Lauren POV
Eu não sei quem acordou mais triste, Sofia ou Camila, as duas estão sentadas no banco de trás do carro e Sofia está agarrada ao pescoço da irmã. Já estamos a caminho do aeroporto, Sinu se ofereceu para nos levar, já que tivemos que entregar o carro. Quando chegamos ao aeroporto, só então, Sofia começou a chorar, e percebi o esforço da Camila pra não chorar junto.
— Vamos fazer assim. - Camila disse, se abaixando na frente da irmã. — Suas férias estão quase chegando, então quando elas chegarem, você vai lá pra casa, combinado?
A menina apenas sorriu tristemente e confirmou com a cabeça.
— Ótimo!. - Camila disse.
Ficou de pé e foi até a mãe, que está parada encostada no carro.
— Tchau, Lolo. - Ouvi a voz de Sofi perto de mim.
— Tchau, minha princesa. - Me abaixei e peguei ela no braço.
— Eu vou sentir saudades sua também. - Ela disse, fazendo biquinho.
— Então quando você for visitar sua irmã, obrigue ela a te levar lá em casa, certo?
— Certo, cuida da Mila, tá bom? Porque o Butler é muito panacão pra fazer isso direitinho. - Coçou os olhos, afastando as lágrimas que desceram.
— Quem é Butler? - Perguntei com o cenho franzido.
— O Austin, você ainda não conheceu ele?
— Ah, o namorado. - Eu disse revirando os olhos, o que fez ela rir.
Ouvi o nosso voo sendo anunciado pelos alto falantes do aeroporto, dei um beijo na bochecha de Sofia e coloquei ela no chão novamente. Olhei na direção de Camila, bem no momento que ela se afastou do abraço da mãe, e eu percebi seus olhos vermelhos, o que fez meu coração apertar.
— Vamos. - Ela disse com a voz embargada.
Confirmei com a cabeça e peguei o carrinho que está com as malas, ela deu um último abraço na Sofia e adentramos o aeroporto, para fazer o check-in. Em menos de 15 minutos, já estávamos dentro do avião, Camila pôs um óculos escuro para esconder os olhos inchados, e encostou a cabeça no meu ombro, durante todo o voo.
Já na área de desembarque, esperando nossa mala passar pela esteira, eu tentei pela quinta vez ligar para Emma.
— Conseguiu? - Camila perguntou, puxando pra fora da esteira a última mala que faltava.
— Não, eu acho q…
Antes que eu pudesse terminar de falar, quem eu menos queria ver, apareceu por trás de Camila e colocou as mãos nos olhos dela.
— Uma dica: é o amor da sua vida. - Ele disse, com um sorriso idiota no rosto.
Ela sorriu, afastou as mãos dele e se virou.
— Assim fica fácil. - Ela disse, antes de beijá-lo.
Se eu estou com ânsia de vômito? Sim, muita, mas me contive em apenas revirar os olhos.
— Como você sabia que eu estava aqui? - Ela perguntou, quando se separaram.
— Maria. - Ele disse, fazendo carinho no rosto dela.
— Eu acho que você já tem com quem ir pra casa, então vou indo. - Eu disse pegando minha mala do chão.
Eu não sou obrigada a ficar vendo essas cenas.
— Que falta de educação a minha, tudo bem com você, Lauren? - Ele perguntou, com um sorriso presunçoso no rosto.
— Tudo ótimo. - Respondi, tão cínica quanto ele.
Não podemos negar, o ódio à primeira vista foi recíproco.
— Vamos com a gente, te deixamos em casa, você não tá conseguindo falar com sua amiga, acho que ela vai vir. - Camila disse olhando pra mim.
— Você acha mesmo que vou deixar essa gata me esperando? - Ouvi a voz de Emma atrás de mim.
Me virei, um sorriso brotou de imediato no meu rosto, e antes que ela pudesse falar mais alguma coisa dei um abraço nela, a tirando do chão.
— Que saudades de ouvir essa sua voz prepotente. - Disse, apertando ela contra meus braços, antes de finalmente colocá-la no chão.
— O que seria da sua vidinha sem mim, Jauregui? — Apertou meu rosto de uma maneira irritante, mas pela saudade, não reclamei.
— Vou deixar você ser convencida, porque estava com muita saudade de você. - Beijei demoradamente o rosto dela.
— Opa! Que tal a gente tomar um café? Saída em casal. - Austin disse com deboche.
Me perguntei se ele age sempre assim, e se sim, como Camila aguenta?
— Elas não são namorad...
— Vamos! - Eu disse, cortando a fala de Camila, o que fez ela erguer uma sobrancelha.
— Ótimo, tem um café aqui perto do estacionamento. - Austin disse, pegando na mão de Camila, e com a outra empurrou o carrinho com as malas dela.
Passamos primeiro no estacionamento para deixarmos as malas nos nossos respectivos carros e depois seguimos andando para o café.
— Já que ninguém vai nos apresentar, eu nos apresento. - Austin disse, quando nos sentamos em uma das mesas do café, estendendo a mão pra Emma. — Austin Butler.
— Emma Watson. - Ela disse, apertando a mão dele. — Mas havia necessidade dessa apresentação, eu já ouvi seu nome, você já ouviu o meu. - Deu de ombros e abriu o cardápio.
Não consegui conter a risada, o que fez Camila me chutar por debaixo da mesa.
— Mau humor matinal. - Camila disse, alfinetando Emma.
— Sinceridade matinal. - Emma respondeu, piscando um olho pra ela.
A garçonete se aproximou, então o assunto foi encerrado.
— Um expresso pra mim, por favor. - Camila pediu.
— Desculpa, mas estamos sem café hoje. - Informou.
— Que tipo de cafetaria não tem café? - Emma perguntou, desviando a atenção do cardápio.
— Cafetaria do tipo que o dono é irresponsável. - A garçonete respondeu, em um tom mais baixo.
Emma sorriu e negou com a cabeça.
— Olha, ela sabe sorrir. - Camila disse.
— Então traz qualquer suco que você tiver. - Emma pediu, ignorando totalmente Camila.
A moça anotou o pedido de todos e se retirou.
— Como foi a viagem, meu amor? - Austin perguntou, pra namorada.
— Foi ótima, você sabe que só por ver a Sofia, faz tudo valer a pena.
— Fico feliz. - Ele disse, pegando na mão dela por cima da mesa. — Você trabalha com o quê? - Ele perguntou pra Emma.
— Faço faculdade. - Respondeu.
— De quê?
— Medicina.
— Olha, que legal, eu cursava medicina também, mas tranquei e resolvi focar na minha carreira de ator.
Eles engataram uma conversa sobre faculdade, mas eu não consegui participar, tudo a minha volta está girando e a cada segundo piora mais, coloquei as duas mãos na cabeça, em uma falha tentativa de fazer tudo parar.
— Tá tudo bem? - Ouvi a voz de Camila e Emma perguntarem ao mesmo tempo.
Emma que está sentada ao meu lado, tirou minhas mãos da cabeça e virou meu rosto em sua direção, abri meus olhos e ela pareceu compreender o que está acontecendo, eu não estou vendo, mas tenho certeza que meus olhos estão vermelhos.
— A conta, por favor. - Ouvi ela pedindo, tirou o óculos de sol do topo da sua cabeça e colocou em mim
Agradeci mentalmente, estou tão fraca que não conseguiria fazê-los voltar ao normal agora. Durante o caminho para o estacionamento, evitei Camila e Austin, chegando lá Camila me deu um abraço rápido e foi para o carro do namorado.
— Quando foi a última vez que você se alimentou? - Emma perguntou, quando entramos no carro.
— Não lembro, segunda, eu acho. - Respondi encostando a cabeça na janela do carro. — E por favor, deixe o sermão pra quando eu estiver melhor. - Completei já sabendo que ela iria começar um.
Como resposta ela apenas bufou e deu a partida no carro.
— Tem sangue em casa? - Perguntei, quebrando o silêncio que se estabeleceu.
— Não, mas vou te deixar em casa e depois vou buscar.
— Não. - Contestei. — Vamos direto buscar.
— Oh, claro, pra você mais me atrapalhar do que ajudar, não quero ter que matar alguém e depois precisar me explicar para os anciãos do nosso clã, correndo o risco de…
— Emma. - Interrompi. — Eu já sei de todas as nossas regras, não precisa repetir, pode me deixar em casa, eu não vou insistir.
Como combinado, ela me deixou em casa e saiu, não tive forças pra subir para o meu quarto, então me joguei no sofá da sala mesmo.
Em menos de uma hora, ela retornou, com uma sacola cheia de bolsas de sangue.
— Prontinho. - Ela disse, despejando todas as bolsas de sangue em cima de mim.
Me sentei de imediato e abri uma bolsa de sangue, depois outra, outra, outra, outra, outra… Perdi as contas de quantas bebi, joguei todas as embalagens no chão e me deitei novamente, só então percebi que Emma assistiu toda a cena, com um sorriso no rosto.
— Senti sua falta. - Ela disse, sentando perto dos meus pés.
— Eu também. - Eu disse, me virando pra colocar a cabeça em seu colo.
— Como foi a viagem? - Perguntou, iniciando um carinho em meus cabelos.
— Foi boa.
— Só boa? - Olhou fixamente nos meus olhos. — Eu quero detalhes.
— Sabe o que você disse, sobre ser só questão de tempo pra eu me apaixonar por ela? - Perguntei, ela afirmou com a cabeça. — Eu acho que você estava certa. - Mordi o lábio inferior, nervosa.
— Por que acha isso? - Ela perguntou, com o semblante sério.
— Porque eu senti uma raiva tão grande, quando vi ela beijando o namorado. - Confessei, frustrada.
— Aconteceu alguma coisa entre vocês lá?
Eu apenas afirmei com a cabeça, e como resposta ela juntou sua boca à minha, não entendi muito bem o porquê disso, mas correspondi, dando início a um beijo lento, que não durou muito, ela logo se afastou.
— Eu só espero que você não sofra. - Ela disse, recostando a cabeça nas costas do sofá e olhando para o teto.
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