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História Quase Sem Querer - Reunião


Escrita por: princetri

Capítulo 3 - Reunião


Camila POV

Acordei com o barulho do despertador, me remexi um pouco na cama até não aguentar mais o barulho crescente do mesmo e me levantei para desligá-lo, ele fica estrategicamente em cima de uma cômoda no outro extremo do quarto, se eu deixar ele muito perto de mim, desligo e volto a dormir, mas toda manhã eu me xingo por essa estratégia torturante, porém funcional.

- Pronto, porcaria! - Falei apertando o botão pra fazer o barulho infernal cessar de uma vez por todas.

Segui para dentro do meu closet e parei de frente ao espelho, fiquei alguns minutos observando meu reflexo, meu corpo está completamente despido, assim eu não pude deixar de notar o quanto estou perdendo peso.

- Se eu continuar desse jeito vou acabar sumindo. - Resmunguei, separando uma roupa pra vestir.

Voltei para o quarto com a roupa que havia escolhido nas mãos, uma calça branca com detalhes rasgado, um cropped na mesma cor e pra calçar um louboutin preto, os joguei em cima da cama e fui em direção ao banheiro.

*****

- Bom dia, minha menina. - Maria me cumprimentou assim que entrei na cozinha, com seu bom humor de sempre.

Maria cuida de mim desde pequena, ela é um pouco mais baixa que eu, gordinha, e tem os cabelos na cor preta, desde que eu me entendo por gente só vi ela com ele solto umas três vezes, ele está sempre preso em um coque bem feito. Quando eu me mudei para Los Angeles ela fez questão de vim comigo, disse que não ia deixar a menina dela sozinha em uma cidade estranha, aceitei obviamente. Ela me entende mais do que a minha própria mãe.

- Bom dia, Maria. - Falei dando um beijo em sua cabeça e indo sentar na mesa. - Como você consegue ficar tão bem humorada essa hora da manhã?

- Acordar cedo faz bem, menina, pra pele também inclusive. - Brincou, enquanto servia a mesa.

- Tem muitos cientistas que desmentem essa sua tese aí, Maria. - Me servi do suco que ela acabou de colocar na mesa.

- Esses cientistas não sabem de nada menina, só ficar cagando regra. - Falou enquanto terminava de colocar a mesa.

Não aguentei segurar a risada e comecei a rir fazendo todo o suco da minha boca espirrar pra fora.

- Cagando regras, Maria? Onde você aprendeu esse linguajar? Lembro do tempo em que eu era pequena e você ficava me reprimindo por falar assim. - Me levantei da mesa ainda rindo.

- Eu posso falar assim menina, você não. E o que você pensa que tá fazendo? - Perguntou colocando as mãos na cintura. - Você não comeu nada do que eu coloquei na mesa.

- Eu tomei o suco. - Falei levantando o copo para que ela pudesse ver.

- Só um suco não vai dá sustância nenhuma. - Disse contrariada.

- Eu tô sem fome - Falei olhando as horas no celular. - E atrasada também.

- Na janta você não me escapa, só vai sair da mesa quando terminar de comer tudo.

- Tudo bem. - Falei vencida. - Agora eu tenho que ir mesmo.

Fui até ela e dei outro beijo em sua cabeça, antes de finalmente sair de casa.

*****

Ontem à noite minha assessora me ligou dizendo que teríamos uma reunião hoje na agência, ela não quis me adiantar o que o assunto, mas conhecendo bem a agência do jeito que eu conheço, só pode ser mais uma mudança no contrato, para aumentar as taxas de comissão deles em cima do meu trabalho, já perdi as contas do tanto de vezes que isso aconteceu.

- Bom dia, Senhorita Cabello. - Minha assessora veio em minha direção assim que coloquei meus pés dentro da agência.

- Bom dia, Dianna e sem senhorita, por favor. - Respondi tirando meu óculos escuro do rosto e guardando na bolsa.

- Desculpa, é que a sua mãe sempre recla...

- A minha mãe não tá aqui, e você trabalha pra mim, não pra ela. - Falei a cortando.

- Desculpa. - Falou com um sorriso sem graça. - Hoje você tem uma sessão de fotos para a divulgação daquela linha de perfumes que fechamos contrato semana passada, então quando a reunião acabar a gente vai direto pra lá e o resto do dia sua agenda vai estar livre.

- Você fala resto do dia como se essa sessão de fotos, por algum milagre fosse terminar antes das 18 horas. - Falei suspirando.

- Eu vou tentar te tirar de lá pelo menos antes das 17h. - Sorriu.

- Obrigada. - Sorri agradecida, eu não posso negar, ela sempre faz o possível para o meu dia ser menos exaustivo.

Entramos na sala de reuniões e todos já estão lá, nos sentamos nos nossos devidos lugares e por fim a reunião teve início.

- Bom dia senhoras e senhores. - O presidente da agência falou se levantando da sua poltrona. - Nós da Elite Model, marcamos essa reunião para discutirmos sobre os novos termos que queremos adicionar ao contrato de vocês.

Nesse momento começou um burburinho na sala por parte dos outros modelos que estão presente na reunião, eu me contive em apenas revirar os olhos, era óbvio que esse seria o objetivo da reunião.

- E o que seria esses novos termos? - Perguntou um dos modelos.

Se eu não me engano o nome dele é Arthur, Arthur Gosse, já troquei algumas palavras com ele em uma das festas da agência.

- A taxa de comissão da agência vai aumentar pra 40% de tudo que vocês ganham durante o mês. - O presidente respondeu voltando a se sentar em sua poltrona.

- 40 porcento?! Vocês não acham que estão exagerando demais nessas taxas não? - Arthur perguntou irritado. - Não faz nem três meses que teve um aumento na comissão de vocês.

- Se você não estiver satisfeito pode pedir a quebra de contrato, tenho certeza que tem milhares de outros garotos loucos para ter ao menos uma oportunidade de trabalhar aqui. - Disse com descaso na voz, girando a caneta entre os dedos.

Durante toda a reunião permaneci calada enquanto eles discutiam entre si, eu sei que não adianta nada reclamar, tenho 22 anos e trabalho nessa agência desde os 16, já me acostumei com o fato deles mudarem o contrato na hora que bem quiserem.

- Bom, já que estamos todos entendidos, acho que já podemos encerrar essa reunião. - Falou o presidente, se levantando novamente. - Mas antes, a nossa companheira de trabalho Dianna, tem algo importante para falar.

Olhei imediatamente para Dianna, que esta sentada à minha frente no outro lado da mesa, ela se levantou e começou a falar:

- Bom, faz apenas três anos que estou trabalhando aqui nessa agência, mas acho que posso dizer que criei um carinho enorme por todos vocês, especialmente por você. - Olhou para mim. - Mas infelizmente eu vou ter que sair, descobri essa semana que estou grávida. - Passou uma das mãos na barriga, com um sorriso bobo no rosto. - E é uma gravidez de risco, eu não quero arriscar perder essa criança, então hoje é meu último dia com vocês. - Secou o rosto, disfarçadamente.

Todos da sala começaram a aplaudir, a Dianna é a minha assessora, mas como é a agência quem escolhe nossos assessores, todos da empresa conhecem ela, e por ser sempre uma pessoa muito querida com todos, logo a comoção foi geral. Me levantei da minha cadeira e fiz a volta na mesa pra poder abraçá la.

- Parabéns. - Falei ao me separar do abraço. - Quem vai arrumar um jeito de me tirar mais cedo dos meus compromissos agora? - Perguntei sorrindo.

- Não se preocupe, assim que você tiver de assessor novo, eu faço questão de ligar para ele, exigindo que ele faça o máximo para que você possa fazer o mínimo. - Ela disse rindo e me puxou pra outro abraço.

*****

Saímos da agência as 11 horas e fomos direto para a sessão de fotos, agora já são quase 16 horas e eu ainda estou fotografando.

- Pedro, pode encerrar com a menina aí, acho que já temos fotos suficientes para a campanha. - Falou uma senhora entrando no estúdio.

Agradeci mentalmente a Dianna, provavelmente tinha um dedo dela aí. O que mais me deixa indignada, é que eu sempro passo mais de cinco horas fotografando e não importa o tipo de campanha no final sempre são usadas menos de 10 fotos, eles não poderiam tirar só as 10 fotos e pronto? Iria facilitar para todos.

- Camila! - Só então perbeci a Dianna parada na minha frente, tentando tomar minha atenção para si. - Já pode ir trocar de roupa.

- Viajei aqui. - Falei sem graça. - Mas já estou indo me trocar.

*****

- Você tem algum compromisso para agora à noite? - Perguntei pra Dianna, no caminho para o estacionamento.

- Não, por quê?

- Você quer ir jantar lá em casa hoje? Como despedida.

- Claro, que horas?

- Pode ser às 20h. - Parei ao lado do meu carro.

- Fechado então, até mais tarde. - Ela me deu um beijo no rosto e foi em direção ao seu carro.

Destravei o meu e entrei, antes de ir pra casa resolvi passar no shopping pra comprar um presente para o bebê de Dianna, acabei escolhendo uma roupinha pois não sei muito o que se comprar nessas ocasiões.

*****

- Boa noite, Maria. - Falei entrando na cozinha.

- Boa noite, minha menina, chegou cedo hoje.

- Pode agradecer a Dianna por isso, ela vem jantar conosco. - Abri a geladeira e peguei um pouco de água.

- Vou agradecer mesmo, ahh, e seu namorado tá lá no seu quarto. - Apontou. - Agora vai que eu preciso terminar a janta.

- Também não precisava me expulsar. - Fiz drama antes de sair.

Ao abrir a porta do meu quarto percebi que o Austin (Butler) está dormindo, sem camisa e com o edredom apenas sobre as pernas, seu cabelo caindo sobre todo o rosto. Tirei meus saltos e os deixei perto da porta, fui direto para o closet pegar uma roupa, depois segui para o banheiro para tomar banho.


*****

Ao sair do banho, notei o Austin ainda dormindo, lentamente me aproximei e deitei sobre suas costas.

- Ei, dorminhoco. - Chamei baixinho, passando o dedo pelo seu rosto.

- Você demorou. - Ele disse ainda com os olhos fechados e a voz sonolenta.

- Já estava com saudades, né? - Perguntei em um tom convencido.

Ele então finalmente abriu os olhos, virou um pouco o rosto para que pudesse olhar para mim.

- Depende, você estava? - Perguntou com uma sobrancelha erguida.

- Muita. - Sussurrei em seu ouvido.

Como resposta ele inverteu nossas posições e ficou por cima de mim, ficamos alguns segundos nos olhando até que ele finalmente quebrou a distância dos nossos lábios. Ficamos alguns minutos só nos beijando, até que eu senti uma das suas mãos adentrando em minhas roupas.

- Não, espera. - Falei me separando do beijo. - Eu convidei a Dianna pra jantar aqui em casa hoje, e ela já deve estar chegando por aí.

- Prometo não demorar muito. - Ele disse e começou a beijar meu pescoço.

Olhei para o relógio em cima da cômoda, 19:40.

- Meu Deus, Austin, não dá tempo. - Falei rindo e comecei a empurrar ele para que saísse de cima de mim, mas foi em vão, porque ele soltou todo o peso do corpo sobre o meu, e começou a rir das minhas tentativas falhas de fazê-lo levantar.

- Diga que eu sou um rei e você é minha eterna serva, que eu deixo você sair. - Disse ainda rindo.

- Eu sou uma rainha e você é meu eterno servo, agora deixa eu sair. - Tentei empurrá-lo.

- Pelo visto você não quer tanto assim sair. - Ele disse com um sorriso cínico nos lábios.

Não respondi nada, apenas o puxei pela nuca e comecei a beijá-lo, depois de alguns minutos eu senti que ele tinha baixado a guarda, juntei todas as minhas forças e o empurrei, ele caiu no chão, ao lado da cama, me levantei rapidamente e fui pra perto da porta.

- Desculpa amor, mas é um jantar muito importante. - Falei quando ele finalmente se levantou, mas ainda continuava de costas para mim.

- Se eu fosse você corria o mais rápido possível, nesse exato momento. - Se virou.

Não esperei ele falar mais nada, abri a porta do quarto e saí correndo em direção a cozinha, mas antes de chegar lá, meu corpo colidiu com o de alguém parado no meio da sala, me fazendo cair de bunda no chão.

- Meu Deus, Camila, por que você estava correndo, aconteceu alguma coisa? - Só então percebi que a pessoa plantada no meio da minha sala é a Dianna.

- Não, não aconteceu nada. - Eu disse olhando em direção a porta do quarto onde o Austin se acabava de rir da minha cara. Virei novamente na direção da Dianna. - Eu machuquei você? - Perguntei analisando ela dos pés a cabeça.

- Não, tá tudo bem. - Disse me tranquilizando.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Maria veio até nós.

- O jantar já está servido, menina. - Ela disse.

- Tá certo Maria, obrigada, estamos indo. - Falei.

Olhei novamente para a porta do quarto, e o tapado do meu namorado ainda está rindo.

- Vai colocar uma camisa e vem jantar. - Falei revirando os olhos. - Por aqui Dianna. - Chamei.

Depois de uns dez minutos o Austin apareceu na sala de jantar, cumprimentou a Dianna e por fim se sentou ao meu lado. Seguimos durante todo o jantar conversando coisas banais, sobre meu trabalho, as expectativas dela ao ser mãe, casamento, família... Até que ela disse que precisaria ir embora, por causa da hora. Pedi pra ela aguardar na sala e busquei o presente que comprei mais cedo.

- Oh, meu Deus Camila, é tão linda. - Ela agradeceu com um sorriso largo nos lábios. - Não precisava.

- Então devolve. - Austin disse, com um sorriso idiota no rosto.

Peguei uma das almofadas e joguei nele, que está no outro sofá

- Não liga para ele. - Eu disse voltando a olhar pra Dianna.

- Já me acostumei. - Ela respondeu revirando os olhos e rindo.

- Bom, hoje é seu último dia, você sabe se a empresa já contratou outro assessor para mim?

- Ainda não, os que já estão contratados pela empresa já estão assessorando outros modelos, eles vão ter que contratar um novo.

- Ahh, espero que eles façam isso logo, sou incapaz de organizar uma agenda. - Brinquei, mas se passava de uma verdade.

- Não se preocupe, eu vou cuidar dela até chegar alguém, vou te ligar todas as manhãs para passar seus compromissos do dia, não é a mesma coisa, mas é o melhor que posso fazer por enquanto. - Ela disse e se levantou. - Mas agora preciso ir, meu marido já deve estar preocupado.

- Obrigada. - Eu disse e me levantei para que pudesse abraçá-la.

Fui com ela até a porta.

- Boa sorte com a gravidez. - Desejei antes dela sair.

Ao voltar para a sala, notei que o Austin não está mais lá, provavelmente já voltou para o quarto. Fui até a cozinha, Maria está de costas pra mim, lavando a louça, me escorei no balcão.

- Obrigada pelo jantar. - Eu disse e só então ela percebeu a minha presença.

- De nada, menina. - Disse virando o rosto para que pudesse me olhar. - Mas por que essa carinha preocupada?

- Só estou pensando um pouco nessa minha rotina que não aguento mais. - Eu disse suspirando. - Hoje foi o último dia da Dianna como minha assessora, a agência vai contratar outra ou outro pra mim, e a única coisa que eu peço é que não seja outro tarado igual o Nathan.

- Se eles tiverem a audácia de contratar outro igual o Nathan, eu vou nessa agência pessoalmente e faço um barraco, ah mas eu faço, nem que depois a sua mãe me mande embora. - Ela disse e eu não pude deixar de rir.

- Só você mesmo para me fazer rir de uma coisa dessas Maria. - Fui até ela.

- Mas eu estou falando sério. - Fechou a torneira e se virou pra mim.

- Eu sei, e é por isso mesmo que estou rindo. - Dei um beijo em seu rosto. - Boa noite, Maria, eu vou deitar porque não estou nem me aguentando em pé mais.

- Tá certo, menina, boa noite pra você também.


Notas Finais


Me contem o que estão achando *-*


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