Foi minha conversa com Ane que me fez perceber coisas que até então não tinha sido capaz de notar. Heitor era pura dicotomia. Ele se mostrou humano, envolvente e quente para mim naquela noite, mas ao amanhecer estava de volta o Heitor frio, insensível e narcisista que sempre pintamos. Dicotomias me atraiam e Heitor, ao se revelar daquela forma para mim, conseguiu bem mais do que qualquer outro. Eu o desejava, fato, mas eu também queria compreender, como aquele homem que só queria poder amar livremente, que desejava ter alguém para si, para acalentar e ser acalentado tornara-se aquele ser completamente antagônico à sua natureza?
Foi Ane que me sugeriu agir de acordo com a minha própria e não mais fugir do assunto, como tão bem vinha fazendo nas últimas semanas. E, embora minha vontade também fosse mandá-lo à merda, por ser tão irritante, eu sabia que por baixo de toda aquela irritação que sentia, havia algo para o qual eu também não queria olhar.
Não o procurei com segundas intenções, embora me ver a sós com ele outra vez, em um ambiente tão recluso, me despertasse o interesse, admito. Eu estava ali para encontrar-me com o verdadeiro Heitor novamente.
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