História Quase opostos - Será um segredo

Alice*

-Não acredito, você mudou tanto!

O abracei com força. Era o Kentin, o primeiro melhor amigo que tive na antiga escola. Ele até tinha me visitado aqui mas disse que iria para uma escola militar, no início fiquei muito abalada mas depois aceitei, afinal tinhamos que cada um seguir com uma nova vida. 

Me levantei e o ajudei. Agora de pé dava pra ver que ele realmente mudou. Ele sorriu me abraçando e depois seguiu para a diretoria. Quando me virei Nathaniel e Castiel estavam parados me encarando.

 -Que foi?

-Ele te abraçou? Ele sabe mesmo quem é você?

Revirei os olhos.

-É claro. Não é porque sou má com vocês que sou com todos.

Castiel colocou as mãos no bolso e disse:

-Então você é uma vaca só conosco? 

-É.

-Alice você é bem filha da puta.

Suspirei e passei por eles, Castiel segurou meu braço e sussurrou.

-Por quê? Já chega disso.

-Vai se fuder.

-Eu vou fuder é você se não parar com isso.

Puxei meu braço e saí. Meu coração estava acelerado, desde aquele dia na casa dele eu tinha certo medo de Castiel. Segui pra sala de aula e o sinal tocou. Como sempre a aula seguiu calma, anotei tudo de importante, eu definitivamente tenho que passar Nathaniel nessas provas.Não quero ser pra sempre a segunda. No intervalo Lysandre disse que nossa equipe ficaria pra arrumar o palco já que as apresentações seriam amanhã, concordei. Não sei como vou me sair nessa coisa de truque de mágica mas vou tentar. O sinal tocou  indicando o final do dia e esperei todos sairem pra ir mas Rosalya ficou.

-Não vai embora Alice?

-Não, tenho que arrumar as coisas pra amanhã. E você?

-Eu já vou indo, bye.

Ela deu um sorriso malicioso e saiu correndo, já me acostumei com essas coisas que ela faz. Fui para o salão de festas onde seria a apresentação, Castiel e Lysandre já estavam me esperando.

-Demorou hein.

-Não é minha culpa se vocês ficam vadiando o dia todo. O sinal acabou de bater.

-Tá. Olha, você e o Castiel vão buscar as coisas no porão da escola.

-Por que eu? Esse verme pode buscar sozinho.

-Porque eu vou procurar meu bloco e você vai ajudá_lo porque é pesado pra apenas uma pessoa.

Bufei e desci as escadas. Nem sabia que tinha um porão na escola. 

-Eu não sei onde é.

-Você nunca sabe nada Alice. É aqui nessa porta.

Ele apontou para uma porta abaixo da escada. Abri e dei uma olhada. Era muito... escuro. Não me dou bem com escuro, me faz sentir claustrofóbica. Castiel passou na frente e eu disse:

-Encontre um interruptor.

-Tem medo do escuro?

-Claro que nāo! É só pra podermos ver o chão pelo menos.

Ele tateou as paredes e o encontrou, nada aconteceu quando o apertou. 

-Está queimado.

-Está fazendo isso direito? 

Ia descer quando algo me empurrou escada abaixo, caí derrubando Castiel e escutei a porta batendo levando o último relflexo de luz da sala. Droga! Escuro, está tudo escuro. Encolhi meus braços e fechei os olhos tentando me acalmar. É só a falta de luminosidade no ambiente não há nada mais.

-Ca_Castiel?

Senti algo tocar minha coxa e me assustei.

-Embaixo de você. Agora sai.

Me levantei devagar ainda com os olhos fechados. Ouvi os passos dele subindo as escadas e batendo na porta.

-Abram agora!

Ouvi o som da maçaneta diversas vezes mas nada aconteceu.

-Nos trancaram aqui.

Agachei no chão e tampei o rosto. Se eu não ver não vou sentir. 

-Alice? 

Os passos dele até mim ecoavam em minha mente. Droga! Não estamos numa caixa Alice! Vai ficar tudo bem! Só tem que parar com esses pensamentos. Castiel esbarrou em mim.

-Que porra é essa Alice? O que está fazendo?

Não respondi. Ele se abaixou em minha frente e segurou meu ombro me puxando. 

-Quê que foi?

Não, não, não. Está muito escuro, o ar parece não chegar até nós...

Castiel*

Me abaixei na frente de Alice e toquei seu ombro, ela estava tremendo. Sinceramente eu a odeio mas senti um pouco de remorso em deixa_la daquele jeito, mas não importa ela não quer minha ajuda. Me levantei e senti algo agarrar meu casaco, Alice me segurou.

-Castiel... Po_por favor...

Me abaixei novamente e segurei seus pulsos. Algo estava estranho.

-Está... escuro.

Soltei seus braços e me sentei a sua frente, ela se ajoelhou e me abraçou repentinamente.

-Não Alice... Você não pode...

-Por favor? Eu faço o que você quiser depois, mas me deixe ficar assim por favor?

Ela segurava minha blusa com força enquanto me abraçava, parecia prestes a entrar em pânico. Então ela tem medo do escuro! Pela primeira vez ela deixou trasparecer uma  fraqueza. Alice, "A" Alice  tem medo do escuro. A abracei e pude sentir seu corpo tenso, sua respiração rápida. Ia dizer algo quando a porta se abriu e Lysandre noa olhou arregalando os olhos.

-Mas o quê?!

Alice se levantou e subiu as escadas correndo. Me levantei e subi

-Não vamos falar disso Lysandre.

-Não, cara, entenda meu lado. Você estava abraçando a garota que mais odeia em toda a escola! Por que ela estava chorando?

-Eu sei lá, acho que ela tem medo do escuro, alguém nos trancou e ela começou a surtar, então eu deixei ela ne abraçar...

-Nunca imaginei que bastava trancar vocês numa sala e apagar as luzes pra que se entendessem.

-Larga de ser besta Lys. Não somos amigos, e nunca seremos.

Voltamos para o salão carregando as coisas e Alice estava encarando o lugar, tinha voltado a ser a vaca de sempre.

Me aproximei e disse:

-Você falou que faria o que eu quisesse depois.

Ela abaixou a cabeça e concordou emburrada. Troquei um olhar com Lysandre que sorriu.

-Então quero que tatue meu nome.

-O quê?

-Na sua coxa.