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História Quatro Estações - Doces lembranças amargas


Escrita por: TaisWriterOQ

Notas do Autor


Boa leitura, gente! ♥ #AntePenúltimoCapítulo #EmoçõesFinais
Dedico o capítulo a todas vocês que me proporcionam grandes momentos!
PS: escutem a música, combina muito com o que eles estão vivendo...

Capítulo 27 - Doces lembranças amargas


Fanfic / Fanfiction Quatro Estações - Doces lembranças amargas

“Os recomeços acontecem quando deixamos de lado velhas lembranças e nos concentramos em viver novas experiências. ”

 

                                                                                                                                -Matheus Rocha

 

 

 

 

 

                                                                                   Regina

 

 

                                                                                    Inverno

 

 

  As semanas seguintes, após a partida de meu marido, fora um tormento. Como havia proclamado Robin cumpriu seu juramento, não desistira de mim. Enviava cartas que eu não lia, fazia ligações que eu não atendia. 

Preferi acreditar que a aliança fora encontrada por coincidência, entretanto, minha tia preferia insistir que era destino. Eu negava.

Por duas vezes Robin fora atrás de mim na pousada, em ambas eu me recusei a lhe receber. Passava meus dias seguindo a mesma rotina, negando recordar a saudade constante que meu coração sentia.

 Eu tentava prosseguir com minha vida, após a perda do meu pai, precisava fazer o que ele pressentia ao meu respeito.

Minha tia e minha prima me tratavam muito bem, mais do que eu acreditava merecer. Mas eu queria ser necessária na vida das pessoas. Desejava colaborar de alguma forma, sentia que somente ajudando alguém me sentiria viva novamente.

 Fora quando as folhas secas de outono foram substituídas pelo frio oriundo do inverno, navegando por um site na internet, que percebi exatamente o lugar onde eu faria diferença.

-Tem certeza que realmente quer fazer isso?

Indagou Granny, surpresa.

-Eu preciso fazer isso, tia, me reencontrar novamente...

-Você sabe que a distância não pode diminuir seus sentimentos, não é?

Após um suspiro, respondi:

-Robin não é o único motivo dessa escolha, tia. Eu sinto como se precisasse me redimir comigo mesma, entende? Reparar meus erros, estou procurando pelo que devo fazer desde o dia em que decidi dar uma segunda chance a mim mesma.

-Você já percebeu que de forma tão oposta está passando pelo mesmo que Robin?

-Tia...

-Tudo bem. Eu respeito sua decisão, apenas acredito que antes de partir, você tem pendências a resolver. Não pode continuar fugindo dos seus problemas, Regina, você nunca se encontrará novamente se um pedaço seu sempre for deixado para trás. Você está sorrindo pela primeira vez desde que seu pai morreu, e isso me deixa feliz –a mais velha tocou minha mão –É tão bom te ver animada com algo, radiante, mas você sabe que ainda tem uma última jornada a enfrentar.

-Mas... eu só quero provar a mim mesma que posso salvar, além de... –hesitei –matar.

-Eu sei –minha tia sorriu –Admiro muito, acho lindo! Apenas acredito que você não conseguira seguir por completo se o seu passado mal resolvido for deixado de lado.

-Preciso ser útil em algum lugar.

-Você é útil aqui, conosco. Não vá embora para fugir, ou sentir que têm a necessidade de provar algo para alguém, se for, que seja para se redescobrir por completo. Eu vejo muita confusão no seu olhar, e, sinceramente, você não vai encontrar as respostas aqui ou na África e sim na capital, com seu marido. Desde que lhe encontrou, ele despertou sentimentos em você, talvez prefira negar, mas eles são reais –suspirei –Não precisa se envergonhar, só os fortes possuem essa capacidade de amar.

-Mas ele não me ama...

-Será mesmo? Eu não aprovo o que ele fez, mas eu acredito em seu arrependimento, parecia preocupado.

-Preocupação não é amor.

Murmurei com a voz embargada e o olhar lacrimejado.

-Acredito que vocês precisam ter uma conversa franca, antes de qualquer decisão precipitada.

 

 

 

                                                                                    X X X

 

 

  Após a conversa, minha tia me encarregou de apagar todas as luzes, checar as correspondências e os telefonemas. Está última função eu exercia no momento, uma única luz do abajur me iluminando. A noite fria trazia consigo o mar agitado.

-Você tem três novas mensagens... –avisou a secretária eletrônica.

Uma delas era para Ruby, a outra pedia para que uma reserva fosse marcada para a próxima semana, entretanto, a última por sua vez, endereçada a mim. Era de meu marido.

-Regina, sou eu. Se, por acaso, estiver ouvindo essa mensagem, não desligue... –suspirou, o aparelho ressoava sua respiração pesada, enquanto eu decidia se deveria ou não escutar –Estou sozinho na cozinha, ás escuras, acompanhado pelo zumbido da geladeira –sorri em meio a frustração de me permitir imaginar o que ele narrava –Na nossa casa. É tão difícil ficar, são tantas memórias, você está aqui em cada pedaço, desde as paredes azuis até as fotografias espalhadas, recordando tudo que não devemos esquecer –meus olhos marejaram –Talvez você não lembre, mas ano passado, enquanto conversávamos, uma vez eu disse que tinha medo de lhe decepcionar, então me dissesse que se isso viesse a acontecer era para que eu fizesse com que todos os momentos felizes valessem a pena, para que escolhesse ficar –como eu poderia esquecer –E...bem, espero que a felicidade sentida em meus braços ainda seja uma razão mesmo que pequena para lhe fazer voltar –a voz de Robin embargava, estaria ele prestes a chorar? –É tão difícil lidar todos os dias com a sua ausência, eu sinto sua falta. Por favor, volte para nossa casa, para os meus braços, eu preciso de você -pude escutá-lo fungar do outro lado da linha, comprovando minhas suspeitas –Me deixe tentar reconquistá-la, salvar o nosso casamento e, principalmente, te amar como merece. Volte para o nosso lar, Roland fala de você sempre que vem ficar comigo, ele também sente saudade, a minha família inteira sente. Eles não podem perder você também –os soluços se fizeram presentes, sem perceber me deixei levar pela emoção –Aconteceu algo bom diante de tantos problemas. General Gold me promoveu para coronel, semana que vem será realizada uma celebração no pentágono, eu ficaria lisonjeado se a minha esposa me acompanhasse. Aceitasse o convite de se apaixonar por mim pela terceira vez. Eu vou aguardar a sua presença, ficarei esperando por você. Será na quinta ás seis da tarde, te lembrarei nas ligações seguintes. E se, decidir não vir, eu irei até você lhe contar como foi, mesmo que se recuse a me receber, eu me sentarei no chão e narrarei atrás da porta. Nós precisamos de você aqui, Regina, eu te amo, acredite. Se necessário, eu morreria por você.

Ouvindo o som brusco do mar, escutava a voz de meu marido, proferir palavras que me causavam sensações que eu deveria esquecer, no entanto, falhava avidamente. É difícil admitir que só quem te destruiu seria capaz de te curar.

 

 

 

 

  

 

                                                                                  Archie

 

 

 

-Louisa já está pronta? –perguntei adentrando a casa de minha ex-mulher.

-Não, mas não falta muito –respondeu Zelena distante, o olhar fundo indicava insônia.

Logo a mesma seguia em direção a cozinha. Nervosa continuou executando suas tarefas.

-Ontem à noite eu estive com Robin, ele está bem abalado com tudo que aconteceu. Me disse que Regina não quer voltar para a cidade. Seu irmão está sofrendo...

-Ele não é o único –Zelena pontuou com o olhar marejado –Meses já se passaram e ainda sinto que algo morreu entre todos nós.

-Uma mentira quando bem aplicada pode destruir várias pessoas.

-Como fez com a gente...

-Robin também me disse que você não teve culpa, apenas quis ajudar ele a se reencontrar.

-Eu tentei, mas fracassei.

Suspirou fitando o chão.

-Eu não penso mais assim –proferi depositando minha mão sob o queixo de minha ex-esposa, acariciando sua pele –Você errou muito colaborando com essa mentira, mas talvez se Robin não tivesse visto o que Regina fez por ele quando perdeu suas memórias, ele jamais saberia o que é o amor, como é amar alguém, como eu amo você.

Finalizei fazendo com que seu olhar emocionado encontrasse o meu.

-Me desculpe por mais uma vez decepcionar você.

Declarou com a voz embargada.

-Eu não concordo com o que foi feito, mas eu desculpo você. Porque se decepcionar com quem amamos faz parte de amar.

-Archie, eu...

-Eu sei. Eu também amo você, me desculpe por não te procurar antes, eu levei muito tempo para amadurecer essas ideias, a conversa com seu irmão ontem foi decisiva.

-Contanto que a gente não se separe mais...

-Acredito que não, mas se isso acontecer, todas ás vezes, eu acabo voltando para os seus braços.

Ambos nos abraçamos acalmando os corações apaixonados que há muito estavam machucados. A respiração de Zelena era sentida em meu pescoço até que eu selei nossos lábios com um beijo cálido, contendo com este todas as dores semeadas pelos nossos erros.

-Casa comigo? Pela segunda vez?

Pedi, seguindo meus planos que haviam sido bruscamente interrompidos com a desprezível descoberta.

-Sim!

Afirmou contente, esboçando um sorriso que há muito eu não via. A rodopiei enquanto gargalhadas inundavam a cozinha. Nossa felicidade não devia ser rompida por erros alheios.

Logo minha futura esposa começou a chorar, lágrimas de alegria. Selamos nossos lábios diversas vezes até nos abraçarmos.

-Eu só queria que meu irmão pudesse se sentir tão feliz quanto eu, torço tanto para que ele e Regina voltem em breve.

-Querida... você sabe que existem grandes possibilidades de que eles não fiquem juntos, não é?

 

 

 

 

 

 

                                                                                 Robin

 

 

                                                                       Uma semana depois

 

 

 

   Adentrei minha casa soltando um suspiro tão longo quanto a culpa que me atormentava. A cerimônia que comemorava minha promoção fora hoje, Regina não compareceu, para meu desespero. Passei as duas horas que fiquei sob o palco que ficava em meio ao grande gramado esverdeado fitando a entrada, esperando vê-la chegar e ocupar um dos assentos a frente que lhe fora reservado. Entretanto, isso não aconteceu. Mais uma insígnia brilhava em meu peito, enquanto eu escurecia. A transmissão de cargo ocorrera solenemente, com discursos, comandos de honra, e uma série de funções outorgadas pelo general.

Todavia, de nada me adiantava se uma das minhas principais razões que me fizeram chegar até lá não estavam presentes.

  O inverno rigoroso de dezembro já havia iniciado e Regina sequer atendia algum de meus telefonemas, ou respondia qualquer uma de minhas cartas, ela simplesmente me ignorava. Ás vezes que lhe procurei recusou-se a me ver, o que me feria, mas não me fazia desistir. Por ironia do destino eu tenho medo de ser esquecido. Eu haverei de passar por essa provação.

Eu preciso reconquistar minha mulher pela terceira vez.

Os pensamentos que tanto me aturdiam foram deixados de lado a partir do momento em que ouvi vozes vindo de meu quarto. Saquei a arma de meu coldre segui em direção ao cômodo em passos lentos, arrombei a porta bruscamente para meus olhos encontrarem os de Regina, assustada, a mesma assistia o vídeo do nosso casamento, com algumas fotos e o cardápio que redigi nossos votos em suas mãos.

Meu coração disparava assim como minhas mãos tremiam segurando minha arma.

-Regina...?

Inquiri emocionado, fitando minha esposa belíssima usando um vestido branco com rosas azuis, uma echarpe tão azul quanto o céu lhe cobria o peito, um coque elegante em seus cabelos, assim como uma maquiagem leve pintava sua pele. Linda perante os meus olhos que permaneciam encantados.

-Eu vim para a sua cerimônia, mas cheguei atrasada, resolvi esperar por você aqui. Entrei no quarto e vi nosso álbum de casamento em cima da cama, comecei a ver e...

Regina explicava nervosa, mexendo as mãos com frequência.

-Não há o que explicar, essa casa também é sua.

Respondi com um sorriso genuíno exalando toda a felicidade que sentia. A mesma retribuiu com um breve sorriso.

-Essa é a hora que você abaixa a arma a não ser que queira atirar em mim...

Comentou com senso de humor, havia um brilho diferente em seu olhar, vida. O que ela felizmente não perdera.

-Oh, me desculpe –sorri atônito, largando o revólver sob a cômoda -Eu achei que alguém tivesse entrado na nossa casa.

Eu ponderava se devia ou não correr em seus braços e aperta-la contra estes ou não. Faziam tantos meses desde que minha esposa não adentrava o recinto que eu sequer sabia como agir.

-Pelo visto a cerimônia foi um sucesso –dissera ela apontando para meu peito enfeitado por mais uma insígnia.

-Sim, mas seria melhor ainda se você estivesse lá... –pontuei me aproximando, no entanto, Regina recuou alguns passos para trás.

-Infelizmente eu não consegui chegar a tempo.

Proferiu encarando o quarto como se recordasse de determinados momentos. Além de aparentar sentir saudade.

O aroma de minha mulher estava presente no ar, não era apenas uma lembrança a me deleitar.

Por vezes nos perdíamos um no olhar do outro, apreciando a saudade que nos acometia. Resplandecendo pelo olhar o que o coração sentia.

-Venha, vamos para a cozinha, eu vou preparar o jantar.

-Não sei se é uma boa ideia, eu vim porque precisamos conversar...

 -Por favor, fique -Pedi cobrindo a mão de minha mulher com a minha, despertando em ambos um contato admirável, a mesma fitava nossas mãos atentamente inerte com o toque -Você precisa ver como minhas habilidades na cozinha melhoraram.

Aflito tentava convencê-la.

-Tudo bem. Desde que não demore muito.

Afirmou se desvencilhando de minhas mãos seguindo até a porta. Me deixando com um sorriso bobo, para trás. Eu havia ganhado uma chance e a deixaria escapar.

 

 

 

                                                                                 X X X

 

 

 

 

  Após misturar a carne com o molho deixei ambos ingredientes fervendo na panela. Logo me encaminhei até a mesa onde Regina me aguardava. Percebi que minha esposa por vezes lançava olhares sobre mim, quando a encarava disfarçava.

-Espero impressionar você com minhas novas habilidades culinárias.

Falei enquanto me sentava na cadeira que rangeu contra o piso.

-Desejo que o gosto da sua comida tenha mudado.

-Muitas coisas mudaram, Regina.

Vociferei com suavidade. Recebendo um suspiro como resposta.

-Robin, tenho algo a lhe dizer...

Minha mulher disse séria. Com medo pelo que viria a seguir resolvi mudar o assunto.

-Deixe para depois. Vou ver se o molho já está pronto para ser misturado a massa.

-Isso quer dizer que você vai fazer macarrão? Essa é sua antiga “nova” especialidade?

Debochou com escárnio, franzindo o cenho enquanto o lábio esboçava um sorriso travesso.

-Eu disse que minhas habilidades mudaram, não que eu havia deixado de preparar minha especialidade.

-Você tem se alimentado de macarrão esse tempo todo?

-Não posso negar –confessei fazendo com que minha esposa gargalhasse -Mas nas sextas, eu continuo a comer pizza. Hoje será especial.

-Por que?

-Porque você está aqui.

-Como conseguiu se alimentar apenas de macarrão? –bradava mudando o rumo da conversa -Faz muito tempo desde que fui embora... 

-Cento e quarenta e quatro dias.

-O suficiente para o seu cabelo ficar grisalho!

Constatou irônica com um sorriso que me deslumbrava em seu rosto. Logo levou a mão suave até meus cabelos. O que me fez deleitar ao seu toque terno.

-Em uma noite pelo menos, você está vendo a minha velhice chegar aos poucos, como pensávamos e havíamos imaginado no dia do nosso casamento –proclamei nostálgico, recordando a data, Regina parecia fazer o mesmo –Já você está ótima!

-Obrigada.

Agradeceu corada como em outrora, é como se tantas coisas houvessem mudado e outra continuavam a permanecer intactas.

Misturando o macarrão com o molho continuei a declarar:

-Você está linda! E isso me faz ter a curiosidade de saber como ficaria se estivesse grávida, eu sempre te imaginei sentada na cadeira de balanço, cantando uma canção de ninar para o bebê enquanto eu lhe acariciava a barriga e diria o quanto sua chegada era aguardada. Seria uma tarde de verão e nós estaríamos bebendo chá gelado de maçã, o seu favorito. Roland chegaria e nós três juntos aguardaríamos pelos chutes de Henry...

-He... Henry?

Perguntou com a voz embargada.

-Sim –me aproximei dela o suficiente para compartilharmos do mesmo ar –Em homenagem ao seu pai.

Regina parecia emocionada com meus comentários. O olhar marejado emitia as sensações que lhe acometiam.

-No nosso casamento sequer tivemos a oportunidade de brigar por contas atrasadas, ou qual cor pintar a casa quando decidíssemos mudar, que escola colocar nosso filho, o estresse de organizar suas festas de aniversário, ou os ciúmes bestas em jantares atípicos em restaurantes em nossas noites de casal.

-Robin... –minha mulher depositou suas mãos em meu peito evitando que eu conseguisse me aproximar mais –Não tivemos e não vamos ter jamais. Estar aqui não significa que eu volte para esta casa ou dê uma segunda chance para o nosso casamento. É melhor eu ir.

Regina finalizou fugindo de meus braços, ela tentava negar que minhas palavras tivessem lhe trazido sentimentos que talvez tentasse evitar, mas que não haviam como dissipar.

-Espere! –me posicionei a sua frente –Desculpe, não queria dizer nada que lhe fizesse se sentir mal ou forçar algo, me desculpe, de verdade. Fique, eu prometi e te devo esse jantar, por favor.

A mesma me afrontou refletindo o que fazer, uma grande dúvida a dominava.

-Prometo não dizer mais nada que não lhe deixe confortável.

-Eu vou arrumar a mesa, mas não posso passar da meia noite.

Eu gargalhei, despertando sua curiosidade:

-Qual o motivo de tanta graça?

-Eu iria sugerir que ficasse até as dez, mas se está se convidando a ficar até o dia seguinte...

Com a pele adquirindo uma tonalidade ruborescida, Regina pegou os pratos depositando-os devidamente sobre a mesa.

 Após, o jantar transcorreu tranquilamente, apesar das poucas palavras trocadas eu me sentia vivendo o passado presente novamente. A felicidade que parecia distante estava sentada ao meu lado.

-Devo admitir que esse seu novo tempero está com um gosto admirável...

-Levei semanas até chegar nesse resultado.

Dramatizei para fazer ela sorrir deixando o clima mais agradável. Entretanto, foi inevitável não perceber que ela fitava minha aliança constantemente.

-Ainda somos casados –balbuciei –Você gostava de vê-la em meu dedo. Ainda consigo imaginar perfeitamente a noite em que você me disse que ela iria fazer com que ficássemos juntos mesmo estando separados.

Aproveitei a oportunidade para tocar mais uma vez em sua mão cuja pele continuava tão suave quanto em outrora.

-Eu não penso mais assim...

Corrigiu esquivando-se do meu carinho.

-Percebi, afinal, você não usa mais a sua.

-Eu a joguei no mar.

Minha esposa revelou fazendo com que eu me afogasse com a comida.

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                  Regina

 

 

 

Optei por omitir de meu marido a parte mais emocionante da história, que apesar de querer me desfazer dela o objeto que um dia possuiu tanto significado jamais partirá, me fazendo encontra-la novamente, três semanas depois.

-Está tudo bem?

Perguntei preocupada diante da crise de tossidas de Robin.

-Você realmente desistiu de nós dois...

-Ao menos uma vez cheguei a acreditar que o nós existia.

Revidei causando certa emoção nas expressões de meu futuro ex-marido. Por vezes, durante a noite, me peguei o observando, ao mesmo tempo em que falhava miseravelmente na tentativa de conter meus sentimentos. Apesar de sorrisos e gargalhadas trocadas, a dor pela sua traição, pelo amor que um dia jurou sentir, ainda permanece intacta. Sem aviso de estio.

-Eu estou tentando, Regina –murmurou com a voz entrecortada –Você não tem ideia do que eu tenho passado, é tão difícil e acreditar que eu te amo?

-Sim.

Confirmei encarando seu olhar arduamente ao mesmo tempo em que as lágrimas ardiam em meus olhos.

-O amor não machuca, Robin.

-Uma vez, você me disse que as pessoas que mais amamos são as que mais nos decepcionam.

-Eu mudei muito, assim como meus pensamentos. Agora eu prefiro dizer que... –após suspirar prossegui –A decepção tem dois estágios: a raiva e a dor, somadas juntas podem destruir uma pessoa. Só temos dois caminhos a seguir, cair com elas, ou levantar e dentro da última opção se enquadra recomeçar.

-O que você quer dizer com isso?

-Na verdade, estou tentando explicar desde que cheguei, mas você insiste em mudar de assunto...

Porém, como anteriormente, meu marido fez o mesmo. Embora estivesse cabisbaixo, saltitou da cadeira assim que o rádio repercutiu a canção, That's What Love Is All About, de Michael Bolton.

-Você nem gosta dessa música...

-Eu também mudei. Dance comigo está noite?

-Robin... eu não voltei para me apaixonar por você pela terceira vez.

-Apenas venha dançar, por favor?

Apesar de relutante, cedi ao desejo de ser contemplada pelo calor de seu corpo contra o meu novamente, posicionados, seguimos a dança em passos lentos enquanto nossos olhos travavam uma batalha visual. Como se ambos enxergassamos as mais profundas cicatrizes do outro, assim como a cura delas.

 

 

                                                                          “Houve uma época

                                               Que pensávamos que nossos sonhos tinham acabado

                                                                           Quando você e eu

                                                           Tínhamos certamente alcançado o fim

                                                                Ainda assim aqui estamos nós

                                                                    A chama forte como nunca

                                                          Tudo porque nós dois seguramos firmes

                                                Sabemos que podemos vencer qualque tempestade


 

                                                               Baby, é disso que se trata o amor

                                                 Dois corações que acabam encontrando uma saída

                                                                    Para manter o fogo ardendo

                                                           É algo sem o qual não poderíamos viver

                                                   Se levar uma eternidade, podemos fazer dar certo

                                                                           Sem sombra de dúvida

                                                                    Baby, é disso que se trata o amor


 

                                                        Conforme o tempo passa, aprendemos a redescobrir

                                                            O motivo por que esse nosso sonho sobrevive

                                             Passando por tempos bons e ruins, somos destinados um ao outro

                                                               Sabendo que podemos alcançar o outro lado

                                                                Bem além das montanhas do nosso orgulho

 

                                                                            Viver os tempos bons é fácil

                                                                      Os tempos difíceis podem te destruir

                                                                           Haverá épocas no seu coração

                                                                           Que o sentimento irá embora

                                                                         Mas você continua acreditando

                                                                         E você continua se segurando... “

 

 

  Robin me rodopiou fazendo com nossos corpos chocassem o suficiente para que eu pudesse sentir os batimentos de seu coração contra o meu, encontrando nesse contato a possibilidade de inspirar meu aroma demoradamente em minha nuca fazendo eu me arrepiar. Em seguida depositou um beijo terno sob minha pele antes de sussurrar:

-Como você pode duvidar que eu te ame?

-Como acreditar em alguém que mentiu para mim por tanto tempo? –retribui com outra inquisição–Não consigo acreditar no homem que casou comigo para vingar a morte de outra mulher...

Finalizei com amargura. Recordando de todos motivos que me fizeram vir até aqui. Embora meu coração se aquietasse nos braços que me envolviam.

-Eu sinto muito, Regina –acariciou meu rosto –Justificativas nunca serão suficientes. Por isso eu peço que, olhe nos meus olhos e veja neles o que você significa para mim.

-Nunca vou decifrar uma pessoa que não conheci verdadeiramente.

Falei deixando-o sem argumentos o mesmo apenas consentiu como se nada fosse capaz de dizer e continuou a me guiar pela cozinha enquanto dançavamos, esquecendo por alguns minutos os segredos que haviam nos separado.

-Você já me amou duas vezes, ame de novo.

Sugeriu. Rompendo o silêncio presente entre nós.

-Eu não sei se consigo fazer isso.

-Por que? Regina, você não acredita mais no amor?

-Não da mesma forma de antes. Ele existe, mas nem todos têm a sorte de vivê-lo. Prefiro acreditar que a cada ano no mundo, um homem ama uma mulher como ela deve ser amada.

-Por que você não acredita que pode ser essa mulher e eu esse homem?

-Nós sabemos que não somos...

-Por que?

-O nosso relacionamento foi como todos os outros, sequer houve reciprocidade, Robin. Sempre tem um que ama mais. Entre nós dois, eu sou essa pessoa.

-Então, você ainda me ama?

-Você não entendeu o que eu quis dizer...

Disse nervosa.

-Entendi, sim. Por que é taõ difícil acreditar que eu posso retribuir esse amor? Nunca amará sozinha. Quando minha vida estava errada, você foi minha escolha certa. Nós não podemos separar nossas vidas jamais.

-Nós já estamos separados. É por isso que estou aqui, e... eu espero que agora me deixe falar o verdadeiro motivo de ter retornado a Washington. Eu... eu quero o divórcio.

Bradei de uma única vez, fazendo com que o corpo de Robin estagnasse parando de executar os passos rapidamente.

-Eu não posso fazer isso... eu não posso perder você –sussurrava passando a mão no rosto –Eu imaginei sim que não tivesse vindo até aqui para me ver, ou assistir minha cerimônia de condecoração, afinal, há uma semana sequer atendia meus telefonemas. Tenho evitado esse momento a noite inteira com o propósito de que você se apaixonasse por mim de novo, por esse novo homem que eu sou. Mas pelo que vejo fracassei.

Proferiu magoado consigo mesmo, parecia conter o choro que a voz embargada não era capaz de conter.

-Robin...

Tentei me aproximar, mas ele recusou.

-Não! Você precisa me dar mais uma chance, por favor. Eu faço o que quiser para provar que eu te amo. Eu preciso de mais tempo.

-Nós já tivemos muitas chances que não deram certo.

-Regina, por favor. Eu prometo que dessa vez será diferente.

-Eu já encaminhei os papéis do divórcio meses atrás, Robin, antes de ir para a pousada de minha tia, pensei que já tivesse sido notificado sobre isso. As datas coincidiram. Os papéis chegam dentro de 72 horas.

-Não...eu pensei que você ainda sentisse algo por mim, que me amasse. Acreditei que me daria um tempo para que eu provasse meu amor –meu marido começou a chorar.

-Eu não sou a culpada. Se você não tivesse mentido desde a primeira vez que nos conhecemos isso não estaria acontecendo.

Dito isso peguei minha bolsa sobre o sofá da sala e me encaminhei até a saída.

-Eu posso assassinar o divórcio, mas isso não vai me impedir de te amar. Irei atrás de você, na casa de sua tia quantas vezes for necessário, não desistirei.

-Robin, eu vou trabalhar como médica voluntária, na África.

 

 

 

 

 

 

No próximo capítulo...

 

                                                                            Três dias depois

 

                 

 

                                                                                      Robin

 

 

  Minutos após a explosão, eu acompanhado de alguns soldados do meu batalhão, enfim chegamos a frente do pentágono. O qual já era coberto por bombeiros que tentavam conter as chamas, repórteres que noticiavam o ocorrido.

-Ainda bem que vocês estão aqui! -Afirmou o general caminhando em nossa direção –Foi confirmado que houve ataque terrorista e o pior ainda há possibilidades de alguns deles estarem ocupando o prédio, provavelmente usarão reféns que estão por lá.

-Nós precisamos salvá-los... –dissera o major Steves.

-Sim, nós conhecemos o local, temos essa vantagem, precisamos de um plano...

Entretanto, antes do General dar continuidade as suas palavras, fomos interrompidos pelo tenente Jones.

-Coronel Locksley, precisa salvar sua esposa!

-Como assim? Regina? Ela estava aqui?!

Perguntei atônito sentindo o desespero acometer em meu peito. Torcendo por uma resposta negativa que não chegara.

-Sim. Ela estava com Emma na ala médica... –justamente uma das salas que ficava ao norte do pentágono a parte que havia sido atingida pelas chamas –Regina disse a minha noiva que veio até aqui para que assinasse uns papéis. Foi tudo muito rápido, as duas estavam juntas no momento da explosão, Regina ficou trancada pelos escombros e pediu para que Emma se salvasse, ela conseguiu sair e pediu por ajuda. Mas Regina ainda está lá dentro, Robin.

 

 

 

 


Notas Finais


Link música: https://www.youtube.com/watch?v=6-0WESr0gEw

Me digam o que estão pensando... Espero que tenham gostado. E aí, será que ela vai para a África? O que vai acontecer no próximo capítulo? Se preparem, grandes emoções aguardam vocês.
Beijosss ♥


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