História Quase Sem Querer - C.A.V. Parte 3

Lauren POV

 Já fazem mais de três horas que estamos no enorme auditório da mansão dos anciões, eu já estou sentindo minha bunda doer, por ficar tanto tempo sentada, e o pior é que eles falam todos os anos as mesmas coisas: como se portar perto dos humanos, a importância de mantermos nossa identidade em sigilo, evitar matar humanos, para não não acarretar problemas com a polícia, e por aí vai… Soltei um suspiro de alívio quando o sinal que indicava que já poderíamos sair foi tocado, mas diferentemente de todas as outras vezes, foi pedido para que os nascidos permaneçam no auditório. Nunca fiquei tão feliz por não ser uma nascida, me levantei e olhei pra Emma.

— Até mais tarde, nascida. - Eu disse, segurando o riso.

— Você que pensa que vou continuar aqui. - Ela se levantou e veio me seguindo, como se fosse uma de nós.

 Quando estávamos perto da saída a voz de um dos anciões se fez presente:

— Watson, Nicholas e Grimes, podem retornar para os seus lugares.

 Ela soltou um gemido de insatisfação e parou de andar.

— Eu acho que finalmente vocês não são mais os privilegiados. - Eu disse rindo.

 Fui dar um beijo na bochecha dela antes de sair, mas acabou sendo um selinho, já que ela virou o rosto sem querer.

— Não perde a oportunidade de me beijar, né? - Perguntei convencida.

 Ela revirou os olhos e me deu as costas para retornar para a cadeira.

 Passando pelo jardim da mansão, ouvi Dinah me chamando, olhei pra trás e ela correu um pouco pra me alcançar.

— Tá indo pra onde? - Perguntou.

— Cabana. - Respondi.

— Não mesmo, vamos aproveitar que podemos ficar desse lado do muro por hoje. - Ela entrelaçou o braço ao meu e foi nos guiando até um dos bancos que tem ali. — Um passarinho me contou que a senhorita tá de namorada nova.

— Esse passarinho é amarelo? - Perguntei rindo, enquanto nos sentávamos.

 Ela caiu na gargalhada e eu revirei os olhos.

— Sim, ele é, mas me fale sobre essa garota, você gosta mesmo dela? - Perguntou curiosa. 

— Muito. - Não consegui conter um sorriso. — O nome dela é Camila, ela me faz se sentir bem só com sua presença. - Me ajeitei no banco — Inclusive já estou morrendo de saudades. - Me encostei no banco e ergui a cabeça pra olhar para o céu.

— E a Emma? - Dinah perguntou.

— O que tem ela?

— Como vocês vão ficar?

 Franzi o cenho e olhei pra ela.

— Como assim como a gente vai ficar? Do mesmo jeito, por que algo mudaria?

— Convenhamos que a amizade de vocês não é nada tradicional, vocês moram juntas, transam, se beijam… Camila vai aceitar isso?

— Com certeza não, mas isso não é problema, não é como se a nossa amizade só fosse se manter se continuar tendo sexo, acima de tudo nós somos amigas. - Dei de ombros. 

— E você vai deixar ela pra morar com a Camila?

— O quê? Que perguntas são essas, Dinah? - Soltei uma risada. — Camila mora no apartamento dela e se algum dia ela quiser morar comigo, ela vai, ué, a casa é grande, a Emma eu nunca vou deixar, ela já é uma parte de mim, até com os ataques de mau humor dela, quero ela sempre ao meu lado, sempre. 

— Vocês precisam conversar sobre isso, Lauren. - Disse, ela, aparentemente preocupada. 

— Você tá falando como se eu e a Emma fossemos namoradas, Dinah.

— Você já considerou a hipótese dela realmente gostar de você?

— Já, Camila já falou sobre isso e eu falei com ela, ela disse que não é apaixonada por mim, então já pode pular essa parte.

 Senti meu celular vibrando no meu bolso, quando olhei pra tela um sorriso involuntário nasceu no meu rosto, é Camila, atendi de imediato.

— Quando você volta? - Foi a primeira coisa que ela disse quando ouviu minha voz.

— Amanhã eu já estou aí, onde você está? - Perguntei devido ao enorme barulho que vem de lá.

— Vou desfilar daqui a pouco. - Ela respondeu, e fungou.

 Franzi o cenho.

— Você está chorando, Camz?

— Não. - Soltou uma risadinha baixa. — Mas eu queria muito, muito, muito, que você estivesse aqui, quando você chegar, vai direto lá em casa, tá bom?

— Sim senhora. - Sorri. — E o Austin, como foi  a conversa?

— Eu não consegui falar com ele, mas podemos deixar pra falar sobre isso amanhã? Porque eu preciso desligar agora.

 Depois que nos despedimos ela finalizou a ligação e só então eu percebi que Normani tinha se juntado a nós.

— Você já foi falar com os anciãos? - Ela perguntou, enquanto eu guardava o celular no bolso e eu neguei com a cabeça.

— Estou esperando me chamarem.

— Como a maioria vai embora amanhã, provavelmente vão mandar chamar você pela manhã, faça de tudo pra conseguir ir embora antes que lhe passem o chamado. - Normani disse, em um tom baixo, como se ninguém pudesse ouvir. 

— Por quê? - Franzi o cenho.

— Eu já sei qual a sua punição, vão querer que você fique aqui durante um ano, para “aprender a necessidade de nos mantermos em sigilo”. - Normani respondeu. 

— O que? Como você sabe disso? - Perguntei e ela revirou os olhos.

— Como eu fiquei sabendo não vem ao caso, Jauregui, só ouça o que estou falando, se não quiser ficar aqui, é claro, só um aviso.

— Entendi. - Me levantei e dei um beijo na bochecha dela e outro na da Dinah. — Obrigada. - Agradeci enquanto dava passos para trás, indo em direção a saída e as duas sorriram ao mesmo tempo.

 Depois de um longo período dentro da cabana esperando Emma chegar, ela finalmente passou pela porta, franzi o cenho por ela ter entrado correndo, bateu a porta e se encostou na mesma morrendo de rir.

— O que foi? - Perguntei.

 Ela levou um tempo pra controlar a risada, mas quando o fez, começou a explicar o que tinha acontecido.

— A Alexa tava enchendo o meu saco lá no auditório, aí quando eu e o Ezra saímos de lá, fomos encontrar com o Logan e ela ainda estava no meu pé, falando sobre a sua foto, ai o Ezra parou e fez ela beijar um dos membros do Nosferatu, meu Deus, Lauren, você precisava ver a cara dela quando se separou dele e no final ele quem cuspiu no chão e chamou ela de nojenta. - Contou e começou a rir novamente.

— Como ele conseguiu fazer isso?

— Ele consegue copiar poderes, copiou o dela e BAAM. - Explicou com graça. 

— Ah, entendi. - Falei sem muita empolgação.

 Ela semicerrou os olhos.

— Como você consegue ficar indiferente ao fato de que um Nosferatu sentiu nojo da Alexa?

— Bom, se isso não tivesse sido causado pelo seu amiguinho talvez eu estivesse achando engraçado sim.

 Emma ficou analisando meu rosto, o sorriso se desfez, e uma cara de irritada tomou conta.

— Sinceramente, tô louca pra saber por quanto tempo a Camila vai aguentar você, porque se tem uma pessoa que sabe ser chata, essa pessoa é você, será que ela vai aguentar mais do que eu aguentei?

 Ela não esperou por uma resposta, passou por mim e foi em direção ao banheiro, continuei de pé no meio da sala, como assim mais do que ela aguentou, por que ela disse isso no passado? Girei nos calcanhares e parei na porta do banheiro, quando ela saiu de lá entrei na sua frente.

— Por que você falou isso no passado? - Perguntei. 

 Ela manteve um tempo o olhar fixo no meu e depois desviou.

— Modo de falar. - Ela disse e passou por mim. — Por que essas malas já estão aqui? - Perguntou apontando para as malas que estão perto da porta.

  Fiquei olhando para Emma desconfiada, mas resolvi acreditar no que ela falou. Expliquei pra ela o que Normani tinha me falado. Ela me deu um longo sermão, dizendo que vou me encrencar, mas no fim ela aceitou voltarmos ainda hoje para Los Angeles. Quase uma fuga.