- Você sabe cozinhar? – pergunto, erguendo uma sobrancelha.

Ele dá uma gargalhada, mas não me responde. Apenas se levanta e vai em direção à cozinha. Eu olho para Shanks com uma expressão confusa e dou de ombros, rindo. Ele ri também.

- Bom, já estou de saída – anuncio. – Até depois.

Quando passo por ele, paro de caminhar imediatamente quando sua mão segura meu pulso. Foi um toque suave, delicado, diferentemente da minha reação à ele. Parei tão abruptamente que parecia que tinha acabado de ser eletrocutada.

Ele pareceu não perceber minha reação idiota.

- Eu... ah – ele começa, soltando meu braço após longos segundos. – Eu consegui um emprego.

- Que ótimo, Shanks! – digo, feliz por ele. – Onde?

- Você conhece o Days and Nights? Aquele pub, no centro? – ele pergunta. Eu balanço a cabeça indicando que sim. – Eu fui até lá noite passada para conhecer e vi que eles estavam à procura de alguém para tocar nas primeiras horas da noite, até que a banda convidada comece sua apresentação. Então eu me inscrevi, toquei algumas músicas para os caras, e eles gostaram de mim.

- Uau, isso é incrível!

Embora eu pareça surpresa, não estou. Ele tem muito talento. E carisma. Por que ele precisa ser tão simpático? E tão... charmoso? Eu percebo que estou o encarando quando seus lábios se retraem em um sorriso discreto.

- Sim, pelo menos não vou precisar parar de tocar.

- Parabéns. Estou feliz por você, de verdade.

- Valeu – ele sorri. – Porém...

Eu levanto uma sobrancelha.

- O quê?

- Eu começo essa noite. Você já tem planos para hoje?

Sim, vou deitar na minha cama e ler um livro, já que meu namorado não pode vir me visitar. Eu reviro os olhos mentalmente. Sou patética.

- Estou livre – respondo, respirando fundo.

- Ótimo, assim você não vai precisar cancelar algum plano para ir me assistir – ele fala com um sorriso no canto de seus lábios.

Como pode ser tão confiante?

- Como pode ter tanta certeza de que eu quero assisti-lo?

Ele sorri, revirando os olhos.

- Porque você não consegue resistir ao meu talento.

Eu rio.

- Ok, senhor irresistível. Talvez eu realmente gostaria de ir vê-lo, mas não me sinto bem indo sozinha.

- Você estará comigo – ele fala rapidamente, roçando seu polegar na parte de cima de minha mão.

- Tecnicamente, não. Você vai estar no palco e eu na mesa – digo, afastando-me um pouco.

Não gosto dos arrepios que seu simples toque me fez sentir.

Sua expressão se torna pensativa.

- Que tal levar Olívia? – ele pergunta. – Acho que ela gostaria de ir também.

Ah, Olívia... Claro que ela gostaria de ir. Isso ficou bem claro ontem quando ela almoçou conosco. Ela simplesmente não conseguia tirar os olhos de Shanks. Eu sei que ele é bonito mas, por favor, será que ela não sabe disfarçar?

Eu respiro fundo.

- Tudo bem. Mas já vou te avisando: nem pense em começar a namorar minha amiga – digo, séria, embora esteja me divertindo. – Ela é a única amiga que me restou.

Ele abre um pequeno sorriso, cruza as mãos sobre o peito e me olha diretamente nos olhos. Quando fala, sua voz é mais baixa e rouca:

- Não estou interessado nela, Makino. Não se preocupe.

 

***

 

(In)Felizmente, Olívia aceitou meu convite. Na verdade, ela ficou animada demais, na minha opinião. Preciso admitir, no entanto, que se eu fosse solteira também estaria animada para assistir o cara mais bonito que eu já vi cantar e tocar violão em um bar...

Eu acabei de dizer que Shanks é o cara mais bonito que já vi? Céus, eu realmente preciso parar de pensar sobre ele.

Pela primeira vez na minha vida inteira, tenho dificuldade na hora de escolher uma roupa para sair. Quão ridículo é isso? Provo literalmente tudo o que tenho em meu armário antes de optar por um vestido preto, básico. Deixo meus cabelos soltos.

Quando me olho no espelho, seguro a respiração por alguns segundos. A imagem refletida se parece muito com a garota que eu costumava ser; sempre pronta para sair e curtir a noite em festas. Percebo, então, que a última vez em que usei um vestido fora na noite do acidente. Depois daquela festa, eu não tive qualquer outro motivo para vestir um.

Sou puxada para fora de meus pensamentos quando alguém bate na porta de meu quarto.

- Pode entrar! – eu digo.

Luffy entra em silêncio, e vejo uma expressão de surpresa em seu pequeno rosto quando me vê.

- Nossa... Você está muito chique!

Eu rio e dou uma voltinha para que ele possa me ver melhor.

- Gostou do vestido?

- Eu sou um menino. Não gosto de vestidos! – ele diz, sentando-se na minha cama.

- Mas você me achou bonita com ele?

- Sim, e aposto que Shanks também vai achar.

Eu balanço minha cabeça. Ele é inacreditável.

- Papai me disse que vocês dois vão sair juntos hoje à noite.

Eu suspiro.

- Não vamos sair, meu querido. Eu apenas vou vê-lo no seu trabalho novo.

- Eu posso ir também?

Sento-me ao seu lado.

- Não, desculpe. Crianças não podem entrar naquele lugar.

Ele franze o cenho.

- Ser criança é muito chato! – reclama. – Não posso sentar no banco da frente do carro e nem mesmo sair com você.

- Nós podemos sair para tomar um sorvete amanhã, se você quiser.

De repente, a carranca em seu rosto dá lugar a um lindo sorriso.

- Shanks pode ir com a gente?

- Eu estou começando a ficar com ciúmes do Shanks. Você só fala dele! – digo, cruzando os meus braços sobre o peito e fingindo estar irritada.

Luffy encosta sua cabeça em meu braço.

- Não fique com ciúmes, Maki, eu te amo muito, mas é que o Shanks é homem, assim como eu, e eu preciso ter amigos homens também.

Eu seguro a risada.

- Como é que não vou ficar com ciúmes se você quer ficar perto dele o tempo inteiro?

Luffy revira os olhos.

- Tudo bem, amanhã vou levar você para tomar sorvete e o Shanks vai ficar em casa.

Dessa vez eu sorrio.

- Você vai me levar para tomar sorvete?

- Sim, mas você paga.

Nós dois rimos.

- Eu te amo, pequeno.

- Eu sei – ele diz, me dando um abraço apertado.

 

***

 

Estaciono em frente ao pub e imediatamente sinto meu coração bater um pouco mais rápido. Respiro fundo e tenho vontade de bater minha cabeça contra o volante quando chego à conclusão de que o motivo de meu nervosismo é Shanks.

Eu tenho o visto todos os dias, há mais de uma semana, e mesmo assim sinto como se estivesse prestes a encontra-lo pela primeira vez. Estaria eu nervosa por causa do jeito que ele me olhou essa manhã, enquanto dizia que não estava interessado em Olívia? De qualquer forma, o que ele quis dizer com aquilo? Estaria ele se interessando por mim?

Eu balanço a cabeça. É claro que ele não está interessado. Quero dizer, como amigo, ele está interessado com certeza. Como algo mais... Acho pouco provável. Afinal, ele é um cara incrível e, provavelmente, poderia ter quase toda garota que quisesse. Por isso, não faria sentido ele estar interessado em mim , uma pessoa que é capaz de fazer um palhaço chorar só com um olhar. Sim, eu sou esse tanto deprimente. E, claro, mesmo que ele fosse louco o suficiente para estar interessado, eu já tenho Toby, que tem sido uma das únicas pessoas a me apoiarem nos últimos anos.

Antes que o nervosismo me faça desistir de entrar no pub, eu desço do carro. Eu deveria encontrar com Olívia lá dentro, às 22 horas. Quando olho para meu relógio, percebo que ainda faltam dez minutos.

Ótimo! Mais dez minutos para eu ficar pensando em como sou idiota por ficar pensando em Shanks.

Caminho em volta das pequenas mesas com bancos e escolho uma mais ao canto, perto da porta. Eu realmente não sou uma pessoa que gosta de ficar em lugares lotados, então um espaço um pouco mais escondido e próximo da saída (caso eu precise fugir de alguém chato) é perfeito para mim.

- Você veio – Shanks diz, surgindo por trás de mim.

Ele está com uma lata de refrigerante na mão.

Eu levanto uma sobrancelha.

- Você está em um bar e está bebendo guaraná? – eu pergunto, me divertindo. – Cadê sua alma de estrela do rock? Eu realmente achei que você fosse mais rebelde.

Ele dá um gole em sua bebida e passa as costas de sua mão sobre sua boca antes de me dar um sorriso.

- Hoje não. – responde, sentando-se em minha frente e me lançando um daqueles olhares que me deixam constrangida.

Sabe o que é pior? Ele claramente não percebe que está fazendo isso. Olho para a mesa que nos separa e tenho vontade de abraça-la. Graças à ela, não preciso ficar tão perto de Shanks.

- Isso é bom – digo, balançando a cabeça. Ele apenas mantém seu olhar fixo no meu.

Quando um garçom se aproxima de nossa mesa Shanks desvia o olhar, e eu preciso me controlar para não expirar o ar pesadamente. Eu nem mesmo havia percebido que estava segurando a respiração.

- O que vai beber, senhorita? – o rapaz, que parecia ter a mesma idade que eu, me pergunta.

- Coca-Cola, por favor. Bastante gelo. – respondo.

No mesmo momento, Shanks olha para mim de novo, dessa vez, percebo que ele está comprimindo um sorriso.

- E para o senhor?

Shanks levanta a mão para mostrar a lata de refrigerante, mas não olha para o garoto. Seus olhos continuam em mim.

- Eu estou bem. Obrigado.

O garçom assente e se afasta.

- O que foi? – eu pergunto, ligeiramente desconfortável.

- Você está em um bar e vai beber refrigerante? – me pergunta, rindo. – Eu realmente achei que você fosse mais rebelde.

Eu reviro os olhos, mas sorrio.

- Eu não bebo – digo. – Não desde que um bêbado foi o responsável pela morte de minha mãe.

No momento em que termino de falar, percebo o quanto sou idiota. Eu poderia ter dito tantas coisas! Algo como "eu não bebo porque não gosto" ou simplesmente "eu não bebo e não me pergunte o porquê", mas não! Eu tinha que quebrar todo o clima da nossa conversa trazendo à tona um assunto trágico.

- Bom motivo. – Shanks diz e, ao contrário do que eu imaginava, ele não mudou sua expressão para pena ou desconforto.

Eu aceno com a cabeça e olho ao redor.

- Eu preciso ir agora – comenta com um tom de preguiça em sua voz, tão tranquilamente como se estivesse falando que iria comprar uma bebida, e não cantar na frente de umas cem pessoas. – Vou subir no palco em cinco minutos.

- Você não fica nervoso? – pergunto, curiosa. – Eu acho que estaria pirando no seu lugar.

Ele sorri.

- Você se acostuma depois de algum tempo.

- Eu não acredito nisso.

Shanks se apoia na mesa e se inclina um pouco em minha direção, para que fiquemos mais perto.

- Quer saber no que eu não acredito? – pergunta. Seu rosto tem uma expressão divertida.

Eu apenas levanto uma sobrancelha para ele. Me recuso a falar. Com certeza ele está tentando fazer uma piadinha.

- Eu não acredito que vou ter que deixa-la sozinha nesse lugar cheio de caras.

Seu comentário me faz rir.

- Sei me cuidar, não se preocupe.

- E eu sei que você está absurdamente bonita essa noite, então sim, eu vou me preocupar.

Sinto meu rosto ficar vermelho. Que bom que o ambiente é um pouco escuro.

- Vá logo! – eu digo, sorrindo e empurrando seu ombro.

Ele sorri, deixa a lata vazia sobre a mesa e caminha rapidamente em direção ao palco.

 

***

 

Olívia chega logo em seguida, a tempo de vê-lo subir no palco.

- Eu sinceramente não sei como você consegue – ela diz ao me dar um beijo no rosto e sentar-se onde Shanks estava há poucos segundos.

- Como eu consigo o quê?

- Olhar para ele todos os dias e não se apaixonar! – Olívia ri.

Eu rio também, mas não acho engraçado.

- Você sabe se ele tem namorada?

Provavelmente não , é o que eu penso.

- Provavelmente sim – é o que eu digo, dando de ombros.

Eu sei, sou uma pessoa horrível. Deveria ter falado a verdade... Ou não. Não quero nem pensar nos dois juntos. Gosto muito de Olívia, mas não quero vê-la o tempo inteiro na minha casa.

Ela suspira.

- É uma pena.

Eu aceno com a cabeça e, assim que o garçom chega com minha bebida, dou um gole.

- E então, como está a faculdade? – pergunto.

- Complicada. O terceiro ano é mais difícil – responde, não tão empolgada. No entanto, quando volta a falar, seus olhos adquirem um certo brilho. – Vi Toby por lá algumas vezes nas últimas semanas!

- É mesmo?

Legal, isso quer dizer que ela já o viu mais do que eu no último mês.

- Sim, ele está sempre coberto de livros – comenta com um sorriso.

Eu aceno com a cabeça novamente. Serei uma péssima amiga se disser que não estou interessada na conversa?

Felizmente, ela fica em silêncio e eu posso prestar atenção em Shanks. Ele está concentrado, com seus olhos fechados e um leve sorriso nos lábios, tocando seu violão e cantando uma música que não conheço, mas que é incrivelmente linda. Pelo jeito, não sou a única a admirá-lo; várias das garotas das mesas mais próximas ao palco não desgrudam seus olhos dele, lançando-o sorrisos mesmo que ele não esteja as vendo.

Olívia e eu ficamos incontáveis minutos em silêncio, até que ela recebe uma ligação de sua mãe, e precisa sair. Eu suspiro. Mas ficar sozinha em um bar não é a pior coisa do mundo. Aproveito para assistir a Shanks que, a cada música que toca, anima ainda mais o público.

Não sei há quanto tempo o estou assistindo mas, em certo ponto da noite, ele já estava de pé na beirada do palco, cantando com uma emoção palpável. Todos no bar também estavam de pé, aplaudindo e movimentando o corpo no ritmo da música que ele tocava. Fiquei surpresa ao perceber que eu estava fazendo o mesmo.

Ao terminar sua apresentação, Shanks introduz a banda que vem em seguida e faz um rápido agradecimento à plateia, que o aplaude insanamente por vários segundos. Quando está descendo do palco, seus olhos pousam em mim, e eu sorrio e aceno. Ele passa uma mão pelos cabelos ruivos, um pouco molhados, e sorri antes de começar a andar em minha direção.

No entanto, ele rapidamente é parado por um grupo de mulheres. Espero um pouco, na esperança de que elas só queiram parabeniza-lo, mas pela maneira como uma delas está com seu braço por trás das costas dele, acho que a pequena reunião vai demorar mais do que eu esperava.

Sentindo-me um tanto irritada por ter que esperar, decido ir até o balcão pedir mais um refrigerante. Sento no único lugar disponível na bancada e espero pelo garçom.

- Posso te dar uma bebida? – o cara que está ao meu lado pergunta. Ele parece alguns anos mais velho que eu.

- Você é o garçom, por acaso?

Ele baixa a cabeça e ri. Depois, toma mais um gole de sua cerveja e estica uma mão para me cumprimentar.

- Meu nome é Joe – diz. – E o seu?

Meu nome é não-estou-interessada.

- Makino – respondo sem olhá-lo.

Quando Joe percebe que não vou cumprimenta-lo, ele deixa seu braço cair e ri mais uma vez. Gostaria de saber qual é a graça.

- Você está sozinha aqui? – pergunta, se inclinando um pouco em minha direção. – Se estiver, talvez nós possamos ir a algum outro lugar. O que acha?

Eu bufo, irritada.

- Eu acho que você deveria parar de falar comigo.

Ele sorri. Mas seu sorriso é um pouco perturbador.

- Só quero conversar.

- E eu só quero um refrigerante mas, aparentemente, não se pode ter tudo o que quer – comento, esticando o pescoço para ver se encontro algum garçom.

Joe coloca uma mão sobre meu braço e eu rapidamente me levanto do banco. Ele segura meu braço antes que eu consiga me afastar.

- Fique mais um pouco.

- Me solta.

- Que tal mais cinco minutos? – ele pergunta, apertando meu braço.

- Você é surdo? – escuto a voz de Shanks se aproximando. – Deve ser, porque eu escutei a cinco metros de distância que ela pediu para que você a soltasse.

Joe ergue os olhos pesadamente, claramente bêbado, para olhar para Shanks.

- Você é o namorado dela?

- Sou – diz, colocando um braço em volta de minha cintura. – E se você não tirar a porcaria da sua mão dela agora, eu vou fazer sua cara ficar pior do que já é.

Embora eu esteja nervosa com toda a situação, me sinto bem melhor pelo simples fato de tê-lo ao meu lado agora. Olho rapidamente para seu rosto e vejo que sua expressão é dura. Ele estava realmente falando sério.

Joe solta meu braço, toma o último gole de sua bebida e sai de perto de nós sem dizer qualquer outra palavra. Quando ele se vai, sinto Shanks relaxar.

- Que idiota – ele diz, irritado.

Eu respiro fundo e calmamente tiro sua mão de minha cintura. Por mais que eu esteja gostando da proximidade, eu sei que não deveria. Isso é errado.

- Obrigada pela ajuda – digo, sorrindo. – E, a propósito, você estava demais hoje.

Sua expressão muda, em cerca de dez segundos, de irritado, para tranquilo e então para feliz. Um sorriso maravilhoso curva seus lábios. Consigo prever algum comentário engraçadinho.

- E então, já estou conseguindo te impressionar?

Rapidamente me lembro da conversa que tivemos na cozinha, no outro dia.

Eu rio.

- Não, você vai ter que fazer mais que isso para me impressionar. Mas, pelo jeito, você conquistou um bom número de mulheres. Aquele grupinho não te largava nunca! – comento.

- Ciúmes? – Shanks levanta uma sobrancelha.

Eu rio ainda mais.

- Cale a boca.

Ele sorri e revira os olhos. Ficamos olhando um para o outro por algum tempo.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Acho que sim – respondo.

- Vamos comer uma pizza?

 

***

 

- Você precisa me falar – Shanks fala, entusiasmado, cobrindo a boca com as mãos. Ele quase não consegue segurar o riso.

- Eu não vou te dizer nada.

- Ah, Makino... – ele diz, casualmente colocando sua mão sobre a minha na mesa. – Por favor!

- Não adianta pedir por favor – digo, começando a rir, porque ele tem uma expressão engraçada em seu rosto e também porque estou me sentindo um tanto nervosa com nossas mãos praticamente entrelaçadas.

- O que eu devo fazer para você me contar?

- Shanks, pare de me incomodar.

- Só estou tentando te conhecer melhor – fala, fazendo um biquinho ridículo.

- Não, você está apenas tentando me deixar com  vergonha.

Sua expressão fica extremamente séria.

- Não há motivo algum para ter vergonha – diz, e então explode em uma gargalhada quando olha mais uma vez para a foto minha que tem em suas mãos.

Sua risada é tão contagiante que, mesmo que ele esteja rindo de mim , eu começo a rir também.

- Olha... só... a sua... cara! – ele metade fala, metade ri.

Para a minha tristeza, Shanks encontrou uma foto minha vestida de Smurf e, bem, além da fantasia ridícula e da tinta azul em meu rosto, eu estou com um sorriso torto e um de meus olhos está fechado, o que resulta em uma careta muito engraçada (em minha defesa, eu tinha apenas doze anos quando a foto foi tirada).

Para piorar, embora eu esteja realmente feia vestida daquele jeito, eu estou de mãos dadas com Lucca; um menino que é pelo menos dez centímetros mais baixo que eu, que está fantasiado de Fred Flintstone e me olha como se eu fosse o amor de sua vida. E é disso que Shanks está rindo; ele acha que dei meu primeiro beijo com Lucca, o Flintstone baixinho, e está me pressionando há pelo menos cinco minutos para que eu dê detalhes sobre o assunto.

- Cale a boca – sussurro. – As pessoas estão começando a olhar.

E elas estão mesmo. A pizzaria é grande e há um intenso movimento nessa noite, o que me faz ficar ainda mais envergonhada. Shanks parece um louco.

- Makino... – ele diz, respirando fundo para conseguir parar de rir. Seu rosto está ligeiramente rosado e o cabelo está mais bagunçado que o normal. – Pegue essa foto. Eu acho que sou capaz de ter um ataque do coração se olhar para ela mais uma vez!

Eu arranco a foto da mão dele e guardo dentro de minha bolsa.

- E então, vai me contar como você conseguiu isso? – pergunto. – Eu nem mesmo lembrava que existia.

- Isso depende. Você vai me contar os detalhes de seu romance com o Fred Flintstone?

Eu rio e balanço a cabeça, inconformada.

- Isso é ridículo.

Ele cruza os braços sobre o peito.

- Pelo menos eu nunca beijei uma pessoa vestida de Fred Flintstone.

Eu bufo, mas acabo rindo.

- Tudo bem – digo. – Era uma festa de aniversário, no final da sexta série. Eu gostava muito dele, mas ele não parecia gostar de mim. E então quando eu tive a chance, eu o beijei. Ele ficou assustado e eu saí correndo, porque fiquei com vergonha. Depois, ele me encontrou sentada no chão do banheiro, arrasada, e disse que gostava de mim desde a quinta série. Depois disso nós passamos o resto da festa de mãos dadas. Minha mãe tirou a foto quando foi me buscar.

Mais uma vez, Shanks começa a rir. Ele coloca um braço sobre seus olhos e baixa sua cabeça contra a mesa. As pessoas em volta nos olham, assustados, e eu me afundo no banco em que estamos sentados e me escondo atrás dele, encostando minha cabeça em seu ombro. Isso não poderia ficar mais vergonhoso.

- Desculpe, eu sei que sou babaca – ele diz quando finalmente para de rir.

- Extremamente babaca – eu comento. – Muito mais babaca do que eu achava possível um ser humano ser.

- Mas você precisa admitir que isso foi engraçado.

Eu o olho com minha melhor expressão de "você só pode estar de brincadeira com a minha cara".

- Vai me dizer como conseguiu essa foto ou não? – questiono.

- Luffy.

- Sabia! – eu exclamo. – Eu vou dar uma boa lição nele...

- Não foi culpa dele, Makino – Shanks me interrompe, sorrindo. – Nós dois estávamos conversando essa manhã, e ele comentou sobre uma certa foto e então eu pedi para vê-la.

Eu balanço a cabeça.

- Por que é que ele iria mencionar essa foto?

- Porque talvez eu tenha dito a ele que hoje à noite eu iria sair com uma garota muito bonita... – ele começa, analisando atentamente meu rosto. - Quando me perguntou se essa garota era você, eu disse que sim. E então ele me contou que você nem sempre foi tão bonita como é hoje, e eu disse que duvidava. Luffy falou que tinha uma foto para provar e perguntou se eu queria vê-la, e eu disse "claro que sim". Fim da história.

Eu sei, eu provavelmente deveria estar preocupada em dar um mega sermão no meu irmãozinho, mas tudo o que eu consigo pensar é que Shanks acabou de dizer que eu sou bonita. Sinto-me como se tivesse doze anos novamente.

- Vocês dois vão me deixar louca – eu digo, por fim, rindo. Decido que precisamos mudar de assunto. Rápido.

– Agora é sua vez.

- Minha vez o quê?

- De me contar sobre seu primeiro beijo.

Ele ri.

- Sem chance.

 

***

 

A noite passada terminou tarde - após muita humilhação com as risadas de Shanks, a história trágica de meu primeiro beijo e a negação dele de me contar como fora sua experiência. Apesar de tudo, eu me diverti muito. Ontem, eu não era mais a garota que havia perdido a mãe e que assumira grandes responsabilidades cedo demais; não era a pessoa deprimida que preferia sempre estar sozinha. Eu era apenas uma garota se divertindo numa noite de sábado com um garoto... E foi tão bom.

Bocejo ao abrir a porta de meu quarto para preparar o café da manhã, e dou uma olhada em meu relógio. Ainda eram oito horas, provavelmente ninguém estava acordado. Talvez eu poderia dormir mais alguns minutos...

Quando estou fechando a porta escuto Shanks subir as escadas. Aparentemente, ele está conversando ao telefone. Por algum motivo, deixo a porta um tanto aberta para ouvir sobre o que ele está falando (sei que é errado, mas não posso evitar).

- Isso é mesmo necessário? – pergunta. Ele para de caminhar quando chega ao topo da escada e fica algum tempo escutando o que a outra pessoa tem a dizer.- Essa casa não é minha, eu não posso fazer o que eu quiser, Yasopp. Temos que respeitar... Ela o quê? Meu pai ligou para ela? – mais um tempo em silêncio. Ele suspira alto antes de continuar. – Tudo bem, então, se o Garp deixou e se vocês querem tanto fazer isso, acho que pode até ser divertido... Beleza, qualquer coisa me liga.

E então ele desliga. Logo em seguida escuto passos, que soam cada vez mais alto. Ele está vindo para cá! Para fingir que eu não estava escutando sua conversa, vou correndo para o outro lado do quarto, para olhar pela janela.

Porém, com toda a sorte que tenho, bato o dedinho do pé no canto da cama antes que eu possa dar cinco passos. Eu solto alguns palavrões antes de me abaixar para analisar o estrago. Como é que isso pode doer tanto?

- Devo chamar uma ambulância? – Shanks pergunta, rindo, ao aparecer em minha porta meio aberta.

- Acho que quebrei o dedo – reclamo.

Ele franze o cenho e se aproxima, analisando meu pé. Seus dedos estão levemente apoiados em meu tornozelo e fazem um movimento circular discreto, como um carinho.

- Não... O formato do seu dedo já era estranho antes de batê-lo – diz, contendo um sorriso. – Compare com o outro pé. Está vendo? Os dois são feios.

Eu reviro os olhos e dou um tapa em seu ombro, mas nós dois acabamos rindo.

- Engraçadinho.

- Eu tento – ele dá de ombros. – Mas, falando sério, não há nada de errado com o seu dedo.

- Quer dizer que meu dedo não é feio?

- Não, o seu dedo é mesmo feio, mas não está quebrado.

Babaca!

- Ah, vê se me dá um tempo – eu reclamo, mas estou sorrindo. – Veio aqui só para me irritar?

- E para dizer bom dia – responde com aquele sorriso maravilhoso em seus lábios.

- Certo. Já terminou?

- Acho que sim.

- Será que agora você pode deixar meus dedos feios e eu em paz? Nós meio que precisamos ir ao banheiro.

Ele se levanta e me estende seu braço para me ajudar.

- Tudo bem – diz. – E tem mais um motivo para eu ter vindo.

- Que é...?

- Não marque nada para semana que vem. Nós teremos uma festa.

- Festa?


Notas Finais


Até o proximo capt! ~chu :*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...