1. Spirit Fanfics >
  2. Quatro Estações >
  3. Segredos de uma noite de inverno

História Quatro Estações - Segredos de uma noite de inverno


Escrita por: TaisWriterOQ

Notas do Autor


Boa tarde gente <3 como estão vocês? Senti saudades... eu havia dito que a fic levaria duas semanas para ser atualizada novamente, mas eu voltei antes do que imaginava... Portanto, essa atualização meio que inesperada.
Bem, só tenho a pedir que escutem as músicas nos momentos especificados, para que tenha mais emoção, tanto na hora das apresentações, quanto nos momentos felizes e de romance... Por falar nisso, teremos todos os casais reunidos nesse capítulo, adorei escrever essa interação entre ambos.
Um detalhe, a maior parte do capítulo é escrita em terceira pessoa, por conta de que é mais fácil para mim escrever assim quando se trata de cenas em que muitos personagens estão juntos.
Enfim, espero que gostem do capítulo, eu escrevi ele com muito amor para vocês. Na verdade, ele foi uma espécie de refúgio. <3
Boa leitura, e por favor escutem as músicas, o link da playlist está nas notas finais.

Capítulo 17 - Segredos de uma noite de inverno


Fanfic / Fanfiction Quatro Estações - Segredos de uma noite de inverno

                                                                      Durante a nossa vida:
                                                                Conhecemos pessoas que vêm e que ficam,
                                                                             Outras que vêm e passam.
                                                                               Existem aquelas que,
                                                             Vêm, ficam e depois de algum tempo se vão.
                                  Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar...

 

 

                                                                                                            Charles Chaplin

 

 

 

                                                                                   Regina

 

As pinturas retratavam a figura de anjos propriamente desenhados no teto do teatro. O murmúrio de vozes era constante na medida que as pessoas ocupavam a vasta quantidade de cadeiras que preenchiam o ambiente sofisticado. Caminhamos de mãos dadas entre as pessoas, Robin se poupava nas palavras, acredito que ainda esteja irritado pelo ocorrido nessa manhã, no entanto, nada fora dito.

 Adentramos a quarta de dez fileiras, e após cumprimentar David e Mary, sentamos nos acentos moldados por madeira, cujo acolchoado aveludado vermelho possuía tamanha maciez.

-Onde estão Zelena e Archie? –fora uma das poucas palavras que ouvi Robin proferir.

-Nos bastidores. –Mary respondeu.

  Havia uma vasta quantidade de lustres, que pendiam no teto, iluminando o teatro elegante. Uma grande cortina nos impedia de vislumbrar o palco a nossa frente.

Alguns minutos se passaram após nossa chegada, em pouco tempo muitos dos lugares eram ocupados. Por vezes eu observava Robin, que apesar de estar ao meu lado, parecia distante em seus próprios devaneios.

 Eu me culpo por lhe ocultar a verdade, mas tenho medo, o que ele pensará de mim quando descobrir?

 Sou dispersa pela chegada de Archie e Zelena, que está lindíssima, usando um vestido verde musgo de mangas longas, cujo comprimento permeava até o calcanhar. Um decote frontal que valoriza seus seios. Os cabelos encaracolados estão presos em um coque desfiado. O par de brincos de pedras brilhantes pretas enfeitava suas orelhas, seu lábio, para a minha surpresa, era preenchido por um batom vermelho.

-Quem você quer surpreender nesta noite? –sussurrei em seu ouvido, embora soubesse a resposta.

-Por que? Eu não posso querer me arrumar para assistir a apresentação da minha filha?

-Será que é só por isso mesmo? –inquiri irônica, encarando Archie rapidamente e fazendo-a sorrir.

  As luzes se apagaram, a cortina fora aberta revelando a orquestra que ocupava o palco iluminando-os.

O espetáculo iria começar.

 A bela melodia de Beethoven começará a repercutir pelo teatro, alastrando o som do misto de instrumentos. Um conjunto cativante cujo efeito sonoro era encantador.

O palco era ocupado pela diversidade de instrumentos. Assim como os músicos que vieram de toda parte do mundo, uma grande variação de continentes. Tudo devido ao seu amor por estas melodias graciosas, ambos seguindo seus sonhos, a paixão refletia nos olhos de cada responsável por belas sinfonias. Entre eles, Louisa.

Após algumas melodias, fora a vez de escutarmos Mozart no concerto. O que levou o público a emoção com o som que preenchia o auditório. Ao final, quando a orquestra retirava-se do palco, uma grande quantidade de aplausos inundou o teatro.

 Um jovem adentrou o palco, encaminhando-se em direção ao piano, sentando diante deste.

-Vamos ver se ele é tão bom quanto Louisa disse.

Ouvi Zelena sussurrar no ouvido de Archie. Ela pareceu não perceber, mas a proximidade de seu lábio a orelha do homem o fez corar e estagnar. Logo a afrontando de relance, a mesma não notou os olhares de seu ex-marido, porém eles não passaram despercebidos por mim.

 

 

                                        

 

 

                                                         (Claude De Bussy – Claire de Lune)

 

 

Os dedos de Benjamim deslizavam suavemente, as teclas do piano eram acariciadas com tamanha emoção, diante da canção melódica. Há amor pelo ato apresentado. Tocava o instrumento com sentimento, apesar da expressão serena o pianista parecia ser tomado por sentimentos a cada nota da canção.

A melodia ganhava notas mais altas, tornando-as mais agudas. Como se os dedos do jovem fossem canalizados por um misto de sensações.

O som prendia a atenção das pessoas presentes. Algumas como Zelena por exemplo, já tinham os olhos marejados. O talento do jovem é de grande admiração por todos.

Logo o movimento das mãos do pianista, tornaram a ser rápidos e constantes em um ritmo acelerado. Retornando a soar baixo novamente. Fora repetido os primeiros toques suaves e dramatizados que comoviam o público. Por fim, a música soou em ritmo mediano até terminar.

Mais uma grande quantidade de aplausos calorosos repercutiu pelo local. O que fez o jovem curvar-se diante do público.

 Após o mesmo retirou-se deixando um palco vazio para trás, no seu retorno era acompanhado por Louisa. Guiando a mesma até o centro do palco, onde uma cadeira havia sido colocada. Sentada colocou o violoncelo em posição vertical entre as pernas. Ben retomou seu lugar perante o piano.    

 

 

                                       

 

                                                (Christina Perry – A Thousand years instrumental)

 

 

As mãos de Benjamim tocavam em um movimento lento os primeiros efeitos sonoros emitidos pelo piano. Logo afundando os dedos nas famosas teclas em preto e branco. Ambas mãos assumiam um ritmo demorado e delicado. Em seguida o piano e o violoncelo uniram-se em uma bela e sonora melodia.

Louisa deslizava os dedos de maneira lenta pelas cordas do instrumento. Por um momento deixou que apenas o arco emitisse o som das cordas. Instantes depois somente o piano fora ouvido. Logo as cordas do violoncelo retomaram a repercutir.

Os instrumentos selavam uma união estável. Assim como Louisa e Benjamim que ao mesmo tempo em que pareciam brincar com os instrumentos, tinham o poder de emocionar a todos que assistiam ao espetáculo.

Lágrimas de comoção escorriam pelos meus olhos, assim como os de Zelena e Mary. Ambas sabíamos o que tal apresentação significava para a carreira de Louisa. E o quanto a mesma estava animada e um tanto quanto nervosa nas últimas semanas para este concerto.

Senti a mão máscula de Robin encontrar-se com a minha. Sorrimos um para o outro, pude perceber que ele também estava emocionado, apesar de não chorar, seu olhar é lacrimejado por lágrimas.  Acariciei seu rosto, e tornei a prestar atenção no espetáculo.

 O refrão da melodia ressoava com excelência e maestria de ambos os lados. Até a canção soar em um ritmo mais acelerado carregado de mais emoção. O grande público comovia-se diante da bela dupla que proporcionava um verdadeiro show no palco, tamanha capacidade.

A música tornou a ficar calma novamente como no início. Até que por fim ela terminou.

 Uma tempestuosa quantidade de aplausos alastrou-se pelo teatro enquanto as luzes eram acesas. Pela primeira vez na noite todos levantaram-se enquanto murmuravam entre si o quanto fora belíssima a apresentação.

Benjamim já ao lado de Louisa sussurrou algo em seu ouvido que a fez derramar lágrimas em meio ao sorriso tímido que florescia de seu lábio.

Suponho que ele dirá a ela que havia uma plateia eufórica a aplaudindo em pé emocionada e que não houvesse nada nesse mundo que ela não fosse capaz de realizar, independente de sua deficiência. Afinal, quando a vida nos submete a grandes obstáculos, ela retorna com grandes vitórias.

 

 

 

                                                                                    X X X

 

 

 

  Nos bastidores, todos nós felicitávamos Louisa pelo estrondoso espetáculo. A jovem era aconchegada no calor dos nossos braços. Todos com sorrisos largos no rosto com exceção de Robin que parecia mais distante outra vez.

-Então você é o famoso Benjamim? –Questionei me aproximando.

-Sou eu sim. Senhora...

-Regina, por favor, me chame de Regina apenas.

-Ah, então você é a famosa Regina. Louisa fala muito bem da senho... de você.

-Ainda bem –sorri –É um prazer conhecer o rapaz que é o responsável por um sorriso radiante no rosto da minha afilhada.

 Antes que o jovem pudesse me responder ouço a voz de Archie soar entre todos nós.

-Precisamos sair para comemorar esse belo dueto! Tudo é por minha conta. Alguém tem alguma sugestão?

Proferia animado.

-Que tal se comermos cachorroiquente iluminados pelas estrelas?

Insinuou Zelena. Archie a encarou surpreso e pareceu feliz com a ideia.

-Eu conheço quem prepara os melhores cachorros quentes em Washington. Nesse momento ele deve estar lá fora do outro lado da rua.

Disse sorridente. Me posicionei ao lado de Robin que parecia distraído e toquei seu ombro levemente com meu, chocando nossos corpos.

-Deixe essa sua expressão de turrão de lado e vamos nos divertir?

Inquiri arqueando a sobrancelha. O mesmo segurou a minha mão e esboçou um breve sorriso, por hora, o desentendimento da manhã fora esquecido.

 

 

 

 

                                                                                Narrador

 

 

 

    Os quatro casais desciam a imensa escadaria que havia na frente do teatro. Animados. Escutavam o murmúrio de elogios das pessoas que se retiravam do local.

A noite era fria, o céu dominado por estrelas que iluminavam na calada da noite. A frente, Mary e David se encaminhavam ao carrinho que vendia o alimento, a mulher estava com fome, uma acompanhante constante de sua gestação.

Archie caminhava ao lado da filha, abraçado na mesma. Feliz, parabenizava a jovem pelo belo espetáculo. Eram seguidos por Zelena e Benjamim, que estavam poucos passos atrás.

-Você está bem? –a mulher indagou, percebendo que as feições do rapaz aparentavam certa tristeza.

-Sim. É só que... meus pais não puderam vir hoje de novo para me assistir, eu já deveria estar acostumado, mas eu sempre acredito que vou vê-los na plateia me felicitando após o espetáculo... isso nunca acontece – sorriu brevemente. Amargura, fora o que Zelena vislumbrará por detrás daquele sorriso. –Eu vejo a família de vocês –fitou a namorada e o sogro e tornou a encara-la –unida...Gostaria que a minha fosse assim também.

-Benjamim – a mulher lhe tocou no ombro –sua família é assim.

-Eu acho que a senhora não me ouviu...

-Ouvi sim. Você que não entendeu o que eu quis dizer. Nossa família também é sua família, portanto, sim, a partir de hoje, você tem uma união em família.

Zelena bradou, fazendo com que o jovem lhe abraçasse fortemente. O que a pegou desprevenida, apta retribui o gesto de carinho afagando as costas do rapaz.

Só percebeu que o seu ex-marido observava a cena no instante em que escutou a filha perguntar “ O que está acontecendo? ” O olhar do homem era reluzente, como nos velhos tempos. Assim como no passado em que juraram amor eterno, o que agora a mulher considerava uma fantasia. Porém, aquela troca de olhares fora responsável por batidas aceleradas de seu coração.

-Eles estão abraçados.

O homem respondeu por fim, ainda fitando a ex-mulher. Por um momento, teve certeza de que o divórcio fora um equívoco. No entanto, o pensamento fora passageiro.

-Acho que Benjamim precisa de você, querida.

Aconselhou o pai, guiando a jovem até o namorado que findou o abraço com Zelena.

-Obrigado.

Ele agradeceu fitando a mulher. A mesma consentiu. Os jovens enlaçaram as mãos e retomaram a caminhar um ao lado do outro. Afastados começaram a conversar entre eles.

Archie e Zelena acabaram por ficar um na companhia do outro. Em silêncio. Seus passos eram lentos, ambos optaram pela lentidão para que assim pudessem ficar mais tempo juntos mesmo que fossem orgulhosos demais para admitir.

-Aqueles homens estão olhando para você.

Proclamou Archie, referindo-se a dois homens que a encaravam antes de subirem no táxi.

-Ótimo. Isso quer dizer que eles acham que eu estou bonita.

-Você está.

-Por que você não me disse isso antes? –perguntou surpresa. Aguardará pelo elogio do homem durante horas.

-Eu achei que você não se sentiria bem sendo elogiada pelo ex-marido.

Ex-marido. ” Como ele gostava de enfatizar todas as vezes em que se encontravam. Fazendo-a pensar que não houvesse nenhum resquício de sentimentos dele para com ela.

-Não vejo problema nisso. Pode ser um elogio entre amigos.

Sugeriu odiando a si mesma por tais palavras.

-Claro. Amigos -disse o homem -Amigos?

Repetiu lhe estendendo a mão.

-Amigos.

Ela declarou selando suas mãos. O homem pode sentir a maciez da mão dela seu toque delicado, e a ausência de sua aliança.

Alguns anos já haviam passado e mesmo assim ambos ainda eram afetados pelo divórcio. Fora difícil o término do casamento assolados por brigas, sequer conseguiam encarar um ao outro. Talvez fosse porque soubessem que não importava quantas barbáries foram ditas o amor ainda permanecia intacto. E mesmo afastados ele não morrerá. As últimas semanas nas quais a presença de Archie fora constante servirá para constatar isso.

Neste instante retomavam a amizade que ficará para trás. Embora ela não fosse suficiente, ambos queriam mais. Amor. O amor que jamais deveria ter ficado para trás.

-Preciso falar com David.

A mulher proclamou encarando o carrinho de cachorro quente no outro lado da rua onde estava o irmão e a esposa, que já estavam acompanhados por Louisa e Benjamim. Na verdade, não queria falar com ele, era apenas uma desculpa para afastar-se do olhar encantador do ex-marido.

-Claro.

Relutantes desvencilharam as mãos. Fitaram um ao outro esperando que um contestasse aquela amizade, e pedisse uma segunda chance para o amor. Porém, nada fora pedido.

A mulher consentiu. Esboçou um pequeno sorriso e atravessou a rua deserta abraçando a si mesma devido ao frio. O forte vento fazia com que a calda de seu vestido balançasse, o solo do sapato da mesma batia contra o asfalto.  

Com as mãos no bolso da calça social, Archie admirava a mulher que havia deixado para trás. Lamentando pelo dia que partirá. Estagnou observando-a sorrir assim que trocará algumas palavras com a filha.

  Mais distantes encontravam-se Regina e Robin, ambos passavam pela fonte que havia na frente do teatro. Escutavam o barulho da água que caia pela boca do corpo nu esculpido no centro da fonte. O som da água encontrando a si mesma fora o único audível em meio ao silêncio em que o casal permanecia.

-Você está chateada comigo?

Perguntou o homem interrompendo seus passos. Ficaram de frente um para o outro. As mãos ainda entrelaçadas.

-Não. Eu pensei que você estivesse aborrecido comigo.

-Por que?

-Bem... Porque eu não lhe contei o que estava me perturbando pela manhã.

-Confesso que eu fiquei triste pelo fato de você não confiar em mim para desabafar. Mas, não é disso que estou falando, e sim da minha briga com Graham.

-Ah, isso... Bom, admito que não gosto de saber que você agrediu o doutor Humbert no hospital, meu local de trabalho –o homem encarou a fonte –Mas, uma das enfermeiras me falou que o viu provocando você. O que ele te disse?

-Ele disse que... –Robin continuava a fitar a fonte –O dia em você se decepcionar comigo será com ele que irá se consolar - um olhar marejado e atordoado a encarou –Eu não suporto a ideia de te perder.

Confidenciou em um sussurro.

-Você não vai me perder –Regina acariciou o rosto do homem com as duas mãos.

-E se eu decepcionar você?

-Se isso acontecer, faça com que os nossos momentos felizes valham a pena para que em um momento difícil eu escolha ficar.

 Uniram os lábios em um beijo demorado carregado de sentimentos. Regina levantou a panturrilha dobrando o joelho deixando a perna no ar, na medida que o beijo era estendido, como virá nos mais famosos filmes de romance. O beijo selado deixava por instantes todos os medos e angústias de lado. Aprofundaram o beijo o máximo que conseguiram desprovidos de fôlego finalizaram o ato. Abraçaram-se.

Robin a agarrava com destreza como se não quisesse soltá-la jamais.

-Regina eu... eu...

-Vocês não vão vir?!

Exasperou Zelena do outro lado da rua.

-Só um instante!

Respondeu o tenente no mesmo tom.

-Precisamos ir...

Regina proclamou suavemente desvencilhando o abraço.

-Espere. Vamos fazer algo antes.

O homem disse enquanto pegava do bolso de sua calça duas moedas.

-Cada um faz um pedido na fonte, como nos filmes!

Sugeriu animado, estendendo a mão a mulher para que a mesma pudesse pegar a moeda.

-Robin... isso não funciona aqui. Não existem fontes do desejo em Washington, essas lendas são de Roma, algum lugar do tipo, outra parte do mundo.

-Então que aqui seja essa parte do mundo por essa noite. Por favor, Regina, peça e acredite. Só estou pedindo para lançar a moeda na água, isso não é uma proposta de casamento.

Declarou, embora a última alternativa também lhe parecesse cabível.

-Tudo bem.

Concordou sorridente, pegando a moeda da mão do homem.

 Ambos caminharam poucos passos. Em frente da fonte fecharam os olhos, Robin procurou pela mão de Regina que logo fora encontrada, sendo assim pensou em seu pedido enquanto a moeda colidia na água: “Eu desejo não perdê-la jamais. ”

Abriu os olhos percebendo que Regina não havia feito seu pedido ainda, parecia refletir. Divagava distante... Admirava as feições do rosto dela enquanto a mesma se concentrava.

Após alguns segundos a moeda fora jogada na água: “Eu peço pela saúde de meu pai. Para que um dia eu possa me perdoar. E que eu fique com o homem ao meu lado para sempre. ”

-Você demorou com o seu pedido...

Comentou Robin ao vê-la abrir os olhos.

-Será que essa fonte milagrosa tem o poder de realizar três pedidos ao invés de um?

-Três!? Até que para quem não estava crente você fez pedidos demais. Se quisesse mais moedas era só pedir...

Brincou. Ambos gargalharam.

-Isso que ainda ficou faltando alguns...

Declarou em meio ao riso.

-Bem... Já que esses você não pediu pode me dizer. Fiquei curioso.

Robin proferiu, abraçando a cintura da mulher que observava o sorriso genuíno que aflorava dos lábios do homem.

-Você não vai rir de mim?

-Não. Pode me contar.

-Sei...–disse desconfiada –Eu gostaria de pedir para ter o meu segundo dia favorito da minha vida toda –sorriu –Um dia repleto de realizações, momentos inesperados. Adoro ser surpreendida. Pediria por um dia de felicidade partilhada entre as pessoas que eu amo, em um lugar aconchegante que eu me sentisse bem –Robin vislumbrava a feição da mulher contagiar-se diante das palavras que proferia. Um misto de amor e euforia. Como se ela imaginasse o dia perfeito em seus devaneios –Aqueles dias que marcam sua vida para sempre. Memoráveis. Impossíveis de esquecer. Também gostaria de enfim ganhar meu unicórnio cor-de-rosa –Robin gargalhou, interrompendo as palavras da namorada –Você me disse que não iria rir.

Fingiu estar brava.

-Desculpe. Mas ouvir isso de uma mulher com 36 anos é hilário!

-Hilário?! E esse vocabulário Locksley? Você não tem mais idade para falar dessa maneira.

-Engraçado ouvir isso da boca da mulher que acabou de dizer que deseja ganhar um unicórnio...

-Eu desejo isso desde os quatro anos. Acho que passei uns seis escrevendo o mesmo pedido para o papai-noel nas cartas de natal.

-É muito bom saber que enquanto as outras crianças pediam bicicletas, minha namorada pedia por unicórnios...

Ambos gargalhamos.

-E você? Não tem nenhum pedido inusitado?

-Não. Um de nós dois precisa ser o centrado da relação.

Respondeu com deboche. Fazendo com que Regina socasse o ombro de Robin. Um sorriso moldava o rosto de ambos. Felicidade resplandecia dos olhos do casal que tornou a caminhar de encontro com os outros que os aguardavam.

Em meio as risadas com as mãos enlaçadas caminhavam sem pressa acompanhados pelas estrelas e pela lua cheia. Não sabiam o porquê, mas os dois sentiam que aquela noite seria especial.

-Você desejou ter o segundo dia mais feliz da sua vida. Qual é o primeiro?

-É com você. O dia que compramos a nossa casa e fizemos aquela comemoração com a sua família, meu pai também estava lá. Eu gostaria tanto de revivê-lo pela segunda vez.

 

 

 

                                                         ( What a wonderful world - Ramones )

 

 

  Todos foram bem servidos por Gepeto que estava contente em rever Regina, a mesma irradiava felicidade suas gargalhas soavam pelo local. Assim como Robin.

Ambos presentes deliciavam-se com o alimento, Mary repetirá pela terceira vez segundo Zelena: “Esse é o melhor cachorro-quente que eu já comi. ”  -A cunhada dissera.

Naquele momento David e Robin compartilhavam com todos na mesa algumas histórias de sua infância...

-Nós tínhamos uma professora gostosa no colégio, acho que ela ensinava espanhol, mas ela era insuportável. Então um dia no recreio nós pegamos o cadáver de uma lagartixa e esperamos ela passar no pátio e jogamos nos peitos dela.

Contou o mais novo. Fazendo todos rirem.

-Eu não acredito que vocês fizeram isso! Vocês são demais...

Dizia Benjamim entusiasmado.

-Espera aí... –Regina interveio –Semana passada você me disse que não teve professoras velhas, gordas e chatas, Robin...

-Eu acho que me esqueci dela –disse em meio ao riso coçando a cabeça –Não menti quando disse que ela era uma chata. E também quando lhe falei que você era a professora mais sexy que eu já tive...

Declarou fazendo Regina corar.

-Hum... olha o romance aí.

Debochou David.

-Professora de que? –inquiriu Zelena com escárnio.

-Eu estou ensinando Robin a cozinhar...

A mesma é interrompida pela quantidade calorosa de risadas após proclamar tais palavras.

-É mais fácil um gato falar do que o Robin aprender a fazer uma comida decente.

Dissera Zelena zoando o irmão. Fazendo com que todos gargalhassem diante das comparações.

Um pouco contido do riso contagiante o homem tratou de se defender.

-Fique sabendo, minha irmã, que os gatos já falam... –todos o fitavam curiosos – Eles miam!

Ambos tornaram a rir, apesar da piada sem graça. Estavam se divertindo. O que se estendeu por horas a fio.

Na mesa sobrou apenas Archie e Zelena, Mary e David haviam acabado de ir embora. O restante caminhava na rua. O homem resolverá pedir mais um cachorro-quente. Saboreava o mesmo sequer notava os olhares da ex-mulher sob ele.

 Até que o mesmo acabou por sujar o canto do lábio com ketchup. O que a fez pegar um guardanapo de papel e limpa-lo. A troca de olhares entre os dois fora inevitável. Ambos causadores do coração acelerado e das borboletas que ansiavam por alçar voo dentre o estomago dos dois. Sentimentos adormecidos que eram despertados com tamanha intensidade. 

Apesar do silêncio os olhos diziam tudo aquilo que a boca calava e que o coração sentia.

O toque delicado da mulher chegara ao fim. Porém, Archie sentia a necessidade de sentir sua pele contra dela por mais tempo. Sendo assim depositou sua mão sobre a da mesma.

-Você se lembra do nosso segundo encontro? Quando te levei para aquele jogo de basquete? Estava tão nervoso que acabei deixando cair todo o cachorro quente por cima da minha camiseta... –ambos riram por conta da recordação –Achei que você nunca mais iria querer sair comigo.

-E você estava errado.

-Assim como em muitas outras coisas...

Declarou suavemente. Fora surpreendido pela forma repentina que a mulher se levantou.

-É melhor eu ir.

-Por que?

-Já está tarde, e amanhã eu preciso... eu preciso...

-Zelena, amanhã é Domingo.

-Só me deixe ir, Archie, ok? Isso não é tão difícil para você...

-O que você está querendo dizer? –perguntou confuso.

-Esquece.

-Pensei que fossemos amigos agora.

-Eu não consigo ser sua amiga.

Bradou com os olhos marejados e retirou-se caminhando o mais rápido que pode. A visão tornou-se embaçada por conta do choro silencioso, reprimido por muito tempo. Houvera uma época em que ela jurara a si mesma que jamais voltaria a chorar pelo ex-marido. Entretanto, todos seus princípios partiam no momento em que ela o vira sorrir, o escutava gargalhar, relembrava o passado, lhe acariciava a pele.

Divagava enquanto pegava o táxi. Com cabeça recostada no vidro do veículo a figura de seu Archie lhe vinha à mente. Era difícil admitir que ainda amava o ex-marido.

 

 

 

                                                                                    X X X

 

 

-Zelena me odeia. Sequer consegue ser minha amiga...

Lamentava o homem entristecido. As mãos deslizavam pelos cabelos.

-Ela ainda ama você.

Declarou Regina sinceramente.

-O quê?! –o homem exasperou com espanto.

-Por que você acha que ela estava tão arrumada...?

-Para impressionar outros homens, afinal ela é uma mulher livre.

-E você gosta disso? –interveio Robin.

-Eu perdi o direito de gostar ou não de algo no momento em que eu assinei o divórcio.

-Isso não responde a minha pergunta.

-Não! Eu não gosto de ver outros homens cobiçando o que eu perdi, o que eu deixei para trás. Porque eu ainda a amo!

Exclamou exaltado.

-Ela precisa saber disso.

Aconselhou Regina pacientemente.

-Como? Se ela mesmo disse que não quer ser minha amiga, eu não a julgo afinal...

-Será que você ainda não entendeu que ela quis dizer que não consegue ser sua amiga, por que ainda ama você. Por que seria torturante passar horas ao teu lado sem poder lhe tocar e revelar seus verdadeiros sentimentos? Zelena não se arrumou para outros homens, ela se arrumou para você! Para te impressionar, para receber elogios, para ver se você ainda sente algo por ela. Zelena nunca deixou de te amar.

Proferiu Regina já sem fôlego um tanto quanto exaltada.

-Eu achei que ela tivesse percebido...

-Aposto que ela achou o mesmo ao seu respeito. Você vai perder ela de novo?

-Vai atrás da minha irmã agora. Se você ainda quiser ter algo com ela, não perca essa chance.

Aquelas palavras bastaram para que o homem, levanta-se rapidamente da cadeira e corresse pela rua vazia em direção ao seu carro. Além de tudo que fora dito seu coração ansiava em tê-la novamente. E, não ele não poderia perder seu grande amor de novo.

 

 

                                                                                      X X X

 

 

                                          

                                                                   (Whitney Houston – Run to you )

 

 

   Archie fora até sua antiga moradia. Escorado no carro sendo atingido pelo sereno da noite observava a casa. Não haviam cortinas que cobrissem as janelas, por conta disso ele vislumbrava com exatidão a figura da ex-mulher sentada no sofá, uma taça de vinho a acompanhava, a luz do pequeno abajur iluminava o recinto.

O homem percebeu que ela parecia divagar. Seus dedos circulavam pelo cristal da taça.

A mulher era tomada por lembranças com seu ex-marido.  Seus suspiros frustrados preenchiam o silêncio instaurado no ambiente.

O toque do celular soou pelo local, era Archie. Após fungar, soltar mais um longo suspiro, pigarrear e secar algumas lágrimas que escorriam dentre sua face, por fim atendeu.

-O que aconteceu com você?

Perguntou o homem docemente admirando-a, apesar da distância pode testemunhar o dilema da ex-mulher em relação a atender ou não seu telefonema. Avistará a confusão exposta em suas feições juntamente com as lágrimas que lhe molhavam o rosto. Culpará a si mesmo pelo estrago que causou na vida de ambos. O que o fez pensar por quantas vezes mais a fez sofrer...

-Como assim?

Fora desperto pela inquisição dela que sequer tinha ideia de que era observada por ele pelo lado de fora. Somente pelo tom de sua voz ele pode constatar que de fato ela chorava.

-Você está diferente... –disse Archie diretamente. O mesmo parecia nostálgico –Aconselha aos outros, exala um sorriso constante, voltou até mesmo a usar o batom vermelho... – a viu sorrir diante das últimas palavras, o que o fez sorrir também, silenciosamente –Parece a universitária que eu me apaixonei um dia.

Declarou. Fora perceptível o modo estático que a mulher permanecerá ao sofá. Um silêncio os abateu. Os suspiros de ambos foram os únicos sons audíveis pelo outro lado da linha. A diferença era que Archie vislumbrava a confusão que Zelena sentira a partir do momento em que as palavras foram proferidas.

-Ela sempre viveu em mim. Você que deixou de perceber.

A magoa era evidente na voz da ex-mulher. As palavras saíram sem que a mesma pudesse contê-las.

Para Archie elas foram dolorosas demais, assim como tudo que ocorreu em sua vida após a estupidez de seu divórcio. No mesmo instante, pequenos flocos de neve começavam a cair.

-Me desculpe. Eu sinto muito.

Dissera o homem transtornado. O que não passou despercebido por Zelena que notara o quanto a voz do ex-marido ficara embargada.

-Ainda sinto sua falta. Eu nunca devia ter ido embora...

Confidenciou rendendo-se ao pranto há muito evitado. Ele pode ouvir os soluços da mulher através do aparelho.

-Se eu tivesse pedido para que ficasse, você teria ficado?

Zelena inquiriu, após o silêncio que se seguiu. Aquela dúvida lhe acometia todas as noites antes de dormir.

-Sim.

Respondeu sincero em meio ao choro.

Dessa vez pode ver através da janela que a mulher colocará a mão no rosto secando as próprias lágrimas. As mesmas que ele desejava conter.

-Eu estou aqui, Zelena zelando por você, posso vê-la pela janela. Estou na frente da nossa casa, congelando no frio –sorriu em meio as lágrimas –Estou esperando por você –Archie vislumbrará a figura de uma mulher aflita e ao mesmo tempo surpresa estagnar diante da janela a mesma que ele a observará, não somente naquela noite, mas sim em todas as vezes em que se sentia só. –Eu nunca devia ter pedido o divórcio. Eu nunca deixei de te amar, e eu nunca odiei você como lhe disse na noite em que parti –bradou com um choro estridente –E, se você ainda me quiser, acenda a luz da varanda e venha aqui fora.

Apesar das palavras serem ditas pelo aparelho ambos mantinham um contato visual mesmo que distantes. Até a figura da mulher se ausentar.

 O homem caminhara lentamente pela calçada parando na metade do percurso. O medo se apossou de Archie, afinal Zelena sumirá de sua vista, nada fora proferido através do celular, e ela não estava ali fora. Suspirou. Ela escolheu seguir em frente, sem ele.

Cabisbaixo fitava o chão enquanto seus olhos ardiam por conta das lágrimas que retornavam. Fora nesse momento que o mesmo foi atingido por uma claridade repentina, a luz fora acesa. Ao encarar a porta vislumbrou a figura da ex-mulher o fitando emocionada.

A mesma atravessou a pequena varanda e desceu os quatro degraus rapidamente, correndo em direção aos braços do ex-marido. Abraçaram-se demoradamente enquanto lágrimas eram derramadas. O homem a rodopiou no ar fazendo-a rir, enquanto a neve caia sob suas peles.

Gerando pequenos montinhos a cada floco que colidia contra o chão. O que certamente seria usado pelas crianças na manhã seguinte enquanto fizessem disputas com bolas de neve.

 A palma da mão do homem deslizou por entre o rosto da mulher o qual ele acariciava com ternura. Um sorriso tímido se formava na sua expressão. Com o polegar retirou um pequeno floco de neve que havia caído na face de Zelena, assim como haviam alguns em seu cabelo ruivo.

Apesar do frio intenso as respirações de ambos eram quentes e ofegantes. Naquela noite retomavam a selar um amor que fora enfraquecido, mas que nunca havia morrido. Uniram os lábios em um beijo lento e apaixonado com gosto de saudade e sensação de eternidade.

 

 

 

                                                                                      X X X

 

 

-O que será que vai acontecer com Archie e Zelena?

Indagava Regina. Embora se preocupasse com a irmã, Robin pensava mais nas intenções da namorada com ele naquela noite. Afinal, por que ela o levava para seu apartamento tarde da noite? Será que ela pretendia dar um passo importante no relacionamento de ambos? Estaria ele preparado para tal?

E se a decepcionasse...

-Robin? Você está me ouvindo?

-Ah, sim. Continue...

Ambos sequer perceberam que eram observados pela figura de um homem parado do outro lado da rua. Em frente ao edifício da mulher.

  Já no corredor do andar de Regina a mesma continuava a tagarelar o quanto seria incrível se Zelena e Archie retomassem a união. Naquele instante a mulher proclamava algo sobre o amor dos dois, até parar subitamente de falar, despertando a curiosidade de Robin.

Regina estagnou ao ver a textura do envelope que tanto conhecia mais uma vez em frente à sua porta.

-Regina? O que houve?! Você está pálida...

-Robin, vai embora...

Dissera atônita. Os olhos lacrimejados.

-Não. Você está nervosa de novo... Regina, o que está acontecendo? Eu posso tentar te ajudar...

-VAI EMBORA!

Esbravejou o olhar reluzia tristeza, o homem percebeu o quanto ela se martirizava.

-Regina, me deixe te ajudar...

Pediu se aproximando tentando tocar-lhe o ombro. A mesma recuou.

-Eu já disse que quero que você saia!

-Mas...

-VAI EMBORA ROBIN! Eu quero ficar sozinha...

Atordoado e magoado, Robin fizera o que foi pedido. Deixando uma Regina completamente transtornada para trás...

 

 

 


Notas Finais


Playlist : https://www.youtube.com/watch?v=CvFH_6DNRCY&list=PLIfquUxC6ldYUKiKlpSkAmH0JwWYSM9UR

É, parece que nem todos os casais terminaram a noite felizes... (desculpem o comentário, tentei deixar parecido com Gossip Girl... hehehe)
E aí o que acharam? Me deixem suas opiniões... o que vem por aí? Será que realmente é o que vocês pensam??? Quem observava os dois?
Algo me diz que essa noite ainda não terminou para o nosso casal protagonista... tem cenas +18 chegando por aí... Ops, spoiler. rsrsrs
Desculpem a demora em responder os comentários, ainda essa semana coloco tudo em ordem, prometo. Me digam o que estão achando, é importante para mim. ;)
Um grande beijo a todas, até breve.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...