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História Quatro Estações - Duas vezes amor


Escrita por: TaisWriterOQ

Notas do Autor


Boa tarde ♥ bom gente, eu não tenho muito o que dizer, apenas agradecer pelo apoio e repercussão que vocês tem dado a história. :) Sou muito grata, por cada favorito, comentário, e surtos no twitter, vocês são as melhores. ♥
Enfim, minhas pequenas férias, dificultaram um pouco para que a fic fosse atualizada antes, mas cá estou eu com um capítulo novinho para vocês. Espero que gostem. ♥ Escutem as músicas nos momentos especificados. (Links nas notas finais.)
Boa leitura! ♥

Capítulo 14 - Duas vezes amor


Fanfic / Fanfiction Quatro Estações - Duas vezes amor

                                                                                    Memória

                                                                                        “ Amar o perdido
                                                                                        deixa confundido
                                                                                          este coração.

                                                                                      Nada pode o olvido
                                                                                   contra o sem sentido
                                                                                        apelo do Não.

                                                                                     As coisas tangíveis
                                                                                  tornam-se insensíveis
                                                                                       à palma da mão

                                                                                  Mas as coisas findas
                                                                                 muito mais que lindas,
                                                                                      essas ficarão.  “

 

                                                                                                    Carlos Drummond de Andrade

 

 

 

                                                                                    Robin

 

 

  Acordei com um sorriso no rosto e uma dor no pescoço. Porém, ambos não pareciam mais fazer efeito quando não fui capaz de sentir o calor do corpo de Regina, olhei para o lado onde a mesma havia adormecido, estava ausente. Um descontentamento me sobreveio. Afinal, durante grande parte da noite enquanto a contemplava, repassei diversas vezes em meus pensamentos como iria declarar meus sentimentos.

-Regina... –sussurrei. Caminhei em passos lentos pelos aposentos do apartamento, nada. Adentrei em seu quarto cujo a porta estava entre aberta e vislumbrei apenas a figura de Roland, ainda dormindo em sua cama. Franzi o cenho. Onde ela estaria?

Voltei a cozinha para beber um copo d’ água. Somente então percebi que havia um bilhete na geladeira, cujo o zumbido era alto demais para um ambiente tão sossegado.

Bom dia, Robin, precisei fazer plantão no hospital. Antes de sair, chequei a temperatura de Roland, ele está bem. Não há o que se preocupar. Fique à vontade,

                                                                                               Regina.

 

Ela foi trabalhar e todas as minhas intenções com ela foram por água abaixo. Assim como essa chuva abundante. Suspirei frustrado. Ainda com a anotação em mãos.

Retornei à sala, logo, o telefone cai na caixa postal:

-Você tem um novo recado... “Regina, sou eu, Graham. Sinto muito ter gritado com você ontem à noite –ele respirou fundo -Desculpe se fui rude. Sei o quanto Roland significa para você...Enfim, espero que a gente possa remarcar o nosso jantar. Assim que puder, retorne minha ligação.

  Infelizmente minhas suspeitas estavam certas, Regina se encontraria com o doutor Humbert na noite anterior. Eu preciso me declarar, antes que seja tarde demais.

Logo, a figura de meu filho se faz presente, esfregando as pequenas mãozinhas nos olhos.

-Onde a Gina está? –perguntou sonolento.

-Ela teve que ir trabalhar, filho...

-Ah!

Antes que eu pudesse lhe responder, ouço meu celular tocar, procuro o objeto pelo sofá rapidamente, na tentativa de escutar a voz de Regina, no entanto, ao fitar o aparelho, vejo que é Zelena. Ao atendê-la, ouço sua voz desesperada.

-Robin, eu preciso da sua ajuda! Louisa desapareceu, eu acho que... Eu acho que ela fugiu.

-Como assim ela fugiu?! –inquiriu incrédulo.

-Nós discutimos, eu a deixei no quarto e quando retornei, ela não estava mais aqui. –Soluçou. Eu sabia que minha irmã estava ao pranto –Já procurei por todos os cantos dessa casa, Robin. Ela não está aqui, eu... eu não sei o que fazer.

-Se acalme, estou indo para casa. Digo, na tentativa de acalmar a mim mesmo. A ligação é encerrada. E a aflição se expandi sobre mim. Imagine uma jovem cega, percorrendo as ruas caóticas de Washington? O perigo que ela corre...

 

 

 

                                                                                      X X X

 

    Após me retirar do apartamento de Regina, deixei Roland com Marian e fui até a casa de minha irmã. Ao chegar lá, Zelena era amparada por Mary e David. Para minha surpresa, até a figura de Archie, seu ex-marido, estava presente.

-Robin! –ela me chamou, logo me abraçou. Retribui o gesto afetuoso com intensidade.

-Nós vamos encontrá-la.

Disse afagando suas costas.

-Já avisaram a polícia? –inquiri.

-Sim. Mas, eles só começam as buscas após quarenta e oito horas depois do desaparecimento.

-Você explicou que ela é deficiente?

-Sim. Mas... estou com tanto medo. Eu não devia ter brigado com ela... não devia.

Minha irmã fungava. Suas lágrimas aumentavam na medida que cada palavra era proferida.

-É melhor procurarmos ela na casa de amigos, na escola de música... os lugares que ela mais gosta de frequentar.

Sugeriu David.

Minha irmã logo respondeu:

-Louisa não vai a muitos lugares. Além do colégio, frequenta a escola de música...

Archie intervém ríspido.

-Esse é o problema, Zelena! Você prende Louisa demais nessa casa! –Esbravejou. –Chega uma hora que todo passarinho quer voar. Se alguma acontecer com a nossa filha, a culpa será sua!

-Falou o homem que abandonou a esposa e a filha! –Zelena retrucou.

-Eu não abandonei você, foram atitudes como essa que destruíram nosso casamento. Essa sua... obsessão pelas pessoas!

-Obsessão?! –Minha irmã afirmou, eu vislumbrava a raiva no seu olhar.

-Ok. Já chega! Discussões não resolveram nosso problema, ações sim!

Ambos suavizaram suas expressões. Encarei minha irmã.

-Tem certeza que não há mais nenhum outro lugar que Louisa frequente?

-Regina... Nós costumávamos visitá-la com regularidade, mas é impossível que ela chegue até lá.

-Não a subestime, Lou é muito inteligente.

Comentou David. A voz de Mary também soou pelo ambiente.

-Estou tentando ligar para Regina, mas só caí na caixa postal.

-Tente o número residencial. –Aconselhou minha irmã.

-Ela não vai atender, está no hospital.

-Como você sabe?

-Ela me disse no bilhete.

-Bilhete? –inquiriu Zelena.

-Sim, o bilhete que ela deixou na geladeira antes de sair.

-Você passou a noite com a Regina? –perguntou David franzindo o cenho.

-Passei. –todos me fitavam espantados. –Mas, não é como você estão imaginando. Nós não estamos...juntos.

Para a minha sorte, Archie muda de assunto.

-Eu vou procurá-la aos arredores da escola de música.

-Eu irei percorrer os bairros, se ela não estiver por aqui, procurarei nos bairros próximos também. Ela não deve ter ido tão longe... –eu disse.

-Resta para mim fazer buscas ao redor do colégio –meu irmão proclamou. Encarando Mary, continuou –Fique aqui com Zelena. Você não deve se estressar.

 O comentário do meu irmão me deixou curioso. Porém, não tínhamos tempo para questionamentos. Então, nos retiramos a procura de Louisa.

 

 

                                                                                        X X X

 

 

  Algumas horas já haviam passado. O relógio badalava três horas da tarde e nenhum vestígio de Louisa. Minha irmã beirava a loucura. A chuva não dissipava um instante sequer, deixando-a ainda mais preocupada. Nenhuma palavra de conforto era capaz de ampará-la.

A raiva de Archie transformou-se em carinho, abraçava Zelena, cujo o pranto era incessante. Durante aquele momento, tive um vislumbre do passado, no qual ambos eram casados e felizes. Eu acredito que ainda há amor entre eles.

David está tão nervoso quanto nós, o mesmo é consolado por Mary. Dois casais na sala desesperados, porém, amparados. Eu me sinto... sozinho. Pego meu celular e tento mais uma vez ligar para Regina, como das cinco vezes anteriores, caiu na caixa postal.

Suspiro.

Se ao menos eu tivesse o abraço dela, sua mão tocando meu rosto. Sua voz vociferando “tudo ficará bem. ”

  Louisa sempre foi importante para mim, desde seu nascimento, e acredito que nos anos perdidos, ela tenha sido tão fundamental na minha vida quanto era antes. Afinal, mantemos um relacionamento sólido até hoje, pelo que pude perceber, ela foi uma da únicas pessoas que eu não decepcionei.

Irritado, pego o meu molho de chaves que estava sob o balcão da cozinha e retorno a sala em passos largos, determinado a encontrá-la.

 -O que você vai fazer? –indaga Zelena.

-Eu vou procurar Louisa e não voltarei até encontrá-la, ou até que outro a encontre. Em algum lugar ela deve estar.

Disse batendo a porta bruscamente.

 Dirigia pelas ruas de Washington com o intuito de encontrar minha sobrinha. Parava em determinados pontos, abordando algumas pessoas, poucas, devido ao mau tempo. A chuva não fora empecilho para mim que corria entre uma pessoa e outra, mostrando-lhes a fotografia de Louisa, perguntando se haviam visto ela. Nada. Ninguém avistará minha sobrinha. Sendo assim, voltava ao meu carro e tornava a procurá-la em outros lugares... Assim sucederam as próximas duas horas seguintes.

 

 

 

 

 

                                                                                     Louisa

 

 

                                                                ( Safe & Sound- Taylor Swift )

 

 

  Eu não tenho ideia de quanto tempo já passou desde que fugi de minha casa. Depois que eu caí, fiquei sedo banhada pela tempestade, meu cabelo estava encharcado e minha roupa molhada, me deixava com frio. Tateei o chão ao meu redor, percebendo que estava entre a calçada e o gramado de alguma casa. Lentamente fui me levantando, até escutar uma voz conhecida me chamar.

Senhora Montgomery, ela sempre cumprimentava minha mãe enquanto caminhávamos pelo bairro em dias ensolarados. Era nossa vizinha. Constatei de imediato que apesar de correr até o ar ser escasso eu ainda estava no meu bairro. E o pior, fui vista por alguém, só me restava fazer algo que nunca fiz em dezessete anos, mentir

Logo senti a senhora próxima de mim.

-Louisa? Você está bem? Por que sua mãe não está com você? –ela perguntava.

-Estou bem. Vou para a casa do meu pai. Preciso chegar até o ponto de táxi.

-Hum... sei. E por que sua mãe não te leva como sempre?

Ela está desconfiada. Preciso convencê-la. Mentir é tão difícil.

-Minha mãe está ocupada ajudando o meu tio, como a senhora deve saber, ele voltou da guerra, mas perdeu suas memórias. Como o ponto de táxi não é muito longe, ela permitiu que eu viesse sozinha.

Disse por fim.

 Quando notei que ainda estava no meu bairro, sabia que poderia atingir meu principal objetivo, tive mais sorte do que pensava. Sei que o ponto de táxi não fica muito distante da casa da senhora Montgomery. Conheço muitas coisas que minha mãe não tem ideia...muitas vezes escutei minha mãe cumprimentar a mais velha e poucos passos depois já aguardávamos o táxi.

Certa vez, contei quantos passos distanciava a minha casa do mercado, o proprietário dele é pai de uma das minhas poucas amigas. Eu saberia chegar lá, mas sei que é uma péssima escolha. Será um dos primeiros lugares que irão me procurar. Para falar a verdade, só há um lugar que eu desejo estar.

-Tudo bem. Vou acompanhar você até o ponto de táxi, fica apenas duas quadras daqui.

Caminhamos lado a lado, em silêncio. Tentei parecer o mais natural possível, para que ela não desconfiasse. Chegamos ao ponto de táxi, e ela permaneceu ao meu lado. Somente quando o veículo chegou, ela se despediu de mim e proferiu “mande lembranças ao seu pai. “

Consenti e disse ao motorista onde gostaria que ele me levasse.

  Horas depois, permaneço aqui na portaria do edifício. Estou encolhida por conta do frio e a fome já se faz presente. Eu sei que retornarei para casa, mas pretendo mostrar com essa fuga que minha mãe está errada e que eu posso ser independente. Sempre haverá limitações, mas as mesmas não me impedirão de ver o mundo ao meu modo.

Espero que minha mãe possa compreender minhas escolhas. Me deixando ter uma vida mais normal possível. Eu realmente espero por isso. Pois já estou sentindo falta do aconchego de seu abraço, de sua voz. Já sinto falta do meu lar.

 

 

 

                                                                                     Regina

 

 

-E Roland me contou que Robin sente saudade de mim. –Proferi enquanto contava para Emma o que havia ocorrido na noite anterior.

-Espera, você está me dizendo que Robin elogiou você duas vezes, ainda disse que era perfeita, e que ele flertou contigo?!

-Eu acho que... –meus dedos contornaram minha caneca de café –ele tentou me beijar.

-Você acha? –ela franziu o cenho –Regina é óbvio que ele está interessado em você!

-Não acredito que seja isso...

-Ele perguntou se você e Graham estavam juntos em uma conversa com o Killian.

-O quê?! –perguntei incrédula.

-Sim, logo após aquele jantar na sua casa...

-Na tarde em que nos encontramos no mercado –murmurei, divagando por entre minhas lembranças –Por que não me contou antes?

-Não nos vimos ontem, e isso não é algo que deva ser dito pelo telefone. Eu acho que ele está apaixonado por você de novo.

-Meu coração ainda bate mais forte toda vez que o encaro. –um breve sorriso floresceu de meu lábio enquanto fazia essa confidência. –Mas será que é possível se apaixonar pela mesma pessoa duas vezes?

Perguntei, sorvendo um gole de meu café.

-Regina, você mesma respondeu sua pergunta com as palavras anteriores –Emma sorriu –A pergunta que eu faço é: se você permanece apaixonada por ele, por que Robin não pode se apaixonar por você?

-É diferente, Emma, da primeira vez, Robin disse que estava apaixonado por mim na primeira semana. Já se passam dois meses.

Respondi frustrada, fitando a caneca.

-Por que você acha tão difícil a hipótese dele estar gostando de você?

-Porque ele não me disse nada.

-Existem pessoas que preferem agir do que dizer. E, pelo visto, nesse quesito, Robin não mudou. Você sempre me disse que ele nunca foi muito bom com palavras.

-Eu adoraria saber que Robin está interessado em mim, seria maravilhoso saber que eu despertei algo nele, qualquer coisa. Mas, eu acho que não é esse o caso. –ficamos em silêncio até que eu o rompi –Graham me disse algo e ele tem razão. Sou eu quem sai machucada.

-Regina, você já parou e pensou por que Robin levou o filho na sua casa? Porque ele procurou por você e não pela... Marian, que é a mãe do garoto?

-Por que sou médica? –respondi como se fosse uma pergunta.

-Você é médica cirurgiã, não pediatra. Além de Marian, ele poderia ter procurado Zelena, e tem a Mary. Robin tem uma família que poderia ajudá-lo, mas ele procurou por você. E não é pela sua profissão, é por quem você é! Você conquistou o mesmo homem duas vezes –ela piscou. Eu permanecia duvidosa –Eu aposto duzentos dólares que em menos de um mês vocês estarão juntos novamente.

-Eu não vou apostar minha vida amorosa com você.

Disse sorrindo, antes de tornar a beber meu café. 

-Está com medo de perder duzentos dólares, doutora Mills?

-Você que vai perder, Swan.

-Então aposte.

Relutante apertei a mão da mesma.

-Eu nunca perco uma aposta.

-Acho que você conhecerá a derrota.

Proclamei. No entanto, eu quero que ela obtenha êxito. Nunca torci tanto para estar errada.

 

 

 

                                                                                       X X X

 

 

 

  O dia no hospital havia sido exaustivo. Não via a hora de tomar uma ducha e dormir. Desço do táxi, correndo para fugir da chuva gelada. Adentro o edifício procurando pelo molho de chaves, estava distraída percorrendo o olhar pela minha bolsa, ouço o porteiro me chamar.

-Sim, Conrad.

-Dona Regina, ela está esperando por você.

O mais velho gesticula com as mãos, logo vejo minha sobrinha sentada, encolhida em uma das cadeiras da recepção.

-Ela está lhe esperando há algumas horas.

Corro depressa até onde ela estava, me ajoelho.

-Louisa? O que você está fazendo aqui?!

Perguntei preocupada. Sua roupa estava úmida, seus cabelos desgrenhados. Minhas mãos percorreram sua face, meus olhos fitavam seu corpo.

Logo a mesma me abraçou fortemente.

-Madrinha. –ela disse com a voz embargada.

-Querida, o que houve? Por que está sozinha?

-Eu fugi de casa.

-O quê?! –perguntei aflita. Ela começou a chorar –Louisa, sua família com certeza está desesperada te procurando.  Sua mãe... venha, vamos subir para que você troque de roupa.

  No meu apartamento, procurava rapidamente por vestes que ela pudesse usar. Nesse período de tempo, ela me contou o que havia ocorrido. Enquanto a mesma se vestia, liguei para Zelena, pude perceber pela sua voz a dor e o desespero que ela carregava. Expliquei a situação e disse que em poucos minutos Louisa estaria de volta em sua casa.

Antes de sair, avistei o casaco de Robin sob o meu sofá. Resolvi pegá-lo, certamente ele estaria na casa de Zelena.

  Ao descer do táxi pude sentir o vento cortante, levei minha mão ao ombro de Lou, na tentativa de aquecê-la, sabia que a mesma permanecia com frio, apesar da troca de roupa. Sequer precisei tocar a campainha, Zelena abriu a porta rapidamente, jogando-se nos braços da filha, acompanhada por Archie.

-Minha filha, nunca mais faça isso, você quase nos matou do coração.

Proferia Archie, sua voz estava embargada, os olhos marejados, mas, ele aparentava possuir um equilíbrio, diferente de Zelena a qual o pranto não cessava. Seus soluços eram estridentes, os olhos avermelhados comprovavam que o choro não fora contido durante um longo período de tempo.

O abraço de ambos me emocionava, apesar da separação de Archie e Zelena, havia tanto amor ali. É possível sentir a união que emanava entre os três.

 Adentrei a casa e vislumbrei as figuras de David e Mary, os dois também exalavam apreensão em seus rostos. Enquanto abraçava o casal, enfim escutei a voz de Zelena.

-Me desculpe, me desculpe... eu não devia ter gritado com você.

-Eu que peço desculpas, mãe, me desculpe... não devia ter fugido.

Por um instante, pensei que fosse chorar tamanha era a emoção que aquele ambiente acometia. Mary e David se abraçaram, estavam aliviados.

-Obrigado, Regina – meu ex-cunhado agradeceu.

-Não precisa agradecer...Se eu soubesse, teria ajudado a procurar, poderia ter feito mais...

-Você já fez. Trouxe Lou de volta. –Zelena proclamou aproximando-se de nós três.

A mesma me abraçou.

-Eu não sei o que dizer, Regina. Serei eternamente grata.

-Eu não fiz mais que a minha obrigação, Zelena. Era meu dever trazê-la de volta.

-Não agradeço somente por isso, e sim por representar um papel importante na vida de Lou. –fungou –Foi você que ela procurou em um momento de desespero. Eu fico feliz por cuidar tão bem da minha filha.

As palavras da mulher a minha frente me comoviam.

-Eu que agradeço por depositarem tanta confiança em mim.

Apertei sua mão, sorrimos em meio as lágrimas.

-Agora eu preciso ajudar Louisa a tomar um banho quente. Se você puder esperar, eu gostaria de conversar contigo.

-Claro.

Logo, ela foi até a filha que era abraçada por Mary e David.

  Sentada diante do balcão da cozinha, eu tomava café, acompanhada do casal. Ambos já pareciam mais tranquilos, com expressões suaves. Se entreolhavam constantemente, um pequeno sorriso florescia de seus lábios.

-Vocês querem me contar algo? –inquiri franzindo o cenho, curiosa.

O sorriso no rosto de Mary se alargou, a própria levou a mão direita sobre a barriga e a esquerda entrelaçou a mão de David depositada sob o balcão.

-Estou grávida!

-Ai, meu Deus! –exasperei, me levantando e abraçando a mulher ao meu lado. Um sorriso floresceu de meu lábio. -Parabéns! –exclamei. Rompi o gesto levando minha mão a barriga dela.

-Quantas semanas?

-Oito.

-Eu fico tão feliz! Vocês queriam tanto...

Eu dizia, fazendo a volta no balcão e abraçando David.

No decorrer do ato escuto a voz de Robin.

-O que está acontecendo?

Ouvi o barulho das chaves sendo jogadas contra o balcão. Ao encará-lo, pude ver sua feição abatida, os cabelos molhados deixavam resquícios dos pingos da chuva escorrerem pelo seu rosto. A roupa úmida moldava seu corpo.

-Você será titio! – a voz de Mary soou entre nós, rompendo nossa troca de olhares. Um sorriso genuíno aflorou no rosto de Robin. Abraçou Mary lhe parabenizando pela gestação.

 Logo após, um pouco hesitante sem saber se devia ou não abraçar o irmão, Robin o fez, com voracidade, felicitando David com pequenos tapas em suas costas. Eu e Mary nos encaramos, felizes por aquele gesto. Afinal, nós duas sabemos o quanto a relação de ambos é complicada.

Peguei o casaco de Robin que estava em um dos bancos, e assim que o abraço fora cessado sugeri:

-Vista. Com essa roupa poderá pegar um resfriado. –ele fitou o casaco em minha mão, tornando a me olhar –Você esqueceu no sofá.

Me expliquei.

-Claro. – o mesmo respondeu com um breve sorriso. Parecia frustrado.

-Regina, será que podemos conversar? – Perguntou Zelena.

-Sim.

 

                                                                                       X X X

 

 

No escritório, Zelena observava a chuva escorrendo pela janela em silêncio. Como se pensasse devidamente nas palavras que iria usar. Aparentava exalar um conflito interno.

-Perder Archie foi uma das piores coisas que já me aconteceu. –ela parecia divagar –Sempre usei a deficiência de Louisa como uma desculpa -enfatizou –para afastá-la do mundo. Mas, na verdade, eu tenho medo de perdê-la também.

Me confidenciou com os olhos lacrimejados. Levantei da cadeira e fui até a mesma, toquei seu ombro.

-Você não vai perdê-la. Louisa só quer viver um pouco do que esse mundo tão grande proporciona. Ela jamais vai deixá-la.

Um pequeno sorriso surgiu na face da mulher ao meu lado.

-Você acha que esse rapaz, o Benjamim, fará bem para Lou?

-Permita que ele venha aqui. Conheça o rapaz, tenho certeza que encontrará uma resposta.

-Você tem razão. Obrigada mais uma vez, Regina.

-Eu acho que você não perdeu o Archie.

-Como?

-Ele ainda gosta de você. Eu vi no olhar dele.

Zelena sorriu, como eu tivesse dizendo uma tolice.

-É incrível! Você já se decepcionou tanto com o amor e ainda é capaz de acreditar nele com tanta intensidade... Como?

-Porque apesar de machucar, o amor continua sendo capaz de trazer vida ao mundo.

 

 

 

 

                                                                                     Robin        

 

 

  Estagnado na varanda, diante do quintal dos fundos da casa de minha irmã, meu olhar fixava o par de balanços que constavam ali. Por um instante, tive um vislumbre do passado. As vastas vezes que empurrei Louisa nele em tardes cálidas de verão, ou na primavera a estação tão colorida quanto os desenhos de meu filho.

O lampejo dessa recordação tão antiga fora embora. Um trovão se fez presente iluminando o céu tomado pela escuridão. Continuava encarando o balanço que era assolado pela chuva fria.

Ouço o barulho da porta sendo aberta, ao me virar vejo a figura de meu irmão caminhando em minha direção.

-Admirando a paisagem. –ele disse com escárnio.

Eu sorri brevemente.

-Apenas...pensando. –disse espremendo minhas mãos no bolso do casaco. Ponderava se devia ou não prosseguir. –Me desculpe por ter decepcionado você.

Proferi o fitando de relance. Escutei ele suspirar, ansiava pela resposta ausente. Outro suspiro.

-Eu me decepcionei muito... mas, deixei que a vida se encarregasse de fazer o necessário.

-Pelo visto, ela fez mais que o necessário –disse desapontado –me tornei um monstro, "morri", perdi minhas memórias, voltei... –me virei, podia ver Regina na cozinha sorridente, conversando com Mary e Zelena –E estraguei tudo. É solitário jantar todas as noites sozinho.

Confidenciei, ainda a encarando pelo vidro embaçado da janela. O silêncio novamente fora instaurado, no entanto, eu não fui capaz de perceber, estava ocupado admirando minha ex-noiva.

-Você está apaixonado pela Regina...

Proclamou, só então eu percebi que ele me fitava curioso.

-Como você sabe?

-Simples, você "esqueceu" –enfatizou –o casaco.

Me respondeu, apontando para o que eu vestia. Nós dois sorrimos e vociferamos em uníssono:

-Sempre esqueça o casaco.

Um dos sábios conselhos do nosso pai, para que venha a surgir a possibilidade de um reencontro.

-Eu usei essa técnica com a Mary, para reparar o fiasco do primeiro encontro. Ainda bem que deu certo, estamos juntos até hoje.

Comentou sorridente.

-Infelizmente eu não obtive o mesmo êxito que você.

-Por que não? A noite não acabou ainda. –ele parecia pensativo. Fitou as mulheres alegres, por fim, continuou –Está vendo aquele sorriso? –meu irmão apontava para Regina –Estava há muito tempo esquecido. E você –tornou a me encarar –é o responsável por ele.

-Como faço para ela saber o que eu sinto?

-Se declare. Não perca tempo, a não ser que você queira jantar acompanhado pela solidão pelos próximos trinta anos.

-Você está certo. Eu preciso apenas encontrar as palavras certas, escolher um local adequado, uma música agradável...

-Vai depressa! Regina está pegando as coisas dela. Está indo embora!

-O que eu faço?! –perguntei atônito.

-Leve ela para casa. Uma carona, isso já aconteceu antes!

Meu irmão abre a porta dos fundos bruscamente, logo adentramos a cozinha, éramos encarados por três par de olhos curiosos. Regina já carregava consigo seus pertences.

-O que aconteceu?! –Zelena perguntou espantada.

Eu permanecia quieto absorvendo as informações que David me aconselhará.

-Nada. Apenas Robin como o cavaleiro que é, quer levar Regina para casa.

Meu irmão respondeu diante do meu silêncio.

-Não precisa. Não quero incomodar. –ela interveio.

-Você nunca me incomoda.

-Robin, você precisa descansar, passou o dia procurando pela Lou. Precisa de um banho quente, uma alimentação adequada...

-Regina, o que eu mais preciso nesse momento é falar com você. Por favor, é importante.

Disse um pouco rude. Encarei meu irmão que gesticulou positivamente com a cabeça. Tive certeza que havia feito a coisa certa.

-Tudo bem. –ela respondeu, parecia surpresa.

 

 

 

                                                                                        X X X

 

 

                                                             (Endless Love -Diana Ross & Lionel Richie)

 

 

  Em frente ao condomínio de Regina, estacionei o carro. O percurso fora realizado em um silêncio constrangedor. Eu procurava encontrar uma escolha sábia de palavras para dizer o que sentia, porém, não consigo encontrá-las.

Os meus dedos tamborilam sob o volante. Meu nervosismo começa a predominar, o que não é preciso nesse momento.

-O que está te perturbando? –Regina inquiriu gesticulando com o dedo indicador em direção aos meus dedos que coreografavam uma dança na direção do veículo.

Um breve sorriso surgiu em minha face, feliz por Regina reconhecer minha inquietação. O que ele desconhece ao meu respeito, não é mesmo

-Estou com ciúmes. –confessei taciturno.

-Olha, Robin, eu não sou a pessoa ideal para te aconselhar, sobre o ciúme que sente pela sua ex-esposa. –disse decepcionada.

-Não –gesticulei com a cabeça –Não é dela que estou falando... –depositei minha mão sob a de Regina. –Eu deveria ter sentido ciúmes de Marian quando a vi beijando outro, mas não senti. No mesmo dia encontrei você e o doutor Graham no mercado, e senti algo tão diferente. Fui tomado pelo ciúme. Não consegui dormir naquela noite, tentando compreender o que de fato eu sentia. –Sorri –Foi então que eu percebi que estava fazendo tudo errado –suspirei –tentava me lembrar ao invés de compreender Regina. –a fitei por poucos segundos –A partir de então, comecei a compreender os quesitos que fizeram eu me apaixonar por você. Fiz uma lista mental, porque não caberia em um papel sulfite. -Esbocei um sorriso mais uma vez, minha ansiedade devia ser evidente. –E, bem... eu compreendi.

Regina me encarava surpresa e confusa, tanto quanto eu estava semanas atrás. Todavia, é desperta pelas minhas palavras, continuei a proferir meus sentimentos.

-O que você fez por mim naquela noite –disse em um murmúrio –abdicando de sua própria felicidade para que eu vivesse a minha. –Meus olhos lacrimejaram –Ninguém fez algo tão singelo por mim antes. Puritano, o que me fez questionar como um homem, como eu era, mereceu ser digno do seu amor...?

A fitei, a mesma parecia emocionada. Seu olhar encarava o meu com comoção.

-Robin...

-Shiu... –levei meu dedo indicador ao lábio da mulher –Regina –murmurei, meu dedo já percorria o queixo dela. Sentia o misto de emoção e desejo. –Me diga, que seu amor ainda sou eu?

-Sempre será você. –foi o que ela conseguiu dizer, com a voz embargada.

Eu sorri genuinamente.

-Posso beijar você? Me permita te dar uma última lembrança todos os dias? –inquiri com a voz rouca.

-Eu anseio por isso.

A resposta de Regina fora ouvida com satisfação. Nossos olhares resplandeciam ansiedade e comoção mútua.  Os rostos já estavam próximos um do outro, era possível sentir nossas respirações ofegantes.

Roçamos nossos lábios, o beijo a princípio era contido, porém, logo ambos sentimos a necessidade de explorar cada canto por menor que fosse da boca do companheiro. O beijo selado que antes era tímido, tornou-se cálido e duradouro.

Aquele murmúrio de vozes silenciosas em minha mente, proferia que uma ligação como aquela, deveria perdurar pelo restante de nossas vidas.

Relutantes, finalizamos o ato, somente quando o ar, tornou-se escasso. Com a respiração descompassada, coração acelerado e aquela felicidade exorbitante, eu continuei...

-Eu estou apaixonado por você, Regina –tornei a acariciar o rosto dela com a minha mão –pela segunda vez.

 

 

 


Notas Finais


Safe & sound: https://www.youtube.com/watch?v=RzhAS_GnJIc

Endlles love: https://www.youtube.com/watch?v=MP7m5VqQ6f8

E aí o que acharam? Nosso OTP supremo se reconciliou, agora teremos bons momentos... ♥ Acho que a Regina está devendo duzentos dólares.
Sim, podem rir da minha cara, mas eu shippo Zelena e Archie, desde o episódio em que ele cuidou da Robin. ♥ hehehe Então sim, como sou a única louca, resolvi colocar eles como um casal na minha fic. ♥ kkkkk Se alguém concordar com a ideia e quiser me ajudar com um nome para definir esse shippe, serei grata. ♥ Acho que por hoje é isso.
Ah, prometo responder todos os comentários atrasados até amanhã, é que como a fic tava atrasada também, deixei ela como prioridade... Beijosss, até breve! ♥


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