História Quatro Estações - Season One - Winter.

A neve caía aos poucos, preenchendo a longa rua de um tom de branco agradável e nostálgico, já que aquela era a primeira nevada do ano. Levy acreditava que cada estação tinha sua própria beleza, e a qualidade especial do inverno certamente era neve.

Gostava de ver os telhados manchados de branco, do aconchego dos casacos e cachecóis e de tomar as típicas bebidas quentes de inverno. E nada melhor do que o frio para ler livros, principalmente quando não se tinha nenhuma missão.

Caminhou lentamente pelas vastas estantes da biblioteca, passando por inúmeros gêneros literários, o que gerou certa dúvida na pequenina. Tinha um apreço especial por cada uma das enormes prateleiras daquela biblioteca, mas, naquele dia, se renderia a um bom e velho romance; afinal, o tempo estava propício para isso.

Pegou o livro e sentou-se em uma das cadeiras localizadas no canto, próxima a uma das enormes janelas. Gostava de acompanhar a neve caindo por vez ou outra, ainda que o livro fosse seu foco principal.

Poucos minutos se passaram, até que ouviu um estrondo de livros pesados batendo contra a sua mesa, que, anteriormente, era ocupada apenas por ela. Como um reflexo, a pequenina saltou, assustada, logo desviando o olhar do livro para a pessoa a sua frente. Uma feição confusa tomou conta de seu rosto, assim que ela avistou Gajeel, que não se conteve e deu uma risada.

— Ei, fale baixo, estamos em uma biblioteca! — Levy proferiu, em um sussurro, olhando para as pessoas ao redor, que os encaravam sem sequer disfarçar.

— O que você está lendo? — Ele perguntou, arqueando as sobrancelhas enquanto a encarava. — Está fazendo um frio tremendo e eu mal consigo acreditar que você está aqui, lendo um livro. Você não cansa mesmo, não é?

— Hm... É só um livro qualquer. — Respondeu, logo mordendo o próprio lábio inferior. — E não, eu nunca me canso. Olha só quem fala! O que você está fazendo em uma biblioteca, hm? — Ela perguntou, risonha devido à sua última pergunta.

— Eu só te vi entrando e resolvi vir aqui te cumprimentar. — Respondeu, como se não fosse nada demais. Aproveitando-se da distração dela, o dragon slayer pegou o livro das frágeis mãos da azulada. — Romeu e Julieta? Esse não é aquele que os dois morrem no final? Qual é a graça disso? — De repente, ele fez uma careta involuntária.

— Com licença, preciso pedir que os dois falem mais baixo. — A bibliotecária disse, aborrecida.

— Esquece isso. — A baixinha suspirou.

Levy levantou-se e pegou o livro das mãos do dragon slayer, em seguida, caminhou em direção a prateleira na qual o livro encontrava-se anteriormente, guardando-o. Assim que o fez, seguiu até a saída do estabelecimento, sendo acompanhada por Gajeel durante todo o percurso.

— Não precisava sair, era só me pedir para ir embora. — Gajeel murmurou, sentindo-se culpado.

— Não, não tem problema. — Ela disse, sacudindo a cabeça negativamente. — Não queira ver a bibliotecária irritada, é assustador. — Fez uma careta, lembrando-se de quando a viu naquele estado.

— Se você diz... — Ele respondeu, pouco convencido.

Os dois começaram a caminhar juntos, sem trocar qualquer palavra. Apesar do silêncio, a situação não era nem um pouco desconfortável. Levy sentia-se bem na companhia de Gajeel, e o dragon slayer, embora não admitisse, sentia-se feliz ao lado da maga.

Notando que estava sendo deixada para trás devido aos passos largos do companheiro, a azulada parou, enfurecida. Ele sabia que ser deixada para trás a incomodava, mesmo em simples caminhadas.

Decidida, a pequenina abaixou-se, formando uma bola de neve em suas mãos e logo jogando-a em direção a ele. Enquanto ele tentava tirar todo aquele gelo da própria roupa, incomodado pelo frio, ela ria descontroladamente.

Entretanto, seu riso cessou quando sentiu parte do seu braço relativamente gelada, por conta da bola de neve, dessa vez, jogada por ele. De repente, ambos se entreolharam e, com apenas um olhar, foram capazes de compreender completamente o que queriam dizer um para o outro. E, então, iniciou-se uma guerra de bola de neves. O frio nunca se tornou tão aconchegante quanto naquele momento de pura alegria espontânea. Eles nunca haviam gostado tanto do inverno.