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História Quatro Estações - Marcas do passado


Escrita por: TaisWriterOQ

Notas do Autor


Oiii gente ♥ atualizando a fic mais cedo hoje, porque tem grandes chances de que eu não esteja em casa no horário que eu costumo postar, para não deixar a att para amanhã, estou postando agora. :)
Peço encarecidamente para que escutem essa música agora no começo do capítulo, ouçam enquanto estão lendo a Louisa tocar, repitam depois quantas vezes quiserem... combina com a próxima cena.

Bach Cello Suite : https://www.youtube.com/watch?v=xLyyqCWpRng

Boa leitura, espero que gostem. ♥

Capítulo 4 - Marcas do passado


Fanfic / Fanfiction Quatro Estações - Marcas do passado

Primavera 2016

 

  No quintal de sua casa, Louisa tocava seu violoncelo. A música que ela emitia pelo instrumento ressoava no ambiente, leve. Um belo efeito sonoro era instaurado no local. Estava mais alegre.

Regina se permitia sorrir com mais frequência. A dor pela ausência de Robin ainda era sentida com mais intensidade. Porém, ela estava aprendendo a conviver com ela.

Pelo menos, aparentava estar.

 Era um Domingo de manhã. David era o responsável pelo bife na grelha, Mary lhe alcançava uma cerveja. Zelena estava dentro de casa, na cozinha, finalizando sua especialidade: salada.

Os acordes do violoncelo foram diminuindo gradativamente, até que por fim, a música acabou.

-Linda, como sempre - Regina comentou, percebendo o meio sorriso da jovem, a mulher continua –O que você tem? –perguntou, colocando uma mexa do cabelo atrás de sua orelha.

Após um silêncio duradouro, a mais nova questiona.

-Como é poder enxergar? Ver o mundo ao seu redor?

-Louisa... –Regina proferiu, seu tom de voz era ameno, sabia onde a jovem queria chegar. –Os olhos são necessários até certo ponto, poder ver as maravilhas do mundo. Mas, eles também são a nossa perdição, não nos permite vislumbrar o outro com o coração, pela sua essência. E isso nos prejudica. Nós não somos capazes de ver como você! - disse, apertando a mão da sobrinha. –Você é especial, Louisa, quantas vezes terá que ouvir isso?

A jovem sorri, tímida.

-Eu sei disso, mas... – suspirou- eu gostaria de poder distinguir coisas simples, as cores por exemplo; diferenciar o amarelo do azul. Não sou infeliz com essa limitação, pelo contrário, isso prova que a perfeição não está nos olhos de quem vê, e sim no que sentimos. Eu vejo a vida do meu modo, mas, ás vezes, gostaria de ser normal.

-Na verdade, Lou, todos nós devíamos mudar e enxergar o outro pela essência, como você.

Regina finalizou, pela forma que a mulher havia lhe dirigido a palavra, a jovem sabia que ela sorria. O que de fato acontecia.

-Tia? Como está o dia hoje?

-Está lindo! –exclamou, animada- O céu está carregado de um azul profundo, o sol está especialmente brilhante, as flores, a cada dia que passam, estão mais coloridas e belas. Afinal, elas estão na sua estação mais próspera e...

Ambas, são interrompidas por Zelena.

-Louisa, você já estudou para a sua prova de química amanhã?

-Estudei um pouco, mãe. – respondeu, desanimada, já sabia o que viria a seguir.

-Um pouco? Isso significa que não foi o suficiente. É melhor você ir estudar até o almoço ficar pronto.

-Mas, mãe...

-Zelena, hoje é Domingo –interveio Regina.

-Com todo o respeito, Regina, eu sei o que é melhor para a minha filha.

Respondeu, segurando o braço de Louisa para guia-la –Eu vou te levar até o seu quarto.

-Não precisa. Eu vou sozinha.

Louisa disse, ríspida. Deixou seu violoncelo no quintal, e seguiu o caminho até seu quarto, cautelosamente. Seu objetivo era provar a sua mãe que podia ser independente, apesar de sua deficiência.

Enquanto observava a sobrinha se afastar, Regina proferiu. – Você cobra demais dela, Louisa quer ser normal, Zelena. Sua autoridade e cuidado excessivo podem atrapalha-la.

-O que você está querendo dizer?

-Ultimamente, a Lou tem me feito perguntas estranhas, eu acredito que seja pela sua superproteção. Nós duas sabemos o quanto ela é especial, mas de acordo com os pensamentos dela, é apenas uma jovem que quer se divertir. Ela está começando a culpar sua limitação pelas coisas que você não a permite fazer... Ela tem necessidade de se sentir capaz, livre. Louisa precisa de mais liberdade, pode ocorrer um dia em que ela não será como antes.

Suspirou.

-Você fala como se tivesse experiência ... –comentou Zelena, refletindo sobre as palavras proferidas por Regina.

-É porque... Isso já aconteceu comigo.

 

 

                                                                           x x x

                                                                              

                                                                    Boston – 2005

 

  A gritaria de Cora dentro do veículo fazia com que sua cabeça latejasse com mais intensidade. Sua mãe proferia o mesmo discurso supérfluo de sempre.

-Como você pode ter mudado tanto? –suspirou –No colegial sempre foi uma das melhores alunas da classe, nos primeiros semestres da universidade também. E agora? –esbravejava a mais velha- Eu e o seu pai passamos noites te procurando pelos bares da cidade, para te encontrarmos desse estado, completamente bêbada! Você está viciada, Regina... – disse com os olhos marejados -é uma...

As palavras desapareceram, o choro tornou-se inevitável.

-ALCOÓLATRA! VAMOS, DIGA!

-CALE-SE! –Cora gritou. Seus olhos emitiam uma mistura de decepção e sofrimento.- Você está destruindo a si mesma e a todos a sua volta. Eu só quero que tudo seja como antes.

-Eu não serei mais a Regina que você manipulava! Eu já tenho vinte e cinco anos, já chega!

-Você ainda pode se recuperar, podemos te ajudar. Existem vários tratamentos, ainda pode largar desse vício. Falta apenas alguns meses para a sua formatura...

-EU NÃO QUERO ME TRATAR, NÃO SOU ALCOÓLATRA! Apenas gosto de beber um pouco... –finalizou diminuindo o tom de voz gradativamente – Eu não quero continuar estudando medicina, vou largar a universidade!

Cora a fitou de imediato. Um descuido fatal.

 A estrada era coberta por uma forte neblina, as ruas estavam desertas na madrugada. Ambas trocavam um olhar dominador, cada qual acreditava em uma perspectiva distinta. Entretanto, tudo mudou. As duas sentiram o impacto de uma luz reluzente em seus olhos castanhos. Um ruído estridente de pneu, uma batida. Gritos de desespero.

Vidros espatifando-se a sua volta. Seu carro havia batido contra um caminhão.

Uma vida perdida.

Para desalento de Regina, não fora a sua.

 

                                                                           Meses depois...

 

 Formou-se na universidade, mantendo o desejo de sua mãe. Seria médica, com o intuito de salvar vidas. Ouvindo aos pedidos misericordiosos de seu pai, começou a frequentar um grupo de apoio, alcoólicos anônimos. O vício foi deixado de lado, como se nunca houvesse existido. Esqueceu aquele período conturbado de sua vida.

Sua carreira na medicina prosperou.

 Porém, Regina era incapaz de se perdoar pela morte de sua mãe. Seu pai nunca a culpou, pelo contrário. Se quer tocou no assunto. Mas, a consciência gritava, culpando-a, pelo seu maldito vício. Acreditou que nunca mais seria capaz de consumir uma garrafa de qualquer bebida alcoólica. No entanto, tudo mudou quando seu pai foi diagnosticado com Alzheimer anos depois.

Em uma noite, em um bar qualquer, encontrou o consolo que precisava. Uma bebida, sorveu mais de uma garrafa. Acreditava que aquela quantidade não fora suficiente para embriaga-la, sendo assim; aceitou atender uma paciente, afinal, era seu plantão. Só não contava que um descuido, mesmo que pequeno, a levaria a óbito.

Seu objetivo que sempre fora salvar vidas, acidentalmente, tornou-se o oposto. 

 

 

                                                                                    x x x

 

A triste lembrança da morte de sua mãe lhe atingiu naquela noite. O sono não se fez presente. Regina estava parada diante da janela, observava o movimento na rua. Um mundo se movia constante, todavia, o dela não passava de uma rotina melódica. Não era capaz de seguir em frente.

 Seu mundo era pequeno, resumia-se em plantões no hospital, por vezes, encontrava-se com a família de Robin. E, então, retornava para seu apartamento solitário. Onde a saudade era irremediável e o martírio permanente.

 Culpou-se pela bebida que ingeria, em um primeiro momento, optou por um chá, que não foi eficaz. O que facilitou para que tomasse aquelas taças de vinho. Precisava esquecer. Não havia nada que pudesse lhe ajudar.

 Desde a morte de Robin, fora difícil manter-se sóbria, principalmente em noites como aquela. Por enquanto, ainda era capaz de controlar seu vício, bebia apenas o que queria. Porém, sabia que em determinado período de tempo, já não seria apta a escolher o que devia, ou não beber.

Sentou-se no sofá, com uma quantidade demasiada de álcool, fora capaz de adormecer ali mesmo.

 Na manhã seguinte, acordou com os raios solares do alvorecer. A porta de seu quarto estava aberta, o que facilitou para que tivesse um vislumbre do passado.

 

 

                                                                                 Meses antes

 

   A primeira noite de outono não deixou a desejar, o frio fora contido, afinal, passara a noite sendo aquecida pelo corpo de Robin envolta do seu. No calor de seus braços. Cobertos apenas por um lençol branco.

Regina sorria contente, estava com a cabeça recostada no peito de seu noivo. Ao despertar o homem inalou o aroma que só ela tinha. E, que, apesar de tanta relutância, ele apreciava.

-Regina... –ele murmurou.

-Hum... –disse, de olhos fechados, ainda sonolenta.

 Robin não compreendia o motivo de tal hesitação para dar aquela notícia a ela. Afinal, jamais se preocupara com a opinião de alguém. Suspirou. Friamente anunciou.

-Eu fui convocado para a guerra contra a Síria, vou partir em um mês.

Seu sono preguiçoso, foi substituído por uma expressão alarmante. Regina levantou a cabeça rapidamente, encontrando seus olhos com os dele.

-Você está falando sério? –perguntou, atônita.

-Sim... –disse, observando o desespero que sua noiva exalava no olhar. Percebendo que ela estava prestes a fazer argumentações, proferiu, ríspido –e nada que você diga irá me fazer mudar de ideia.

-Você fala como se minha opinião não fosse válida na sua vida.

-Não é isso, Regina... –percebendo o modo como suas palavras anteriores haviam soado grosseiras, Robin beija a mão de sua noiva cautelosamente. Com um tom amenizado, continua –É difícil para mim também, me desculpe. Eu não sabia como dar essa notícia.

-Quanto tempo você vai ficar fora? –perguntou, o interrompendo.

-Não vai passar de dois meses, eu prometo.

-Dois meses em uma guerra sem fim, Robin!

Afirmou, deixando de encara-lo. Seu olhar entristecido, agora fitava o anel de noivado.

-Hey... –Robin acaricia o rosto dela –dois meses que vão passar rapidamente, enquanto você organiza o nosso casamento, mobília nossa casa...

-Eu não quero te perder... –confidenciou, com os olhos lacrimejados.

-Você não vai me perder –sussurrou depositando beijos pela nuca de Regina.

Logo depois, encostou sua barba por fazer. Em seguida, selaram seus lábios, em um beijo duradouro. Robin sabia que aquela guerra não passava de uma fuga.

 

  Seu lampejo chegou ao fim rapidamente. Tudo não passava de um desejo; gostaria que ele estivesse ali, quando os raios solares colidissem em seu rosto, como naquele momento.

 

                                                                                  x x x

 

                                                          “ Em memória a Robin Locksley

                                                              18/05/1978 – 08/11/2015

                                                              Um homem de honra.”

 

-Feliz aniversário, meu amor –murmurou Regina, depositando um ramo de rosas brancas diante do túmulo de seu amado.

Simbolizando a paz.

-Queria que você estivesse aqui.

Proferiu, seus olhos estavam marejados. Desde a morte de Robin, há nove meses, não retornava ao local. Sabia o quanto aquilo a machucava. Todavia, aquele era um dia especial, uma data que deveria ser celebrada.

-Gostaria que pudéssemos comemorar juntos, mas... –fungou- Você não voltou para mim, como prometeu.

Lamentou.

-As coisas tem sido difíceis, tem dias que eu vivo normalmente, mas, na maioria deles, sou arrebatada de memórias de nós dois.

Confidenciou, levantando-se, de pé permanecia estagnada fitando a lápide de Robin. Seus dedos percorreram seu rosto abatido, secando suas lágrimas.

-Onde estiver, saiba que eu te amo...

-Doutora Mills.

É surpreendida por uma voz máscula.

-General Gold.

Cumprimentaram-se.

-É bom vê-la por aqui. Você era o espírito desse lugar, todos sentem a sua falta.

Regina esboça um pequeno sorriso.

 De fato, houve um tempo em que sua vida era repleta de felicidade, gostava de compartilhar com todos. Tinha adoração pelo pentágono, e por todos que ali habitavam. O sentimento era mútuo. Contudo, nem todos os dias são feitos de glória. Aquele ano consolidava isso.

-Estou viva fisicamente, general, mas o meu espírito –encarou a lápide –está com outra pessoa.

-Eu sinto muito.

Disse, sem graça, era visível o amor, e a dor que aqueles olhos exalavam.

 Lastimou-se por escutar as conspirações de Robin contra aquela mulher e nada fazer para impedi-lo de desistir daquela ideia fútil de vingança.

Por um breve momento, pensou em revelar a verdade a ela. Dizer para que seguisse em frente, não sofresse por quem nunca a amou. Entretanto, ela ainda estava tão apaixonada, seria terrivelmente doloroso se ela descobrisse quais eram as reais intenções de Locksley com ela.

Certamente, seria a maior decepção de sua vida. Afinal, Robin constituiu uma mentira que sempre pareceu verdadeira perante seus olhos.

Os devaneios do general são interrompidos pelas palavras de Regina a seguir.

-Meses se passaram e eu ainda não consigo entender...Por que ele? Sei que parece egoísta, mas eu não me conformo.

-Entendo a sua dor. Eu disse a Robin que não precisava se voluntariar, não era necessário, mas ele insistiu tanto que foi impossível recusar...

-Espere, espere –interveio com o cenho franzido – O senhor disse que Robin foi como voluntário? Ele me falou o contrário, que foi convocado. Por que ele mentiria para mim?

Questionou, confusa.

Percebendo que havia falado demais, Gold tenta convencê-la do contrário.

-Perdão, me enganei. Você está coberta de razão, foi o tenente Jones que foi como voluntário.

Mentiu. Coçava sua nuca, um sinal evidente de nervosismo.

-Hum... –ela disse desconfiada.

O silêncio sobressaltou. Ambos fitavam o túmulo de Robin.

-É melhor eu ir -Regina disse por fim, erguendo sua mão –Foi bom vê-lo, general. Robin o admirava, o senhor foi muito importante para o meu noivo. Fico feliz, por saber que... Apesar de sua morte, ainda o considere.

-Robin era um bom homem.

-Sim, ele era.

Ela concordou, partindo em passos lentos. Gold a observou se afastar, chamando-a novamente.

-Volte quando estiver preparada, doutora!

Gritou.

A mesma consentiu, com um sorriso sincero, partiu.

O general então, fitou o túmulo do amigo ao proferir.

-Você não precisou estar vivo para destruir a vida dessa mulher.

 

 

 


Notas Finais


E aí o que acharam? O passado da Regina...
Bom, algumas pessoas podem pensar nossa quanto sofrimento, já fazem meses que ele morreu... eu já perdi pessoas que amo, e para mim é uma dor que não passa, apenas nos conformamos com a perda.
Regina amava Robin, e aqui não vai ser como na série que só ficou evidente a dor dela em um episódio.
Preparem-se para as fortes emoções do próximo capítulo, se tudo ocorrer como eu quero, será daqueles de tirar o fôlego, algo que eu nunca escrevi antes... vou surtar.
Beijoss até semana que vem. ♥ :)
Me encontrem por aqui se quiserem falar comigo: @TaisWriterOQ


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