Pakkun ficou impressionado ao ver Kakashi namorando sua antiga discípula, mas já era velho o suficiente para entender que as coisas da vida não são tão simples e previsíveis quanto a maioria das pessoas pensam. Sentiu-se feliz por saber que seu amigo encontrou uma pessoa na qual pudesse compartilhar a vida.
Seguiu Sakura de longe, preocupado com a garota, sabia sobre as condições precárias nas quais o País da Água estava e temia pela vida da mesma. Ainda assim precisava manter uma distância segura, para que não fosse notado e acabasse se tornando uma complicação desnecessária. Mas, por outro lado, esse distanciamento poderia se tornar um problema, já que ele não conseguiria acompanhar todas as nuances dos acontecimentos.
Amofinou-se ao ver a garota entrando em um prédio de dois andares. Havia focos de incêndio por todo local e sua vigia poderia ser prejudicada de forma desmedida, já que não conhecia muito bem o lugar onde estava. Se aproximou o máximo que pôde do prédio, mas isso não foi o suficiente. Decidiu então que a única saída seria subir o prédio por fora, olhando pelas janelas a procura da garota. Começou sua escalada após se certificar que ninguém o veria. Olhou pela primeira janela, mas não conseguiu avistar ninguém, partiu para a próxima, mas dali ele não podia ver nada por conta do aglomerado de mesas que cobriam sua visão. Perturbado por ainda não a ter visto seguiu para a quarta e aquela, diferente das outras, o dava uma visão geral de quase todo o lugar, porém ela não estava ali. Subiu para o segundo andar, se direcionando para a janela mais próxima, vendo que o local estava coberto por fumaça. Temendo uma intoxicação, ou envenenamento, estagnou sua respiração, torcendo para que conseguisse localizar a Kunoichi antes que ficasse sem fôlego. Partiu para a janela à sua esquerda, esperando que a mudança de ângulo o favorecesse e foi o que aconteceu. O segundo andar era amplo e sem divisórias, a fumaça ali presente provinha de um tipo de aparelho, que estava em cima de escombros. Apertou os olhos tentando enxergar mais longe e com melhor foco, mas quase perdeu o equilíbrio ao ver uma figura não identificada arrastando a garota pelo chão, a puxando pelo braço. Só conseguiu descobrir realmente quem era a pessoa no chão por conta dos inconfundíveis cabelos róseos que a Kunoichi possuía.
Apressou-se para o chão, esperando o momento no qual o homem misterioso apareceria para que ele pudesse identifica-lo. Minutos depois espantou-se ainda mais ao ver que quem saia do prédio, ainda arrastando a garota pelo braço que já apresentava várias escoriações , era nada mais nada menos que um dos mais temíveis espadachins da névoa; Mangetsu Hozuki.
Apavorado por saber que não poderia fazer nada, além de segui-los, Pakkun fez o máximo de silêncio para não ser pego. Andou por alguns minutos antes que o espadachim resolvesse pegar Sakura em seus ombros e começasse a correr. O rapaz era jovem e rápido, mas Pakkun não se deixaria vencer em uma tocaia e o acompanhou passo a passo, se escondendo como podia. Chegaram, enfim, a uma mata fechada. Ficou espantado ao ver uma instalação cheia de insurgentes como guardas, deu a volta em todo lugar procurando por uma brecha, mas não encontrou nenhuma maneira de entrar. Ainda conseguiu ver o ninja entregando a garota, ainda desacordada, a um dos guardas que a levou para dentro, enquanto o espadachim ia embora.
Sem ter mais o que fazer, ele resolveu que era hora de voltar para Kakashi e relatar todo o acontecido. Mal podia imaginar como seu companheiro reagiria com a notícia. Se lembrou de Sakura e de quantas vezes trabalharam juntos a pedido de Kakashi. Ficou ainda mais tristonho ao se lembrar de quando ele descobriu que a Kunoichi usava o mesmo shampoo que ele, o "Shampoo Mentolado de Névoa da Floresta Tropical Extra para lavar o corpo".
Estava torcendo para que conseguisse alcançar Kakashi o quanto antes, mas temia que isso não fosse possível, já que para que conseguisse chegar até ele logo o ninja teria que ao menos estar a uma velocidade pequena. Mas sabia que Kakashi não tinha motivos para seguir calmamente e que ele era do tipo de pessoa que não gostava de perder tempo, então sua probabilidade de alcança-lo era quase nula.
Sua caminhada de volta estava sendo cansativa, não só fisicamente como também mentalmente, porém estava determinado a ajudar o máximo que podia, e acelerou o passo. Decidiu que não pararia para nada, teria tempo para se recuperar depois. Não permitiria que a mulher responsável por preencher o vazio do coração de Kakashi sofresse.
Mas, infelizmente, já havia se passado dois dias e meio e ele não havia conseguido avistar o ninja ainda. Para seu alivio, estava perto, mas não o suficiente. Suas patas doíam e sua respiração já não o favorecia, mas não ia se acomodar, continuaria mesmo que tivesse que se arrastar como uma cobra.
Kakashi e Yamato seguiram rapidamente de volta a Konoha. Estavam loucos para tomarem um banho descente e terem uma noite de sono, ao menos agradável. Já que Kakashi não sabia bem como conseguiria dormir sem Sakura. Pensava nela o tempo todo, se sentindo mais tranquilo por saber que Pakkun estava a vigiando. Aquele sem dúvidas era um amigo leal. Apesar de seu jeito preguiçoso, era extremamente determinado, o único ponto realmente negativo era sua habilidade de luta, que consistia em apenas um golpe: A mordida. Ainda assim, estava relaxado, pois Sakura era uma ninja experiente e não cairia nas mãos de qualquer um.
Durante o caminho Yamato o surpreendeu, dizendo que estava querendo se casar com Mey, ele nunca imaginaria que seu amigo diria algo assim. Mas era compreensível já que a mulher morava em outra vila e era difícil para Yamato ter que ficar longe dela de tempos em tempos. Imaginou como Sakura se sentiria se ele propusesse o mesmo a ela, mas essa hipótese o colocou em dúvida. Apesar de ter ficado na casa dela durante umas semanas, sabia que isso ainda não era a mesma coisa como um casamento. Ali, se acontecesse algo, ou se precisassem de um momento, era só ele voltar para a casa dele. Mas a vida de pessoas casadas era diferente, não havia escapatórias.
Avistou o portão de Konoha, aliviado por estar de volta. Já estava imaginando mil e umas coisas na qual ele poderia fazer para surpreender Sakura quando ela retornasse. E se seu tempo no País das Águas se estendesse, pediria uma permissão a Tsunade para ao menos ir ver a kunoichi. Não aguentaria jamais ficar muito tempo longe dela.
Os ninjas se despediram e Kakashi resolveu que ia direto para a casa de Sakura, que relaxaria um pouco primeiro para depois ir até Tsunade entregar seu relatório. Abriu a porta, se sentindo aliviado por ter uma chave reserva, sorriu extasiado ao se lembrar de como a Kunoichi estava envergonhada quando ofereceu uma cópia das chaves para ele, e de como tinha ficado surpreso com sua atitude.
Ouviu um barulho vindo do quarto assim que entrou e sem delongas se preparou para atacar qualquer um que fosse. Com uma kunai na mão e posição de combate, caminhou silenciosamente, olhando para todos os cantos para ter certeza de que não seria pego desprevenido, mas ao entrar no quarto viu Pakkun, caído no chão de barriga para cima. O animal parecia exausto, suas patas pequenas e macias agora estavam sangrando e seu corpo franzino emitia espasmos musculares por conta do cansaço.
Kakashi desesperou-se e correu até Pakkun, que estava desacordado. Não conseguia parar de pensar em Sakura, em onde ela estaria e como estaria. Sabia que a presença do animal ali, daquela forma, não significaria coisa boa. Kakashi pegou ele no colo com cuidado e o resolveu que a única solução era leva-lo até a irmã de Kiba, já que a Kunoichi era veterinária. Kakashi tentava se manter o mais focado possível, mas era difícil na situação em que estava. Seu amigo e companheiro de equipe estava delirando em seus braços e a mulher que amava poderia estar correndo risco de vida, e isso o perturbava de forma avassaladora.
Ignorou os olhares curiosos das pessoas que o viam correndo até a clínica e adentrou o local ofegante.
— Cadê a Hana Inuzuka? — perguntou avidamente.
— Ei Kakashi! O que faz? — Hana, da porta do quarto de atendimento, indagou achando estrando o ninja tão fora de si.
— Rápido, preciso que ajude Pakkun, ele pode ter informações urgentes — falou interrompendo a veterinária, já adentrando o quarto.
O mais rápido que pôde a Kunoichi pôs-se a trabalhar. Verificou o animal, enquanto Kakashi estava parado logo atrás dela. Pediu um pouco de espaço e ele se afastou minimamente, estava ansioso para saber o que havia acontecido. Logo Hana pegou uma seringa e uma ampola de uma gaveta e aplicou o remédio na parte superior do pescoço do cachorro.
— Kakashi, ele precisa de uns minutos. Está assim por pura exaustão — a veterinária falou, enquanto retirava suas luvas.
— Quanto tempo?
— Isso depende do organismo dele agora. Vou deixar você aqui com ele, pois preciso atender outros animais. Mas Kakashi... seja lá o que esteja acontecendo, vai ficar tudo bem — a garota falou descontraída, com um sorriso simpático no rosto e por mais que Kakashi quisesse responder a altura não conseguiu, apenas acenou com a cabeça.
Aqueles minutos pareciam os mais longos de sua vida. Estava aliviado por saber que Pakkun apenas estava cansado demais, porém continuava aterrorizado com o fato de que Sakura poderia estar em perigo. Olhava para o animal de perto, como se aquilo fosse de alguma maneira agilizar a volta da consciência do mesmo.
Arregalou o olho descoberto, ao perceber a patinha dianteira do cachorro se mexer, mas por vários segundos ele apenas ficava naquilo, como se as contrações musculares de antes tivessem voltado. Quando já ia saindo de dentro do quarto para chamar Hana, preocupado por Pakkun poder estar convulsionando, parou na porta, ao ouvir um pequeno uivo.
— Pakkun? — perguntou esperançoso.
O animal começou a abrir os olhos lentamente, e Kakashi, agitado, se aproximou mais do rosto dele. Pakkun, com muita dificuldade, começou a contar tudo o que tinha acontecido. Kakashi desacreditado deu dois passos para trás, trêmulo, se não fosse pela parede teria caído no chão. Sua respiração estava ofegante e seus olhos lacrimejavam. A única coisa na qual conseguia pensar é que aquilo não se passava de um engano, que não era real. Mas sabia que Pakkun jamais brincaria com algo assim. Sem dizer nenhuma palavra para o animal, ele simplesmente abriu a porta do quarto e saiu disparado do consultório. Já estava escurecendo e ele precisava falar o que aconteceu para Tsunade, ela com certeza encontraria uma forma dele chegar no País das Águas usando menos tempo do que os três dias que a viagem durou da última vez. A vida de Sakura dependia dele agora, e o ninja mais experiente de Konoha não sabia o que fazer.
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