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História Que Bailes Conmigo Hoy - Paz de espirito


Escrita por: shecamrenhot

Notas do Autor


Oi gente consegui escrever mais um capítulo, agradeço as pessoas que já fav e peço que comentem se estiverem gostando e tals é importante, sem mais delongas vamos ao que interessa aproveitem :)

Capítulo 4 - Paz de espirito


Fanfic / Fanfiction Que Bailes Conmigo Hoy - Paz de espirito

Lauren Jauregui Pov

Eram nove horas da manhã e eu já estava de pé, sentada em frente a minha mesa com o lápis na mão, fazendo meu segundo desenho aquela manhã. Quem eu desenhava?, Camila, tinha acordado com o rosto da morena em minha cabeça, e não pude resistir a desenha-lá.

Enquanto terminava o segundo desenho imaginava se a dançarina gostaria da ideia que eu havia tido, algumas pessoas não gostavam de de serem expostas. Minha pintura ficaria na sala de Camila, e seria vista por muitas pessoas, isso tornava a minha ideia cada vez mais difícil de ser aceita.

Observei os desenhos a minha frente e fiquei um pouco admirada ao ver que eu a havia desenhado com certa riqueza de detalhes, não pude evitar reparar no quanto a moça era bonita, seus traços não eram fortes ou agressivos, eram leves e delicados, perfeitos como se tivessem sido desenhados a mão em um momento de pura inspiração, igual eu havia feito segundos atrás. Fitei seus olhos expressivos no desenho, agora sem seu castanho vivo por eu a ter desenhado apenas de lápis preto, ainda me lembrava da intensidade em que ela havia me fitado com eles, expressando tantas coisas sem dizer ao menos uma palavra.

Era esse conjunto de características juntas em uma pessoa só, que havia me inspirado tanto.

Me levantei e guardei os desenhos em minha pasta, não os mostraria a ela, nem fazia ideia do que a moça acharia de eu tê-lá desenhado. Coloquei os lápis dentro da gaveta e sai do quarto logo em seguida. Me espreguisei fazendo alguns ossos estalarem, eu tinha o péssimo hábito de me sentar em cadeiras e bancos sem encosto, que eram bem desconfortáveis.

Me sentei no sofá encostando a cabeça no braço do mesmo. Sorri ao lembrar de minha mãe brigando comigo por causa do meu jeito descuidado, desde pequena eu havia adquirido muito gosto pela arte, minha mãe logo percebeu meu talento, no começo ela achou incrível, gostava dos meus desenhos e até comprava o material necessário para mim, o que me ajudou a deixar minhas criações mais profissionais, mas ela começou a perceber que eu estava levando a pintura a sério demais, e resolveu ter algumas conversas comigo sobre o futuro, disse que a arte era uma coisa incerta, sim ela nem considerava arte como uma profissão, disse que não dava futuro, e me explicou que eu já tinha um caminho traçado por ela e meu pai.

Bem, aquela história toda me convenceu por um tempo, até porque eu era apenas uma criança, mas comecei a crescer e entender que eu teria que fazer o que eu amava, não o que os meus pais achavam que era o certo pra mim. Eles tentaram durante muito tempo me convencer de que aquilo seria o melhor pra mim, chegava a ser irritante toda aquela situação, por esse motivo sai de casa cedo, morei em um apartamento perto da faculdade junto com outras quatro meninas, entre elas Lucy e Alexa que terminaram o colégio junto comigo, por sorte eu consegui fazer a faculdade com elas também, Vero Alexa e Lucy me deram muita força naquele tempo difícil, ali só tive mais certeza de que tinha as melhores amigas do mundo, meus pais não queriam nem olhar na minha cara, o dia em que eu havia saido de casa era vivo em minha mente, eu nunca esqueceria.

FlashBack On

-Não faz isso filha, você não precisa ir, por Deus Lauren você tem tudo que precisa aqui. -Clara disse andando atrás de mim enquanto eu caminhava por meu quarto guardando algumas coisas em minha mala.

Depois de mais uma briga com meu pai, decidi aceitar a proposta de Lucy e Alexa de morar com elas  perto da faculdade. Eu não suportava mais ficar naquela casa, a qualquer momento eu explodiria com minha mãe ou com meu pai, e não queria mágoa-los.

-Mãe. -parei e fitei Clara.

Os olhos dela não contiam culpa alguma, ela não se opunha a opinião do meu pai, pelo contrário, pensava igual a ele, e era um pensamento que eu nunca entenderia.

-Se tudo pra você é uma vida traçada por vocês dois sem meu consentimento, não não é tudo pra mim, o meu sonho sim, é tudo, viver do que eu amo sim é tudo, essa vida que vocês imaginam pra mim me parece mais com um pesadelo. -falei as palavras como um desabafo, elas saiam de minha boca sem eu pensar no sentido de todas elas.

Clara me fitou por longos segundos em silêncio, até voltar a falar com puro sarcasmo na voz.

-Esse sonho é uma bobagem adolescente Lauren. -ela disse se aproximando e segurando em meus dois braços com força.

Respirei fundo e olhei nos seus olhos lançando um olhar repleto de mágoa, suas mãos foram afrouxando aos poucos ao redor dos meus braços, até que ela os soltou de vez, me fazendo suspirar pesado, Clara fez menção para falar mas não dei tempo para ela pronunciar uma palavra, peguei minha mala em cima da cama e sai com ela porta a fora, deixando minha mãe parada no mesmo lugar.

Desci as escadas e quando levantei o olhar observei Taylor, que estava parada no fim dos degraus com um olhar assustado, provavelmente havia escutado toda a discussão.

-Onde você vai?. -Ela perguntou depois de eu chegar no final da escada e ficar ao seu lado.

Olhei para a única pessoa que me faria falta quando eu estivesse longe dali.

-Eu vou viver o meu sonho Tay, talvez você não entenda agora, só tem doze anos. -falei soltando uma risada nasal logo em seguida. -Eu ainda vou vim te visitar, e presta atenção. -levantei sua cabeça a fazendo me encarar. -Nunca permita que eles descidam seu destino por você. -terminei de falar e fui envolvida por um abraço apertado de minha pequena ao redor de minha cintura.

Sai de casa e desabei no carro de Lucy, que me esperava na porta, não consegui conter o choro, tudo vinha a mente de uma vez só, às palavras de meu pai se misturavam com a da minha mãe me deixando cada vez mais triste.

-Tudo bem Laur.-Lucy disse colocando a mão em minha coxa fazendo um carinho leve com o polegar.

A olhei com os olhos húmidos e ela não demorou para se aproximar e me abraçar forte. 

-Estou sem minha família agora. -disse em meio às lágrimas.

FlashBack off

Foi um dia difícil pra mim, Lucy teve que me aguentar chorando a noite inteira. Minha relação com meus pais piorou muito depois daquele dia, a imagem que eles tinham de mim era de uma filha ingrata, esse era o motivo por eu ter me afastado tanto deles, pois nossas encontros sempre acabavam em discussões.

Meu estômago roncou me fazendo lembrar que não havia tomado café ainda, não estava com a mínima vontade de comer em casa. A ideia de comer fora me parecia maravilhosa, logo me levantei para me arrumar. Tomei um banho longo e relaxante, sai do banheiro enrolada na toalha e escolhi uma roupa aleatória, calça jeans branca e uma camiseta preta. Me olhei no espelho e soltei meu cabelo que estava cada dia maior, desfiz o coque e ele caiu em meus ombros com algumas ondulações.

Me virei para colocar a toalha em cima da cama e vi minha câmera em uma pequena mesinha, caminhei até ela e a peguei, tinha comprado depois de ter feito um trabalho para uma galeria, câmeras profissionais não eram baratas, eu a usava em algumas ocasiões quando tinha que fotografar algum lugar, ou alguém, igual eu tinha feito com o casal da academia.

E gostava muito também de ir a lugares diferentes, e tirar fotos para retrata-las em pinturas, outro tipo de arte, ela estava em todo lugar, na música, na dança, na pintura, nas palavras, no jeito de pensar, resumindo, a arte é tudo que se cria dando forma e linguagem.

Coloquei a câmera no lugar de volta, se tudo desse certo eu logo a usaria com Camila, me lembrei de que havia pensado em dar o meu endereço e telefone a ela, caso a moça precisasse de mim, anoitei em um bloco de notas e tirei o papel do mesmo o colocando dentro de minha bolsa logo depois.

Sai de meu quarto e me sentei no sofá para colocar meus coturnos pretos, peguei minha bolsa logo em seguida e sai porta a fora. Ficar muito naquele apartamento as vezes me sufocava, fazia dois anos que eu havia me mudado para o lugar, confesso que nos primeiros meses o silêncio me fazia muito bem, mas com o tempo ele começou a me incomodar, por esse motivo passei a sair bastante a noite, e como consequência trazia alguém comigo na maioria das vezes, porém às noites com essas pessoas se resumiam a sexo, e eu dizia para mim mesma que era melhor assim.

Andei a pé até um pequeno café que havia ali perto, abri a porta ouvindo o barulho do sino mais que conhecido por mim, invadir meus ouvidos me fazendo sorrir, ao entrar o cheiro de café e pão quente tomaram conta de minhas narinas, fechei os olhos inspirando o ar gostoso. Eu amava aquele lugar, o motivo era o dono amar arte, por isso tinha quadros de vários artistas espalhados por todo o local, e não era só as pinturas que o tornava tão artístico, tudo ali tinha um toque de arte. Me sentei em uma das mesas mais afastadas, e sorri ao ver o senhor que sempre me atendia ali vir em minha direção.

-Bom dia, senhorita. -o homem de meia idade e cabelos grisalhos me disse com um sorriso acolhedor nos lábios.

-Bom dia Joseph . -disse também sorrindo para ele.

-Quanto tempo. -Joseph disse me fitando um tanto chateado, ele não gostava quando eu demorava a voltar ao lugar e eu muito menos.

-O senhor tem razão, mas a culpa é do meu trabalho, me toma bastante tempo. -disse me explicando.

-Eu imaginei, mas que bom que não esqueceu do café.

-Isso seria impossível Joseph, ainda me vejo aqui depois dos meus cinquenta anos. -disse com o tom de voz divertido arrancando uma risada do homem a minha frente.

-Espero estar vivo até lá. -ele disse rindo, más logo parou ao ver meu olhar descontente com a brincadeira. -Brincadeira.

Ele disse arrependido, sorri mostrando que eu havia esquecido a situação.

-O que vai querer hoje?. -ele perguntou tirando um pequeno bloco de papel do bolso de seu avental azul.

-Um café com creme, e um croissant por favor. -falei depois de olhar o cardápio.

-Saindo em alguns minutos, aproveite para ver os novos quadros que chegaram, irá adorar. -Joseph falou e se retirou logo em seguida.

Não demorei para passear com os olhos pelo lugar, e observar as novas obras de arte penduradas em uma das paredes, que ficava em um canto mais reservado. O ar daquele café era tradicional com um toque de sofisticação. Era um lugar muito acolhedor e calmo, sem dúvida estava na lista dos meus favoritos.

Minutos depois meu café chegou, comi sem pressa pois ainda tinha alguns bons minutos livres antes de ir a academia. Me permiti comer observando cada detalhe das novas obras, claro que só havia pintores conhecidos, Claude Monet, Vincent Van Gogh, Pierre-Auguste Renoir, o dono daquele café tinha muito bom gosto, e dinheiro também, provavelmente os quadros tinham sido adquiridos em leilões, Imaginei por um instantes se algum dia chegaria a tanto, aqueles pintores eram exemplos para todos que amavam a arte, e comigo não era diferente.

Depois de mais alguns minutos terminei meu café, paguei a conta deixando uma boa gorjeta para meu garçom preferido, sai do lugar e fui em direção a academia, estava ansiosa para encontrar Camila novamente.

Camila Cabello Pov

Mais uma aula terminada, e eu me sentia realizada, minha mente recriava a situação me fazendo sorrir involuntariamente, eu havia conseguido mais vez. Hoje ensinei a eles um pouco dos ritmos brasileiros, eu os amava pois o país tinha muita variação de cultura, o que rendia vários tipos de danças diferentes, eles não ficaram atrás, também haviam adorado os ritmos, principalmente os mais quentes. A aula terminou um pouco mais cedo que o previsto, mas mesmo assim não quis sair de minha sala, arrumei algumas coisas no lugar e entrei no banheiro para trocar de roupa logo depois. Estava ansiosa para chegada de Lauren, queria saber suas ideias. Sai do banheiro e fui em direção ao notebook, coloquei uma música aleatória, o som preencheu toda a sala inundando meus ouvidos, ela não tinha letra era apenas a batida, eu tinha um certo gosto por músicas sem letras, me levava a outro mundo, pois as vozes me tiravam um pouco a concentração.

Fechei os olhos e senti o som invadindo meu corpo, balancei lentamente junto com a batida, ja estava entregue de corpo e alma a dança, quando um barulho invadiu o lugar me fazendo abrir os olhos assustada. Olhei em volta e vi uma cadeira no chão, com Lauren a olhando para levanta-lá logo em seguida. 
Fui até o notebook e desliguei a música, caminhando até a mulher com certo receio.

-Me desculpe, não queria atrapalhar. -ela disse com a culpa na voz.

-Tudo bem. -disse suavizando minha expressão. -Você quase me mata de susto. -disse sorrindo para deixa-la mais confortável.

-Eu estava assistindo você, me prendeu tanto que nem vi a cadeira. -Lauren disse rindo fitando por alguns segundos a cadeira .

Então ela estava me observando dançar, fiquei um pouco envergonhada ao saber do fato.

-Estava me observando?. -perguntei com as sobrancelhas arqueadas.

Ela hesitou um pouco, pelo jeito se arrenpendendo de ter revelado o que estava fazendo, coçou a cabeça um tanto nervosa.

-Como disse, não quis atrapalhar sua concentração. -falou fugindo do assunto.

-Não atrapalhou nada, só estava dançando o restante dos minutos que tinha, a aula acabou um pouco cedo demais hoje. -falei percebendo ela ficar um pouco mais a vontade.

-Percebi isso, não consegui chegar a tempo de ver sua aula hoje. -ela disse um pouco desapontada.

A fitei por um estante e não pude deixar de reparar no quanto ela estava bonita aquela tarde, a calça jeans clara caia muito bem nela destacando suas curvas, uma camiseta preta com alguns detalhes em branco completava seu look, ao subir o olhar discretamente, esbarrei em seus olhos verdes intensos, me perdi por frações de segundos ali, eles eram de um tom de verde claro, quase água, diferente da última vez em que eu os havia visto, eles estavam escuros. Nunca tinha visto olhos tão bonitos. Me concentrei em nossa conversa percebendo que a observava a tempo demais, não demorei para voltar a falar.

-Você verá muitas ainda. -disse sorrindo para ela.

-Com certeza. -ela também sorriu e continuou a falar. -Bom, podemos conversar?. 
-Claro, se importar em conversar ali?. -perguntei apontando para as cadeiras que haviam no fundo da sala.

Ela observou o lugar e logo voltou sua atenção para mim.

-Claro que não. -disse sorrindo.

Andei até o lugar e ela me acompanhou, as cadeiras eram usadas pelos alunos quando eu resolvia conversar antes das aulas, ficavam no fundo para não atrapalhar a pista de dança. Peguei uma cadeira e me sentei cruzando as penas logo depois, Lauren fez o mesmo mas não cruzou as pernas, ficou um tanto largada, sorri fazendo um gesto de negação com a cabeça, ela parecia mesmo a vontade na minha presença, não percebeu meu olhar pois estava concentrada e um pouco alheia a situação, talvez estivesse pensando em como começaria a falar.

-Teve alguma ideia?. -perguntei não contento a curiosa.

Tinha passado a noite toda imaginando se ela teria pensado em alguma coisa, estava torcendo para que sim, porque como da última vez, nada vinha a minha mente.

-Eu tive muitas. -ela disse me fazendo suspirar em alívio. -E tem uma em especial.

Lauren me fitou com um olhar indecifrável, estava hesitante em falar, naquele momento fiquei com certo receio em saber, e seu eu não gostasse?, como diria a ela?.

-Pode falar. -a incentivei.

-Minha ideia é pintar você lá. -ela disse e apontou para a parede em branco.

Lauren soltou de uma vez, mostrando que ela estava com certo receio de eu não aceitar sua ideia, nunca tinha nem cogitado pintar eu mesma ali, não sabia se era uma boa, eu minha própria inspiração?.

-Fala alguma coisa por favor. -Lauren disse me tirando de meus.pensamentos.

Seu olhar era ansioso, ela me fitava atenta esperando minha resposta. 
-Eu não sei Lauren, eu não gosto muito da ideia de ser exposta.

Ela me olhou como se já soubesse a resposta antes mesmo de me perguntar.

-Tem vários jeitos de fazer isso Camila, e estou disposta a te mostrar todos, por favor não se precipite na decisão sem antes conhecer bem o que estou propondo.

Pensei mais uma vez na ideia e fiquei curiosa para saber o que ela tinha em mente, não poderia me esquecer que ela era uma artista experiente, e eu havia gostado muito da pintura que ela tinha feito do casal, não custava conhecer a ideia antes certo?.

-Tudo bem. -disse fazendo ela suavizar o olhar visivelmente aliviada. -Gostou mesmo da ideia não é?. -perguntei em tom divertido a fazendo soltar uma risada nasal.

-Confesso que sim, você me trouxe muita inspiração. -ela disse me deixando um pouco sem jeito.

-Eu fico feliz em saber disso, torna tudo muito mais fácil.

-Não sabe o quanto, já fiz trabalhos que não saíram tão bem por falta de criatividade, pois o cliente não ajudou muito.

-Como assim?. -perguntei confusa.

-Pessoas que não tem o mínimo de gosto pela arte, absorvem minha inspiração.

-Como fazer um espetáculo para quem não gosta de dança. -disse entendendo seu ponto de vista.

-Exatamente.

-Amamos a mesma coisa. -completei.

-Sim amamos. -ela disse e demorou alguns segundos para voltar a falar. -Então, as coisas que eu disse que iria mostrar estão em meu apartamento, você se importar em ir lá comigo?.

-Não, quando?. -disse um tanto ansiosa.

-Bom, tem que ser logo, ainda temos muitas coisas para ver depois de decidimos o que queremos fazer.

-Tem?. -perguntei com as sobrancelhas arqueadas.

-Supondo que você aceite minha ideia, vou ter que fotografar você para fazer alguns esboços, depois você vai ter que ver se gostou de um, e depois temos que comprar o material necessário, os pincéis eu já tenho, você terá que comprar apenas as tintas, Candece já acertou o pagamento comigo, digamos que você é um investimento para ela.

Sorri ao ouvir aquilo, daquela parte eu não sabia, Candece mostrou um carinho visível pelo meu jeito de ensinar e criar, mas não sabia que chegava a tanto, fiquei um pouco tensa ao receber tanta expectativa sobre mim, mas não era de um todo ruim, eu sempre daria o meu melhor para não decepciona-lá.

-Não vai ser tão fácil como pensei.

-O começo é assim mesmo, mas depois o trabalho é só comigo não se preocupe.

-Tudo bem, confio em você Jauregui. -disse fazendo ela soltar uma risada.

-Acho que nunca trabalhei com alguém como você. -ela disse me fazendo franzir o cenho.

-E isso é bom?. -perguntei confusa.

-Você me da espaço para expor minhas ideias, isso não é bom, é ótimo.

-Você é uma artista, não poderia brecar suas ideias, até porque não tenho a mínima noção do que fazer, e agradeço por me ajudar nisso.

-Eu que agradeço. -Lauren fala e sorri sem jeito.

-E eu nunca tive a oportunidade de conhecer alguém que apreciasse tanto a arte igual a mim. -disse tomando a atenção de Lauren que fitava o chão.

-Confesso que conheci poucas pessoas desse jeito também, o mundo está cada vez mais materialista sabe?.

-As pessoas não ligam mais para o que vem de dentro, o exterior está cada vez mais importante. 

-Por isso é tão bom encontrar pessoas que ainda valorizam o que vem de dentro. -Lauren disse me fazendo sorrir. -Eu valorizo esse sorriso que você acabou de dar, muito bonito por sinal.

A olhei sem jeito, ela havia feito mais uma vez, droga, eu não era de reagir assim a elogios, mas com Lauren estava sendo diferente e eu não sabia explicar o porque.

-Não comece Jauregui. -disse arrancando uma risada gostosa dela. -Bom, e eu valorizo seus olhos, nunca vi tão bonitos.

Agora foi a vez da morena sorrie, e pude perceber o quanto havia ficado envergonhada com o elogio, quem está com vergonha agora Jauregui?.

O silêncio se estalou entre nós duas, causando um certo desconforto, eu alternava o olhar entre ela e o chão, abri a boca para falar qualquer coisa que acabasse com aquela situação quando ouvi alguns passos vindos da porta, olhamos para a mulher ao mesmo tempo. Lauren e eu nos encaramos e sorrimos ao ver Candece entrar na sala.

Nos levantamos da cadeira para receber a mulher que se aproximava com um sorriso nos lábios.

-Como estamos indo?. -ela perguntou parando a frente de nós duas.

-Cada vez melhor. -disse olhando para Lauren por alguns segundos.

-Ela é maravilhosa não é?. -Candece falou se referindo a Lauren que sorriu sem jeito.

-Tenho que concordar, é uma ótima profissional. -disse percebendo Lauren ficar ainda mais sem jeito.

-Que isso, apenas faço meu trabalho. -Lauren disse tirando seus méritos.

-Então nunca vi alguém fazer seu trabalho tão bem. -completei a fazendo pigarrear.

-Fico feliz em ver que se deram bem, vim até aqui dizer que em apenas dois dias de aula, conseguiu muitos elogios senhorita Cabello. -Candece disse com orgulho na voz.

Não consegui conter o sorriso, sabia que meus alunos haviam gostado da minha aula, mas que eles haviam comentado, aquilo era desconhecido por mim.

-Não sabe o quanto fico feliz com o resultado, faço tudo com muito carinho. -disse com sinceridade.

-Você tem um dom muito bonito Camila, poucas pessoas conquistam os alunos tão bem, eles saem daqui sorrindo satisfeitos com tudo. -Candece disse com certa admiração na voz.

-Apenas faço meu trabalho. -disse fazendo Lauren soltar uma risada nasal.

Logo percebi que havia repetido sua frase, Lauren não demorou a responder do mesmo jeito que eu havia feito.

-Faz seu trabalho maravilhosamente bem, sabe Candece tive a oportunidade de ver a primeira aula dela, e tive vontade de invadir a sala e dançar  junto com os alunos. -Lauren disse alternando o olhar entre mim e Candece.

Senti um leve rubor em minhas bochechas, eu não era muito boa em receber tantos elogios, minha timidez só não era existente quando eu dançava, depois ela era bem pressente em minha vida.

-Eu tive a mesma vontade, confesso Jauregui. -Candece disse com um sorriso divertido nos lábios. 
Lauren não estava atrás, sorria como se estivesse acabado de me dar o troco, sorri pra ela com certo cinismo, vai ter volta Jauregui, pensei comigo mesma.

Lauren me olhou com as sobrancelhas arqueadas entendendo meu recado.

-Bom, preciso voltar aos meus afazeres. -Candece disse me fazendo cortar o contato visual entre mim e Lauren.

-Foi um prazer revê-la. -Lauren disse cumprimentando a mulher com um sorriso nos lábios.

-O prazer foi meu. -ela devolveu o sorriso e saiu logo em seguida da sala.

-Então, perfeita Cabello. -Lauren disse me fazendo gargalhar.

-Fez de propósito não é?. -disse parando de rir e a encarando séria.

-Você ficou envergonhada, me desculpe queria ver novamente você sem jeito. -olhei para a mulher incrédula.

Ela levantou a mão em rendição, não me conti e logo ri da situação.

-Você acha que não percebi como ficou também?. -agora foi a vez dela ficar séria.

-Fiquei um pouco confesso. -ela disse mudando a expressão de séria para divertida.

-Bom, tenho que ir para casa agora, arranjar minha aula de amanhã. -disse fitando o chão. 

Conversar com Lauren me deixava muito bem, a mulher transmitia uma paz que tomava conta do lugar onde ela estava, e eu só havia percebido isso em algumas horas em sua presença, tinha de admitir que a companhia dela era muito agradável, por isso fiquei um pouco chateada em ter que ir para casa tão cedo.

-Sem problemas, olha. -Lauren disse me fazendo levantar o olhar para encara-lá.

A morena tirou um papel de sua bolsa e me entregou, observei ele vendo um endereço e um número de telefone escritos por uma letra muito bonita, franzi o cenho ao ler.

-É o endereço do meu apartamento. -Lauren disse tirando minha dúvida -Amanhã terei um compromisso então não poderei vir.

Ela disse desapontada, confirmou ali que também gostava da minha presença 
-Pode ir lá quando tiver tempo, e não se preocupe com a hora ou dia, com a falta de trabalho meu tempo está livre, vou adorar te receber, e já que só vamos poder continuar depois de sua visita, por favor não demore senhorita Cabello. -Ela disse firme me olhando.

Sua proposta pareceu mais como uma intimação que eu não me importaria nem um pouco em receber.

-Bom, então vou em breve. -disse guardando o pequeno papel no bolso.

-O número é o meu, se quiser ligar estarei a sua disposição.

-Se precisar eu ligo sim, olha. -disse andando até minha bolsa.

Lauren me observou com o cenho franzido, tirei de dentro da bolsa um cartão, andei até a mulher novamente e entreguei meu telefone.

-Seu telefone?. -perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

-Se quiser me ligar também, se mudar de ideia não sei. -disse e ela assentiu guardando o papel no bolso.

-Mudar de idéia?, é mais fácil eu criar mais motivos para te convencer da mesma. -ela disse divertida rindo e eu não resisti em acompanhá-lá.

-Você deveria trabalhar nesse meio de convencimento se daria bem. -disse a fazendo soltar uma risada nasal.

-Quem sabe não é?, bom ja vou indo então, não quero atrasa-lá, boa sorte com a aula. -ela disse gesticulando para o centro da sala.

-Boa sorte nas idéias. -disse apontando para sua cabeça a fazendo rir.

Lauren me fitou por alguns instantes, e não me senti incomodada, na verdade eu gostava do jeito que ela me olhava. Ela se aproximou me permitindo sentir seu perfume adocicado, o cheiro invadiu minhas narinas, deixou um beijo em minha bochecha e sorriu, se retirou de minha sala logo em seguida, andando lentamente até a saída. 

Me sentei na cadeira depois de perde-lá de vista, pensando por alguns instantes no porque ela me parecia tão interessante a cada segundo de conversa passado, a cada encontro eu a admirava mais, seu jeito de mulher séria e ao mesmo tempo descontraída, sua segurança ao falar de suas ideias, e a facilidade na qual ela havia me convencido a conhecer melhor sua idéia, imaginei o quanto bom deveria ser passar um dia inteiro ao seu lado apenas a ouvindo, ela parecia uma pessoa tão inteligente. Balancei a cabeça tentando parar de pensar na mulher por um tempo.

Me levantei da cadeira e andei até o banheiro para pegar minha bolsa e ir embora, sai da academia com as mãos no bolso do meu sobretudo, por sorte havia trago um, sai de casa no verão e estava voltando no inverno. Em tão pouco tempo ja havia me acostumado com o lugar, sempre agitado e imprevisível, combinava muito comigo.

Destravei a porta do meu carro e a abri logo em seguida, joguei minha bolsa do banco de trás e dei partida, parei em um farol segundos depois, abri apenas um pouco do vidro para poder entrar um ar dentro, senti o vento entrar tornando o carro mais aconchegante. Batia meu polegar no volante em uma tentativa de aliviar a ansiedade, eu tinha sérios problemas com isso, já havia até tomado remédios, mas com o tempo e ajuda de um psicólogo consegui controlar mais, conviver com a ansiedade não era nada fácil, as vezes me dava até enjoos ou dores de cabeça, mas nada muito sério, nada havia despertado tanto a minha ansiedade até aquele momento.

Sem eu perceber meus pensamentos vagaram até Lauren, minha mente refazia nosso último encontro e conversa, seus olhos e seu sorriso não saiam de minha mente, parecia que eu os havia fotografado ali, fechei os olhos para recriar melhor os seus detalhes mas logo os abri novamente lembrando que estava no trânsito, alguma coisa nela me fazia querer mais e mais sua presença.

O farol abriu e eu continuei o trajeto, no caminho passei em frente a um mercado e não resistir entrar, fazia tempo que eu não cozinhava nada. Comprei massa alguns tomates e temperos para o molho, passei na parte dos vinhos, e comprei um, terminei a pequena compra e fui direto para casa em seguida.

[...]

Ouvi a porta ser aberta e sai da cozinha para ver Dinah entrando, a loira tirou seus sapatos e notou minha presença me encarando com o cenho franzido.

-O que está aprontando?. -ela perguntou desconfiada colocando sua bolsa em cima do sofá.

-Eu não estou aprontando nada, apenas resolvi preparar um jantar hoje. -disse e logo voltei para cozinha.

Dinah entrou no lugar, e inspirou o cheiro, fez um som em aprovação e se aproximou, encostando na bancada para logo me encarar.

-Aconteceu alguma coisa?. -ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

-Não aconteceu nada Dinah, só estou preparando um jantar, algo de errado nisso?. -disse colocando os tomates já sem casca em uma tigela transparente.

-Tirando o fato de você não cozinhar a um tempo considerável, não tem nada de errado, e também você parece mais feliz não sei -disse me fitando. -Mas não irei questionar, alias pode fazer quantas vezes quiser.

Bingo, sim eu estava mais feliz, o motivo? trabalhava no emprego dos meus sonhos, e bom não pude deixar de agregar Lauren aquela felicidade, a morena havia me trazido uma paz de espírito maravilhosa.

Ela andou até a geladeira e se serviu de um pouco de água.

-Como foi o trabalho?. -perguntei enxugando minhas mãos em um pano branco para encara-la logo depois.

Dinah abriu um enorme sorriso e eu arqueei as sobrancelhas buscando em minha mente algum motivo para ela estar daquele jeito.

-Como sempre. -disse dando de ombros.

-Espera, e esse seu sorriso?. -perguntei a fazendo me encarar.

-Você acha mesmo que meu sorriso é por causa de trabalho?. -perguntou sugestiva.

Sorri e comecei a entender a situação, não conti a curiosidade e logo perguntei.

-E qual o motivo dele, posso saber?. -perguntei me aproximando dela.

-Siope me ligou marcando um encontro. -abrimos um sorriso largo ao mesmo tempo. -no melhor restaurante da cidade. -disse convencida.

-Temos muito o que conversar nesse jantar. -disse caminhando até a bancada novamente.

-Vou lhe contar tudo e você irá fazer o mesmo, porque esse papo de não "não aconteceu nada Dinah, só estou preparando um jantar". -disse em uma imitação péssima da minha voz. -Não me convenceu.

Ela terminou de falar e andou para sair da cozinha, mas parou antes de chegar a porta e virou em minha direção.

-Capricha nesse jantar. -falou depois de dar uma piscadinha pra mim.

Eu tinha a melhor amiga mais abusada desse mundo, não conseguia parar sorrir, estava muito feliz por Dinah, Siope parecia um cara muito legal, e o convite que fez a ela só confirmou isso, senti uma ponta de inveja branca dela, fazia tempo que alguém não me convidava pra sair.

Voltei ao trabalho para terminar logo o jantar, estava muito ansiosa para saber os detalhes da conversa dela com a rapaz, e um tanto receosa em contar sobre Lauren para ela, sabia que teria de aguentar muitas piadinhas e insinuações da mesma depois.


Notas Finais


:)


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